Paz Temporária - Olhos Amaldiçoados escrita por HellFromHeaven


Capítulo 28
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Depois de uma boa noite de sono, estava pronto para qualquer coisa. E... Bem... Eu realmente me assustei quando percebi que dormi a noite inteira sem nenhum problema. Afinal, a insônia estava cada comum na minha vida desde que meu pai morreu. Mas isso não importa... Na verdade, eu deveria ter ficado feliz e não estranhado tal fato. De qualquer jeito, depois de analisar bem a situação e constatar o óbvio, levantei, me troquei e fui até a cozinha pegar um pouco de café. No trajeto, senti falta dos Valentines que costumavam “enfeitar” os corredores em pequenos grupos. Naquela manhã não havia nenhum deles. Estranhei um pouco, mas continuei andando e encontrei com Ana na cozinha. Esta estava preparando café:

– O café ainda não está pronto?

Ela se assustou e virou-se rapidamente quase derrubando a cafeteira. Ao perceber isso, ela se virou mais rápido ainda e impediu a merda de acontecer. Tentei conter meu riso com todas as minhas forças, mas não consegui. Foi mais forte que eu. E nem preciso dizer que ela ficou puta.

– Droga Harry! Não me assuste desse jeito!

– Foi mal, foi mal. Essa não era minha intenção.

– Merda! Quase que eu ferro com tudo ainda. Daí você não teria café.

– Isso seria terrível.

– Enfim... Tinha até pouco tempo atrás, mas como todo mundo estava numa correria frenética acabou muito rápido.

– Correria... Bem que eu senti a falta de todos. Aonde foram?

– Não é óbvio? Eles foram executar o plano que discutimos ontem

– O quê? Mas... Já?

– Claro! Nem parece que você estava na reunião. A Bunny deixou claro que queria acabar com essa guerra o mais rápido possível.

– Disso eu me lembro, mas... Não imaginava que agiríamos tão rápido assim.

– Na verdade, a rapidez da resposta faz parte da estratégia. Aposto que os Harrisons pensam que estamos abalados demais pela morte para fazer alguma coisa. Vamos aproveitar esse pensamento e surpreende-los!

– Você quer dizer “aproveitar essa suposição”, certo?

– Não seja tão chato. Esqueceu-se de que eu fui encarregada de falar com os nossos “espiões”? Então, foi daí que tirei essa “suposição”.

– Ah! Aí sim. Porra. Você não explica que fica querendo que eu adivinhe. Eu vejo o tempo de vida das pessoas, quem vê o futuro é a Lisa.

– Anh? Ela... Também tem esses lances estranhos nos olhos?

– Oh... É verdade, nem explicamos isso direito a vocês.

– Pois é agora tudo faz sentido. Fiquei me perguntando quem era aquela garota durante a reunião e... Na verdade estava encucada com isso até agora.

– Bem, agora já sabe o motivo de ela estar lá.

– Sim. Ver o futuro... Deve ser complicado.

– Nem me fale. – disse Lisa.

Desta vez não só Ana, como eu, levamos um grande susto e nos voltamos para Lisa, que acabara de entrar na cozinha esfregando seus olhos. Ela parecia ter acabado de acordar e seu cabelo estava despenteado, de modo que algumas mechas estavam voltadas para cima.

– Puta que pariu! – exclamou Ana. – Vocês querem mesmo me matar do coração!

Não pude evitar e soltei uma gargalhada, mas logo a contive, pois Ana me olhou com uma expressão de “vou te matar dez vezes antes de seu corpo bater no chão”.

– Não é nossa culpa. Pelo menos não minha.

– Como assim? Não tire o seu da reta!

– Eu já disse que foi sem querer.

– Meh... Apenas não façam mais isso.

– Desculpe-me. – disse Lisa e depois bocejou. – Eu não queria assustar vocês... Só decidi entrar na conversa porque estavam falando de mim.

– O-oh... Eu... Entendo.

– É bom ver vocês animados logo de manhã! – exclamou Bunny.

– Ah! – gritou Ana. – Chega! Todo mundo tirou o dia para me assustar hoje.

– Você quem está assustada. – disse Bunny. – Não coloque a culpa na gente.

– Bunny. – disse. – Nós também agiremos hoje?

– Mas é claro! Neste exato momento pelo menos um dos grupos que enviei já deve ter começado o ataque. Estava só esperando vocês acordarem para partirmos.

– O-o quê? – disse Lisa assustada (parece que ela só acordou e verdade naquele momento). – Com partir você quer dizer... Ir até o campo de batalha?

– Pode se dizer que sim. O James já está no carro. Sabem como ele é apressado.

– O que faremos? Apenas atacaremos como um grupo qualquer ou temos um objetivo maior?

– O que você acha?

– Eu arrisco na segunda opção.

