Paz Temporária - Olhos Amaldiçoados escrita por HellFromHeaven


Capítulo 20
Lobo em pele de cordeiro


Notas iniciais do capítulo

Eu ainda estou vivo!
Ooooh I still alive yeaaah~
Enfim... depois de muito tempo, eu resolvi tomar vergonha na cara e continuar com sabagaça!



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O trajeto de volta para casa foi quase silencioso. Os únicos que arriscavam começar uma conversa de vez em quando eram James e Bunny, mas não duravam nem cinco minutos. Bretan tentava acalmar Ana, que aguentava sua dor em silêncio (gemia de vez em quando, mas nada de mais). Kimi apenas olhava pela janela e eu tentava absorver o ocorrido. Quando chegamos à mansão, nossa líder nos deu o resto do dia de folga.

Aproveitei para me aconchegar no sofá fodão. Fiquei apenas sentado de mau jeito enquanto encarava a televisão desligada. Depois de uns vinte minutos, minha visão periférica notou Kimi indo em direção ao jardim com uma expressão péssima no rosto e decidi segui-la.

Chegando ao jardim, a avistei deitada na grama olhando para o céu com os olhos marejados. Sentei ao seu lado e apenas fiquei encarando-a. Ela demorou um pouco para me notar e, quando o fez, rapidamente sentou-se e enxugou os olhos. Deixei uma risada escapar e recebi um olhar assustador em troca:

– Do que você está rindo? Tem algo de errado em deitar na grama?

– Não, nada.

– Cansou de ficar no sofá?

– Isso é impossível.

– Qual é seu lance com aquele treco? Tudo bem que ele é confortável e tal, mas não é para tanto.

– É que ele me lembra do sofá da minha antiga casa.

– Oh... A que pegou fogo?

– Não, moramos em outra antes dessa. Ficava bem afastada do centro da cidade e eu costumava dormir no sofá de lá todo dia.

– E por que vocês não o levaram para a outra?

– Aquela casa era alugada, então tivemos que comprar novos móveis quando nos mudamos.

– Entendi. Você é estranho.

– Devo ser mesmo. Afinal, não é a primeira vez que ouço isso. Mas você não fica atrás.

– Como assim? Está me chamando de estranha?

– Entenda como quiser.

– Seu puto!

Ela me deu uns “soquinhos meigos” enquanto eu ria. Ela logo se cansou e o silêncio voltou a reinar. Depois de algum tempo, ambos suspiramos e ficamos observando o céu. Passados alguns minutos, decidi quebrar o silêncio:

– Então... Ainda não superou, não é?

– Não... Mas logo voltarei ao normal.

– Vocês eram muito próximos?

– Tanto quanto a Jade e a Bunny.

– Sério?!

– Sim.

– Mas... Eu podia jurar que vocês não se davam

– Você é mais ingênuo do que pensei.

– O quê?

– Vou te chamar de jovenzinho a partir de agora.

– Anh? Vá à merda.

Ela ficou rindo descontraidamente por alguns segundos enquanto a encarava. Logo sorri também e, depois, ela parou de rir e assumiu uma expressão triste.

– Bem... Eu não deveria estar... Assim. Quando decidimos entrar para essa vida, sabíamos dos riscos.

– Olha... Eu discordo de você. Não há nada de errado em sentir falta de alguém importante para você. Eu... Só percebi o quanto meu pai significava para mim depois que... Você sabe.

– Você é um garoto interessante. Espero que essa vida não lhe tome a sanidade.

– Eu ficarei bem. Afinal, já sou meio maluco mesmo.

– Acho que essa é a primeira vez em que concordo totalmente com você.

– Sei que já lhe mandei à merda hoje, mas... Poderia ir de novo?

– Não, conforme-se.

– Me conformar? E eu tenho alguma escolha?

– Nenhuma.

– Imaginei.

Ficamos mais uns dez minutos ali e depois voltamos à mansão. Tomei um banho e fui para o meu quarto. Telefonei mais uma vez para Lisa e passamos o resto da noite conversando sobre coisas banais. Como da última vez, estava me sentindo muito bem ao desligar e apenas dormi. Por sorte, nenhum pesadelo me visitou aquela noite e acordei energético. Fui diretamente à cozinha para pegar uma xícara de café e encontrei Ana tentando fazer o mesmo, mas com grande dificuldade, devido ao seu braço direito estar engessado. Logo a ajudei e, como ainda não tinha me notado, ela acabou se assustando:

– Ah! – gritou colocando o braço esquerdo sobre a cabeça e fechando os olhos.

