Estou no banheiro acabando de me arrumar. Scott e eu iremos jantar, não sei onde, ele não me disse. Ele chegara a qualquer momento.

Abro o armário do meu banheiro, ele está cheio de remédios, estou procurando um rímel que eu tenho certeza que está perdido em algum lugar por aqui. Fecho a porta do armário.

Olho no espelho e percebo que sangue começa escorrer pelo meu nariz. Escorrer não, jorrar.

– MÃE ! - grito.

Pego a toalha de rosto que estava pendurada ao lado da pia, o sangue escorre por meu pescoço empapando a gola do meu vestido, eu me sento no vaso sanitário. A toalha está encharcada e uma poça de sangue se forma no chão.

– MÃE !

Eu giro meu corpo de maneira que eu possa me sentar no chão, estou no chão apoiando minhas costas no vaso sanitário. Estou fraca e o sangue não para de escorrer. Ouço passos subidos a escada correndo.

– MÃE !

A porta do banheiro se abre violentamente, e Scott entra pela porta com meus pais atrás. Ele passa os olhos pelo banheiro e eles pousam em mim, ele se abaixa e me pega no colo. Meus pais estão em volta de nós enquanto descemos as escadas. Vejo que minhas mãos estão sujas de sangue e a camisa azul clara de Scott está suja na frente também.

Entramos no carro, minha mãe, eu e Scott vamos atrás enquanto meu pai dirige a toda velocidade. Eu não sei quando tempo depois chegamos ao hospital, foi bem rápido.

Meus olhos estão pesados. Sinto meu corpo ser deitado em uma maca, e uma mão grande segura a minha direita.

– Um aperto para sim, dois para não - diz uma mulher, eu não consigo ver seu rosto direito.

Aperto a mão grande uma vez.

– Sim - é a voz de Scott.

– Isso já aconteceu antes ?

Um aperto.

– Sim.

– Parece que temos uma hemorragia nasal. Vamos ter que cauterizar, ok ?!

Um aperto.

– Sim.

A mulher para de falar e sinto uma picada em meu braço.

Tudo fica escuro.

...

Abro os olhos devagar. Sinto que há um corpo deitado junto ao meu, minha cabeça está em seu ombro, e seu braço serve de apoio para mim.

Scott.

Ele usa outra roupa agora.

Me mexo um pouco.

– Hey - ele diz - oi .

– Oi - eu sussurro.

Sinto um gosto ruim na boca.

– Quando tempo eu fiquei apagada ? - minha voz está fraca.

– Algumas horas - ele responde.

– Desculpe ter estragado o jantar.

– Nem pense nisso - ele docemente e me da um beijo no alto da cabeça.

Abro os olhos brevemente para ver meus pais dormindo em duas poltronas lado a lado.

– Como eles estão ?

– Estão bem - eu suspiro, quase não deu para ouvir - Vai ficar tudo bem.

Scott beija o alto da minha cabeça, estou cansado então durmo pouco tempo depois, sentindo-me protegida por te-lo perto de mim.

...

Acordo no outro dia, Scott ainda dorme. Estamos na mesma posição e acho que seu braço está dormente, mas eu não me mexo muito.

Ouço a porta ser aberta e meus pais passam por ela.

– Bom dia - eles sussurram em coro.

– Bom dia - sussurro de volta.

– Como você está ? - meu pai.

– Bem - eu lhes dou um leve sorriso.

Minha mãe vem até mim e me dá um beijo no alto da cabeça, meu pai faz o mesmo em seguida.

A porta se abre e uma enfermeira entra, ela olha para meus pais e depois para mim e Scott com uma certa curiosidade.

– Dr. Benner gostaria de falar com vocês mais tarde - ela sussurra.

Meus pais acentem e ela sai.

Sinto Scott se mexer um pouco e ele boceja.

– Bom dia - ele diz.

– Bom dia - respondo.