Crônicas Alquímicas escrita por Bella Targaryen


Capítulo 4
Brothers


Notas iniciais do capítulo

Eu não morri! Só que né, final de semestre, provas, início de TCC...
Espero que aproveitem o capítulo, este é bem light. Em breve trarei alguns hentais dos nossos otps! :)



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Brothers

A verdade era que Edward estava inquieto. Uma semana havia se passado desde a carta que recebera de Alphonse, avisando que logo voltaria com Mei para Amestris, e o jovem desde aquele minuto parecia esperar que o irmão mais novo aparecesse de repente em sua casa.

Winry e a vovó Pinako também estavam ansiosas com o retorno de Al, mas em nada se comparava ao loiro. Os dias não eram mais tão frios como os do início do inverno, mas ainda assim, o pequeno William estava sempre muito bem agasalhado, mesmo dentro de casa.

Naquele fim de tarde, quando o crepúsculo ameaçava iniciar, Ed voltava pela pequena trilha principal da cidadezinha de Rizenbool com algumas sacolas nas mãos. O semblante do Elric parecia um pouco tenso, conforme olhava ao seu redor. Anos atrás ele cogitaria a ideia de estar sendo seguido. Tolice. A calmaria daquele lugar chegava a ser entediante.

Lembrou-se dos anos em que lutaram. Dos anos em que respiravam alquimia, pedra filosofal, recuperar seus corpos... Edward sentiu uma pontada no coração. Não é como se estivesse cansado daquela vida pacata, mas não conseguia esquecer as marcas de seu passado. Casar-se com Winry e ser pai de Will eram coisas que ele nunca imaginou – talvez a primeira, sim –, e agora que eram reais e palpáveis, ele jamais os trocaria.

Avistou a casa onde morava com a esposa e o filho – não esquecendo da velha Pinako – e respirou fundo, vendo uma pequena nuvem de vapor se formar diante de si. A verdade é que tudo que aconteceu até o Dia Prometido parecia ter sido um sonho.

Entrou em casa e logo deixou as coisas na mesa da cozinha, relaxando ao ter o corpo preenchido com o calor da lareira. Não viu o filho de imediato e imaginou que Winry poderia o estar banhando com água morna. Sozinho, então, ele se pôs a refletir enquanto seus olhos eram capturados pelas labaredas da lareira.

Há quantos dias ele não treinava? Provavelmente desde o começo do inverno. Sempre fora preguiçoso nessa época do ano. Lembrava claramente das broncas que Izumi-sensei por esse motivo. Cerrou os olhos e suspirou, pensando que há tempos não via sua mestra. Mais precisamente, desde que Alphonse fora para Xing. Soube por Hoenheim, antes deste morrer, que havia ajudado a melhorar a circulação de sangue de Izumi com os poderes da Pedra Filosofal, mas, ainda assim, não pode curá-la.

Não que sentisse pena dela. Isso nunca. Izumi Curtis era uma mulher digna de admiração, respeito e obediência. Mas pena, nunca. Ed sabia também que a mestra já havia aceitado sua condição, bem como seu marido, e que isso não diminuiria em nada a si própria ou as pessoas ao seu redor. O que o incomodava era a falta de contato com uma das pessoas mais importantes de sua vida.

Observou o telefone no canto do cômodo.

Balançou a cabeça e saiu da casa, enfrentando novamente a baixa temperatura para caminhar até o lago parcialmente congelado. A noite já cobria o céu com seu manto escuro, porém Ed ainda se lembrava que, fora o início da manhã, aquele era o melhor horário para treinar.

Seus pensamentos voltaram para Alphonse quando se viu naquele ponto tão conhecido. O som cálido da água, junto com o farfalhar das folhas das árvores e da grama... Talvez seu irmão mais novo estivesse pensando em si naquele momento. Apenas talvez.

Afastou as pernas e começou seu alongamento. Ouviu o som de um estalo em suas costas.

– É o frio – disse para si mesmo, não cogitando a ideia de estar envelhecendo.

Susteve a respiração pelo diafragma quando suas mãos tocaram a grama gelada e fechou os olhos, atendo-se aos batimentos do próprio coração, que parecia pulsar em suas orelhas. Mexeu os dedos contra a grama úmida, principalmente os da mão direita. Sensação há muito tempo adquirida, mas sempre incomum a cada vez que sentia. Nostálgica, também, mas era sempre difícil de descrever.

Recuperara seu braço, sua perna e seu irmão. Suas sensações não deviam ser nada com as que Alphonse devia estar experimentando depois de tantos anos. Jogou os pés para cima de uma vez de modo a ficar ereto, apenas com as palmas das mãos o sustentando.

Voltou com a respiração, profunda e regular. Olhos fechados e cabelos suavemente ao vento. E um chute no estômago.

Um chute no estômago?

Soltou um gemido antes de abrir os olhos e encarar seu agressor, que era mais alto do que si próprio. Espera. Aquele sorriso e a risada era muito familiares. Claro. Era Alphonse!

