Altharian: The Resistance escrita por C Blue


Capítulo 8
Capítulo 7 - Começo




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O vento batia em minha face, levantando meus cachos negros e fazendo o ar limpo das árvores invadirem-me o sentido. Eu pedalava com a bike vermelha, as rodas amassando folhas caídas no chão da estrada de terra. O caminho estava calmo como sempre, mas desde que minha vida virara de cabeça para baixo, eu tinha um sentimento de perseguição. Eu estava prestes a chegar onde a estrada de terra tornava-se de asfalto, quando ouvi um grito. Não era realmente um grito, estava mais para um resmungo alto de quando alto o atinge inesperadamente. Eu parei a bike, facilmente pela velocidade da qual pedalava. E observei. Ouvi palavrões sussurrados, ri e soltei a bike no canto da estrada, e os segui. Entrei em uma trilha e logo vi os fios longos, tão negros quanto os meus cachos, de uma jovem. Ela olhava a perna e percebi que havia um corte e sangue escoria na calça jeans no joelho. Quando ela me percebeu, me fitou parecendo surpresa e com raiva.

– Nossa – disse – Como arrumou um corte desses aqui? Deixe-me ajudar.

Em me aproximei e abaixei-me a sua frente, primeiro olhei novamente o corte, era mais superficial do que parecia. Mas logo olhei o rosto da garota. A pele pálida dela era de uma maneira diferente da minha, nela era bonita. Seus olhos eram azuis, os mais intensos que havia visto. Tudo combinava com os longos fios pretos, lisos e brilhantes que nasciam de sua cabeça e deslizavam quase até a cintura. Olhei sua boca naturalmente rosada... Senti-me enrubescer.

– Estava correndo. – disse ela – e bati em um galho. Não preciso de sua ajudar.

– Que é isso. Eu posso...

– Não precisa. – Ela repetiu, com a voz um pouco mais dura. – Obrigada.

E saiu, mesmo com a perna ferida, normalmente.

Voltei para onde havia deixado a bike e voltei a pedalar. Correndo. Ela não estava com roupa de quem fazia uma corrida. Não perguntei seu nome.

Fazia quase uma semana que havia voltado á escola e algumas pessoas ainda me olhavam torto ou com curiosidade, claro, todos haviam ficado sabendo de minha história. Aparentemente eu havia tido um surto, não sei dos detalhes, Andrew criou isso e usou suas “habilidades com a mente” para que o xerife acreditasse e fechasse o caso. Andava pelo mesmo corredor cheio, com o barulho infernal dos jovens. Paul estava com um grupo de jogadores, ele olhou para mim enquanto passava, mas, só balançou cabeça e continuou a conversar com os amigos. Isso era anormal, porém vinha acontecendo desde... Bem, desde todas as grandes novidades. Parei perto do meu armário, Josh, mexia no dele, a porta tampava-o a minha visão. Ele não havia aceitado tudo como Sammy, ela me falara, e estava me rejeitando há dias. Só havia ido a minha casa uma fez para saber como estava e só Robert o recebeu.

Abri meu armário e ele fechou o dele. Saindo. Era o que esperava. Mas quando terminei com meu armário, ele estava no fim do corredor. Fez um sinal com a cabeça quando eu andava, então o segui até ficarmos em uma parte isolada. Eu era pouco mais de um palmo menor que Josh. Antes também era mais magro, porém a transição havia feito com que os músculos de meu corpo ficassem mais notáveis, mas inda não como os dele. Eu olhei para cima fitando seus olhos. Ele estava desconsertado com a situação, não era diferente comigo.

– Então – disse ele – como vai?

– Teria sido mais fácil saber se tivesse a meu lado. – Eu não havia pensado em soar tão grosso. Isso o desconsertou ainda mais. Suspirei. – Estou bem, e você?

– Sinto-me péssimo – E devia – Olha Cal, “isso” não devia ser real. Essa história de seres de outros planetas...

– Achei que hippies levassem na boa.

Ele balançou a cabeça.

– Eu tentei entender o lance todo, levei por um tempo, pouco até. Não me sai bem como amigo, eu sei. – Ao menos sabe disso. – Mas isso é...

– Anormal? Josh, eu não sei como acredito, mas eu sinto cada dia mais, eu sou um deles. Anormais ou não. Se você não me quer mais como amigo, esquece. Só quero que guarde isso com você, okay?

– Claro. – sua voz saiu engasgada. – Eu já resolvi isso, o cara das mentes...

– Andrew.

– Isso. Ele vai apagar tudo de mim.

Ele tinha me acertado com um balde de gelo com essa informação.

No almoço, sentei-me com Sammy. Ela vinha tendo treinamentos específicos com Andrew, eu não sabia, mas a ligação era algo mais amplo do que parecia, e ele a estava ajudando a explorá-la. Ela estava sentada a minha frente tomando café forte – “estava sem fome” e havia comprado a bebida fora da escola, amava aquilo – e como o livro de gramática aberto. Lia e bebia de maneira concentrada. Eu mastigava a comida quando pensei em falar do acontecido, da jovem da qual me esquecera de perguntar o nome. Estava abrindo a boca prestes a falar quando vi a cara tapada de Andrew, andava em nossa direção com uma bandeja.

