Altharian: The Resistance escrita por C Blue


Capítulo 4
Capítulo 3 - Verdades Absurdas




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Após ler a mesma frase pela quinta vez consecutiva, irritei-me e fechei o livro. Não tinha como tirar tudo da mente, mesmo pela ideia de tirar boas notas. Sam já devia ter me ligado. Havia tentado encontrá-la após as aulas, mas provavelmente ela já estava na estrada indo falar com o pai de Cal, Robert. Levantei-me da cama, onde estava sentado com o material de estudo, e vesti uma camisa. Sai do quarto e desci as escadas.

– Estou indo à casa de Cal – disse a minha mãe, que estava lendo um livro na sala.

– Para...

– História, está me tirando do sério. Cal tem um material extra do conteúdo. – Menti, esperando dar certo.

– Claro. Robert não vai negar em lhe deixar dar uma olhada mesmo com Cal...

– É.

Ela me olhou com afeto.

Depois de sair de casa, fechei a porta e corri para o carro. Ele, como sempre, encanou em ligar, mas não me deixou na mão. Quando cheguei à estrada "fora da civilização" que levava a casa de Cal, já era fim de tarde. Eu dirigia entre tensão e curiosidade por motivos óbvios. Se Sam ainda estivesse convencendo Robert de entrar em nossas buscas por Cal, eu a ajudaria. Se tivesse tentando descobrir o que ele sabia, também entraria nessa. Foi quando percebi algo no meio da estrada, fui diminuindo a velocidade, se tratava de um cara. Parei o carro não muito próximo dele e deslizei a cabeça para fora da janela.

– Amigo, com licença – ele só levantou o canto da boca em um sorriso.

– Já me chamando de amigo? Mas eu realmente queria um carona - ele se aproximou tão rápido que mal pode ver, ficando ao lado da porta. Seus olhos, duas órbitas negras, iluminaram-se e fixaram-se nos meus e uma sensação de submissão me inundou. – Vamos amigo.

***

– Altharian, nosso planeta, está em uma guerra. Depois de ser traída pelo império, a corte rendeu-se, perdendo o trono. Caleb é último guerreiro de sangue real e deverá nos guiar ao fim do sofrimento de seu povo. – Robert resumiu novamente. Ele estava visivelmente desconfortável em me explicar sua "história". – Não pertencemos a terra em que vive Sam, nem ele. Nosso povo está a anos esperando a transição dele. Só assim, ele retomará o trono de sua linhagem, e dará ao povo de Altharain a liberdade da qual a tempos não temos.

Eu estava sentada no sofá com Robert abaixado a minha frente. O moreno, Mason, estava encostado na parede ao lado da janela, às vezes, olhava para o lado, com se estivesse aguardando algo. Tudo aquilo não passava de uma história muito bem ensaiada, uma peça. No entanto...

– Vocês estão chapados. – Disse.

– Samantha, eu posso provar, se você concordar em ajudar.

– Provar? Como se prova algo impossível Robert? – Eu estava tentando não chorar, não sei exatamente o porquê, mas meus olhos ardiam – Não se prova. Não é real, essa conversa de... É impossível! – gritei.

– Sam – disse Robert, com a voz suave. Ele segurou minha mão mostrando-me um corte leve manchado com sangue secando, não sabia como tinha conseguido aquilo, talvez tivesse batido em algo mais quando esbarrei com a bike de Cal, ele cobriu o corte com a mão – eu posso provar.

Desviei meus olhos dele e passei para onde sua mão segurava a minha, pronta para tirá-la e falar várias coisas, dizer que não, que ele estava louco, que chamaria a polícia e que ele era o culpado pelo desaparecimento de Cal, mas minha pele ardeu levemente onde ele me tocava. Logo comecei a ver uma energia dourada envolvendo nossas mãos, calorosamente. Quando acabou, limpou o sangue da minha pele com as costas de sua mão e vi que o corte não estava mais lá. Ele me fitou.

– Eu disse, posso provar.

Não sei o que passava na minha mente naquele momento, mas a ardência olhos havia parado e uma lágrima desceu em minha face. Minha cabeça doía. Eu queria sair dali, correr sem saber onde e quando parar. Eles estão loucos, loucos.