– Nii-san – o rapaz disse, abaixando-se para ajudar o irmão mais velho a se levantar -, cheguei!

Ed o encarava como se nunca o tivesse visto em seu corpo. De fato, não parecia que haviam se passado mais de um ano desde sua partida, suas feições amadureceram, mas ainda eram, sem dúvida, os mesmos, carregados de ingenuidade e carinho. Sem receber uma resposta do irmão, Al o segurou pelos ombros para o colocar de pé, dizendo:

– Eu vi você assim e não resisti. – o mais jovem arrumou as vestes do irmão embasbacado. – Lembra quando a gente treinava com a sensei?

– Alphonse... – Ed finalmente conseguiu balbuciar.

Olhar para o irmão trazia com mais intensidade as memórias do passado, carregadas de nostalgia e imensas saudades. Agora, juntos, notavam o quão difícil fora passar todo aquele tempo distantes um do outro. Al não se arrependia, longe disso. A viagem à Xing o fez amadurecer muito, ganhar novos aspectos e experiências, mas não podia discutir que, de fato, seu lugar era próximo de Ed.

Não se via como um príncipe de Xing, aliás. Agora que Ling Yao era o novo Imperador do país, todos os outros clãs foram beneficiados, graças à sua promessa. Mei tinha uma condição social privilegiada, muito diferente de quando viera à Amestris atrás da Pedra Filosofal. Al sentiu-se um pouco culpado por tirá-la de lá, mas como a noiva mesmo dissera várias vezes, estava disposta a conciliar tudo.

O Elric mais novo já estava começando a se preocupar com a falta de resposta do irmão, quando um soco violento o acertou em cheio no estômago e o fez perder o ar.

– Sim, eu me lembro – respondeu finalmente Edward, esboçando um sorriso de orelha a orelha para o irmão mais novo.

Alphonse tossiu um pouco, mas logo começou a rir. Um riso pueril, tão característico dele, que parecia se multiplicar para toda Rizenbool. Só então Ed pode mensurar o tamanho da saudade que sentia dele. Erguendo-se, Al continuava a rir. Não havia um grande motivo para tal, mas a simples presença do irmão o fazia sentir leve; principalmente nos tempos em que era uma armadura. Sentiu a mão de Ed em seu ombro e ergueu o olhar para encará-lo:

– Bem vindo de volta, Al.

Um pouco afastadas, duas garotas observavam os respectivos marido/namorado se atarem num abraço há muito ansiado. Winry deu um suave beijo na cabeça do filho, que repousava em seus braços, e sussurrou para Mei Chang:

– Ed estava impossível desde que recebemos a carta do Al. – tentou ao máximo conter as lágrimas, mas estas já brotavam calmamente de seus olhos azuis.

Mei sequer desviava os olhos dos irmãos, sorrindo de maneira suave e radiante. Há muito tempo que não via Alphonse daquela forma, completo. Sem dúvida, a melhor escolha que já fizera recentemente foi voltar para aquele país. Afinal, Xing não era do outro lado do mundo. Percebendo a deixa de Winry, a xinguesa disse, enquanto acariciava a cabeça loura de William:

– Alphonse também. Temi que ele viesse a pé caso o tlem demolasse demais.

Ambas trocaram risos, e Winry sentiu o coração aquecer ao vê-los, juntos, trilharem de novo o caminho que faziam quando crianças. Estavam voltando para casa. Enxugou as lágrimas e chamou-os em alto e bom tom:

– Ed, Al! Tem ensopado para o jantar!

Edward achou que a tarde/noite não podia ficar mais nostálgica, mas ao ouvir aquela frase, ele se pegou lembrando de mais um daqueles dias calmos, antes de sua mãe falecer e toda a jornada começar. Naquele tempo, nunca imaginou um futuro tão bom.

Ao longe, dentro da casa dos Rockbell, uma senhora baixinha falava ao telefone:

– Sim, sim. – dizia ela à pessoa do outro lado da linha. – Eles acabaram de chegar. Tudo bem, eu não direi nada. Certo. Até outro dia.

– Vovó! – gritou Winry, quase acordando William, entrando com Ed, Al e Mei – Veja quem chegou!

Naquela noite, a casa dos Rockbell não dormiu.

– - -

Dublith, região sul de Amestris;

Açougue.

O telefone era colocado cuidadosamente no gancho por mãos fortes e delicadas de mulher. Izumi respirara fundo e permitia-se exibir um sorriso discreto, enquanto Sig terminava de fechar a casa de carnes para ambos voltarem para casa:

– Izumi? – chamou ele, com sua natural voz forte, enquanto trancava as carnes no freezer.

– Eles estão bem, querido. – respondeu ela, voltando seus olhos para o homem enorme a sua frente. – Vamos para casa.

Mesmo longe, mesmo crescidos, ela nunca deixaria de cuidar dos seus garotos.


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Notas finais do capítulo

Se acharem este capítulo digno de um review, não hesitem em deixá-lo. É estimulante e ajuda os próximos caps a virem mais depressa, haha!