The Woman In Me escrita por Luisa Stoll, Caramujo


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Bem... Mil desculpas pela demora, mas agora com a volta às aulas e alguns compromissos novos (vulgo trabalho) tem sido mais raro nós escrevermos.

Espero que gostem, e aproveitem :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/506320/chapter/6

POV Jared

Aquela aula de boas maneiras estava entediante, até porque eu sabia perfeitamente como me portar. Meus pais haviam sido exigentes em relação à minha criação. Me criaram como um rei e uma rainha criariam um príncipe, mas eles nunca imaginaram que eu teria realmente a possibilidade de me tornar um. Claro que eu não confiava 100% nessa possibilidade. Minhas chances provavelmente sequer chegavam a 30%. Matemática não era o meu forte, e sim as palavras, mas essa estimativa certamente estava próxima à verdadeira.

– Posso escrever os cartões das danças? - questionei, olhando para a carta que tinha escrito quase sem perceber enquanto Gwydion falava sobre como segurar um copo corretamente.

Minha caligrafia era praticamente perfeita, depois de anos e mais anos de treino diário, por livre e espontânea pressão. Relendo a carta, disse a mim mesmo que nunca a entregaria, a não ser em caso de extrema necessidade.

Gwydion se aproximou de mim com as mãos nas costas e correu os olhos pelos papéis preenchidos com letra cursiva impecável. Sorriu largamente e disse:

– Se for com a mesma letra que essa, já tem um trabalho a fazer - e se afastou, dando continuidade à aula de boas maneiras.

Percebi que alguns selecionados me olhavam de soslaio, com os olhos semicerrados, e tinha até quem me olhava com certa crueldade... Ciúmes. Eu sabia que já não tinha muita chance com Aghaté, mas ser recusado até pelos outros selecionados...

O selecionado de cabelo castanho que estava ao meu lado, o qual reconheci como sendo Vincent, disse para eu não me preocupar com a concorrência. Ah, claro que não, meu amigo, imagina. Não vou me preocupar com a concorrência porque meu já tenho meu lugar. Que é na minha casa, no meu escritório, junto aos meus livros. Mas entendo que Vincent não falou por mal. Ele estava tentando me ajudar, não sabia porquê.

Acabando a aula de boas maneiras, Gwydion nos liberou para um intervalo. Aproveitei o tempo livre e segui onde meus pés me levaram, no corredor do quarto de Aghaté. Me aproximo da porta entreaberta e espio a oitava maravilha do mundo pintando a obra de arte mais linda que eu já havia visto: um belo buquê de tulipas vermelhas. "Hum... tulipas vermelhas..." penso enquanto um pequeno, mas significante sorriso brotava de meus lábios. Observei o quadro mais uma vez e olhei o envelope dourado em minhas mãos. Não, não era a hora de ela ler aquilo. Ainda não. Volto para meu quarto no segundo andar sem fazer barulho.

***

Estava sentado na minha cama, no quarto luxuoso que o palácio tinha me oferecido, ou, mais especifico, a Seleção havia oferecido. Pois era apenas por causa da Seleção que eu estava ali. Sentia a brisa fresca da noite entrando pelas janelas abertas e pela sacada, batendo de leve em meu rosto como uma leve carícia, o que subitamente me fez lembrar dela... Aquele sorriso radiante, aquela pele suave ao toque, o rosto belo e delicado, as linhas de seu corpo curvilíneo, que mesmo sendo ocultado um pouco pelas grossas camadas do tecido armado do vestido, dava seu leve toque de um animal feroz, porém muito delicada, doce, gentil...

Meus pensamentos são interrompidos por fracas batidas na porta. Quem poderia bater àquela hora... Logo depois do jantar onde já haviam sido anunciados todas as notícias e deveres a fazer? Só podia ser uma pessoa. Estava torcendo para ser ela.

Abro uma fresta da porta, e assim que meus olhos se encontram com aquele par de olhos azuis que reconheço de longe, abro a porta inteiramente:

– Aghaté! Entre. – convido-a com um sorriso de orelha a orelha. Ela entra com um olhar inexpressivo e mordendo o canto dos lábios. - O que houve senhorita... – não termino a frase, Aghaté me abraça, apoiando o queixo em meu ombro, as duas mãos em minhas costas, me segurando tão forte como se ela fosse me perder para sempre.

Mas ela não ia me perder, pelo menos da minha parte não, isso dependerá se ela escolher outro.

– O que aconteceu? – coloco as mãos em seus ombros e me aproximo dela até nossas cabeças se encostarem.

– Eu... fiquei sabendo do ocorrido nessa tarde e cheguei a uma conclusão... eu acho... Jared, não quero te perder. – ela diz como se tivesse lido meu pensamento, e percebo que pela primeira vez ela está aflita e não esconde isso.

– E não irá. Estarei aqui pra você, sempre que precisar, prometo. E só vou embora quando você me enxotar daqui – sorrio olhando-a nos olhos. Por um momento ela abre aquele sorriso com o qual já sonhei muitas vezes, enquanto olha profundamente em meus olhos. Observo quão bonita ela é bem de perto, e me aproximo mais de seu rosto. Suas mãos sobem das minhas costas pra minha nuca, ela fica na ponta dos pés e encosta seus lábios nos meus.

