Eu estava em casa depois de passar o dia na cabana. Meus pais nos receberam sorrindo e Scott ficou um pouco decepcionado por não receber nenhuma repreensão deles por termos saído sem pedir, acho que é porque isso quer dizer que eu estou morrendo. Mas eu não penso nisso.

Já faz uma semana. Não que as coisas estão muito mais fáceis, porque não estão. Tive mais dias ruins que bons, e parece que os remédios para dor não estão fazendo um trabalho muito eficiente, mas eu não tenho medo. Eu tenho tudo o que eu quero, e eu soube aproveitar tudo, embora que por pouco tempo.

Chris e Will me fizeram uma visita essa semana. Kate e Eric não param de vir aqui em casa.

Scott fica aqui durante todo o dia, ele só vai para casa dormir. Isso está esgotando ele, mas ele não me ouve muito sobre descansar mais tempo e sobre eu não precisar dele aqui o tempo todo, porque ele tem uma vida fora daqui.

Ele recebeu cartas de várias faculdades, ele foi aceito em três. Fiquei muito orgulhosa.

– Bom dia! - ele aparece na porta do meu quarto, ultimamente eu tenho dormido bastante.

– Bom dia - eu respondo meio sonolenta ainda.

Ele se senta na beira da cama e me dá um beijo no alto da cabeça, vejo que ele tem algo nas mãos.

– O que é isso? - pergunto quando ele dá uma folha em minha mão.

– Abra.

Abro o papel e vejo que é uma carta de uma universidade. Scott foi aceito para mais uma universidade.

Ainda bem que não tenho que preocupar com cartas ainda, isso só aconteceria ano que vem.

– Parabéns! - digo com entusiasmo.

Ele dá de ombros, e uma tentativa falsa de ser humilde e eu rio. Me levanto e vou até o banheiro escovar os dentes e tomar meus remédios. Meu corpo dói um pouco.

Descemos as escadas.

– Bom dia mãe - lhe dou um beijo no rosto - bom dia pai - lhe dou um beijo no rosto também.

– Boa tarde - ele dizem em coro e riem, acho engraçado isso dos meus falarem coisas iguais ao mesmo tempo as vezes, deve ser coisa da convivência - Já é meio dia.

Pego um copo de suco e dou uma risada.

Minha visão fica escura.

Derrubo o copo de suco que e me agarro a pia. Meus pais e Scott correm em minha direção, sinto os três me segurarem.

– Estou bem - digo me recuperando.

– Vá para lá querida - diz minha mãe gentilmente, confirmando se estou bem - você está descalça e está cheio de cacos por aqui.

– Eu limpo - digo.

– Não, pode deixar - ela sorri.

Suspiro e deixo Scott e meu pai me levarem para cima. Entro no meu quarto e fecho minha porta para trocar de roupa.

Depois de trocada, desso as escadas devagar, a ponto de ouvir o que meu pai e Scott conversam. Eles não me ouvem.

– ... ela está muito doente, sabe - meu pai - e, bom, você não tem nenhuma obrigação, não tem que passar por esse sofrimento de vê-la ... de vê-la - ele não consegue acabar a frase.

– Eu sei que não - diz Scott, gentilmente - mas eu não posso viver sabendo que não passei o máximo de tempo que pude ao lado dela.

Entro na sala com os olhos cheios de lágrimas e sento no meio dos dois abraçando-os.

...

– Sim... Aham... Entendo... Amanhã?... Que horas?... - era minha mãe ao telefone - Tudo certo, amanhã iremos aí. Obrigada. Tchau.

Eu e Scott estávamos no sofá de casa rindo de um filme que assistimos juntos.

– Filha?

– Oi, mãe.

– Amanhã temos que ver o Dr. Benner, ele quer falar conosco.

– Tudo bem.

Minha mãe sai da sala e eu e Scott no encaramos por um tempo.

Por que Dr. Benner queria me ver ?