– Calma... Sou eu, o Harry. Não vou te morder nem nada.

Ela abriu lentamente os olhos e, quando me viu, suspirou aliviada.

– Ufa...

– Está assustada hein?

– É... Pode parecer meio idiota para uma criminosa como eu, mas tive um pesadelo terrível nesta noite e ainda não me recuperei.

– Idiota? Não acho. Eu tenho pesadelos frequentemente. Hoje foi uma bela exceção.

– Oh... Entendo... Enfim... O-obrigada!

Eu não tinha prestado atenção em Ana no último dia, talvez pelo calor do momento. Ela aparentava ser nova como eu (ou mais), tinha cerca de um metro e meio de altura, pele morena, cabelos negros e o mais impressionante: um de seus olhos era negro e o outro era um vermelho vivo, quase brilhante. Uma cor bem... Incomum. O que me levava a crer que eu era mais distraído do que imaginava. Fiquei me perguntando “como eu não notei isso?” enquanto admirava os olhos da garota. Ela ficou me encarando de volta por algum tempo, mas logo desviou o olhar para a xícara em sua mão e deu um gole.

Ao perceber que ela havia notado, fiquei meio sem jeito e cocei a cabeça.

– Bem...

– São meus olhos, não?

– Sim. Você é a primeira pessoa com hete... hetecro...

– Heterocromia ocular.

– Isso!

– Pois é... Muitos dizem o mesmo. Eu costumava usar uma lente de contato para esconder, mas quando a Jade descobriu, me proibiu de continuar fazendo isso.

– Por que escondia? Achei uma combinação muito bonita.

– S-sério? – disse corando um pouco. – O-obrigada... Eu acho estranho. Principalmente por ser vermelho.

– Está aí outra coisa que nunca havia visto: uma íris vermelha.

– Meus pais disseram que está na genética da família, mas meus únicos parentes que apresentaram essa variação foram meus bisavôs paternos. E era tão escuro que chegava a parecer preto dependendo da luminosidade.

– Já o seu, não tem como se enganar.

– Pois é... Isso já me trouxe vários problemas na minha terra natal.

– Sério? Você vem do sul, não?

– Sim. Vim de um país chamado Cherland. Estávamos em guerra até alguns anos atrás com o país vizinho, mas tudo acabou e... Bem... Meus problemas aumentaram.

– Não entendi a relação.

– Todos estavam preocupados com a guerra, até mesmo os religiosos, que representam boa parte da população. Isso, aliás, é um dos motivos da guerra, já que o outro país abominava esse tipo de coisa. Mas quando acabou eles voltaram a ter influência e... Os sacerdotes da minha cidade começaram a implicar com a cor dos meus olhos dizendo que estava relacionada a espíritos malignos de um tempo distante.

– Sério? Isso soa ridículo.

– Certamente. Eu creio nos Deuses, mas isso... Enfim... Acabaram infernizando minha vida até eu decidir me mudar. Foi como vim parar por aqui.

– Eu faria o mesmo no seu lugar. Falando nisso... Qual a sua idade?

– Idade? Nunca lhe ensinaram que não se pergunta a idade de uma dama? – disse rindo.

– Ah! Vamos! Somos todos Valentines.

– Tudo bem. Tenho dezenove anos.

– Sério? Temos a mesma idade.

– Sim. Mas eu sou muito mais madura que você. – disse rindo.

– Se você está dizendo...

Paramos de falar para tomar nossos cafés e Bunny entrou no cômodo esticando os braços para cima enquanto bocejava. Ela foi até a geladeira, pegou uma caixa de achocolatado e colocou em uma caneca com um desenho de um coelho que tirou do armário. Deu um grande gole, limpou o"bigode" e disse meio sonolenta:

– Bom dia!

– Bom dia - respondemos.

– Como vai o ombro, Ana?

– Bem... Eu me machuquei ontem, então ainda está doendo bastante.

– Ah... É verdade... Foi ontem - disse esfregando os olhos com a mão que estava livre.

– Parece que alguém não dormiu bem.

– Quem? Não pode ser eu já que acabei me esquecendo do significado do verbo "dormir" na última noite.

– Nossa...Nesse caso não seria melhor tomar café?