– Exatamente! Ana, explique melhor o que você descobriu ontem.

– Bem, eu falei com todos nossos informantes, espiões e aliados do lado Harrison da cidade e consegui algumas informações muito interessantes. Eles não têm uma grande central como nós temos essa mansão. Em vez disso, eles possuem várias mini bases de operações espalhadas pela área deles e cada uma dessas bases conta com um Harrisons “importante”. Mas isso levantou uma questão em minha mente... Onde estaria o Lucas? E depois de mexer uns pauzinhos, consegui uma resposta.

– E aí? Ele está em uma dessas bases?

– Não. E esse é o problema. Pelo que fiquei sabendo, ele não se mistura com a maior parte dos Harrisons e fica em uma “base secreta” cuja localização só é revelada para seus homens de confiança. Acontece que ele é confiante demais, o que faz dele um idiota. Um dos espiões simplesmente segui ele o dia todo e descobriu a localização dessa base.

– Para um líder de uma organização criminosa... Ele é bem descuidado... – complementou Lisa.

– Mas isso é bom! – disse Bunny. – Ele apenas facilitou as coisas para nós. O único problema é que para chegar até o filho da puta, teremos que passar por umas duas mini bases. E é por isso que mandei os grupos na frente. Enquanto eles atacam esses locais, aproveitamos a distração e passamos despercebidos até a casa do infeliz.

– Ele provavelmente não estará esperando um ataque à sua residência e o pegaremos de surpresa! – complementou Ana.

– Bem... Não seria melhor irmos de uma vez, então? – disse.

– Espere! – exclamou Lisa. – Eu... Vou me arrumar o mais rápido possível e já venho!

Ela saiu correndo e pude ouvir que havia trombado no sofá, mas pelo jeito continuou correndo. O café ficou pronto e tomei uma bela xícara do mesmo. Depois de uns dez minutos, Lisa apareceu novamente, só que com os cabelos penteados e vestindo o “uniforme” dos Valentines. Ela respirava um pouco ofegante (talvez por ter se esforçado o máximo para não nos atrasar) e sorria sem graça.

– Bem... Pronto. Desculpem-me!

– Não se preocupe. – disse Bunny. – O motivo pelo qual não os acordei nem nada foi que não estou com pressa. Foi bom esperar um pouco, já que assim as atenções dos Harrisons devem estar totalmente voltadas aos pequenos ataques. Ou seja, é a hora perfeita para agirmos.

– Vamos! – exclamou Ana. – Todos os outros grupos também foram informados da localização do Lucas e têm ordens de seguir para lá assim que eliminarem todas as bases! Se não corrermos chegarão primeiro que nós!

– Isso seria uma merda. – disse. – Temos umas contas a acertar com ele.

– Nem me fale... – disse Bunny. – Enfim, agora que estão todos prontos... Vamos acabar com esses filhos da puta!

Saímos da mansão determinados a voltar apenas quando tudo estivesse acabado. Dei uma última olhada na construção e entrei no carro. James realmente já estava lá... Aquele sujeito estranho... Enfim, ele começou a dirigir normalmente pela cidade. Foi até estranho andar em uma velocidade normal, tendo em vista que as últimas vezes que nos transportamos com ele quase morremos. Ele passou da área neutra e adentrou um pouco na dos Harrisons, antes de parar o carro. A partir dali, teríamos que ir à pé para não levantarmos suspeitas.

Começamos, então, a nos locomover cuidadosamente por becos e ruas pouco movimentadas, dando uma grande volta pela cidade. Se as informações de Ana estivessem corretas, levaríamos cerca de vinte minutos para chegar até o local de carro e por vias normais, mas como isso seria impossível, provavelmente levaríamos mais de uma hora. Podíamos ouvir sons de disparos vindos de praticamente todos os cantos, o que aumentava a tensão no ar. Passamos uma hora andando e não vimos nem sinal de Harrisons. Aliás, não havia quase que ninguém nas ruas. Provavelmente estavam todos abrigados em suas casas devido ao conflito. Incrivelmente também não encontramos nenhuma viatura policial. Quem sabe eles não queriam se envolver nesse tipo de conflito. Decidimos parar um pouco para descansar em um beco. Havia um latão de lixo daqueles que os mendigos costumavam usar para fazer... Fogueiras e... Bem... Foi o que fizemos. Estava frio pra cacete, oras. Ficamos ao redor do fogo nos aquecendo enquanto a melodia do caos continuava a ser reproduzida pela cidade.

– Falta muito até a casa do Lucas? – perguntei.

– Não. – respondeu Ana. – É daqui a uns dois quarteirões. Se continuarmos nesse ritmo, provavelmente chegaremos lá em menos de meia hora.

– Tsc. Tenho que admitir que odeio esse tipo de abordagem. – disse James. – Meu lance é invadir a porra toda e matar todo mundo.

