61ª Edição dos Jogos Vorazes escrita por Triz


Capítulo 1
Capítulo 1 - Ah, mais um dia de Colheita!


Notas iniciais do capítulo

Bom, olá! Bem vindos ao início da minha fanfic! o/Espero que gostem c:Não se esqueçam de deixar um review!



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As geladas gotas de chuva emitem um barulho ao entrar em contato com o toldo que me protege. O chão da minha casa alagou com a chuva, porém não há nada a ser feito. Na verdade, nem casa eu tenho. É só um monte de caixas de papelão empilhadas e forradas por um toldo azul, e no chão, um velho cobertor xadrez salva-me do frio da noite.

De repente, uma peluda criaturinha branca entra pela abertura que há entre as caixas. É Castiel, o meu cachorro. Ele é pequeno e se aconchega entre as minhas pernas, abanando o rabo em resposta ao carinho que lhe faço na cabeça. Meu único companheiro desde que fugi daquele orfanato imundo. Sinceramente, aquele lugar era uma droga. Sempre faltava comida e todos implicavam comigo porque eu bagunçava tudo, mas eu não ligo. Prefiro ficar sozinho mesmo. Se nem meus pais aguentaram a minha presença, o que é que posso fazer? Fui abandonado cedo, e desde então aprendi a viver sozinho nas ruas do Distrito 5. De minha família, resta apenas o sobrenome Monroe. Nada mais.

Pego uma laranja meio podre que encontrei no lixo e descasco-a com minha faca. É o meu jantar, mas mesmo assim preciso guardar o resto para o almoço de amanhã. É a Colheita, então preciso ter energia para ficar em pé durante a faladeira da Capital. Assim que termino de descascar a laranja, atiro um pedaço para Castiel e como um pouco, deixando metade para amanhã. O suco que sai da fruta está amargo, porque provavelmente a laranja está estragada, mas não tenho outra opção. Depois disso, enrolo-me no cobertor e deito, com Castiel esfregando-se nas minhas pernas.

— Boa noite, garoto.

Ele obviamente não me respondeu.

[...]

No dia seguinte, o dia da Colheita, acordo cedo, porque as pessoas do lado de fora são barulhentas e seus sapatos estalam no chão de maneira irritante. Faminto, pego a metade de minha laranja e a como, mesmo que isso não me encha nem um pouco.

Como não tenho roupas mais bonitas para usar na Colheita, pego o melhor que consigo encontrar. Uma calça jeans larga e furada no joelho é sustentada por um suspensório de couro. Tenho uma velha camisa branca com alguns botões faltando, então a coloco. Também ponho em minha cabeça uma boina marrom acima de meu cabelo loiro e liso (que está comprido, nos ombros, mas não tenho a intenção de cortar). Assim que termino de me vestir, despeço-me de Castiel e vou para a praça do Distrito 5 para o sorteio dos tributos.

Chegando lá, encontro o grupo dos garotos de dezoito anos. Sim, essa é minha última Colheita, e obviamente fico nervoso, porém de vez em quando penso... e se eu fosse para os Jogos? E se eu ganhasse e conseguisse uma mansão na Aldeia dos Vitoriosos? Seria um lugar melhor para mim. Na verdade, qualquer lugar é melhor do que aquelas caixas de papelão. Com o dinheiro, daria para comprar comida pra mim e pro Castiel.

O lugar está muito cheio, e em volta do palco da Capital, estão vários Pacificadores. Eles estão aí para garantir que ninguém saia correndo, ou que tentem atacar a mulher louca da Capital. Mas duvido que alguém faça isso.

Por falar na mulher louca da Capital, lá está ela. Dominique Brown. Ela tem um estilo engraçado, usa o cabelo lilás e um vestido cheio de camadas com listras nas cores do arco-íris. Dominique tem uma flor enorme na cabeça, que pisca em diversas cores, o que acho exageradíssimo.

— Bom dia, bom dia, bom dia! — animada, Dominique saltita à frente do microfone. — Em instantes, começaremos o sorteio, por enquanto fiquem com esse vídeo que nos conta a história de nossos Jogos Vorazes.

E começa o vídeo. Solto uma risada rápida... será que eles têm esse vídeo desde a primeira edição dos Jogos? Nunca trocam. É sempre a mesma coisa: Dias Escuros, revoltas, Distrito 13 aniquilado, Jogos Vorazes. Todos sabemos. Por que então colocam essa bosta todo ano?

Assim que o vídeo termina, Dominique (cambaleando acima dos saltos enormes da cor de sangue) volta à frente do microfone para a realização do sorteio.

— Primeiro as mulheres — diz. — Começaremos pela tributo feminino que representará o Distito 5 nessa 61ª Edição!

Então ela corre para a bola de nomes, mexe com a mão, pega um e volta para o microfone. Aí ela abre o santo papel e faz seu suspense. Ouço daqui os choramingos das garotas, que por sinal, estão a metros de distância.

— Jasmine Bennett!

Então um grito horrendo vindo das garotas dos dezesseis anos praticamente me ensurdece. Jasmine tem seus olhos dourados preenchidos por uma vermelhidão por culpa das lágrimas. O cabelo preto encaracolado gruda na face molhada. Ela é uma garota como qualquer outra tributo feminino de Distrito não-Carreirista, portanto sei que essa não passa do banho de sangue.

Jasmine, completamente arrasada e com o rosto vermelho inchadíssimo sobe no palco. Dominique tenta abraçá-la para consolar a pobrezinha, mas ela continua abrindo seu berreiro esquisitíssimo.

— Muito bem, muito bem — Dominique continua, com um olhar tedioso. Pelo visto, esperava que acontecesse alguma coisa nova na Colheita, mas todo ano é igual. — Agora os cavalheiros.

E então ela repete o processo da seleção dos papéis. Enquanto Dominique sorteia o pobre coitado, Jasmine soluça, tentando conter seu choro.

— Geoffrey Stanley Monroe!

Oh não.

Não é possível. No meu último ano!

Subitamente, sinto o meu coração palpitar tão rápido que parece que ele quebrará meu peito e sairá pulando por aí. Penso naquela hipótese da melhora de vida, mas e se eu morrer? Não quero morrer. Não tenho chances, só tenho experiências com uma faca, e a uso para descascar laranjas.

Minhas mãos começam a tremer descontroladamente, e o céu troveja. A chuva que imediatamente cai começa a banhar minha face, tornando o momento todo mais melancólico. Mas chega de melancolia. Tenho que enfrentar isso de cabeça erguida. É minha única chance de mudar de vida.

Subo ao palco, tentando esconder meu nervosismo ao máximo. Jasmine me encara com certa surpresa. Talvez ela esteja pensando em como estou aguentando não cair em lágrimas como ela.

Mas na verdade, nem eu sei como.

Por mais que essa seja uma boa chance para mim, o que realmente significaria a minha vida se eu morresse? Acho que nada. O que um garoto de rua poderia ter feito para mudar o mundo? Na verdade, as únicas coisas que fiz foram pedir esmola e ficar vagabundeando por aí. É esse o real significado da minha vida?

Não, eu não posso deixar que minha vida passe em vão.

Tenho que fazer o máximo para sobreviver.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do Geoff. Ele é um cara legal. Bom, até o próximo capítulo o/



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