Paz Temporária - Olhos Amaldiçoados escrita por HellFromHeaven


Capítulo 25
A garota quebrada




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Depois daquele grande trauma, passei a noite em claro pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Aqueles filhos da puta... Ficaram lá dentro... Torturando minha amiga... Enquanto eu ouvia sons horríveis sem poder fazer nada! Pelo menos eles o fizeram de porta fechada... Admito que se ela estivesse aberta, eu teria surtado ali mesmo. Quando saíram... E eu vi o estado do corpo dela de relance (eles apagaram a luz rapidamente)... Eu... Entrei em estado de choque... Tenho certeza de que o Lucas falou algo comigo (provavelmente algo que abalaria meu psicológico), mas acabei nem ouvindo... Aposto que ele ficou puto. Enfim... Passar tudo isso para descobrir que o cara que quase me matou anos atrás também era um Valentine... Era muita coisa para minha pobre mente conturbada aguentar.

Daí veio o enterro... Acho que, por mais incrível que pareça, a ficha ainda não tinha caído até o último grão de terra cair em cima do caixão. Naquele momento... Naquele maldito momento... Eu... “Rachei”. Não estava com cabeça para acompanhar os outros até a mansão (principalmente por causa do James) e decidi apenas vagar sem rumo. Andei por algum tempo... Não sei exatamente quanto tempo foi, já que não estava ligando para isso no momento. O tempo todo apenas olhava para frente, mas não via nada. Era como se encarasse o vazio e ele me encarasse de volta. Cheguei a trombar com algumas pessoas durante o trajeto, até ouvir uma voz que parecia sair de dentro da minha mente:

– Jackie!

Instintivamente, olhei para trás e armei minha guarda, mas logo a baixei. Lá estava uma garota bem pequena de aparentemente oito anos com cabelos curtos, castanhos e cacheados com um olhar preocupado. Fiquei apenas encarando-a sem entender nada até que ela resolveu se pronunciar:

– Acalme-se. Eu sei que as coisas estão ruins agora, mas... Bem... Eu avisei que seria difícil, mas... No final... Vai valer a pena.

Foi aí que noite que aquele pequena era a Jessy. Se fosse em qualquer outro momento, eu teria a reconhecido imediatamente, mesmo com sua aparência em mudança constante. Mas meu estado mental instável me impediu do mesmo e me senti mal por isto.

– Vamos... Aonde você vai? O melhor a fazer agora é se juntar aos outros. Se continuar assim... As coisas só vão...

Eu geralmente ouvia tudo o que Jessy tinha a dizer atenciosamente, já que ela era um espírito mais evoluído e sábio. Porém, naquele momento minha mente estava em frangalhos e apenas o ódio e a tristeza reinavam no meu coração. Acabei me exaltando e... Bem...

– Só vão o quê?! Piorar? É isso que você ia dizer?

– Acalme-se. Eu...

– Como você espera que eu me acalme? Você tem noção do que acabou de acontecer? A Jade... Morreu! Teve uma morte terrível!

Andei até ela e a segurei pelos ombros, sacudindo-a enquanto chorava.

– Você... Pode trazer ela de volta, não é? Você fez isso comigo! Diga que você pode fazer isso!

– Eu... Sinto muito – respondeu desviando o olhar. – Eu gastei praticamente toda a energia que estava armazenando com você... Na verdade... Eu estava esperando alguém como você para usá-la, então não se sinta culpada...

– Como é?! Alguém como eu? Eu sou um pedaço de lixo ambulante que sequer consegue salvar uma amiga! Por que você trouxe de volta... Uma inútil com eu? Você deveria ter guardado... Para a Jade!

– Não diga essas coisas! Você não é nada disso! Eu não me arrependi nem por um segundo por ter escolhido você. Então não seja tão dura consigo mesma.

– Ah! Falar é fácil! Por acaso você tem noção do inferno que minha vida tem sido desde... Desde sempre?!

– Eu sei muito bem pelo que você passou, mas... Não é hora para ficar lamentando o passado.