– Seria se eu quisesse continuar acordada. Eu vou dormir... Não temos nada planejado para hoje.

– E o plano da Jade? - perguntei.

– Ele pode esperar. Não é como se eles fossem virar o jogo em apenas um dia.

Neste momento, Bretan entrou correndo pela porta, aparentemente assustado.

– A... Jade... Ela... - dizia enquanto tentava recuperar o fôlego.

De repente, Bunny arregalou os olhos e, como se todo seu cansaço se esvaísse, correu até Bretan e o levantou pela camisa. Ela era mais forte do que aparentava.

– O que houve com a Jade? Desembuche! - gritou aparentemente alterada.

– Calma... Ela... Ela... Foi sequestrada pelos Harrisons!

Bunny o largou e seu olhar ficou vazio. Aliás, não só o dela como o de Ana e, provavelmente, o meu. O tempo parou e apenas ficamos estáticos por alguns minutos tentando absorver a notícia enquanto Bretan nos encarava ainda sentado e muito nervoso. Depois de sair do "transe", nossa líder temporária rapidamente pegou seu celular e ligou para alguém. Ficou na linha por pouco tempo, mas logo desligou e olhou para o aparelho com raiva.

– Porra! Isso é hora da operadora ficar sem sinal?

Ela ameaçou jogar o celular contra a parede, mas logo desistiu e virou para nós com uma expressão muito séria em seu rosto (algo que eu nunca tinha visto e que confirmava a gravidade da situação).

– Harry! Chame a Kimi e o James e me encontrem lá fora agora! Ana! Avise aos membros para revesarem entre procurar pela Jade e manter a segurança da cidade. Bretan! Quero que me explique melhor essa história. Ah! E Harry... Levem armas.

Eu e Ana rapidamente nos retiramos do cômodo e fomos cumprir as ordens que nos foram confiadas. Os dois estavam na varanda observando o nascer do Sol e responderam ao chamado sem pensar duas vezes. Levamos pouco menos do que dez minutos para nos aprontarmos e irmos até a frente da mansão. Lá, Bunny nos esperava à frente de um dos carros da família. Este era um modelo mais incomum por ser caro, porém é um modelo bem famoso por atingir grandes velocidades em pouco tempo. Era um carro bonito pra caralho, mas nenhum de nós parecia se importar com isso. Bunny apenas apontou para ele e entramos sem dizer nada. Bretan estava no banco de trás e James assumiu o volante. Depois de sairmos sa mansão, Bunny começou a indicar o caminho:

– Então... O Bretan me disse que foi abordado por alguns Harrisons enquanto fazia sua ronda perto da zona neutra e que eles disseram que estão mantendo a Jade presa em un galpão naquela área. Isso me parece uma armadilha, mas como não podemos comprovar o desaparecimento devido à falta de sinal da rede telefônica... O único jeito é ir até lá.

– Você não sabe onde a Jade está se escondendo? - perguntei.

– Sei... Mas não posso ir até lá. Se for uma armadilha, denunciaremos sua posição. E se não for... Não teremos motivo para ir lá...

O clima dentro do carro ficou pesado depois disso e me senti mal por ter tocado no assunto. Mesmo que só tivessem passado alguns dias desde que conheci a Jade, a imagem daquele rosto sorridente não saia da minha cabeça e pensar que poderíamos encontrá-la no mesmo estado do que aqueles Harrisons... Na verdade era um pensamento que eu tentava afastar da minha mente com todas as minhas forças.

Levamos cerca de vinte minutos para chegar até o local. Era um grande galpão abandonado (pelo menos teoricamente) afastado de tudo. Havia apenas dois carros estacionados e algumas árvores no local. Estávamos próximos a um grande desfiladeiro que dava no rio que corta a cidade. A gelada brisa de Sahoc estava ainda mais intensa e a tensão podia ser sentida no ar.

Depois de um minuto de silêncio, Bunny voltou-se para nós:

– A partir daqui, a porra vai ficar séria e precisarei de vocês.

Todos acenaram com a cabeça menos Bretan, que estava muito nervoso e olhava para os lados constantemente. Seu comportamento estava me intrigando, mas não tive tempo de raciocinar, pois Bunny logo prosseguiu:

– Harry! Quero que confira nosso... Reló... Não... Crono... Não...

– Contadores. - a interrompi.

– Isso! Quero saber quais são as nossas chances.

