Chegando ao castelo, o Rei e a Rainha trancaram Mônica em seu quarto, mas sem maldade, apenas para protegê-la, e também proteger sua irmã. O que eles não sabiam é que tinham outras maneiras para controlar o poder de Mônica.

– Não me tranca, pai! Não, por favor!

– Me desculpa, filha. É para o seu e para o bem da sua irmã. E, para ficar mais seguro, reduziremos os empregados, evitaremos seu contato com as pessoas e vamos trancar o castelo inteiro.

O Rei dá a chave para a filha para momentos urgentes, mas faz um pacto com ela de que ela não abrirá a porta pra ninguém, nem mesmo para sua própria irmã.

– Não faz isso... – Mônica se lamentava baixo.

UM DIA DEPOIS...

– Mônica! Abre a porta pra gente brincar!

– Vai brincar sozinha, Magali.

– Mas Mônica, eu...

– Vai brincar sozinha, Magali. – Mônica aumentou a voz.

– Mas... eu... eu só queria brincar...

Quando Magali saiu dali, Mônica estava aos prantos, preocupada em ter que fazer o que o vovô falou: vencer o medo.

– Mônica! Eu quero te ver! Abre a porta!

– Você não entende, Magali?

– Entender o quê?

– Eu não posso...

– O que você não pode? Me explica direito.

– Eu... nós... você não precisa saber. Só quero que faça o que estou te pedindo. Por favor, não leva pro lado pessoal.

– T-tudo bem.

Magali saiu dali inconformada. O que acontecera com sua irmã? Elas eram tão próximas! Ela se deu ao direito de todo dia dar início a tentativa de tirar sua irmã de dentro daquele quarto.

– Maninha! Vamos olhar o Sol lá fora? Você aproveita pra me explicar o porquê das portas e janelas fechadas.

– Volta pro seu quarto, Magali.

– Ah, não, Mônica! Me explica agora o que está acontecendo!

– Me respeita! Eu sou sua irmã! Eu tenho direito de querer ficar sozinha.

– Mas por três dias? Pra quê esse isolamento todo, Mônica? A troco de quê?

– Magali, você nunca vai entender. Nunca.

– Mas por quê?

– Porque não, oras. Não te devo explicações até porque você é muito nova pra saber disso.

– Sério? Diferença de um ano?

– Sinto muito, Magali. Mas é pro seu bem.

Todo dia era a mesma coisa, e isso se repetiu durante 13 anos. Até que...

– Filha, eu e o seu pai vamos viajar de caravela pra outro país, mas daqui a duas semanas estamos de volta.

– Mãe... e a Mônica?

– Vou me despedir dela agora. Comporte-se, hein? Você já tem dezenove anos.

– Mãe... posso ir com você falar com a Mônica?

– Melhor não, filha. O mais certo é ficar aqui.

– Sim, mamãe.

TOC TOC

– Já falei que eu não vou sair, Magali. Vai brincar de boneca.

– Filha?

– Mãe?!

– Posso entrar?

– Pode.

– Nossa, seu quarto está todo congelado! Você não está sentindo frio, não?

– Já me acostumei. Mas o que foi?

– Eu e seu pai vamos de caravela para outro país.

– Vai nos deixar aqui sozinhas?

– Sim, filha. Vocês não podem ir conosco.

– E eu já posso falar com a Magali?

– Não, filha. É melhor não.

– E quando vocês voltam?

– Daqui a duas semanas.

– Então tchau.

– Tchau.

O Rei e a Rainha partem para outro país, quando uma tempestade os pega de surpresa. O mar se agita e a caravela acaba afundando.