Masumi Nakamura escrita por Caroline Bueno


Capítulo 6
A carta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506362/chapter/6

Acordei pela manhã, sonolenta e com preguiça, quando notei que ainda eram 4h36 da madrugada. Eu ainda tinha por volta de 3 horas de sono, mas resolvi levantar. Asuka estava bem espalhada pela cama, dormindo num sono profundo e tranquilo, talvez o que a Sra. Naru tinha dado a ela como castigo não fosse tão ruim. Fui até a cadeira que ficava ao lado da escrivaninha e me sentei, apoiando o cotovelo numa folha em cima da escrivaninha branca e pequena. Era uma carta, que deveria ser endereçada a Asuka.
“Querida Asuka,
Eu sinto muito que nunca tenha nos conhecido, mas tivemos que te deixar com seus avós por conta de um serviço que tivemos que fazer para o exército japonês. Nós te amamos tanto querida e sentimos muito por não podermos ter acompanhado seu crescimento. Se você está lendo isso, infelizmente nós nunca poderemos nos conhecer, pois morremos durante nosso trabalho, eu sinto muito. Você pode herdar uma quantia baixa, mas que vai ajudá-la um pouco quando for adulta. Gostaríamos de ter sido os pais que você merece.

Com grande afeto, seus pais.”
Eu chorei, juro que não queria, mas eu não consegui lidar com aquilo. Estava claro o porquê de Asuka ter feito aquilo com os ônibus, ela estava descontando sua dor em algo. Colocando para fora a depressão que reprimiu desde quando era criança. Eu não sabia o que fazer ou como iria encarar minha amiga depois daquilo. Resolvi me arrumar e sair um pouco. Fui até o banheiro, penteei o cabelo de qualquer jeito e o prendi, depois coloquei o uniforme apressadamente e saí. Havia um relógio no corredor, marcava 5h02. Eu ainda tinha tempo suficiente para pensar em tudo. O dormitório dos meninos estava do outro lado do prédio, mas eu queria ver Hajime. Andei lentamente até seu quarto, para que ninguém me ouvisse, o mais cautelosa possível.
Chegando lá, bati na porta devagar. Hajime, de cabelos despenteados, pijama e com os olhos ainda mais fechados de sono abriu a porta. Eu abafei um riso.
- Masumi, o que você faz aqui? Uma hora dessas você deveria estar dormindo. – disse ele incrédulo.
- Desculpa, eu realmente preciso conversar com alguém. Você tem um minuto? – falei.
- Vou só me vestir. – disse ele com cara de quem não achou bom.
Fiquei esperando cerca de uns 15 minutos para que Hajime se arrumasse. Até eu me ajeitei mais rápido. Quando ele saiu, ficou me encarando por alguns segundos, riu um pouco e então disse:
- O que foi de novo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?