Concentrei-me e verifiquei seus contadores um a um. Todos tinham mais do que uma semana de vida, com a exceção de Bretan, que possuía apenas algumas horas.

– Vocês vão sobreviver. Err... Bretan... Eu tomaria cuidado se fosse você.

Ele arregalou os olhos e, depois, desviou o olhar.

– Vou... Me lembrar disso...

– Nesse caso, vamos nessa. - disse Bunny sacando sua pistola e, logo após, engatilhando-a. - Assuma a dianteira, James.

– Com prazer, senhorita.

– Kimi. Quero que proteja o Harry, já que precisamos dele como suporte.

– Pode deixar!

– Harry. Fique atento aos nossos... Coisos e nos avise se houver alguma mudança.

– Farei o possível.

– Ah! Esqueça o que eu disse, James. Quero o Bretan na dianteira e você logo atrás dele.

– Como quiser.

– O-o quê? - disse Bretan, espantado. - Mas... Mas... Ele é mais eficiente do que eu. Eu...

– Pode até ser. Mas como não temos certeza, essa será uma ótima oportunidade para conferirmos a veracidade deste fato, certo Harry?

Percebi que não era o único suspeitando dele e dei uma espiada em seu contador. Ele tinha diminuído para alguns minutos. Não era o suficiente para provar que ele havia nos traído, então apenas respondi à pergunta:

– Concordo plenamente. É uma bela oportunidade para você demonstrar seu valor como Valentine.

Ele me encarou e depois olhou a seu redor. O medo em seus olhos era visível e se intensificava com a reação do resto de seu corpo: suas pernas tremiam, sua respiração ficava cada vez mais audível e seu rosto suava muito. Ficou alguns segundos apenas observando ao seu redor e, depois, tentou dizer algo, mas as palavras não saiam de sua boca. Bunny o encarava com sem esboçar nenhuma expressão e, como se estivesse cansada daquela cena, resolveu chegar até ele e disse com uma seriedade incrível (algo aparentemente estranho vindo de alguém como ela):

– É uma armadilha, não é?

– E... N-não... Eu...

– Aposto que tem um monte de Harrisons dentro daquele lugar apenas esperando para nos matar, certo?

– C-como assim? E-eu... N-nunca...

– A Jade nem sequer passou aqui por perto, certo?

– Ela... Eu... Ah!

Bretan acabou não aguentando a pressão e “quebrou”. Agachou-se e levou as duas mãos até a cabeça enquanto gritava. Lágrimas começaram a escorrer de seu rosto enquanto todos o encaravam sem dizer uma palavra sequer. Só de pensar que aquele infeliz estava querendo nos matar mesmo sabendo do quão filho da puta era o líder dos nossos inimigos e como a Jade era... A Jade me deu uma imensa vontade de espanca-lo. Felizmente ou... Infelizmente não pude realizar meu desejo, pois quando ele ia dizer mais alguma coisa, seu contador despencou e um barulho muito alto pode ser ouvido. Todos nos viramos e vimos alguns homens armados saindo do galpão indo em direção aos carros que estavam estacionados ali. Rapidamente buscamos abrigo atrás do nosso carro. Todos menos Bretan, que estava caído em cima de uma poça do próprio sangue. Parece que a traição não valeu muito a penas... Bem... Logo começou um tiroteio e fiquei apenas escondido monitorando os contadores de todos. Afinal, era o máximo que podia fazer. Quando um contador começava a cair, mandava a pessoa se esconder até que voltasse ao normal. Ficamos nisso por cerca de dez minutos. Pelo jeito queriam garantir nossa morte e colocaram bastante “mão de obra” nisso. Passados os dez minutos, os tiros cessaram e o silêncio voltou a reinar. Ficou assim por cerca de um minuto, até que Bunny decidiu se pronunciar:

– Nunca imaginaria que teríamos um traidor entre nós...

– Esse tipo de coisa é muito comum nessa profissão. – Complementou James.

– Eu sei, mas... A Jade é uma ótima líder... Não entendo como...

– Não há o que entender. Pessoas vivem traindo umas às outras para conseguir alcançar seus objetivos e a maioria deles está relacionada ao dinheiro. A ganância meio que faz parte da natureza humana.

– Bem... Pelo menos acabou. Acho que já podemos ir embora.

– Foi muito bem cuidando da nossa retaguarda, garoto. – disse James. – Só dê uma última conferida na gente antes que façamos merda.

– Tudo bem.

