Como explicar essa sensação... Imagine que você é uma ovelha disfarçada de leão dentro de uma jaula de leões, e caso descubram... Bem, já era.

Eu quase esqueci de fazer voz de garota quando ele e aproximou. Foi um susto tão grande que eu consegui pensar em um nome aleatório então:

– N-Nathalie... Me chame como quiser.

– Como quiser Nathalie. Olhe, meus amigos me obrigaram a vir e agora me abandonaram por um barril de cerveja e meia dúzia de desconhecidas de beleza. Se importaria se eu lhe fizesse companhia?

– Hum... Por que não?

Meg havia dito para eu bancar a difícil, porém não deu muito certo. Ficamos a hora seguinte conversando sobre hqs da DC sobre jogos. Eu me desliguei do personagem durante a conversa, e pela primeira vez havia encontrado alguém pra falar sobre Frank Miller. Foi ótimo achar mais alguém que sabia de seu trabalho alem de escrever livros.

Enquanto conversávamos no sofá, várias pessoas entraram na sala segurando maletas e peças de metal avulsas.

– Que coisas são essas? – Perguntei apontando para as pessoas.

– Eles vão montar uma mesa de Dj. Alguem vomitou na que estava aqui e tiveram que trazer outra.

– Eca...Coitada da pess – Meg apareceu do outro lado da sala me chamando. – Olha, acho que achei minha amiga, nos vemos depois quando a musica começar?

– Pode ser.

– A onde nos encontramos?

– Não se preocupe, eu acho você.

Caminhei até Meg que estava acompanhada das gorilas. Ela estava com um sorriso de orelha a orelha por me ver junto do Steve.

– Então, o que rolou? – Ela estava quase surtando de alegria.

– Como assim?

– Se beijaram, deram uns amassos, furnicação intensa, algo do gênero?

– Er... Não... – E o sorriso dela se desmanchou.

– E por que não?

– Por enquanto está só na conversa, e eu não lembro de ter concordado em fazer coisas indecentes.

– No carro você concordou em...

– Epa! No carro eu concordei em ajudar com o plano, não foi dito nada de coisas indecentes. E alem disso eu não estou recebendo nenhum lucro pra executar esse plano.

– Hum... Entendo. Cinco pratas.

– Só isso?

– Como é a longo prazo, por dia.

– Vinte.

– Dez.

– Quinze.

– Dez.

– Treze?

– Cinco e um soco por dia?

– Fechou em 10.

– Tudo bem, o que vocês combinaram?

– Que eu o encontraria quando a música começasse.

– Ótimo, vamos retocar sua maquiagem e depois você continua.

Havíamos ido para o banheiro do lado de fora da casa, próximo a piscina. Conseguimos ouvir a batida da música alta quando ela havia começado. Várias pessoas sairam da piscina e foram para dentro da casa a fim de dançar, e outras sairam para dançar em baixo na noite calma. Meg deu o retoque final no batom e disse:

– Musica alta, esta é sua deixa.

– Ok. – Suspirei – O que você vai fazer agora?

– Bem, você não é o único a fazer coisas para o plano hoje. Agora vaza daqui e ve se se diverte um pouco, afinal ainda estamos em uma festa.

Meg foi na frente, e junto das gorilas de misturou com a multidão. Esperei um pouco, e quando tomei coragem fui para a sala para encontrar Steve. Quando cheguei, a sala ficou silenciada por um curto periodo até a musica começar.

Starlight, look at us shine
Could you be mine
Could you be mine
White lies watching the skies
Could you be mine
Could you be mine

Steve chegou por tras de mim, pondo a mão em minha cintura, como prometido, me achando no meio da multidão. A musica estava lenta ainda, ele envolveu seu braço direito pela minha cintura e segurou minha mão com sua outra mão como se fossemos valsar. Pelo ritmo da musica isso seria possível. Nós riamos, tanto por ser meio ridículo valsar com uma musica eletronica, tanto por não saber como dançar fora daquela posição, já que aquela musica ainda não tinha cara de eletronica.

