Forgotten Faces (jake&nessie) escrita por R-Cullen


Capítulo 9
A segunda primeira vez que te vi




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Depois daquela noite, todos evitavam falar dos Cullen, ou qualquer coisa que se relacionasse com eles. Sam tinha ficado furioso com o meu pai por ter deixado a sanguessuga entrar lá em casa, mas este não lhe deu ouvidos – assim como também não me dava a mim. O meu pai protegia a chupadora de sangue como quem protege um filho a quem querem magoar, e, por muito que eu me esforçasse, não conseguia perceber o porquê de ele agir assim.

            Durante os dias que se seguiram à visita dela, as coisas aqui em La Push tinham andado relativamente calmas. Havia, no entanto, algumas excepções: Leah parecia ainda mais furiosa com Sam do que o habitual – pelo menos comparando com aquilo que eu tinha visto nas mentes dos meus irmãos – e pensava constantemente em coisas que o aborreciam; a minha irmã, que era casada com Paul, um dos membros da nossa alcateia, virava a cara sempre que passávamos perto dela na rua, principalmente a Sam; e, para completar, todos os membros da nossa alcateia estavam infelizes. Sam dizia-me sempre que era algo que lhes ia passar com o tempo, que quando os Cullen se fossem embora e eles parassem de se transformar em lobos iam ficar todos bem.

            Segundo o que Sam e o meu pai me tinham contado, enquanto continuássemos a transformarmo-nos, não envelhecíamos e, por isso, mantínhamo-nos imortais – claro que apenas em caso de haverem vampiros nas redondezas, uma vez que eles eram os nossos inimigos naturais. A única coisa que eu não conseguia entender era que, se os chupadores de sangue eram nossos inimigos, então porque é que ainda não os tínhamos atacado?

 

            Eram quase seis da tarde, eu, Quil, Embry e Sam tínhamos acabado o nosso turno, à volta da floresta de La Push e decidimos correr mais um pouco, fazer corridas e descontrair um bocadinho. Correr na floresta à procura de vestígios de vampiros podia ser bastante aborrecido! Estávamos a dirigir-nos para norte, Embry e Sam iam à frente, bastante acelerados, enquanto eu e Quil íamos mais atrás. De repente, um cheiro muito doce e enjoativo invade-me as narinas, o meu estômago começa a dar voltas, de tão enjoativo que é o cheiro. Vampiros, diz Sam gravemente. Parece que vamos ter um pouco de acção, afinal.

Eu sorri, e acelerei a corrida, ficando à frente de Sam e Embry. Quanto mais me aproximava, mais doce e forte aquele odor se tornava. No entanto, consegui distinguir outro cheiro - que no inicio era abafado pelo cheiro mais doce -, e que era mais suave e saboroso que o outro. Eu conhecia aquele cheiro.

Forcei as minhas pernas a andar mais depressa, e rapidamente avistei quem procurava. Eram duas, e estavam ambas viradas para o sítio onde eu me encontrava. Parei, olhando-as com ferocidade e expondo os meus dentes, rosnando. A mais pequena, a que tinha o cabelo preto espetado e um vestido justo, puxou a rapariga de cabelos ruivos para trás de si, num gesto protector. Eu sabia que ela temia pela sua vida, no entanto, não o demonstrava.

Eu estava levemente consciente das vozes de Embry e Quil na minha cabeça, mas não as conseguia ouvir. Estava demasiado concentrado em matar as minhas duas inimigas. Sam, no entanto, parecia bastante satisfeito com a minha atitude, o que me deu ainda mais confiança para avançar e atacá-las.

Jake, pára. Disse Embry. Agora que eu estava cem por cento convicto que as ia matar, estava calmo e conseguia ver e ouvir tudo o que ia na cabeça dos meus irmãos. Tu não podes fazer isso.

