Addicted to love escrita por Caramelkitty


Capítulo 4
Amigos, amigos... amores à parte!


Notas iniciais do capítulo

Eis a última das docetes! Agora o quarteto está completo!



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A campainha tocou, anunciando a hora do intervalo.

Desci as escadas, juntamente com um monte de alunos ansiosos pela liberdade. A saída da sala assemelha-se para mim aos 20 metros com barreiras, sendo as barreiras, os meus colegas. Sentei-me no último degrau da escadaria e procurei na minha mochila o meu lanche.

Ignorei o pão seco com manteiga e peguei diretamente no pacote de bolachas. Eram de uma nova marca, Chuk delice. Bolachas crocantes, saborosas, com recheio de chocolate. Uma maravilha!

Lembro-me agora que ainda não me apresentei. O meu nome é Rose, tenho cabelos castanhos cacheados e olhos castanho claro, uma espécie de cor avelã. Tenho um porte médio, não posso dizer que sou muito bonita ou popular, mas também não sou feia. Não tenho notas muito altas na escola, mas nunca precisei de aulas de apoio. Resumindo, sou uma típica rapariga de 16 anos. Às vezes a minha normalidade até me exaspera um pouco. Quem vai reparar em mim no meio de tantas outras? Adoraria ser estilista profissional e até tenho jeito, mas os meus pais querem que eu siga medicina, pois acham que essas coisas de criar roupinhas era para quando eu era uma garotinha. Quando eu toco no assunto do designer, eles logo dizem: «Já és crescida de mais para andares a brincar às Barbies!»

Acho que, relativamente a outros assuntos, os meus pais são bastante toleráveis.

A minha maior paixão são os doces: se fico rodeada de tartes de morango, bolo de chocolate, e bolas de creme, sinto-me no paraíso. Também aprecio muito jardinagem. Adoro plantas, nomeadamente as flores. Sempre tão vivas e tão belas, na minha casa encontram-se espalhadas por todo o lado, em todas as divisões. Se bobear, até foi o meu nome que originou este gosto. Tenho um conjunto de amigos razoável, mas não me sinto ligada a quase nenhum deles. E digo quase nenhum porque há de facto um rapaz que eu não conseguiria viver sem. Kentin é meu amigo de infância, conhecemo-nos no parque, quando ambos tínhamos 4 anos. Desde então a nossa amizade foi crescendo e hoje em dia ele pode contar comigo para tudo. Digo bem, ele pode contar comigo, mas eu já é outra história. Estou completamente fula com ele. Só porque a Cristaly mudou para a escola Sweet Amoris, Ken correu a matricular-se nessa escola para ficar junto dela. Cristaly é o amor do Ken, a metade da sua bolacha de chocolate, deixa o meu amigo cego de paixão. Eu não desgosto da garota, ela até parece ser simpática, mas, sinceramente, não acho que o futuro do Ken seja com ela. Nunca vi, da parte de Cristaly, um mínimo interesse em Ken. Porque só o rapaz não vê que não é correspondido? É certo que Cristaly nunca o tratou mal mas também nunca lhe deu falsas ilusões. Se não fosse a causa do afastamento do meu melhor amigo, até que eu poderia gostar dela.

– Nova marca de bolachas? – Perguntou uma voz atrás de mim.

Não precisei de virar-me para saber quem era. Na verdade, continuei a olhar para a frente fixamente e enfiei uma bolacha inteira na boca, mastigando sonoramente. Concentrei-me totalmente no ato de comer a bolacha, para mais facilmente conseguir ignorar a presença ao meu lado.

Mais difícil ficou quando ele se agachou à minha frente. Ficou algum tempo a encarar-me com os seus grandes óculos com lentes espirais. Vestia hoje um suéter verde-escuro com uma faixa marrom-avermelhada na região do peito, além de uma calça jeans com uma calculadora presa na cintura.