– Acho que ele chegou – Mason olhou pela janela, levantei-me rapidamente.

– Quem? – Andei até ficar ao seu lado, e vi um carro velho tão familiar quanto o meu – Josh? Mas, o que querem com ele?

– Não com o garoto humano...

Fitei o carro estacionar e um rapaz sair do carro. Eu o reconheci mesmo não tendo visto seu rosto na primeira vez que o vi. O novato que estava com a jovem mais cedo no corredor da escola. Logo depois Josh saiu de seu carro parecendo tonto e confuso. Vieram os dois a casa. Virei-me para ir até a porta e abrir, porém Robert me pegou pelo braço.

– Sente-se. Vai precisar descansar o quanto puder para ser ligada. Se quiser mesmo achar Cal, a única chance é essa.

Cal era a única coisa que me impedia de sair dali, ele ainda estava desaparecido e, se uma parte da história louca fosse verdade, esperava que fosse a parte em que eu ajudaria a achá-lo. Concordando com a cabeça, sentei-me no sofá e esperei Josh e o novato entrarem. Quando o fizeram, sem explicar, Robert conduziu Josh para a cozinha. Como ele reagirá?

– Então – disse o novato. Ele era perceptivelmente diferente de Mason, carregava um esboço de sorriso na face e os olhos avelãs brilhavam, como se aquilo tudo fosse uma piada. – quem será ligado?

–A jovem fêmea.

– Oh, bem mais agradável. Preparada?

O moreno virou os olhos e sentou no sofá.

– Quando começamos? – Perguntei. Um misto de descrença e esperança ainda circulava meu coração. – Cal corre riscos não?

– Sim, então vamos fazer isso logo.

Depois do que pareceu um século, Robert apareceu no cômodo seguido por Josh, este com olhos cheios de confusão e quando me fitou foi como se pedisse para que dissesse que era tudo mentira.

No começo achei que fariam um tipo de ritual, com velhas e sangue, mas Robert e Mason só afastaram a mesa de centro para o lado da sala, o novato, Andrew, tirou a camisa –em seus braços pude ver cicatrizes - sentara-se no chão com as pernas cruzadas.

– Vamos – disse me olhando – Não vai precisar tirar a camisa, a menos que você queria –acrescentou seguido de mais um sorriso.

Sentei-me em sua frente, os outros nos observavam. Andrew pegou minhas mãos erguendo-as ao nível dos ombros.

– Feche os olhos, pense em Caleb e não importa a dor que sinta, não o tire da mente.

Afirmei e fechei os olhos. Entrando na escuridão, tentei buscar na mente o rosto de Cal, não foi difícil, vi tão claro como se vê as nuvens, os olhos cinzentos ladeados por cílios longos, a pele pálida contrastando com os negros cachos. Sua boca... Foi quando uma onda ardente percorreu meus braços, queimando o interior. Era como se meu corpo fosse queimar de dentro para fora, com se cada partícula fosse explodir. Minhas mãos lutaram para soltar as de Andrew, mas estavam coladas por uma força a mim desconhecida. Os gritos saíram de minha boca cortantes aos meus ouvidos. A imagem de Cal quase saiu de minha mente. Não! Concentrando-me nos olhos de Cal em minha mente formei energia para cessar os gritos. O fogo que parecia ter saído de Andrew e passado para mim, agora se centrava em meu peitoral, focando o local e deixando no resto do corpo um frio intenso.

As mãos de Andrew soltaram as minhas.

– Pronto. –sussurrou, arfando.

Abri os olhos lentamente e o vi a minha frente, a pele levemente azulada, as cicatrizes estavam prateadas, mas a imagem rapidamente foi tornando-se passado, e logo pude ver um Andrew branco e suado, com as cicatrizes normais.

Cai para trás no tapete, também estava suada, os cabelos grudados na pele. Passei a mão onde o ardor se centrou antes de apagar-se, senti as formas de uma cicatriz. Sem energias vi a escuridão tomar contra de minha visão.


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Notas finais do capítulo

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"A vi mergulhar no portal e sumir, logo fui eu. Entrando no desconhecido. Que só ela sabia onde nos levaria."



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