Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 25
Momentos de prazer.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é um dos melhores, eu garanto. Eu o escrevi com muito carinho e cuidado. E dedico ele a todos vocês, meus leitores, que são poucos, mas são especiais.



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Os dois chegaram ao hotel que David reservou já era noite. Eles dividiriam o mesmo quarto. Mas com camas separadas. David pensou que Alison preferiria assim. Cada um tomou seu banho, guardaram as coisas e depois desceram para jantar. David pediu algumas dicas aos funcionários do hotel e eles lhe indicaram que fossem comer em uma restaurante simples a beira mar.

Alison nunca havia comido frutos do mar, a especialidade da casa, mas adorou o sabor de cada coisa. Mais tarde, após jantarem, os dois resolveram dar uma volta para conhecer a cidade, aproveitando o ar fresco noturno acompanhado pelo brilho das estrelas.

Já cansados os dois foram dormir cedo e acordaram na manhã seguinte por volta das dez da manhã. Alison foi a primeira a acordar. Ao abrir os olhos se deu conta de que nada daquilo parecia real. Ela sentia-se como se estivesse em um sonho distante. Os raios solares banhavam o cômodo, penetrando pelo tecido fino da cortina clara.

Ela olhou para o lado e sorriu timidamente. David ainda dormia na cama ao lado. Ele parecia tranquilo e bem. Não era a primeira vez que ela o flagrava dormindo, mas aquela ocasião em especial ele parecia estar ainda mais bonito. Deitado de bruços, trajando uma regata branca deixando os braços fortes e tatuados a mostra caídos para o lado de fora da cama, a cabeça também estava pra fora. Ele parecia um garotinho desajeitado. O cabelo escuro bagunçado e a boca levemente aberta.

Por mais bonito que estivesse, Alison precisava acorda-lo. Afinal, o dia estava lindo lá fora. Azul e ensolarado. Uma linda manhã de verão. Sem fazer muito barulho ela pegou seu travesseiro e jogou forte nele, assustando-o e finalmente acordando-o. Apesar da carinha de espanto por ter sido atingindo, logo em seguida David soltou um risinho.

— Já vi que não dá para confiar em você dormindo. – ele sentou-se ainda sonolento, passando a mão pelo cabelo desalinhado e pela barba grossa. Aquela carinha fofa de sono era irresistível.

— Não seja cruel comigo. – ela levantou-se, esticando o corpo para se espreguiçar. — Você me trouxe até aqui pra gente aproveitar, não é mesmo? Eu estou faminta! E quero conhecer o mar.

Da janela do quarto era possível ver de longe a praia bem na frente do hotel. Eles só precisavam atravessar a rua e pronto, já estariam lá em poucos segundos. Como ela nunca antes tinha saído de Nova York seria a primeira vez que pisaria os pés na praia. Ela mal podia esperar.

Os dois tomaram banho. Um depois do outro. Fizeram sua higiene pessoal. Trocaram de roupas e desceram para tomar o café da manhã na área externa do hotel. Frutas e leite.

Ao perceber a ansiedade de Alison em ver o mar pela primeira vez, David decidiu que era hora de surpreende-la. Ele a pegou nos braços quando ela menos esperava e correu com ela até a praia. Alison caiu na risada, sentindo o coração acelerado. Era tudo tão surreal.

— Preparada para sentir a areia entre seus dedos do pé? – ele perguntou olhando para ela através de seus óculos Ray Ban preto.

Estavam parados a poucos metros da água.

Ela assentiu sem ter muita certeza, sorria nervosa. Alison queria que aquele momento ficasse marcado por toda sua vida. Suspirou forte e pediu para que David a colocasse finalmente no chão. Cuidadosamente ele a abaixou e finalmente Alison pode sentir a areia macia da praia nos pés descalços. A sensação era única. Ela chegou a se emocionar.

Entusiasmada ela jogou-se nos braços de David, agradecida.

