Simplesmente escrita por Kaline Bogard


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Aviso de violência apenas para a psicológica.

Tenho 04 capítulos digitados! Já sabem: um por semana, mas acho que será toda terça-feira, não sei ainda. Aguardem!



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Simplesmente...
Kaline Bogard

Capítulo 01

Quando o despertador soou, Stiles Stilinski já estava acordado e levantou-se no mesmo instante. Ali tinha inicio seu ritual diário: arrumar a cama, deixando o lençol suficientemente esticado, passar pelo banheiro e aportar na cozinha.

Preparava para si um café duas vezes mais forte que o usual e mais amargo. Café era uma das poucas coisas que preferia amargo.

Geralmente não comia nada junto ao café, antes de sair. Deixava para beliscar algo quando chegasse à faculdade. Rotina era importante. Além disso, não podia tomar os remédios de barriga vazia.

Voltou para o quarto e conferiu a mochila. Estava tudo organizado na medida do possível. Só precisava fazer uma coisa antes de sair do apartamento. Para isso seguiu até a pequena área de trabalho externa. Morava no vigésimo primeiro andar, mas a vista não era nada agradável, pois ficava de frente para o bloco B de apartamentos.

Suspirou resignado e verificou se a roupa que pendurara no dia anterior estava seca. Ainda não. O sereno da noite manteve as peças úmidas e geladas, precisaria deixar mais um tempo ali.

– Ei, Stiles! Bom dia!!

O rapaz girou os olhos e respirou fundo antes de voltar-se para o bloco B. Os prédios eram construídos tão próximos, que ele podia conversar com o vizinho do 2102-B sem problema algum, mas não tão perto a ponto de ser possível saltar de uma sacada para a outra.

– Bom dia, Isaac – respondeu sem humor algum. Ao invés disso apontou para o vizinho e resmungou – Quando vai aprender a vestir uma roupa, cara?

Referia-se ao fato de seu vizinho parecer ter um vulcão dentro do corpo. A não ser que estivesse bem frio, o infeliz adorava desfilar por aí apenas de cuecas. E algumas vezes, como naquela manhã, com cuecas que já tinham visto dias melhores.

Não que fosse uma vista ruim, já que Isaac era o tipo de rapaz carismático que derretia os corações das mulheres: alto, com cabelos loiros ondulados que pareciam de um anjo... o corpo era firme e atraente. A aparência inocente e pose de bom menino contrastavam terrivelmente com o jeito tarado. Deixavam Stiles na duvida se ele fazia de propósito para provocar ou Isaac não via maldade no próprio comportamento.

– Quando você quiser me ensinar... – o outro provocou.

– Essa cantada foi horrível! Você tem que me convencer a tirar o resto da roupa. Não o contrário...

– Por que? – o loiro sorriu parecendo sinceramente surpreso – Você quer tirar minha cueca, Stiles?

O garoto não se deu ao trabalho de responder, apenas virou as costas e voltou para dentro do próprio apartamento, ainda ouvindo a gostosa gargalha que o pseudo anjo deu.

Nessas horas se arrependia um pouco de ter avisado ao melhor amigo que aquele apartamento estava disponível. Quando a vaga no bloco B surgira, Stiles avisara ao Scott, que conhecia um amigo que precisava de um novo lar. Isaac. E assim ganhara um vizinho inconveniente.

Outro vizinho inconveniente...

Mudando o rumo dos pensamentos passou pelo banheiro. Conferiu se o cabelo estava bem penteado. Os olhos castanhos analisaram o rosto cheio de pintas. Ajeitou a blusa do Lanterna Verde, jogou a mochila no ombro e partiu.

oOo

O rapaz saiu do apartamento e trancou a porta. Quando se virou deu de frente com sua vizinha de andar. A senhora Amber. E falando em inconveniência... olhava para a forma humana desse adjetivo: uma mulher baixinha, dona de cabelos ralos que pareciam nunca ver um pente e pele excessivamente enrugada para a idade. Stiles achava que ela devia ter uns cento e cinqüenta anos e mentia dizendo ter apenas sessenta. Era a única explicação! Que totalmente fizesse sentido. Enfim...

A mulher estava regando um dos seis grandes vasos colocados a frente do apartamento 2101-A. Parecia uma mata selvagem, um verdadeiro matagal da ilha de Lost.

Okay, talvez Stiles fosse meio exagerado...

– Bom dia, garoto.

– Bom dia, senhora Amber.

Pela porta entreaberta Stiles viu a pequena tropa que morava junto com a velhota. Gatos. Muitos gatos. Gatos em todo lugar, em cima do sofá, rolando no carpete, sobre a mesa. Os trezentos felinos de Esparta. É.