Seus contadores estavam normais (o que não significava que continham muitos dígitos, já que todos estão em uma vida arriscada). Levantei-me e aproveitei para abrir a porta de trás do carro. Estava prestes a entrar quando senti uma forte pancada no estômago seguida de um barulho alto e uma forte queimação no meu ombro direito. Quando percebi, estava no chão e Kimi estava sobre mim. Ela mirou sua arma para as árvores e atirou. Um corpo caiu em um baque abafado. Provavelmente era alguém que já estava escondido ali. Com o inimigo neutralizado, voltei a me concentrar no que havia acontecido e percebi que meu ombro sangrava. O tiro pegou de raspão, mas doía demais. Por impulso coloquei minha mão esquerda sobre o ferimento, o que resultou numa dor maior ainda. Estava reclamando da dor quando Kimi começou a rir e disse:

– Tem que tomar mais cuidado, Harry. Essa foi por pouco.

– Pois é... Droga! Não sabia que isso doía tanto!

– Pare de ser frouxo.

– Não posso fazer nada. É a primeira vez que levo um tiro.

– Heh... Você ainda tem muito a aprender.

– Verdade. Parece que você me salvou, hein?

– Sim... Você deve sua vida a mim.

– Eita porra...

– Brincadeira... Isso... É o que as famílias fazem... Protegem uns aos outros...

Em uma situação normal, eu teria ficado comovido com a fala da garota, mas notei algo estranho: as pausas entre suas palavras estavam ficando cada vez maiores. Rapidamente olhei para cima de sua cabeça e... Seu contador estava quase no zero. Fiquei sem entender nada até que senti um líquido quente escorrendo sobre mim. Espantei-me e apenas fiquei encarando-a sem conseguir dizer nada. Os outros notaram que havia algo errado e vieram até nós. James levantou Kimi e pudemos ver um buraco de bala em seu peito do qual escoria muito sangue. Ela estava ficando cada vez mais pálida e... Eu... Simplesmente não conseguia fazer nada!

– Está tudo bem... – disse Kimi. – Não me olhe desse jeito... Isso... Não é sua culpa...

– Mas... Como... Eu...

– Idiota... Você não consegue ver... Seu próprio contador... Não é?

– Isso...

– Então... Eu apenas fiz... O que você estava... Fazendo... Pena... Que não sou muito boa nisso... Fui muito... Lenta...

– Não diga isso... Se... Se não fosse por você... Eu...

– É... Verdade... Você me deve sua vida... Então... Eu gostaria de pedir algo...

– Diga. Eu... Faço qualquer coisa.

– Viva... Sobreviva a essa... Guerra e... Siga seu sonho... Mesmo que você queria ser lixeiro... Apenas... Aproveite... A chance que nem eu ou... Qualquer outro Valentine teve... Isso... Não é vida... Por mais que... A Jade seja... A Jade... Essa vida... Argh!

Ela tossiu sangue, mas ainda esboçava um sorriso ligeiramente inocente no rosto. Mesmo com toda a dor que deveria estar sentindo, Kimi aparentava certa... Tranquilidade e... Paz.

– Tudo bem... É uma promessa.

– Ótimo... Bunny... James... Eu vou na frente... O Will... Está me esperando... Cuidem... Dos outros...

– Pode deixar, pequena. – disse Bunny com os olhos marejados.

– Vá na fé. – disse James com sua expressão de sempre.

– Bem... Adeus... Seus...

Ela fechou seus olhos e... Silêncio. O mundo todo parou de girar e eu não conseguia fazer nada além de ficar encarando o cadáver daquela garota... Não... Da minha amiga.


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Notas finais do capítulo

Pois é... Cursed Eyes terá um fim! Não será apenas mais uma fic abandonado nesse mar de fics que é o nyah. Deixei de escrever por um grande problema: falta de motivação.
A repercussão dessa história está bem diferente da primeira e isso fez com que eu desanimasse legal, já que não sei se a parada está ficando boa. Mas decidi que vou dar um "foda-se" para isso e continuar escrevendo até o fim! Afinal... Tenho novos conceitos a trabalhar e só o farei quando terminar esse projeto... e para em 2/3 do caminho é sacanagem.
Enfim... Não sei se alguém ainda lembra disso ou lerá, mas enfim... Aqui está esse capítulo (que ficou grandinho) e... Meh, espero que alguém leia e se lerem... Espero que gostem. Até a próxima~



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