Entro em casa e me deparo com minha irmã mais velha com seu amigo de estudos, Max. Os dois estão fazendo faculdade e estudando juntos todos os dias, mas a visão que tenho não é bem de estudos,os dois estão deitados no sofa se beijando intensamente.

– Elena?- digo. Ela me olha assustada, sai correndo em minha direção e me puxa para a cozinha.

– Kath, minha linda porque esta tão cedo em casa?

– Recebi uma mensagem de papai e vim correndo pra cá, pensei que voce ia estudar com Max,não ficar se pagando com ele na sala, com papai no escritório - digo tentando não dar risada da situação.

– E nos estávamos, oque voce viu agora foi apenas uma pausa - ela diz,com uma voz maliciosa, rio

– Voce é louca só pode ser,mas vou admitir ele é gato e tem um belo tanquinho, mas agora vou falar com papai e por favor põe a sua blusa e se forem fazer isso de novo vão pro quarto.

O rosto de Elena fica vermelho que combina com suas mechas ruivas no seu cabelo castanho, seus olhos cor de mel continuam com um olhar malicioso.

– Bom, acho que vou para o quarto lá temos mais privacidade - ela pisca para mim e sai da cozinha.

Eu e Elena somos muito parecidas em questão de personalidade, nós duas gostamos de nos divertir e fugir dos problemas, puxamos isso de minha mãe .

Desde que ela deixou meu pai para namorar um motoqueiro ,essa minha personalidade desapareceu, pois eu precisava cuidar da minha irmã e meu pai. Dois anos ja se passaram e não consigo voltar a ser a mesma, tenho medo.

Sigo pelo corredor e vejo que a sala agora esta vazia, então viro passo pela sala de jantar toda cheia de fotos minhas e de Elena ,quando eramos pequenas, o escritório de papai é logo a frente bato na porta.

– Entre - a voz grossa de meu pai esta com um tom serio, meu coração congela.

O escritório é o lugar favorito de meu pai, ele é cheio de livros e mapas. Meu pai ja foi um grande geógrafo antes de ter minha irmã e saber sobre seu problema de coração.

– Oi,pai - digo com uma voz tremula, não sei o que pode ter acontecido,mas é serio.

– Kathy, sente-se preciso conversar com voce. - Seu olhar me assusta.

– Pai, voce esta bem? - ele ri

– Acho que se estive ,não estaria deixando sua irmã ficar beijando um garoto na sala. - Fico tremula - Kathy, fui ao Dr. Carl essa semana e recebi uma noticia - A sua pausa me assusta - Minha querida ,o meu problema de coração esta pior e detesto lhe dizer isso, mas eles não sabem se irei sobreviver.

As lagrimas caem dos meus olhos, minha respiração fica rapida o choque me destrói,não consigo acreditar ,meu pai. Ele é o homem da minha vida , ele é o meu heroi. Não consigo acreditar que isso pode acontecer com ele.

Vou correndo para seu braços e o abraço forte.

– Minha querida ,não chore ,isso que falaram é uma possibilidade. - Ate mesmo nesse momento ele tenta fazer de tudo para me ajudar.

– Mesmo sendo uma possibilidade eu ainda posso te … - não consigo dizer.

“ Perder” fica intalado em minha garganta.

– Kathy ,eu não vou a nenhum lugar vai ficar tudo bem ,te prometo - Essa foi a mesma fala de minha mãe no dia que ela se foi , é assim que percebo que ele esta mentindo, ele vai embora mas não quer contar.

– Eu te amo - digo e saio correndo para meu quarto.

* * * *

Meu quarto esta com todas as janelas e cortinas fechadas, minha porta esta trancada . Estou sentada no chão abraçada em meu travesseiro.A promessa de meu pai fica circulando em minha cabeça.

“Kathy eu não vou a nenhum lugar vai ficar tudo bem ,te prometo”

Começo a lembrar do dia em que minha mãe se foi, me lembro da briga que ela e meu pai estavam tendo em seu quarto , eu estava na sala com minha irmã vendo TV. Conseguia ouvir altos barulhos vindo do andar de cima e depois ouvi minha mãe descendo as escadas.

“ Kathy, Elena “ sua voz era tão doce “ Mamãe ama voces não se esqueçam, tudo ficara bem ,eu prometo”

Balanço minha cabeça afastando meus pensamentos desse dia, não quero saber mais de nada, mas as lagrimas continuam a cair, não consigo respirar direito, meu coração bate forte , minha visão fica embaçada.

* * * *

Quando abro meus olhos ,estou deitada no chão de meu quarto, o sol ja se pós.

Vou ate meu banheiro, lavo meu rosto e observo meu reflexo pálido, agora estou me sentindo um pouco melhor ,a ideia de perde-lo ja entrou em minha cabeça apesar de ainda doer.

“ Não posso perde-lo, quero que para mim ele esteja ainda vivo” penso “ não conseguirei perde-lo assim como perdi minha mãe “

Volto para meu quarto, olho no relógio e vejo que são 19hrs. Pego minha mala no corredor e começo a arruma-la.

“Preciso sair daqui” penso.