– Fique calmo, James. – interrompeu Bunny. – Logo logo você poderá fazer isso. Assim que chegarmos à casa do filho da puta você poderá liberar seu espírito assassino à vontade.

– Assim espero. Tive muitos problemas por causa do tempo que trabalhei para eles. Arranjei vários inimigos... Assim como aquela garota que estava com a Jade.

– Fala da Jackie? – perguntou Lisa.

– Sim. Os pais delas estavam devendo uma pequena quantia aos Harrisons, mas como eles estavam numa fase de querer demonstrar “poder”, tivemos que assassina-los brutalmente. Não me orgulho desse tipo de trabalho e nem do fato de que eu gosto de matar. Se realmente existir um lugar para onde as pessoas vão depois de morrer, como dizem aqueles religiosos, eu estou perdido. Mas fazer o quê?

– Você poderia tentar se redimir enquanto é tempo.

Ele olhou para Lisa como se ela tivesse falado algo totalmente revelador. Bem... Para mim, poderia ser algo mais do que óbvio, mas se for levar em consideração o fato de que ele era um assassino profissional... Eu diria que não era de se espantar uma reação dessas. Despois de ficar encarando-a por algum tempo (ela ficou sem entender nada e olhava para a gente como se perguntasse se tinha dito algo de errado), ele olhou para o fogo e depois para o céu.

– Você deve ter razão... Acho que depois de acabarmos com isso vou me aposentar. Parar de matar e... Fazer qualquer outra coisa da vida. Quando eu era pequeno, queria ser... Um músico.

– Sério? Eu toco violino! Quem sabe eu possa lhe ensinar algumas coisas.

– Heh... Eu adoraria.

– Músico? Por essa eu não esperava. – disse Bunny. – Já que entramos nesse papo meio sentimental... Que tal contarmos nossos sonhos antigos? Eu queria ser uma comediante. Sei que parece meio idiota... E é, mas eu adorava a ideia de conseguir fazer todo mundo rir.

– Não é idiota. – disse. – Eu quero ser um pintor. Eu tinha alguns quadros em casa e pretendia entrar pruma escola especializada nesse tipo de coisa, mas... Não consegui passar no vestibular e minha casa já era. Quem sabe eu não comece tudo do zero depois que terminarmos isso aqui.

– Eu quase já disse, mas... Quero muito ser violinista de uma orquestra famosa! – disse Lisa. – Eu pretendia ir à mesma escola que o Harry está falando, mas rolou tanta coisa nesses últimos dias que nem sei se será possível... Acho que farei o mesmo que Harry: começarei do zero.

– Bem... – disse Ana. – Meu país era muito complicado quando eu era pequena e eu vi muita merda acontecendo. Então acabei amadurecendo rápido demais e... Acho que o mais perto que tive de um sonho foi construir uma família em um lugar seguro... Onde não seríamos descriminados por cor, nacionalidade, aparência ou condições financeiras. Não é tão ambicioso como os de vocês, mas...

– Não diga isso. – interrompeu Bunny. – É algo muito ambicioso nos dias atuais. E se limparmos a cidade dos Harrisons, você até poderá construir esse sonho aqui mesmo em Sahoc.

– Neste caso, é melhor continuarmos andando. – disse James.

– É verdade... Acabei me empolgando com a conversa. Sabem como eu gosto de falar. Enfim... Vamos matar uns Harrisons!

Apagamos o fogo com um punhado de neve e voltamos a andar. Decidimos nos apressar um pouco mais e fomos pela rua mesmo. Pouco depois de sair do beco, passamos por um cruzamento. Olhei para todos os lados e não havia ninguém nas ruas. Pude ver alguns corpos jogados e vários carros de portas abertas em sinal de que foram abandonados às pressas. Essa visão foi mais um incentivo para que acabássemos com aquilo de uma vez. E a “vitória” estava tão próxima que eu sentia que se esticasse meus braços, poderia encostar as pontas de meus dedos nela.


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Notas finais do capítulo

Heeeeeeeh Como prometido... Minha meta de capítulos foi cumprida essa semana! *fogos de artifício*
Nuss... Está... Acabando saporra... Eu... Não acredito. E pensar que quase desisti de escrever. Meh, isso são águas passadas. E não se pode fazer suco com águas passadas.
Mais um capítulo mais tranquilo para dar uma pausa no sangue xDDD E... Bem... O próximo também não será tão sangrento.
Ah! Antes que eu me esqueça (minha memória é uma merda x.x) uma leitora fez uma fanart do Harry deitado no "melhor sofá do mundo" em um momento de descontração xD. Segue o link pra mesma: http://littlecat403.deviantart.com/art/Fanart-Harry-Cursed-Eyes-492902655
Agradeço a quem leu até aqui, espero que estejam gostando e até a próxima =D



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