– Oi. – disse ele. Juntando-se a nós na mesa, onde colocou a bandeja com seu almoço. Sammy o olhou, esboçou um sorriso e voltou para o livro.

– Oi, o que faz aqui? – disse.

– Ué, o que você faz aqui, estou aqui para estudar. – Ele sorriu debochado – Uma maneira “divertida” de dizer que me colocaram de babá.

Ele começava a comer quando seu celular tocou. Ele visualizou a tela, nos olhou e saiu da mesa, murmurando algo e pedindo licença. Sammy desceu o livro pousando-o na mesa – ótimo – me fitou e disse:

– Não é a primeira vez que isso acontece. – Ela me explicou que, quando ainda estava perdido, havia visto Andrew conversar no celular e, ao vê-la, o desligou parecendo desconfortável. E que vez ou outra também acontecia no treino.

– O que quer dizer com isso?

– Eu gosto dele, só que isso é suspeito. Principalmente quando vocês têm um espião. Não me surpreenderia se Os Inimigos já soubessem onde você está.

Eu não respondi. Claramente, isso era pouco para provar que Andrew era o espião da Resistência. Mas não deixava de ser suspeito afinal, ele não tinha problemas em falar em nossa frente quando se tratava dos andamentos de Resistência em Altharian.

Andrew, Arielle e Alicia – também não conseguia chamá-la de mãe – estavam hospedados em minha casa, mas Andrew não voltou comigo para casa depois das aulas. Saiu com Sammy, para treinar. Eu também treinava claro, mas era um treinamento diferente do dela. O dela era mais mental. O meu, era mais físico, por enquanto. Eu ainda não havia descoberto meu “Dom de linhagem”, Robert me dissera que provavelmente era com eletricidade, como o de meu pai, afinal, minha mãe era humana. Porém, havia chances de ser algo mais antigo de minha linhagem Althariana.

Eu preferia que Robert fizesse o meu treinamento. Mas Mason e Alicia, o haviam puxado para os planos da Resistência de, supostamente, retirar meu pai da Prisão do Império. Talvez ele ainda estivesse vivo, assim como Alicia. Se estivesse, eu estaria livre do meu “destino”?

Arielle me mostrava uma seguência de golpes, isso já havia durado metade da tarde. Meu corpo estaria em farrapos, mas, depois de transição, ele estava mais resistente e forte. Não só visualmente. Eu estava seguindo no ritmo das seguências quando percebi que a garota me olhava. Não Arielle. A garota da estrada, ela estava escondida perto das arvores próximas do terreno da casa. Seus olhos azuis vivos me fitavam com algo que não identifiquei no olhar. Senti-me ficar vermelho. Eu detestava ficar sem camisa, mas estava muito suado e o dia não estava frio, então aproveitei para treinar sem camisa, já que Arielle não se importava com aquilo, mesmo às vezes fazendo comentários como “que corpinho” ou “seu bumbum fica gostosinho nessa posição”.

– O que foi? – Ouvi Arielle.

Eu olhei para ela e depois voltei para a garota. Eu havia sumido.

– Nada.

– Okay baby, já deu por hoje. Estou cansada.

Quando entrei, subi e tomei um banho. A água esfriava meus músculos de forma relaxante. Depois, desci as escadas para comer algo. Robert estava com os outros na sala. Planos e mais planos. Eu abri a geladeira para pegar suco quando ouvi uma espécie de explosão. Virei, vi pela janela uma luz avermelhada que vinha, provavelmente, da frente do terreno da fazenda. Eu corri em direção da sala, mas Alicia se meteu em minha frente. Colocando as mãos em meu peito e me arrastando.

– Você não pode sair. Fique aqui.

Por um momento eu não entendi. Mas a explicação veio quando parei na escada onde Alicia me deixou. Robert, Arielle, estavam na sala e saíram quando a o som da explosão e a luz avermelhada surgiram. Corri para janela mais próxima, mas só o que o ângulo me deixou ver foram chamas.

Corri para a porta da frente e não pensei duas vezes ao abri-la. A visão que tive foi de dois grupos. Robert, Arielle e Alicia estavam de costas para casa e de frente para o outro grupo. Este era composto por oito pessoas, mas primeiramente só duas me chamaram atenção. Membros do grupo inimigo – soldados do Império – seguravam Andrew e Sammy. Atrás deles. Fogo fechava a saída por frente da casa. De Certa maneira, eles haviam nos cercado. Eles sabiam onde me encontrar. O espião nos dedurará novamente.


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Notas finais do capítulo

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"Sangue real corre em minhas veias e estou prestes a morrer, do que adianta?"
"A garota tirou a lâmina, vermelha de sangue, do corpo caído."



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