Don't go wasting your time
Don't go losing your mind
Starlight, look at us shine
Could you be mine
Could you be mine

A musica começava a ter uma batida crescente mais acelerada, e quando estourou nos separamos quae como se fosse combinado de uma forma mais alegre, ele com as mãos no meu quadril e eu o mexendo no ritmo da musica. Nós não haviamos trocado nenhuma palavra desde que eu havia ido falar com Meg, mas não era necessario. Os nossos movimentos, a troca de olhares e os sorrisos já diziam tudo. A musica voltava a um ritmo lento que fez com que voltássemos para a posição de valsa e em seguida nos separando de novo. Havia algo nesse garoto que me prendia e eu não sabia o que era.

A musica havia trocado, mas seguia quase o mesmo padrão da outra, lenta, depois um pouco agitada. Eu me senti estranho enquanto aquela musica; “MitiS – Open Window” era a musica que tocava, e por algo que não consigo explicar, me fez abraçá-lo, como se eu dependesse do calor dele naquele momento. Durante o inicio da musica fiquei olhando para seus olhos verdes de baixo pra cima. Ele colocou a mão em minha bochecha e se aproximou do meu rosto como se fosse me beijar; meu coração disparou naquele momento, me deixando sem reação. Meu corpo estava reagindo na batida da musica, pois o meu velho e querido cérebro havia pifado. Mas para a minha surpresa ele havia me dado apenas um beijo na bochecha. De certa forma eu fiquei aliviado, mas eu ainda estava hipnotizado olhando para seus profundos olhos; quando a musica estourou ( na parte onde a vocalista fala: “I forgive you”), em um impulso fiquei na ponta dos pés e o puxei para mim lhe roubando um beijo.

Afastei o rosto dele do meu com um olhar baixo, com certo receio de sua reação; porém ao ouvir sua risada o encarei.

– O q-que foi?

– Voce é mais fofa do que eu havia imaginado.

Eu já esperava, mas, mesmo assim, quando ele voltou a me beijar, eu fiquei ainda mais nervoso, mas a medida que eu sentia seu calor eu relaxava, tendo meu único apoio meus braços que contornavam seu pescoço. Tudo ao meu redor havia desaparecido quando eu fechei os olhos. Não digo o fato de ter ficado escuro por eu ter fechado os olhos, mas era como se a música ainda tocava bem baixo, mas tendo a sensação de que era apenas eu e ele no local. Quando nossos lábios se separaram, a musica estava abaixando, e algumas pessoas estavam nos observando, como se admirassem um belo por do sol ou algo belo.

– Bem.. – Falou Steve umedecendo os lábios –- Acho melhor a gente dançar um pouco antes que viremos a atração da festa.

– Tudo bem.

Havia algo que eu não compreendia: eu fui forçado a estar ali, fui pago para uma eventualidade de “coisas indecentes”, mas eu estava feliz. Feliz por ele dançar comigo, por ele estar junto de mim e mais ainda por ele ter me beijado. Era como se a minha emoção estivesse acima da razão, o que me tornava feliz. E quando eu não achava que eu poderia ficar mais feliz, ficou. “Every time we touch”, minha musica favorita começou a tocar. Eu segurei suas mãos balançando os braços e cantando no ritmo da musica.

I still hear your voice, when you sleep next to me.
I still feel your touch in my dreams.

Parei de cantar, enquanto eu o olhava novamente em seus olhos, vidrados nos meus. Não... Eu não queria dançar, a única coisa que eu tinha vontade naquele momento era colar meu corpo ao dele e voltar a beija-lo. No mesmo momento que cheguei a essa conclusão, o puxei para mim o beijando enquanto a musica continuava.

Forgive me my weakness, but I don't know why
Without you it's hard to survive.

Cause everytime we touch, I get this feeling
And everytime we kiss, I swear I can fly.
Can't you feel my heart beat fast, I want this to last,
Need you by my side.
Cause everytime we touch, I feel the static
And everytime we kiss, I reach for the sky.
Can't you feel my heart beat slow,
I can't let you go.
Want you in my life.

Eu queria dizer algo futuramente para ele, mas eu não precisaria pensar muito. A música dizia tudo que era preciso.