– Aghaté... - murmurei, assim que ela se separou de mim.

– Jared, você... eu... - ela suspirou. - Eu não deveria ter feito isso, me desculpe. - suas bochechas se avermelharam e ela virou de costas, provavelmente para tentar esconder esse fato. Ela estava saindo, mas eu peguei seu cotovelo e a puxei de volta.

– Você pode fazer isso quantas vezes quiser, Aghaté. Eu sei que é cedo para lhe dizer isso, mas eu te amo. Te amo desde que a vi por aquela televisão pela primeira vez. Te amo desde que olhei a primeira vez em seus olhos. Te amo desde que a vi sorrir. Eu amo o modo que você se para, orgulhosa e ereta, mas sem dar a impressão de ser melhor do que os outros. Amo o modo com que você lida com o seu poder, sempre sendo simpática com todos, e, mesmo assim, demonstrando força para ajudar a todos. Eu teria muito mais para lhe falar, mas esperarei, pois ainda tenho o benefício, ou malefício, da dúvida, de não saber com certeza de que o que eu sinto é correspondido. Você tem mais 29 opções, e não lhe julgarei se acabar escolhendo alguém melhor do que eu. Mas eu te amo, Aghaté Schreave, por todos os motivos que lhe mencionei antes, e por muitos outros. - lhe dei um beijo na testa, enquanto ela me encarava, confusa.

– Jared, eu... não sei o que dizer. Tenho que ir. - Aghaté correu em direção ao seu quarto, e eu suspirei, jogando-me na cama e relendo a carta que tinha escrito.

POV Aghaté

Eu não conseguiria expressar a confusão que as palavras de Jared haviam me causado. O que eu sentia por ele? Seria amor, ou apenas a substituição da perda de alguém que eu amara, e que eu não sabia que poderia ter? Eu não poderia fixar-me em um único selecionado, ou acabaria me decepcionando. Eu deveria olhar os horizontes disponíveis, e tentar a melhor escolha para o meu reino. Pois era esse o maior motivo da Seleção: cuidar de meu reino. Minha felicidade não era o maior interesse. O amor que eu poderia sentir de nada valia se o selecionado não pudesse governar comigo. Não que esse fosse o caso de Jared, mas eu ainda não poderia afirmar que ele seria um bom governante. Bom não, ótimo. Meu futuro marido deveria ser um ótimo governante. E por isso eu teria que aceitar de olhos fechados que quaisquer erros que eles cometessem seria motivo para expulsão. Se a justiça era cega, o amor nunca poderia ser justo. Se o amor fosse justo, não seria amor. E se não fosse amor, bom, só restaria ouvir a voz da razão.

Por outro lado... eu o tinha beijado. Tinha dito que não queria perdê-lo. E estava sendo totalmente sincera. Quanto ao beijo... eu realmente tinha gostado. Quero dizer, que garota em sua sã consciência não gostaria de dar um beijo em alguém como o Jared? O que eu quero dizer é que, eu senti algo grandioso crescendo em meu peito enquanto o beijava. Talvez não fosse a hora certa pra pensar isso, mas...

Uma batida suave na porta me faz livrar de meus pensamentos. Com receio de que seja Jared não abro. Outra batida, agora um pouco mais insistente.

– Aghaté, sou eu. Abra, por favor. - a voz de mamãe soava abafada do outro lado da porta. Imediatamente corri e a abri.

– O que aconteceu?

– Minha filha... - Ela entrou me olhando com ternura - Está confusa por causa da Seleção, não está?

Soltei um longo suspiro e me sentei, acompanhada dela. Como eu amava o modo que mamãe me entendia.

– Sim, bem... Você acha que eu devo, você sabe, não pular no pescoço de um selecionado toda vez que eu sentir medo de que eles façam algo errado e eu tenha que mandá-los embora só porque já sinto algo... uma afeição tão grande a ponto de...?

Mamãe ponderou a ideia por um segundo, inclinando a cabeça para o lado. É claro que ela poderia saber desses detalhes, afinal, era minha mãe.

– O que eu acho, Aghaté, é que a Seleção é assunto seu, e que mesmo que eu dê meus conselhos, a decisão final será sua. Não posso interferir, porém...

Franzi a testa:

– Porém...?

– Essa é sua melhor chance de se apaixonar, de viver a aventura que o amor lhe permite, e sinceramente, minha filha, você deve deixar fluir naturalmente. Não interrompa relações por medo do futuro, pois ele é incerto. E vai basear-se em suas escolhas do presente, então se você "parar de pular no pescoço dos selecionados", talvez haja uma grande chance de seu futuro não ser aquele que você quer. - ela faz aspas no ar e ri suavemente.

– Mas o que eu quero?

– Você quer alguém para amar e ser amada. - Ela me dirige um sorriso maternal que aquece meu coração e que clareia meus pensamentos.

– Obrigada, mãe. - falo num sussurro, com brilho nos olhos.

– É o que as mães fazem. - Ela me dá um beijo na testa e em seguida sai sorrindo para seu quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Estou ansiosa para saber a reação de vocês, leitores shauhsua
Deixem reviews, a opinião de vocês é importante. ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Woman In Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.