Ele desistira de contar. Nunca tinha certeza se; no meio dos quatro rajados, oito brancos, um amarelo, cinco pardos e dois encardidos, havia três gatos pretos, ou se o maldito bicho trocava as lentes de contato. Impossível que três animais tivessem exatamente a mesma mancha branca em forma de diamante no peito! Mas como explicar o tom de olhos diferentes?

Talvez fossem gatos possuídos. Talvez devesse salgá-los e queimá-los. Com certeza deveria parar de assistir tanto Supernatural.

– Preciso ir.

– Tudo bem. Vá com cuidado e...

– Stileszinho! – uma jovem cortou a velhota e colocou o rosto no vão da porta. Tinha estatura mediana e longos cabelos loiros, um grande sorriso exibia os dentes perfeitos. Os lábios estavam cobertos de batom vermelho vivo e os olhos escurecidos por rimel. Era cheia de vida e energia, uma garota um ano mais velha que Stiles, exibida, que só usava roupas curtas ou transparentes. Ele simplesmente a odiava. Só não odiava mais que ao gato pardo e gordo que ela trazia nos braços. Ali Baba... o maldito que invadira seu apartamento mais de uma vez e deixara um presente mal cheiroso no carpete. Mais de uma vez.

– Oi, Erica – cumprimentou a neta de Amber. Não havia simpatia em sua voz.

– O nerd vai tentar salvar o mundo? Ou devo chamá-lo de Batman?! – ela perguntou maliciosa, debochando. Não perdia uma chance de provocá-lo.

Stiles não respondeu. Apertou a alça da mochila com força e seguiu rumo às escadas. Desceria um lance antes de chamar o elevador, somente para não ter que olhar para a cara daquela adolescente.

– Só não vá tentar voar! Deixa isso para o Superman – e riu.

O moreno exibiu-lhe o dedo do meio. Mentalmente, é claro. Odiava as piadas com seu estilo de vida. Por que não podiam respeitá-lo?

oOo

Chegou ao trabalho após pegar o metrô e fazer baldeação com a linha de trem. Começara a trabalhar no setor de informática antes mesmo de se formar na faculdade.

Seus professores tinham visto o potencial, erroneamente chamado por “nerdice” e ofereceram uma vaga ao jovem talento.

E ali estava Stiles, dominando o local por quase três anos.

Ele ficava na ante-sala da coordenação dos cursos de Ciências da Computação e Engenharia da Computação. Respondia por todos os reparos necessários e dava acessoria a parte informatizada da Faculdade. Comandava um time de dez estagiários, geralmente os responsáveis de verificar impressoras emperradas, datashows que não ligavam, conexões de Wi-Fi desestabilizadas e um sem fim de pequenas situações cujo erro era única e exclusivamente o usuário que operava o hardware em questão.

Assuntos mais sérios ligados a reitoria e a rede Intranet do campus ficavam a cargo de Stilinski, afinal informações importantes e confidenciais circulavam por essas linhas. Estagiários não deveriam ter acesso ao sistema.

A saleta em que ficava era bem organizada. Uma mesa limpa, gavetas obsessivamente arrumadas, um computador sobre o tampo cinzento. Por que se não fosse rigido em sua organização, tudo virava a ilha de Lost. Presente do TDAH. Um armário de aço cheio de documentos e pastas suspensas. Num dos cantos fora colocada uma mesinha baixa com café, um potinho de açúcar e um vidro com bolachas do tipo água e sal. Na parede um quadro de avisos feito de cortiça, com o calendário dos dias letivos e principais atividades daquele campus, além de eventos específicos dos cursos coordenados pelo superior imediato de Stiles.

Na lateral do monitor uma fileira de post-its indicava as tarefas que deveriam ser executadas em ordem de prioridade, deixadas ali no dia anterior; por que eram consertos que exigiam compra de peças novas. O reitor da faculdade tinha pouca preocupação em desembolsar a verba. Mesmo que fosse para fazer melhorias aos alunos que pagavam caro por cada curso.

Enfim...

Como nenhuma das prioridades podia ser posta em prática, o garoto apenas colocou a mochila dentro do armário de aço depois de retirar o smartphone e o tablet e guardar o I-Pod Shuffle que viera escutando durante o trajeto.

Pegou uma xícara de café para si, colocou um mínimo de açúcar e voltou para a mesa, sentando-se na cadeira de rodinhas. Abriu um programa de edição de textos no tablet, com o artigo que estava rascunhando. Algo que falava do futuro da Nanotecnologia afiliada à Neurociência, para ganhar créditos no curso de Mestrado. Tudo indicava que seria um longo e tedioso dia...

Ia levando o copo de papel aos lábios quando a porta da saleta foi aberta de supetão e uma voz se fez ouvir.

– Stiles... nós temos um problema!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gente, nem revisei! As duas doidas me fizeram postar até sem capa!

Passo mal!

Culpem a Mokona e a Nii por eu ter antecipado a postagem kkkk

Obrigada por chegar até aqui!



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