Oh, vá lá Embry. Disse, rindo-me internamente. Vamos divertir-nos um bocadinho, está bem? Matar umas sanguessugas…

Jake. Foi a vez de Quil. Eu ignorei-o e prossegui.

Tu não o podes deixar fazer isto, Sam! Gritou Embry, mas Sam ignorou-o. A imagem das sanguessugas mortas passou pela mente dele e eu avancei.

Olhei fixamente para a cara das sanguessugas à medida que avançava lentamente para as atacar. Esperava a qualquer momento que elas ripostassem e me atacassem, mas elas nunca o fizeram. Talvez soubessem que, caso o fizessem, os meus irmãos matavam-nas imediatamente – elas sabiam que não tinham qualquer hipótese.

A vampira mais baixa continuava com os braços esticados à frente da sanguessuga ruiva, e esta tentava inutilmente desfazer-se da sua protecção. Não prendi o meu olhar nela durante muito tempo, queria matar a baixinha primeiro – o seu cheiro era mais enjoativo, errado.

Rosnei, pondo-me em posição de ataque. Ela pareceu acordar naquele momento, e posicionou-se também.

            - Renesmee, sai daqui! – Gritou a minorca, olhando-me fixamente. A sua expressão mostrava hesitação, mas também raiva e medo – como se ela quisesse atacar-me mas não tinha a certeza se o devia fazer.

            - Não. – Disse a outra chupadora de sangue. A vampira pequena parecia em transe, continuando a olhar-me, e não reparou quando a outra saiu de trás de si e caminhou na minha direcção.

Eu voltei a minha atenção para ela durante um décimo de segundo, mas foi o suficiente. Foi o suficiente para vê-la, para realmente olhar para ela e ver… a minha vida, o centro de todo o meu universo. Foi como se a tivesse visto pela primeira vez, e como se ela fosse tudo o que me prendia a este mundo. Ela era a pessoa mais bonita que eu tinha visto – os seus olhos eram de uma tonalidade única, tão lindos, mas ao mesmo tempo tão tristes. O meu coração apertou-se no meu peito ao perceber a tristeza no seu olhar. Continuei a fitá-la, era impossível desviar os olhos dela. O seu cabelo cacheado da cor do cobre, agora levemente despenteado, caia-lhe sobre as costas, dando-lhe um ar selvagem; a sua pele era pálida, a textura sedosa e convidativa.

Renesmee, pensei. Como é que eu tinha sido desagradável para ela? Como é que eu tinha sido capaz de lhe dizer todas aquelas coisas horríveis… dizer que tinha nojo dela? Ela era absoluta e ridiculamente perfeita, e estava tão perto de mim. Inalei, sentindo o cheiro dela invadir-me as narinas, e saboreei-o.

O meu anjo estava agora a centímetros de distância. Eu avancei ainda mais, e ela tocou-me, com a mão trémula, na face. Aquele toque singelo enviou choques eléctricos por todo o meu corpo, e eu fechei os olhos. Era tão bom senti-la tão perto de mim, sentir o seu toque quente e suave no meu corpo.

Vendo que eu não a afastava, ela continuou a afagar o meu pêlo, passeando a mão pelo meu rosto e pescoço. Eu inclinava o rosto na direcção das suas mãos, querendo-a mais perto.

Ouvi a voz de Sam gritar na minha cabeça, mas ignorei-a. Nada mais importava naquele momento a não ser a minha Renesmee, ali tão perto de mim. Não perto o suficiente, queixava-se o meu corpo. Ela abraçou-me, envolvendo-me no seu abraço quente.

            - Jacob… - murmurou. Eu fechei os olhos quando o meu nome escapou dos seus lábios.

