Mississipi , 11 de Fevereiro de 2013

- Eu já disse , senhor Wilmer , eu não fiz aquilo !

Sarah estava sentada em uma cadeira desconfortável na sala do diretor do Orfanato , apesar da fraca iluminação podia-se ver gotas de suor pingando do rosto da garota .

- Então a senhorita está especulando que a sua nova companheira de quarto simplesmente congelou , se petrificou ? - ironizou o diretor

- Talvez , senhor Wilmer , ela estivesse em algum estado de choque ... – sugeriu Sarah encolhendo os ombros

Ela se moveu desconfortavelmente da cadeira , tentando ficar em um ângulo melhor . Sarah já tinha sido chamada naquela sala mais de duas vezes e o assunto era sempre o mesmo .

Um acidente com colegas que dividiram , alguma vez em suas vidas , o mesmo quarto que Sarah . Talvez fora a ultima vez desses colegas ao dividir o quarto com alguém .

- Não é a primeira vez que você faz isso ... – O diretor se inclinou para a garota que o observava do outro lado da mesa que separava os dois – Me diga o que aconteceu !

Aquele sussurro fora mais uma súplica do que uma ordem .

Sarah suspirou e tentou ficar reta na cadeira .

- ... Então ela pegou o meu porta-retrato e eu fiquei furiosa ! – explicou Sarah depois de alguns minutos tentando formular a história

- Só isso ? – perguntou o diretor – Só isso , e ela congelou ? Olha Sarah , sua história não está muito convincente

As mãos de Sarah ficaram geladas , ela olhou para o diretor com o seu olhar morto , um olhar de quem já tinha sofrido muito para uma vida só .

- E-ela pegou o meu porta retrato , a única foto minha que eu tenho da época que eu vim para cá e eu apenas estiquei a minha mão – Sarah gaguejou um pouco

O diretor a olhou cansado .

- Sarah , não existe “poderes mágicos” .

- Sei que não existem – Sarah desmanchou na cadeira de alivio – Posso ir agora ?

O diretor inclinou a cabeça para frente e Sarah saiu da cadeira mas antes de encostar na maçaneta da porta para sair , ela disse :

- Não se preocupe , o senhor não me verá mais ... nessa sala !

E deixou a sala em seguida .

O estado em que se encontrava o Orfanato era horrível ; a tintura de paredes descascando , o chão de madeira rangendo , as luzes piscando e o cheiro desagradável de podridão .

“Não sei como a Vigilância Sanitária ainda não fechou esse lugar “ Sarah pensou

O trajeto e as salas em que Sarah tinha que passar para ir para o seu dormitório era chamado de “ O corredor de morte “ . Os órfãos residentes ali deram esse nome por causa que , até você chegar no seu quarto você tem que passar por as seguintes portas :

* A Cozinha : Uma época rolou um boato que a carne servida era feita dos órfãos que não conseguiam ser adotados . Sarah não acreditou nisso pois já estava naquele orfanato há 17 anos , desde de que nasceu , e parecia que ninguém queria a sua carne .

* A Enfermaria : Aquele cômodo fede a corpos em decomposição . Sarah já entrou lá por causa de um ferimento no braço mas desejou que nunca tivesse se machucado .

* A sala do diretor : Sarah já estava acostumada a entrar naquela sala . Não era nenhum luxo , realmente nada no orfanato era , mas ela já havia familiarizado com a sala do diretor Wilmer .

Chegando a porta de seu quarto , Sarah girou a maçaneta e entrou no dormitório . Agora sem companhia nenhuma , ele estava vazio , assim como Sarah . Vazia .

A garota deitou na cama e sussurrou para si mesma , fitando o teto :

- Por Favor , Deus , me tire daqui !