Crônicas Alquímicas escrita por Bella Targaryen


Capítulo 3
Os ares de Xing


Notas iniciais do capítulo

Capítulo leve, assim como os anteriores, para dar uma introdução para o casal AlxMay. Espero que gostem, foi uma delícia escrever este cap! :3



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Os ares de Xing
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Alphonse x May

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Alphonse Elric carregava uma pesada mala de madeira sob os ombros. Vestia um sobretudo bege com capuz para protege-lo do sol, um cantil de água na cintura e na mão esquerda as rédeas do corcel que montara outrora. Os dois estavam muito cansados depois da famosa travessia do deserto até Xing. Mesmo com a ajuda dos guias enviados por Ling Yao especialmente para a segurança do amestrino, a viagem fora difícil e cansativa.

– O senhor está bem, Alphonse-sama? – perguntou um dos guias ajudando-o a escorar-se aos pilares das ruínas da cidade de Xerxes.

– Ah, – o rapaz secou o suor da testa com as costas da mão – eu estou bem. Só não imaginei que beberia tanta água num dia só.

Os três riram enquanto guiavam os cavalos para uma fonte de água fresca:

– Xerxes fica exatamente no meio do caminho. Ainda temos um longo percurso, Alphonse-sama.

Com um suspiro, Al deu um sorriso enquanto fitava os restos da cidade natal de seu pai. Von Hoenheim, o Escravo número 13, nascera e crescera lá até o fatídico dia. Sempre que pensava na história dele, sentia um aperto no peito. Principalmente pelo fato de não terem passado muito tempo juntos.

Fora tirado de seus devaneios quando novamente seu nome fora chamado. Não havia se dado conta que andara para longe dos guias, perdido nos restos de inscrições nas pedras. O guia mais velho, um senhor que lembrava muito o velho Fu, disse:

– Aproveite para descansar, senhor.

É. Precisava descansar para estar minimamente bem para quando encontrasse May. Comeram o suficiente para repor as energias necessárias e, ao raiar do dia seguinte, montaram em seus corcéis e reiniciaram a travessia.

A paisagem desértica e imutável fez jus aos avisos que Al recebera de alguns conhecidos: o deserto é enlouquecedor. Tudo que via era areia. Dunas, declives, pequenos redemoinhos... às vezes, bem às vezes, uma árvore seca pedida por aí.

Mal podia esperar para que os rumores que ecoavam na Cidade Central fosse realidade: O Militarismo, agora sob o comando do Führer Grumman, havia feito uma proposta ao império de Xing para a construção de uma ferrovia que ligasse os dois países, agora que ambos haviam firmado aliança.

Após horas intermináveis de caminhada, Elric puxou seu cantil para tomar um gole d’água. Não havia nada.

– Ahh! Não acredito... – murmurou.

– Senhor? – o guia mais jovem, de nome Hae, emparelhou seu cavalo com o de Al. – Já está sem água?

– É... acho que bebi demais. – os ombros do alquimista caíram, desanimado.

– Bem, – ele olhou ao redor. Ato em vão, na visão de Al. – beberá do meu, só que teremos que racionar mais. Ainda temos uns três dias de viagem pela frente.

Hae não ouviu, ou ignorou, o gemido do amestrino.

O xingues estava certo, diabos! Por alguns instantes, Alphonse desejava nunca ter tomado a decisão de ir para Xing. Sua visão estava turva e sentia as roupas coladas ao corpo devido ao suor excessivo, isso sem falar na respiração descompassada de exaustão.

– Alphonse-sama! – o velho Lee o sacudiu pelos ombros. – Veja!

Com muito esforço, Elric ergueu a cabeça e viu a sombra de uma cidade. Olhando melhor, ele pode perceber que a paisagem havia mudado lentamente conforme seguiam a travessia. Ainda que o calor fosse extremo, podia-se ver algum verde no horizonte. Lee declarou:

– Chegamos à Xing!

Ele mal podia esperar para ouvir a voz de May.

Ver civilização e civis andando de um lado para o outro foi o que bastou para revigorar Al quase que completamente. O rapaz percorria os olhos curiosos, como se qualquer piscada além do necessário o fizesse perder detalhes cruciais sobre Rentanjutsu.