Para David ela se parecia com uma garotinha naquele instante, alegre e sorridente. A qual ele queria pegar nos braços e cuidar por toda vida. Sem que ela nunca precisasse crescer.

— Eu vou dar um mergulho. – ele anunciou, já tirando a camiseta azul-marinho e deixando o peito e o abdômen definido a mostra. — Vamos?

Surpresa com a cena Alison mal conseguiu desviar os olhos dele. David percebeu, mas fingiu não dar importância. Sorrindo por dentro.

— Ah, não. Agora não. Estou me preparando mentalmente para isso. Sem contar que a água deve estar muito fria. Por enquanto eu vou ficar por aqui mesmo tomando um solzinho.

Ele assentiu em concordância. Tirou os chinelos, estendeu a camiseta, os óculos e o celular para ela segurar e em seguida saiu correndo até o mar, chamando a atenção de um grupo de mulheres om seus minúsculos biquínis que estavam por ali perto tomando agua de coco. Elas sorriam e cochichavam entre si.

Alison tentou ignora-las, um tanto enciumada. Sentou-se sobre a camiseta de David estendida sobre a areia, deixando as coisas dele de lado para tirar sua regata branca. Por baixo ela usava um biquíni verde-primavera e um short jeans não muito curto.

De longe ela ficou observando David se divertir na água entre um mergulho e outro. Algumas vezes ele acenou para ela, mandando beijos. Ela riu sozinha, acenando de volta um tanto tímida.

— Você não sabe o que está perdendo. – ele aproximou-se correndo, com o corpo, cabelo e a barba molhados. David sorria lindamente. A bermuda que ele usava estava caindo um pouco por causa do peso da água, deixando um pouco de sua cueca branca a mostra.

— Eu não sei nadar muito bem. – ela desviou o olhar, fechando os olhos um pouco por causa do sol forte daquela manhã. A praia estava pouco movimentada naquele horário, naquele dia.

David aproveitou a distração dela para avalia-la melhor em seu biquíni verde entrando em contrates com os olhos no mesmo tom. Para ele ela era a mais bonita de toda a praia, de toda a cidade, de todo o mundo. David só tinha olhos para Alison.

— Não tem problema. – ele estendeu a mão para ela, meio receosa Alison a segurou e ele a puxou para levantá-la. — Vem, eu te ajudo.

— Tá. – ela olhou para ele, sorrindo nervosamente. — Mas e as coisas? Vão ficar aqui largadas?

— Não tem problema, Ali. – ele a puxou um pouco, incentivando-a. Sabia que ela precisava superar aquele pequeno medo. — Elas não vão sair daqui. E nós podemos ficar de olho.

Dado por vencida ela o acompanhou até o mar. Era tão imenso, profundo, assustador e ao mesmo tempo tão encantador que Alison não soube exatamente o que sentir quando as ondas geladas bateram em suas pernas fazendo seu corpo tremer.

David cuidadosamente a guiou, sem pegar muito pesado. Ela iria acabar se acostumando. Os dois foram entrando cada vez mais da água e o medo de Alison logo foi sendo superado. Assim, os dois puderam aproveitar ao máximo o resto do dia na praia.

≈≈≈

Alison estava escolhida na cama, fingindo ler um livro naquele fim de tarde. Quando na verdade ela estava deprimida. De novo. E de novo. Toda aquela depressão retornou em segundos. Bastou ela ver uma mulher na recepção do hotel, mais ou menos da idade dela, com um bebê recém-nascidos nos braços. Ao lado um homem bem apresentável, que supostamente deveria ser o marido e o pai do bebê.

Uma família comum, porém felizes e realizados. Tudo que ela não tinha naquele momento. Pensou ter. Mas tudo aquilo não passava de uma ilusão para tentar não sentir tanto. Uma escapada dos próprios sentimento. Uma maneira de encarar a própria realidade.

— Não. Não pode ser. De novo não, Alison. – a tristeza estampada em seu rosto foi a primeira coisa que David viu quando entrou no quarto.