Neste momento eu parei de sacudi-la e voltei meu olhar para o chão. Nada do que ela disse conseguiu me alcançar. Eu só queria... Sumir ou... Fazer com que tudo sumisse.

– Heh... Eu... Você... Você nunca me entenderia. Fui tola em pensar nisso... Como um espírito como você poderia entender um mero humano?

– Não é bem assim Jackie...

– Não... Tudo bem... Mas você está certa... Não é hora para lamentar o passado... A única coisa que posso fazer é... Consertar o futuro.

– Consertar... Jackie... Eu digo isso porque me importo com você. Não pegue essa rota. Você só vai acabar se machucando mais ainda. Vingança nunca é uma resposta decente.

– Me machucar mais? Quer saber... Eu não me importo mais... Parece que... Eu nasci para isso... Então... Que se foda...

Larguei seus ombros e dei meia volta. Não conseguia encará-la nos olhos. Talvez por vergonha ou... Apenas por falta de sanidade mesmo. Enfim, voltei a andar para a mesma direção que antes e parei alguns metros à frente.

– Você... Vai mesmo?

– Eu... Preciso fazer algo.

– Bem... Eu... Não posso interferir em suas escolhas... Apenas desejo... Boa sorte. Estarei rezando por você.

– Gaste suas preces com aqueles que valem a pena... Eu... Já estou morta por dentro!

Foi aí que eu tive a confirmação: não estava apenas “rachada”. Com tudo o que aconteceu eu... Quebrei. Minha mente foi pro saco e na minha cabeça... Não tinha mais nada a perder. Segui em frente sem olhar para trás ou para os lados. Sequei minhas lágrimas e fechei meu coração.

Quando percebi, estava em frente à minha antiga casa... Ou melhor, à casa do Sr. Hakkido. Fiquei parada por algum tempo apenas observando a entrada, mas logo entrei sem pensar duas vezes. Ainda tinha as chaves, então foi fácil. Ao abrir a porta e adentrar aquele ambiente... Avistei dois homens sentados na sala, aparentemente Harrisons. Eles não me notaram, então fui até a cozinha e peguei uma faca. Quando estava voltando para a sala, ouvi um barulho e me virei rapidamente. Um terceiro homem entrava pela varanda olhando para baixo e... Aparentemente também não me notou. Aproveitei a oportunidade e saltei para cima dele dando um chute giratório em seu pescoço. Ele bateu a cabeça na pia enquanto caia e desmaiou. Sua testa sangrava e ele provavelmente ficaria ali por um bom tempo. Só houve um problema nisso: ele fez um puta barulho quando caiu.

Notei algum movimento na sala e me escondi do lado do armário. Pouco tempo depois, um dos homens veio e avistou o corpo. Ele estava prestes a sacar uma arma quando arremessei a faca contra ele. Acertei seu pescoço, fazendo-o cair. Ele rapidamente levou suas mãos até a faca, tentando retira-la enquanto agonizava. Pude ouvir o outro homem correndo para a cozinha e tive que pensar rápido. Havia uma leiteira com água fervendo no fogão (provavelmente o terceiro homem viera desligar o fogo). Assim que avistei o último deles, não pensei duas... Quer dizer, nem sequer uma vez. Peguei a leiteira pelo cabo e despejei a água no rosto dele. Ele gritou de dor e começou a recuar. Avancei contra o infeliz e bati em sua cabeça com a leiteira até que ele caísse... Depois continuei batendo... E batendo... Até ele parar de se mover. Enquanto recuperava meu fôlego, lembrei-me do que estava com a faca no pescoço e me voltei para ele assustada. Por sorte, ele também já não se movia. Fui até seu corpo, retirei a faca de seu pescoço e finalizei o primeiro com algumas facadas.

Depois disso... Tomei um banho, peguei uma mochila velha e um jogo de facas de arremesso que o Sr. Hakkido guardava num “compartimento secreto” em seu quarto. Vasculhei os corpos dos Harrisons, peguei uma das armas deles e a munição dos outros e descobri um endereço de uma possível base de operações. Apenas descansei por meia hora e saí rumo a esse local.

