Divã - As Crônicas do Cristal Vermelho escrita por Céu Costa


Capítulo 12
Revenge


Notas iniciais do capítulo

Sinto meu coração doer, mas este foi um dos capítulos dos quais mais me orgulho. Espero que gostem também, e a ideia de continuar ainda está de pé, comentem viu!



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Eu me sentei na poltrona e abracei meus joelhos. Sentia as lágrimas retornando ao meu rosto. Tudo estava fresco na memória, assim como a vergonha e a culpa.

– Eu sou um humano despresível! - eu solucei, balançando para frente e para trás, enquanto perdia a calma - Eu virei todos contra mim! Eles me odeiam! Se me vissem, jamais me perdoariam!

Eu enterrei o rosto nos meus próprios braços e chorei amargamente. Dra. Diana largou o gravador sobre a mesinha e tocou em meu braço com a mão esquerda.

– Oh, Evelyn... - ela dizia - Oh, Evelyn...

– E o que mais me dói, foi ver o Dick me odiando... - eu chorei mais intensamente.

Ela se levantou, e caminhou um pouco pela sala. Não sabia o que fazer comigo. Eu chorava copiosamente. Tudo dói em mim, principalmente as lembranças. As lembranças deste maldito sonho.

– Eu quero acabar com isso! Tirar toda essa dor de mim! - eu solucei - Ela me corrói, e todas as noites esfrega na minha cara aquilo que eu fiz no sonho. Todos os erros que cometi nesta realidade alternativa, e que nem ao menos posso tentar consertar.

– Evelyn... - Dra. Diana sentou na poltrona, do meu lado - O que você fez?

***

Olhei ao meu redor. Os alunos corriam para fora do prédio, fugindo, com medo. Medo de mim. Mesas estavam reviradas, servindo de abrigo para alguns poucos que ainda não conseguiam fugir. As cortinas estavam em chamas, bem como todas as toalhas. O lustre de cristal do teto caiu, machucando duas garotas e um rapaz, que ficou com a perna gravemente ferida. Os gritos deles ecoavam em minha cabeça. Mas, por mais que eu desejasse dizer o quanto essa sensação era terrívelmente desagradável, a verdade é que eu não podia. Eu estava me divertindo mesmo. Infernalmente.

Um morceguinho de metal voou em minha direção, passando direto pelo meu rosto. Eles chegaram, agora a festa está completa.

– Evelyn! Evelyn! - Batman berrava, com sua voz rouca, o que era muito engraçado - Você foi acusada pelos crimes de homicídio, furto, depredação de via pública e tentativas de assassinato! Agora, desça daí para que possamos te levar sob custódia!

– Você é patético! - eu ri, e agora notei que minha voz estava muito estranha - Acha mesmo que pode me deter com sua justiça vã e suas regras fúteis?? Olhe só para você! Um homem de 39 anos usando calça colante! Parece ser moda neste planeta usar roupas coloridas e ridículas! Olhem para eles, escória! - eu apontei para os outros super-heróis que estavam chegando - Como podem confiar suas vidas a estes seres? São patéticos, coloridos, e ridículos! Eu juro a vocês, escória da humanidade, que em meu poderio não existirão justiceiros, muito menos perdedores como estes!

Então eu me virei para eles, e as palmas das minhas mãos arderam com um brilho vermelho.

– Aliás, por que não começar a exterminá-los agora mesmo? - eu sorri diabolicamente.

Lancei meus raios flamejantes sobre eles, e ri ao ver Batman, Mulher Maravilha e Lanterna Verde se contorcendo de dor. Sem poder se mexer. Sem poder morrer. Um raio rápido passou pelo ginásio, e então todos os alunos desapareceram.

– Não! Não vai levar meus brinquedinhos! - eu berrei.

Virei-me de costas para eles, e atingi aquele raio vermelho com os meus. Um rapaz de roupa vermelha se ajoelhou no chão, gritando de dor. Gritos doces e agonizantes. Gritos jovens. Gritos deliciosos.

– Por aqui, rápido! - uma voz doce e suave gritou na porta. Os adolescentes que o rapaz vermelho carregava correram, agradecendo o auxílio do garoto colorido. Meu garoto colorido.

Uma parte de mim queria se virar e olhá-lo nos olhos, vendo seu rosto lindo e heróico, mas outra parte de mim queria ver a dor, a agonia, o sofrimento, a morte. Tentei me concentrar nesta. Algo em minha cabeça me dizia que se eu conseguisse me distrair, Robin salvaria os outros. Eu sei, é insano eu tentar distrair a mim mesma, mas acredite, estava conseguindo.

– Aaahhhhhhhh! - Flash soltava gemidos, pois não tinha mais voz para gritar.

– Isso querido.... Geme...... Grite enquanto eu arranco a vida de seus olhos.... Enquanto eu queimo você.... grite para mim! - eu ria, diabolicamente.

– Evelyn! - uma voz rude e autoritária gritou - Largue-o!

Eu cessei meus raios, e Flash caiu no chão, cansado e exaurido. Quem ousa parar minha diversão? Minha cabeça já sabe a resposta.

