Prólogo

Era quase duas horas da manhã, a noite estava chuvosa e gelada, o vento que batia no rosto era cortante e incomodaria qualquer ser humano comum, mas ela não era comum, ela estava acostumada com aquilo, na verdade qualquer dia que não fosse como aquele poderia deixa-la extremamente irritada, ela não gostava de rotinas, porém não estar em ação tornava qualquer coisa entediante.

A ruiva não gostava de luvas, apesar de usar, mas fazia questão de usar apenas aquelas que deixavam seus dedos livres para puxar o gatilho sem impedimentos, dedos com unhas roídas pintadas de preto. Suas mãos não suavam, nem tremiam, ela segurava a arma com precisão e cuidado enquanto se posicionava em um esconderijo onde poderia ficar de olho em sua vítima.

Seus movimentos eram precisos, discretos e silenciosos. Ela fazia jus ao seu codinome: Viúva Negra, sorrateira e imperceptível, seu coração batia fraco, até nisso ela havia sido treinada.

-Na escuta – ela sussurrou apertando seu ponto eletrônico na orelha – Vou entrar.

-Não até eu chegar – ela ouviu uma voz conhecida do outro lado.

-Isso não foi um pedido – ela arrancou o ponto de sua orelha e com uma rapidez sobre humana correu até o portão antes que se fechasse.

Depois disso ela agiu como sempre, não tinha dó, todos aqueles que entravam em seu caminho eram gravemente feridos ou mortos, ela já havia perdido a conta de quantas pessoas haviam sido prejudicadas por ela, mas ela não se importava, ela recebia ordens e devia cumpri-las, ela sabia que para um bem maior outros deviam ser sacrificados.

Alguns a chamavam de fria, insensível, mas ela sabia o quanto aquelas mortes haviam causado pesadelos e dores de consciência, ela pagava todas às vezes por suas habilidades, habilidades essas que muitas vezes ela queria jogar pela janela, mas não foi isso que aconteceu, pelo contrario, quem havia voado pela janela foi um daqueles malditos comunistas.

Seu objetivo estava próximo, a sala de pesquisa cubana, ela já sabia o que fazer e como fazer, deu dois tiros na tranca magnética e a porta se abriu, o local estava vazio e a matéria estava dentro de um vidro. Ela não teve dificuldades nenhuma em se apossar do material, o problema é que já haviam soado o alarme e todo o exercito cubano estava em seu encalço.

Colocou o pequeno, mas pesado vidro em seu bolso e seguiu em frente, muitos soldados gritavam e atiravam, ela apenas sacou sua arma e com uma precisão incrível atirou em cheio. Porém, foi pega pela retaguarda e jogada no chão, ela perdeu o equilíbrio e uma de suas armas caiu longe fazendo com que a única arma que sobrasse fosse a descarregada.

-Te voy a matar – um soldado gritou sacando a arma e ela apenas o viu caindo encima dela, se desviou e viu um conhecido amigo.

-Eu disse pra você esperar – Clint Barton mais conhecido como Gavião Arqueiro falou recarregando seu arco.

-Eu não sigo suas ordens – ele estendeu sua mão para ajuda-la a levantar, ela negou e em um pulo levantou – E nem quero sua ajuda.

-Bom te ver também – ele ironizou enquanto a bela dama dava as costas para ele – O que eu fiz? – perguntou para si mesmo.

A luta continuou e foi apenas o tempo de um grande avião jogar a corda para eles do lado de fora do prédio e eles subirem.

-Você se mete demais nas minhas missões – a bela ruiva falou irritada para o arqueiro – Eu estava avisando o Fury, não você.

-Mas ele me pediu para que ficasse de olho em você, ultimamente você tem arriscado muito sua vida, além da vida de todas as pessoas S.H.I.E.LD. e do próprio Estados Unidos – ele rebateu.

-Como um simples frasco poderia causar tudo isso? – ela jogou o frasco para o arqueiro que pegou rapidamente.

-Você esquece que Cuba e o Estados Unidos não se dão muito bem?

-Isso não é problema meu, Fury me pediu para trazer o frasco e foi o que eu fiz – ela se sentou e colocou os cintos – Eu tenho meus próprios métodos.

-Eu só quis dizer que... – o Gavião tentou falar algo, mas foi interrompido.

-Desde minha ultima missão todos tem ficado de olho na forma como eu lido com as coisas, só por que sou mulher, eu quero que me deixem em paz, isso inclui você Barton.

-Eu sou a ultima pessoa pra quem você tem que dar satisfações do seu gênero Natasha, eu só quero que saiba que todos se importam com você, inclusive eu.

-Talvez se importem demais – depois disso ela não falou mais nada, apenas colocou seus fones de ouvido, não queria ouvir besteiras e principalmente nenhum sermão de como estava lidando com suas missões.

Na mente de Natasha todos pensavam que ela era fraca, que não podia lidar com os problemas sozinha, mas nem Barton e nem mesmo Fury havia passado por tudo que ela passou. A música alta tocava em seus ouvidos enquanto a raiva ia embora, não queria ser daquele jeito, mas a vida havia feito assim.