Para sorte dela ele passou o dia fora, aproveitando aquela viajem ao máximo. Ele sim podia, já que estava praticamente de férias. David agora tinha uma vida feliz, plena e estável. Praticamente perfeita. Ao contrário dela que passou o dia todo chorando desde que presenciou aquela cena na recepção, imaginando o que seria de sua vida agora se tudo tivesse dado certo e nada daquilo tivesse acontecido.

— Eu não vou permitir que você faça isso consigo mesma. – ele se aproximou, sentando-se na cama dela. Ela virou o rosto.

— Me deixa, tá legal? Eu só estou cansada. Ontem nós tivemos um dia muito cheio e divertido. Eu quero dormir.

— Dormir? Alison! Acabou de escurecer. Não tente mentir pra mim. Você sabe que não pode mais me enganar. Eu sei exatamente o que está passando pela sua cabeça agora.

Alison suspirou profundamente, sentando-se impaciente.

— Será que eu não tenho mais o direito de ficar triste? Eu não tenho que sorrir todo o tempo. Todos os dias! Ninguém consegue isso, nem você mesmo. Eu não consigo! Será que você não entende? – ela parecia brava, falando depressa demais. Desabafando. Os olhos marejados. — Não consigo não pensar no quanto eu estaria feliz agora se aquele maldito acidente não tivesse acontecido. Eu estava no lugar errado e na hora errada. Em um piscar de olhos eu perdi tudo, David. Você consegue entender isso? Eu perdi absolutamente tudo.

— Não! Você não perdeu. – ele segurou o rosto dela, para tentar acalma-la. Alison estava acelerada demais. Deixando se levar pela raiva e pela tristeza. Ele não suportava vê-la assim. — Você ainda tem a mim. Quantas vezes eu vou ter que te dizer isso? Olha só pra mim, Alison. Eu estou aqui por você. Eu ainda estou bem aqui tentando te ajudar.

Ela olhava fixamente pra ele, tentando não chorar. Ela sabia que ele tinha razão na maior parte do tempo. Mas as vezes a tristeza era muito mais forte do que ela podia suportar. Quase como se pudesse ocupar todo o espaço vazio de sua vida.

— Eu estou dando tudo de mim para te ajudar. Eu só quero ver você bem. Não precisa sorrir ou ser feliz todo o tempo, só precisa se esforçar mais. Se não por mim, faça por você. É tudo que eu te peço. – ele soltou o rosto dela, agora procurando por suas mãos frias. — Alison, querida, você fica linda sorrindo. Eu entendo que você pense que perdeu tudo, quando na verdade tudo que você precisa estar bem aqui, bem aqui na sua frente louco para te ver sorrir.

Ele beijou seus dedos, voltando a olhá-lo nos olhos.

— Olha só o que eu encontrei. – ele tirou do bolso da bermuda jeans preta um folheto. — Uma festa. Hoje. Agora.

— Uma festa? – ela pegou o folheto das mãos dele para poder olhar melhor com seus próprios olhos. — Nós não vamos.

— E porque não? – ele sorriu, olhando para o folheto nas mãos dela. Um desconhecido havia entregue a ele mais cedo na rua.

— Porque nós mal conhecemos esse lugar. Nós não conhecemos ninguém aqui nessa cidade. E nós deveríamos ficar bem aqui. Sair pra comer, assistir alguma coisa, ir à praia. Eu não sei. Qualquer coisa. Menos uma festa. Você sabe que eu desaprovo essas coisas.

— Não seja bobinha. – ele apertou o nariz dela. — Nós vamos sim a essa festa. Levanta-se e vista algo. Tem que ser uma roupa branca. Diz aí no folheto, em baixo. – ele apontou para ela ver. — Você confia em mim, não confia? Vamos aproveitar, Alison. Só aproveitar.

≈≈≈

Não foi difícil encontrar o endereço da festa. David parou pelo caminho algumas vezes para pedir informações. Os dois entraram de mãos dadas sem qualquer dificuldade. Era uma festa aberta em uma espécie de pátio recoberto. Pessoas bêbados e dançado ao som da música terrivelmente alta e se espremendo por toda parte.