Não sabia que tipo de construção poderia ser, mas pelo endereço, ficava em algum lugar da área Harrison. Por sorte... Jade... Ensinou-me como driblar as ruas e se movimentar sem ser notada. Pus meus ensinamentos em prática e cheguei até o local em cerca de uma hora e meia. Era um bar de médio porte com apenas um andar, mas uma área considerável numa parte pobre da cidade. Três Harrisons jogavam sinuca no lado de fora e parecia haver mais lá dentro. Primeiramente, deu algumas voltas para analisar o lugar e cheguei à conclusão de que deveria haver, pelo menos, dez deles lá dentro. Eu teria desistido se estivesse sã... Aliás, eu nem teria ido até lá em primeiro lugar. Mas como a situação era outra... Decidi ignorar a diferença numérica.

Primeiramente, dei a volta e bati na porta dos fundos. Esperei ao lado da mesma, até que um dos homens a abriu. Rapidamente cravei uma das facas em seu pescoço, tapei sua boca e o puxei para a parede. Dei mais algumas facadas no mesmo e deixei seu corpo ali. Entrei lentamente pelo que parecia ser um depósito. Era um quarto pequeno com algumas tralhas empoeiradas e uma porta aberta. Usei as tralhas para avançar até a mesma e olhei sutilmente para o resto do lugar. Três Harrisons estavam na cozinha, quatro bebendo e ainda havia aqueles três jogando sinuca. Dois dos que estavam bebendo pareciam estar muito bêbados, assim como um dos que estava na cozinha. Isso significava que eram alvos fáceis, mas mal significava algo levando em conta ao resto deles. Peguei uma das tralhas, um ventilador quebrado, e joguei contra a parede do quarto. Isso fez um barulho alto que chamou a atenção de todos. Os dois sóbrios que estavam na cozinha vieram na minha direção, enquanto o outro permaneceu fuçando na geladeira. Peguei uma faca em uma mão e a arma na outra e esperei. Assim que avistei o primeiro, passei a faca em seu pescoço e, logo em seguida, a cravei no peito do outro, usando meu peso para derrubá-lo. Com os dois eliminados, olhei para o terceiro... Que havia caído dentro da geladeira... Enfim... Aqueles que estavam bebendo notaram a movimentação e foram verificar (os sóbrios). Levantei-me rapidamente e arremessei uma faca em cada um. Acertei suas testas, derrubando-os na hora. Aí já não tinha mais jeito. Peguei a pistola e... Atirei primeiramente nos dois bêbados, depois naqueles que estavam jogando distraídos.

No final, matei todos... Exceto aquele infeliz que estava dentro da geladeira. Esfaqueei sua perna e o acordei com um balde de água gelada. Ele se assustou e pouco tempo depois levou as mãos até sua perna.

– Argh!

– Escute aqui. – disse pressionando a arma contra sua cabeça. – Eu quero que você mande uma mensagem para o chefe de vocês. Diga que ele cometeu o maior erro de sua vida ontem à noite. E que eu irei atrás de sua cabeça.

– Argh! Tudo bem! Eu aviso! Só não me mate!

– Tsc... Se eu te matar, não poderá entregar a mensagem. Suma daqui, seu pedaço de merda!

Ele correu... Ou quase, devido à perna. O mais rápido que pôde e mantive minha mira nele até que não pudesse mais o ver. Olhei ao meu redor e vi todos aqueles corpos. Recolhi minhas facas, limpei o sangue delas e saí do local. Minha insanidade me impedia de se importar com o fato de que havia assassinado várias pessoas... Mas fazer o quê... Eu não podia evitar...


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Notas finais do capítulo

Estou numa fodendo maratona de capítulos! E se tudo der certo, postarei mais três essa semana ='D.
Pobre Jackie... Deu tela azul do mal nela ;-; Enfim... Tretas tretosas estão por vir e... Faltam só mais alguns capítulos para a história acabar (não acaba essa semana, mas logo logo)!
Agradeço a quem leu até aqui, espero que estejam gostando e até a próxima =D



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