– Olhem só quem chegou! O estraga-prazeres da América! O Senhor Moral, Ética e Bons Costumes! - eu me virei, encarando Superman de frente - O que veio fazer aqui? Dizer: "Deus abençoe a América"? Cantar o hino nacional? Deixa eu adivinhar, foi o presidente quem te mandou aqui, óh Filho Favorito da Nação? Ou deveria dizer, Fantoche Favorito da Nação? Vá embora, você deve estar atrasado para receber elogios, estátuas e estrelar em filmes! Deixe-me aqui, matando alguns idiotas justiceiros com roupas coloridas!

– Evelyn! Olhe para mim! - ele gritou, despertando minha raiva. Antes era só diversão, mas agora é ódio. E ele vai se arrepender.

– Meu nome é Rooi Feuer, a grande imperatriz Vermelho-Fogo! Eu governo galáxias! E não serei detida por um fedelho kriptoniano mimado e arrogante! - eu berrei, com ódio. Meu corpo todo se incendiou, e eu me tornei rubra - Kriptonianos! Povo maldito, com sua sabedoria falida, sua moral ignorada por todos, inclusive seus próprios generais, e suas pedras verdes! Eu terei minha vingança agora, no filho favorito de Kripton! E quero ver me impedirem, justiceiros!

Com toda a minha fúria, atingi Superman com meus raios. Ele gritou em alta voz, desesperado pela dor que eu causava nele. Equalizado nos gritos dele eu podia ouvir os gritos de minha família. Eu via seus rostos, fugindo do fogo e da destruição, e via também Zod, o grande general kriptoniano, queimando as casas de minha vila, e matando milhares de pessoas. Eu podia ver as chamas subindo, enquanto as ruas ficavam cobertas com o sangue de milhares de crianças, mulheres e até homens, que se não morriam pelas chamas, eram acometidos pelo fio da espada kriptoniana. lágrimas correram pelo meu rosto. Agora posso compreender porque estou fazendo isso tudo. Não é prazer, é vingança. Vingança por Aṇintuḷḷār, vingança pela minha filha, vingança por mim mesma.

Superman desceu lentamente, caindo no chão, curvado. Ele apenas estava resistindo. Apenas gemendo. Apenas sufocando de dor. Mas eu queria mais. Eu precisava de mais. Eu precisava chegar até o fim naquilo que eu começara.

– Filho de Kripton, os crimes de seu povo são tão severos que são punidos com a morte. Vocês destruiram um planeta em nome do progresso de seu maldito conhecimento pleno, e isto os arruinou. Estou agora punindo o último de vocês, e saldando seu débito de sangue, com sangue. - eu falei, eu era a juíza, e também a carrasca.

Superman soltou um último suspiro. Era quase o fim. Eu podia sentir em mim mesma, tão certo quanto o ar que eu não o permitia respirar. Ele devia morrer, eu o queria matá-lo, e eu o estava matando. Minha justiça estava sendo feita, finalmente.

– Evelyn... - aquela voz doce falou, estava embagada pelo choro - Ivy... pare!... Por favor!... Pare!

– Vocês devem amar muito esta mortal, não é mesmo? - eu ri calorosamente - Não se preocupem, crianças... Quando isto acabar, juro que terei um final digno para esta hospedeira enfadonha.

– Minha Atena! - Mulher maravilha abraçou Robin, chorando compulsivamente - Ivy não! A Ivy não!

– Ivy! Por favor, me escute! - Robin gritava, mas era doce e suave, mesmo com a voz dolorida pelo choro - Esta não é você! Você é uma garota doce, do Kansas! Que sonha em ser veterinária! Que não acredita em heróis! Que sabe derrubar um garoto em 2 segundos! Que riu quando eu tentei te beijar... E que é forte o suficiente para resistir a esta bruxa! Ivy! Por favor!

Eu sentia meu coração bater mais forte a cada palavra. Era ele, era o Dick. Ele podia me salvar, me tirar daqui, tirar ela daqui. E eu o amava.

– Dick........ - eu disse, num fio de voz e esperança - me salve....

Eu vi a Mulher Maravilha lançar seu laço em mim, e puxou meu colar, arrancando-o do meu pescoço, e cessando meus poderes. Superman respirou pesadamente, como quem sai de um mergulho. Diana ainda segurava meu colar em suas mãos.

– Maldita!!!!!!!! - eu gritei, furiosa.

Ela sorriu, e então fez algo que me desesperou. Ela colocou meu colar no chão, enquanto olhava para mim, vitoriosamente.

– Pare! Não!!!!!! - eu gritei.

Ela esmagou meu colar, partindo-o em milhares de pedaços. Eu senti uma forte dor no meu peito, como se algo estivesse sendo arrancado de mim. Minha cabeça queimou, e meus olhos se fecharam. Eu senti meu corpo caíndo rapidamente, enquanto ouvia meu nome na voz desesperada do meu querido Richard Grayson.


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Notas finais do capítulo

Muito bem, vejo vocês no próximo capítulo! E rewiews, me digam se devo continuar ou não!



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