Aquilo ali estava lotado. Havia pessoas de todos os tipos, misturando-se. Um DJ desconhecido remixava algumas músicas conhecidas em uma batida eletrônica. O rapaz agitava a galera. Fazendo-as pular alto, levantar as mãos e gritar. Era uma loucura.

Alison seguia David, logo atrás dele, sem soltar sua mão. Ela estava horrorizada, perdida e sentia-se fora do lugar. Aquela era a pior festa que ela já esteve. Sentia-se sufocada pelas pessoas. Cerca de mil pessoas. Ou ainda mais. Todas elas fumando e bebendo livremente. Dançando, se esfregando uma na outra e rindo à toa.

Sem contar que estava tudo escuro, mal dava pra enxergar, mas ela podia sentir a movimentação ao seu redor. Pessoas se esbarrando nela e algumas vezes, através das luzes neon, ela podia enxergar um rosto e outro de desconhecidos completamente bêbados e drogados.

Agora ela entendia o porquê das roupas tinha que ser obrigatoriamente brancas. Por causa do efeito das luzes neon no tecido claro. O que era divertido e até interessante.

Por outro lado David estava adorando o clima do lugar. Era como estar em uma rave. Apesar de não curtir muito esse tipo de música, ele já frequentou lugares assim. Por diversão e curiosidade, quando andava com seus antigos amigos. Agora mal falava com eles. Literalmente o tempo os distanciou. Mas ele preferia assim. Agora com Alison por perto ele sentia que tinha tudo. Não precisava de mais nada.

Depois de muito esforço eles encontraram um bar. David pediu cerveja. Não esperou que Alison desse uma resposta, ela não tinha escolhas aquela noite. Os dois ficaram um pouco de longe, em um lugar menos movimentado, onde poderiam respirar melhor. Apenas observando a galera suar.

— Vem, vamos dançar. – David a puxou pelo braço, após terminar sua cerveja e deixar a garrafa vazia sobre o balcão.

Alison tentou relutar, mas David acabava sempre vencendo. E lá foi ela, acompanhando-o. Entrando em meio à multidão. Como nunca foi muito dessas coisas, ela estava um pouco tímida e acanhada. Mas David não deixou por menos e tentou incentiva-la a mexer-se um pouco o corpo de todas as formas possíveis.

Pouco a pouco ela foi se soltando, rindo com ele.

Por volta da meia-noite Alison já estava bem mais animada após algumas bebidas. David ofereceu a ela de tudo. Tudo que ele ingeria, oferecia a ela. Como não tinha escolhas, não recusava. E o acompanhava, virando com tudo o corpo ou a garrafa. David ria ou batia palmas, parecendo orgulhoso por ela. Aquilo a alegrava.

Ela parecia um anjo em meio as trevas. Com um vestidinho simples e solto na cor branca. Sandálias prata de salto alto. A maquiagem em tons neutros e fortes, ressaltando os traços do rosto delicado. E os cabelos ruivos presos em um alto rabo de cavalo.

David se aproximou um pouco mais dela, parando de dançar por um momento. Ele vestia jeans preto e uma camiseta básica branca. Ele ficou bem perto dela por causa da falta de espaço, já que o lugar estava ficando cada vez mais lotado. Cuidadosamente ele levou a mão até o cabelo dela e os soltou, sem permissão. Sorrindo em seguida.

— Eu prefiro assim. Você fica mais bonita com eles soltos. – ele disse no ouvido dela, para que ela pudesse escutar em meio à música alta. Depois se afastou, pegando-a pelos dedos e rodando-a.

Os cabelos ruivos de Alison desceram livres em camadas por toda extensão das costas. Ela os balançou, dando movimento e vida a eles.

