– Samantha... Ela vai ouvir. – Ward cochichava, temendo que o deus da trapaça permitisse que sua irmã descobrisse a verdade sobre ele.

– Não, não vai. – Loki sorriu enquanto sentava-se na sua poltrona que misteriosamente só estava ali quando ele aparecia. – Ela está num sono profundo nesse momento. – ele respondeu, brincando com os dedos.

– O que você fez a ela, seu...

– Calminha, senhor “Hail Hydra!” – Loki usou seu sarcasmo para pressioná-lo. – Eu já disse que sua preciosa Samantha está apenas cochilando. Um sono como qualquer outro. Ela não pode nos ouvir.

– Tudo bem. – Ward respondeu amargo. – O que quer?

– Que você substitua John Garrett.

Ward pareceu não ter ouvido direito.

– O quê? – ele fez uma cara confusa e encarou o ser que se divertia à sua frente.

– Quero que você tome o lugar de John Garrett.

– Como assim? – Sim, ele havia ouvido direito. – Eu vou voltar pra Terra?

– Você sim, mas a garota fica até você cumprir seu propósito.

– E qual seria esse propósito?

– Restaurar o Caos. Acabar com a Ordem dos Nove Reinos. Dar-me a chave para dominar as leis que regem o Universo.

Grant sentia seu coração acelerar-se. Ele não podia voltar sabendo que a única pessoa que ainda o amava estava bem ali em Asgard, subjugada por Loki. Ele não deixaria sua irmã agora. O único entrave é que ele não tinha muita escolha.

– O que você quer que eu faça, seja mais específico! – Ward estava nervoso.

– Humano ignorante! Precisarei desenhar para que entendas? – Loki levantou-se da cadeira e fez Sammy retornar lentamente do seu sono. – Você coordenará a equipe. Reunir-se-á com equipe de Garrett. Nossa querida Raina e seu amado Ian Quinn. Raina lhe iluminará. Ela é mais especial do que você imagina.

– Olha eu não acho que...

– Ward? Com quem você está falando? – Samantha acordara.

Ward virou-se para a parede assustado, enquanto Loki desaparecia atrás dele. A cadeira também desaparecera. Foi a primeira vez que Ward notou aquilo.

– Ninguém, Sammy. Ninguém.

Ele sentou-se no chão, colocando as duas mãos na cabeça. Não podia fazer aquilo. Já estava muito encrencado para se prestar àquele papel. O que Samantha ia pensar dele se soubesse que além de entrar para a Hydra ele estava conspirando contra o Universo a mando de Loki? Precisava haver outra alternativa. Ele precisava comunicar-se com alguém, tinha que haver uma maneira.

– Sammy. – ele falou com a voz pesada e a respiração ofegante. – Lembra-se do código que nós criamos quando éramos crianças?

– Claro que me lembro, Tartaruga Ninja!

– Ótimo. Presta atenção, Okay? – Grant aproximou-se da parede. – Coloque seu ouvido próximo à parede, tudo bem? Preste bastante atenção.

– Okay.

A jovem ouvia atentamente o irmão, enquanto ele dava pequenas batidas na parede, variando em ritmo e em quantidade. Aquilo soaria completamente aleatório para qualquer um que os ouvisse, mas, desde a infância, eles haviam aprendido a se comunicar daquela maneira. Quando Andrea os trancava em quartos separados, eles sempre davam um jeito de se falar e acabaram criando um código que só eles dois entendiam.

– Ward. – a garota pareceu brava ao pronunciar o nome dele.

Ward continuou em silêncio, dessa vez mandando mais uma mensagem para a irmã, ainda com o coração aflito. Ele estava fazendo a coisa certa. Samantha ignorou sua raiva e aproximou os ouvidos da parede, sabia que o irmão continuaria a mandar a mensagem. A garota respirou fundo e compreendeu o que aquilo significava:

“Nem mais uma palavra. Precisamos sair daqui.” - Ward mandava para ela.

“Tudo bem. Mas quando sairmos dessa, eu te mato, Ward” – Sammy respondeu, causando uma pequena risada do outro lado.

“E então, alguma ideia?”

(...)

– Quem é Samantha? – Skye cruzou os braços e tomou mais um gole do seu café.

– É a irmã da Hill. – May estava visivelmente alterada. – Bem, não irmã de sangue. Samantha fugiu aos dezessete anos de idade com a ajuda do pai dela. Hill era filha única e quando o pai morreu elas cuidaram uma da outra.

– Que triste. – disse a garota com um semblante derrotado.

– Precisamos fazer algo para ajuda-la!

– Sim, mas não sabemos nem por onde começar!

– Fitz está em coma. – Jemma lembrou com pesar. – Não podemos simplesmente ir para Asgard e deixa-lo aqui sozinho.

– A Simmons está certa, Coulson. – Skye aproximou-se do diretor. – Sem contar que a S.H.I.E.L.D. está ressurgindo das cinzas. Não podemos abandonar o planeta na segunda semana de trabalho. Temos milhares de coisas pra fazer aqui... Sem querer ser egoísta.

– Coulson. – a voz de Melinda apontava a única solução cabível no momento. – Deixe-me montar uma equipe. Tripplet disse que voltaria à base hoje. Podemos enviar ele e mais alguns dos nossos agentes para Hill. O Agente Shaw iria com certeza.

– A May está certa, A.C. Não é uma boa hora de fragmentar a nossa equipe. Todos nós somos peças fundamentais nessa base, sem querer desmerecer os outros agentes. Eles são bons o suficiente para montarem uma equipe e seguirem com a Hill.

– Okay. – Coulson aceitou as sugestões. – Ligarei para Hill imediatamente. Oferecerei a ela todo o suporte possível para descobrir o que está havendo. Enquanto isso, trabalharemos duro para proteger e reestruturar a SHIELD. Se eu conheço ataques como este, geralmente nunca tem a ver com uma só pessoa. Precisaremos estar preparados para eles, caso haja alguma invasão.

– Sim, senhor. – Todos responderam em coro.

Coulson dirigiu-se novamente ao escritório. Ele sabia que precisaria dar as notícias para a Comandante. Estava perdido em seus pensamentos e não sentiu a aproximação da piloto, que caminhava a passos leves e descompassados.

– Phil. – ela tocou seu ombro, fazendo-o se virar para olha-la. – Deixe-me falar com a Hill.

Ele sabia que quando se tratava do lado humano de Maria Hill, ela era a melhor pessoa para lidar com isso.

– Sim, May. Acho que será bom para ela conversar com uma amiga. – ele estava com o olhar perdido, ainda tenso com as notícias. – Pobre garota. Espero que consigamos trazê-la de volta.

– Ela vai ficar bem – Melinda sorriu levemente, colocando uma das mãos no ombro dele. – Vamos descobrir o que houve com Samantha.

Coulson apenas assentiu com a cabeça e sorriu levemente, encarando a asiática à sua frente. Talvez por tempo demais.

– Bem, eu tenho que ir – ela corou levemente. – Fiquei de ajudar Skye com alguma coisa sobre os arquivos.

– Melinda. – ele segurou seu pulso, antes que ela deixasse a sala, fazendo o coração dela acelerar. – Obrigada.

– Não tem o que agradecer.

Ela sorriu por fora e ainda mais por dentro, desaparecendo porta afora.