Eu queria falar com ela, pedir-lhe desculpas por tê-la tratado daquela forma. Queria dizer-lhe tudo o que estava a sentir naquele momento, o quão importante ela era para mim…

Ela beijou o meu rosto, ainda na forma de lobo, e eu fechei os olhos, imaginando como seria beijá-la, tocar nos seus lábios carnudos e sedosos com os meus, explorar cada recanto da boca dela, do corpo dela…

Ela afrouxou o seu abraço à volta do meu corpo e, automaticamente, o meu corpo ressentiu-se. Olhou-me nos olhos e sorriu-me, o sorriso mais encantador e puro que eu tinha visto – tudo nela era assim, verdadeiro. Era incrível como eu me sentia bem agora que tinha percebido o quão importante ela era na minha vida. Era como se tivesse estado completamente cego este tempo todo.

Renesmee, murmurei, apesar de saber que ela não me conseguia ouvir.

            - Jake – Ela disse, ainda sorrindo e passando a mão pelo meu rosto – Lembraste de mim, Jake? – Conseguia distinguir nos seus olhos um brilho diferente, esperança. Ela pensava que eu me tinha lembrado de quem ela era, mas a verdade é que continuava sem saber quem é que aquele anjo era, quem ela tinha sido na minha vida. Alguém importante, crucial, eu tinha a certeza disso, mas não conseguia visualizá-la nas minhas memórias.

Não queria dizer-lhe que não sabia quem ela era, não tinha coragem para o fazer, para acabar com a réstia de esperança que via no seu olhar. Era cruel demais, e eu não conseguiria suportar se a visse triste… Ela era a minha vida e não podia estar infeliz. Se ela estivesse, então eu também estava.

            A visão de Sam invadiu a minha mente como se fosse minha. Eu conseguia ver no que ele estava a pensar.

Na sua visão estavam duas sanguessugas, Nessie e Bella – eu ainda me lembrava do seu nome – e dois humanos ao pé delas. Elas estavam simplesmente magnificas – qualquer homem não pensaria duas vezes em segui-las para onde quer que elas fossem, e fazer o que quer que elas quisessem. Vi-as a andar com os dois homens em direcção a uma floresta escura e a agarrá-los, beijá-los, tocar-lhes. A visão de Nessie com outro homem fez o meu estômago contorcer-se e um rosnado saiu pela minha garganta, assustando Nessie. Depois a projecção dos pensamentos de Sam continuou: vi Nessie a empurrar o homem contra uma árvore e encostar-se a ele, sorrindo inocentemente. Eles continuaram na sua sessão de beijos e carícias, até que Nessie se inclinou para lhe beijar o pescoço. Depois Sam focou o pescoço do homem humano, e eu consegui ver um fio de sangue escorrer-lhe pelo pescoço abaixo, e ele gritou. Nessie riu, e Bella seguiu-se-lhe. As duas trocaram um olhar cúmplice e atacaram os dois homens, rasgando-lhes a pele e bebendo o seu sangue até os seus corpos estarem secos e sem vida, enquanto eles gritavam e imploravam para que elas parassem. Depois de terminarem, ambas levantaram os cadáveres e atiraram-nos para o meio das árvores, rindo e gozando.

Se ela é capaz de fazer isto a um humano que nunca lhe fez mal nenhum, porque é que não o há de fazer contigo, que és o inimigo mortal dela? Disse Sam, na minha cabeça.

Eu estava demasiado chocado para dizer alguma coisa, para pensar. Ela tinha feito aquilo? A minha Nessie tinha morto um homem? Tinha-lhe bebido o sangue até ele morrer? A minha Nessie não era um monstro! Não, eu não acreditava no que Sam me tinha mostrado, ela não era assim. Se fosse, o meu pai nunca a deixaria entrar em casa, nunca.

Preferes arriscar e acabar com a tua vida e com a do teu pai? Perguntou Sam, venenosamente. Assim como a de todas as outras pessoas que vivem na Reserva?

Aquelas imagens passavam pela minha cabeça repetidamente, e cada vez eu me sentia mais confuso. Se ela era assim, porque e que todos os meus amigos – à excepção de Sam – pareciam revoltados com a forma como a tratávamos? Porque é que todos pareciam gostar dos Cullen?