Em alguns momentos, já mais alterada por causa da bebida - os dois na mesma situação - Alison dançou colada a David. Um tanto provocativa, solta e atrevida. Com ela junto ao seu corpo movimentando-se sensualmente, ele podia sentir o cheiro do perfume doce dela misturando-se ao cheiro do suor.

Naquele momento David queria toma-la nos braços, envolver seu corpo, beija-la, senti-la ainda mais junto a ele. Mas controlou-se ao máximo todo o tempo. Não queria tirar proveito daquilo. Pois por mais que estivesse bêbado assim como ela, ele já estava mais acostumado a aquilo. E quando tivesse que acontecer algo entre os dois, que fosse com eles sóbrios e conscientes do que faziam para ser inesquecível.

— Eu vou ao banheiro. – disse ele bem próximo ao ouvido dela. — Mas eu volto rápido. Não saia daí. Pelo amor de Deus.

Dez minutos depois David voltou e não encontrou mais Alison.

Ficou desesperado. Afinal, como encontraria ela em meio a tanta gente? Para piorar, estava tudo muito escuro. Alison estava bêbado e poderia estar em qualquer lugar, com qualquer pessoa. E isso deixaria David aflito. Não deveria perde-la. Deveria estar sempre ao lado dela.

Ele percorreu os olhos em todas as direções. Quando enfim a encontrou não muito longe dali... Dançando com alguns rapazes animados com a desenvoltura dela. Com dificuldade David atravessou um grupo de pessoas, ignorando os xingamentos e foi ao encontro de Alison, puxando-a pelo braço para longe dali. Muito enciumado. Mas sem machuca-la ou parecer muito grosseiro.

Alison deu risada dele. David bufou, mas logo conseguiu sorrir. Afinal, do que adiantaria brigar com ela ou dar uma bronca daquelas? Alison já não se lembrava mais do próprio nome. Nem sabia o que estava fazendo. Ela parecia um pássaro que acabou de sair da gaiola.

— Vamos embora. – ele pegou o braço dela e jogou sobre seus ombros, guiando-a até a saída mais próxima. — Já está tarde.

— Não! David, não. – ela protestou rindo, fazendo beicinho. — Vamos ficar mais um pouquinho. Só mais um pouquinho.

— Nem pensar mocinha. Por hoje chega – ele riu, tentando se concentrar no caminho pela frente. Já se passava das quatro da manhã. — Primeiro você tem aprender a beber.

≈≈≈

Ela acordou com uma terrível dor de cabeça e dor no estomago. Culpava somente David por sempre enfiar ideias malucas em sua cabeça sem dar-lhe chances de fazer suas próprias escolhas. Bebeu, dançou e falou muitas bobagens na noite passada. De pouca coisa ela conseguia se lembrar. Dormiu até o meio dia e quando acordou, David estava pronto, ao seu lado, com aspirinas e um copo com água.

— Como você consegue estar bem depois da noite de ontem? – ela sentou-se, perguntando. Pegou o remédio e o copo com água.

— É tudo questão de costume. – ele passou a mão pelos cabelos desalinhados dela. — Eu sou muito vivido, Ali.

Depois de tomar o remédio e tomar a água, ela riu.

Através da janela viu que o dia amanheceu nublado e que em poucas horas estaria chovendo para a total infelicidade de todos. Os dois tomaram o café da manhã ali mesmo e passaram o resto das horas no quarto, conversando, assistindo tevê, descansando e jogando uns joguinhos muito bobos que David aprendeu na internet.

As nove da noite o céu já estava completamente escuro. Alison estava em pé, diante da janela aberta, o vento forte jogando pra trás seus cabelos. O quarto completamente escuro, com apenas os dois abajures ligados. No horizonte ela observava com admiração os raios partirem do céu e atingirem as profundezas do oceano.

Era assustador e hipnotizante.

Choveu fraco o dia inteiro e eles nem se quer chegaram a sair do quarto. Nesse momento David acabara de sair do banheiro. Tomou um longo banho morno que durou meia hora. Ele vestia calças cinza de moletom e uma regata branca para dormir. De pés descalços ele se aproximou dela, secando os cabelos com uma toalha pequena.