Como se lá, em Xing, as pessoas praticassem alquimia nas ruas livremente. Deu uma risada contida, observando as crianças brincarem perto de suas casas. Eram poucas pessoas que falavam o idioma comum, exceto Ran Fan, Ling, May, o falecido Fu e seus guias, não conhecia mais ninguém que falasse sua língua.

O sol se punha no horizonte. Seu traseiro já estava dolorido por causa da sela do corcel. Suas mãos suadas agarravam firme as rédeas. Era tolice pensar que May e Xiao May poderiam estar à sua espera? Lá? Naquele início de Xing? Não, certamente estavam na cidade imperial.

Pensando nisso, os três desceram dos cavalos e procuraram uma pequena estalagem para passar a noite. A parte ruim da viagem tinha terminado, e Alphonse mal podia esperar para escrever para Edward e Winry.

Estava esticando as costas longamente:

– Ah, se eu ainda usasse aquela armadura, certame— espera! O quê eu tô dizendo?! – bagunçou os cabelos desesperadamente, enfurecido consigo mesmo pela (quase) afirmação.

– Alphonse-sama?

Ele travou. Al voltou os olhos por cima do ombro e sentiu o coração sair pela boca:

– M-May?! – exclamou, encarando a xinguesa de cima a baixo.

Onde estava aquela menininha de meio metro? Quantas décadas passaram longe um do outro?

May sorriu. Suas bochechas estavam escarlates, suas mãos unidas atrás do corpo (agora bem maior e mais feminino). Apesar de esbanjar feminilidade e maturidade, os olhinhos da menininha ainda estavam lá, e aquela visão fez Alphonse perder o chão de vez.

– Cheguei, May...

Trezentos e cinquenta dias e Al ainda sonhava com aquele encontro. Aquela era uma memória de alma. Mesmo depois de tanto tempo de volta em seu corpo, só agora ele parecia compreender a complexidade das ligações.

Deixou a caneta de lado na mesinha de canto assim que terminou de assinar a carta que enviaria à Ed. Olhou para o lado e viu May dormir no futton no canto oposto do quarto. Aposento, aliás, que era enorme.

Ling cumprira sua palavra. Dera apoio para todos os outros clãs de Xing quando tornou-se Imperador, mas era claro que May Chang tinha destaque naquela nova era. Segundo Yao, por “seus serviços prestados”. Não que May tivesse ficado plenamente satisfeita, mas era um começo.

Mas a verdade era que Alphonse sempre ficava corado quando lembrava do fato que os dois estavam dividindo o mesmo quarto. No palácio do Imperador de Xing. É, a Winry ia pirar.

Em mais ou menos quinze dias, Al voltaria para casa. Não que seus estudos sobre o Rentanjutsu estivessem completos (nunca estaria), mas já era a hora de voltar para Amestris. Mal conhecia o sobrinho! Aliás, não conhecia o sobrinho. As cartas que recebia de Ed e Winry eram o máximo de comunicação com Amestris que tinha, e só ficou sabendo que o Coronel Mustang e a Primeiro-Tenente Hawkeye estavam juntos oficialmente.

A boa notícia era que o rumor da ferrovia Xing-Amestrina foi concretizado, e graças ao empenho dos dois países, ficaria pronta no início da primavera.

– Alphonse? – May chamou, sonolenta.

“Alphonse” foi o melhor que conseguiu o Elric. Só ele sabia o quanto foi difícil fazer May esquecer o “sama”.

– Já vou, - disse antes que a garota pudesse continuar – acabei a carta agora.

– Acalme-se, a felovia ficalá plonta logo. – ela sorriu.

Alphonse adorava o sotaque dela.

– Eu sei, mas você sabe como crianças crescem rápido – brincou, dando duplo sentido. Ela entendeu, fez cara feia, mas não disse nada. Aproximou-se mais dela e se acomodou de volta na cama. Outra coisa que ele demorou a se acostumar: as camas no chão. – Além disso, você ainda não me deu uma resposta.

– Meu plazo ainda não acabou.

– Ah, vamos, May, não se faça de difícil.

Ela deu um sorriso maroto e virou de lado no futton, dando aquela conversa por encerrada. Por hora.


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Notas finais do capítulo

Pequeno, bobo... mas é só o começo, pessoal! O de sempre, se acharam este cap digno de um review, não hesitem em fazê-lo!
Beijos! ^-^