Ela só te quer seduzir para te atacar e matar, Jake! Gritou Sam. É uma armadilha. Eles só te querem matar, e fazer-te sofrer! Eles trazem infelicidade para onde quer que toquem!

Mas…Tentei defendê-la, dizer que ele estava a julgá-la mal, que ela nunca poderia ser o monstro que ele pintava, mas Sam não deixou.

Tens de atacar! Disse.

Eu não me mexi, eu nunca a atacaria, ela era uma parte de mim, uma parte bem importante e vital.

Ataca-a Jacob! Mandou Sam, e eu senti os músculos das minhas patas a contraírem-se e os meus pés a pedirem para serem levantados do chão e correrem para ela. Mata-a!

Naquele momento, entrei em pânico. Eu não queria matar a minha Nessie, eu não a podia magoar. Eu não podia matá-la. Mas o meu corpo não obedecia à minha vontade, e sim à do Sam.

Rosnei a Sam, apesar de Nessie e a outra vampira pequena pensarem que era para elas. Nessie afastou-se de mim, a sua cara cheia de pânico. Eu nunca a tinha visto assim tão assustada, nem quando eu a confrontei, em minha casa. Algo na minha expressão devia estar mais assustadora e hostil do que o normal.

Imagina a quantidade de humanos que ela não usou para os matar. A quantidade de vidas que ela tirou. A quantidade de pessoas que, por causa dela, morreram. Ela não devia existir, Jake. Ela é uma aberração, um monstro.

De seguida, outra memória, ou visão, encheu o meu campo de visão e eu fui projectado para outro sítio.

Vi-me a mim próprio, alguns anos mais novo. O meu cabelo estava comprido e a expressão do meu rosto mais leve e feliz. Era mais pequeno do que sou agora e menos corpulento. Estava com Sam e estávamos ambos na praia em La Push. Vi um grupo de humanos ao longe e aproximamo-nos. À medida que andávamos na sua direcção, consegui distinguir um rosto que prendeu a minha atenção de imediato. Era Bella, só que estava diferente – menos pálida, os seus olhos eram castanhos, da mesma tonalidade dos de Nessie, e parecia… humana. Extremamente humana. Depois vi-me a conversar com ela, parecíamos amigos.

Depois a imagem mudou, e vi Bella como ela é agora, uma estátua que se mexia e falava. Tão fria como a neve e com os olhos negros como a noite.

Eles mataram-na. Eles transformaram-na no que ela é agora por puro egoísmo, Jake. Eles tiraram a vida dela. E a culpa de ela agora ser um monstro é dessa sanguessuga. Ele mostrou-me a cara da Nessie. Há onze anos atrás, Jake, a tua querida Renesmee matou a tua melhor amiga. Eles destroem vidas, Jake. Vais deixar que ela destrua a tua também?

Ele continuou a falar, mas eu já não lhe dava atenção. Estava confuso, furioso. Não conseguia perceber porque é que toda aquela história batia tão mal, porque e que as coisas pareciam não bater certo. No entanto, algo que Sam me disse a primeira vez que estivemos juntos veio-me à cabeça e eu não consegui ignorar a promessa presente naquelas palavras:

            Nós protegemos as pessoas de La Push. Se encontrarmos algo que ameace a sua segurança, então temos de eliminá-lo.

E com isso a minha mente voltou umas horas no tempo, antes de ter visto Nessie naquele dia, e de me ter deixado enfeitiçar por ela.

Sentia-me novamente envergonhado por ter caído na esparrela dela. De ter duvidado de um dos meus irmãos em virtude de acreditar numa chupadora de sangue.

Por muito que me custasse, ela era minha inimiga e eu tinha de matá-la…


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Notas finais do capítulo

oiie meus amores
mais um cap pra voces espero que gostem e no prox há surpresas
bjos ;*



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