David ficou a poucos metros de distância de Alison, observando-a com atenção. Ela parecia distante, observando a natureza – logo choveria novamente - perdida em pensamentos. Mas não parecia triste. Pelo contrário, parecia satisfeita com a vida. Como se finalmente houvesse de dado conta de que nunca era tarde para recomeçar e tentar ser feliz de novo, mesmo quando tudo parecia perdido.

David sorriu de lado consigo mesmo.

Ele largou a toalha sobre uma das camas e lentamente foi até ela, sem fazer muito barulho. Já parado atrás das costas dela, ele afastou os cabelos dela, jogando-os para frente com cuidado. David inclinou a cabeça um pouco para baixo e beijou a nuca dela com carinho. Ao sentir os lábios úmidos dele acompanhado por sua respiração em sua pele quente, ela fechou os olhos.

Uma chuva fina começou a cair lá fora. O vento forte jogava as gotas da chuva em direções diferentes.

David beijou a nuca dela muitas vezes, fazendo-a suspirar. Depois ele desceu pelo pescoço dela, abaixando a alça de seu vestido para beijar seus ombros suavemente.

Quando ele pausou, ela sentiu os pelos do corpo se arrepiarem, quase como se sentissem falta do toque dele. Como quem lê seus pensamentos, David envolveu com seus braços forte seu corpo magro. Abraçando-a por trás e ficaram assim por alguns minutos, calados, juntos, apenas observando o ritmo da chuva aumentar lá fora.

Agora os dois estavam livre um para o outro. Nada mais os impedia. Finalmente poderiam estar juntos, sem culpa. Sem arrependimentos. Ambos esperaram muito por aquele instante.

Devagar Alison virou-se de frente para ele, passando seus braços em volta de seu pescoço. David a observou com ternura, sentindo os lábios dela se unirem ao seus. Ele também fechou os olhos.

Os dois começaram a se beijar romanticamente, antes de seguirem até a cama vazia mais próxima. David foi empurrado por ela, caindo estirado sobre o colchão. Ela subiu sobre ele com um meio sorriso, inclinando-se para voltar a beija-lo com amor.

Com muita facilidade David tirou o vestido creme de algodão dela, deixando-a só com suas roupas intimas na cor preta. Ele aproveitou a primeira oportunidade para mudarem de posição, agora ficando por cima de Alison enquanto lhe beijava o rosto, o pescoço, mordiscava o lóbulo de sua orelha, olhava-a nos olhos intensamente, cheio de desejo e descia devagar com os lábios até o colo de seus seios.

Alison arqueava o corpo para trás com os olhos fechados, deliciando-se com as sensações de prazer.

David pausou o que fazia para arrancar a regata branca pela cabeça. Alison abriu os olhos novamente, voltando-os para o corpo forte dele. Admirando-o em silencio enquanto passava a ponta das unhas pintada de vermelho por suas costas e barriga.

Alguns raios cortaram o sol, fazendo um estrondo agradável.

Os dois voltaram a se beijar ferozmente. Enquanto David tentava ao máximo manter os lábios quentes colados aos de Alison, com a mão livre ele tentou abrir o fecho do sutiã dela na parte das costas.

Ela agarrou os cabelos castanho-escuro dele com forças - bagunçados e molhados - quando David desceu a boca por sua barriga, arrepiando-a, até um pouco depois do umbigo, livrando-se da calcinha dela e jogando de lado.

David voltou a subir os olhos até o rosto dela, apreciando sua carinha de prazer dela. Os dois sorriram um para o outro e voltaram a se beijar, enquanto tocando um ao outro com carinho.

Uma mão segurava o rosto dela, acariciando sua bochecha rosada e os cabelos soltos espalhados pelo colchão. Com a outra livre ele desceu as mãos por todo o corpo dela, percorrendo um caminho perigoso até alcançar o meio das coxas dela. Alison gemeu baixinho quando ele finalmente a tocou.

Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa com a sua intimidade, Alison mexeu-se, mudando de posição. Passou a beijar o rosto dele, depois o peitoral e por fim o abdômen. Com a ajuda de David ela livrou-se da calça cinza de moletom dele. Deixando sua cueca box na cor branca a mostra. David estava absurdamente sexy.

— Alison, meu amor, eu te amo tanto tanto tanto. – ele sussurrava com a voz rouca no ouvido dela. Fazendo-a estremecer.

Os olhos escuros dele agora dentro dos olhos verdes de Alison. Eles se entreolhavam com paixão. Um olhar intenso. Ambos com os olhos faiscando de amor.

— Um dia eu acreditei ter sentido algo parecido com isso, com outra pessoa. Mas eu estava completamente enganado. Eu nunca senti nada igual. Só agora, com você aqui comigo, eu sei o que é amor. Eu sei o que é amar. – ele passou o dedo nos lábios entreaberto dela. Alison o mordeu, fazendo-o sorrir ainda mais. — Eu descobri que você é tudo que me importa. Eu vou te amar para todo o sempre.

Alison não soube como corresponder em palavras e permaneceu calada, sorrindo de leve para ele. Estava acontecendo tudo tão depressa. Ontem ela estava depressiva, chorando muito, triste e calada. Estava doente. Lamentando-se pela morte de seu bebê. Agora, hoje, aquela noite ela estava radiante, transbordando paixão, calor e sensualidade. Desejando com todas suas forças aquele homem diante de seus olhos. Seu corpo inquieto, agitado, praticamente implorando por David.

Ela ainda estava deslumbrada com a facilidade que David tem de poder mudar tudo a sua volta. Especialmente a ela. Que alguns meses atrás, antes de conhece-lo, no ano anterior, nunca se imaginou estando onde está agora. Completamente refém, nos braços do homem que considera ser o de sua vida.

Por muito tempo ela se enganou com outros caras, alguns que chegou acreditar amar. Assim como David se iludiu com outras mulheres. Mas agora as coisas estavam diferentes. Como se ambos tivessem esperando a vida inteira por aquele momento.

— David, eu quero você. – ela sussurrou com olhos fechados, buscando pelas mãos dele. — Eu preciso de você. Agora. – Alison o beijou rapidamente, mordendo levemente seu lábio inferior. — Eu sou toda sua. Você me tem, David. Você sempre me teve.

Suas palavras foram com um choque dentro do corpo de David. O choque que ele precisava para poder prosseguir. Ele livrou-se da cueca, pegou preservativos entre suas coisas na cômoda e em poucos segundos os dois estavam em sintonia. Em movimento. Em cima um do outro.

Nada poderia para-los. Não mais. Aquela noite era a noite deles. Uma noite de prazer que nenhum dos dois teve antes, mas esperaram muito por aquele momento precioso. E aproveitaram cada momento, buscando um ao outro. Acariciando-se, enamorando-se, percorrendo as mãos livres pelo corpo um do outro, se beijando com ardor. Beijos, toques e palavras provocativas, recheadas de muito amor.

Os dois fizeram amor diversas vezes naquela noite, pausando apenas para recuperar o folego. Enquanto a chuva ainda caia lá fora. O barulho entrando pelo cômodo através da janela, misturando-se aos sussurros e gemidos de satisfação.

Quando enfim ficaram exaustos, os dois deitaram abraçados na outra cama. Os corpos cansados, suados e colados. Alison podia sentir a respiração descompensada de David em seu pescoço, causando-lhe sensações boas e seu coração acelerado batendo de encontro a suas costas. Nenhum dos dois falou nada e acabaram adormecendo.


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Notas finais do capítulo

Perceberam que eu não me aprofundei muito, não é? Eu não sou muito boa com essas coisas, mas tentei dar o meu melhor. Espero que tenham gostado. Me digam o que acharam desse capítulo onde as coisas finalmente aconteceram como tinham que ser. Valeu a pena esperar?