Logo senti que o pacote de bolachas tinha desaparecido do meu colo. Não consegui resistir a correr atrás dele para recuperar o meu lanche. Ele exibiu provocatoriamente a bolacha, abanando-a no ar e enfiando-a na boca logo depois. Consegui alcançá-lo e recuperei o resto do pacote.

Decididamente era impossível ignorar Ken.

– A sério que ainda estás zangada comigo? – Perguntou ele com uma voz chorosa.

– É claro que não! Porque estaria zangada ao saber que o meu ex-melhor amigo vai partir para uma outra escola, atrás de uma garota e deixar-me aqui sozinha? – Respondi ironicamente.

– Porque não vens comigo para a outra escola?

Revirei os olhos. Como se fosse fácil! Chego a casa e digo aos meus pais que quero mudar-me para Sweet amoris, numa cidade que fica a 200 kilômetros daqui o que implicaria também mudar de casa. É tão simples, não é verdade?

– Porque não ficas comigo aqui nesta escola? – Perguntei, fazendo bico.

– Sabes que não posso! Eu tenho que ir atrás do meu amor! Vou ficar muito infeliz sem a Cris aqui por perto, sem poder ver os seus lindos cabelos cor de fogo todas as manhãs, sem poder ouvir a sua doce voz quando a cumprimento ao portão com um buquê de flores. Nós somos perfeitos um para o outro! Desde que a conheci, que decidi que nem o destino iria separar-nos!

Relembrei como eles se tinham conhecido. Fora algo inusitado, para dizer a verdade. Uns rapazes tinham acabado de enfiar a cara do pobre Ken numa sanita, e umas raparigas que têm a mania que são boas tinham trancado a Cristaly no banheiro masculino para lhe arranjarem problemas.

– Já vi tudo! Gostas mais dela do que de mim!

– Ah, Rose, é diferente! É claro que eu também gosto de ti! És a minha melhor amiga! Não queiras comparar o que não tem comparação.

Queria replicar, mas ele não me deu hipótese. Colocou uma questão que fugia longemente do tema abordado.

– E essas bolachas são tão boas como dizem?

– Não são nada de especial. Preferia as...

– Prince de LU! – Completou ele. Com um sorriso muito fofo no rosto entregou-me o pacote de bolachas dele.

Prince de Lu era a marca de bolachas favorita de ambos.

Esqueci logo o meu mau humor. Ficámos um bom tempo ali sentados, empanturrando os nossos estômagos de bolachas. Quando ouvi de novo o toque da campainha, lembrei-me que aquele seria o último dia de aulas que passaríamos juntos e senti um aperto no peito.

– Eu tenho que voltar para casa agora. Vou ter saudades tuas, Rosita!

Ele abraçou-me e eu retribui, embora ainda um pouco zangada por ele estar prestes a abandonar-me.

– Eu também! E é Rose, não Rosita! – Reclamei, bagunçando o cabelo em forma de tigela que ele apresentava.

Ele ia levantar-se, mas eu puxei-o de novo.

– Espera!

Procurei na mala dele a fotografia da Cristaly. Encontrei-a pendurada por um ganchinho no dôssie como se estivesse num pedestal. Na foto, uma menina meia furtiva, estava virada de lado com uma mão na frente do rosto, tentando escapar.

– O que estás a fazer? – Perguntou Ken desconfiado aproximando o rosto de mim. Não dei outra, tirei-lhe os óculos da cara e olhei através deles para a foto no meu colo.

–Estava a ver se com estes óculos conseguia ver a Cristaly de uma maneira diferente. Mas para mim, parece-me uma menina igual às outras. Não vejo a Deusa perfeita que tu andas sempre a descrever. É, parece que é da tua cabeça mesmo!

Ken piscou os olhinhos verdes incessantemente como uma cega toupeirinha. Devolvi-lhe os óculos e a fotografia.

Voltei para casa, com a cabeça a arrastar pelo chão de tão baixa. Só queria trancar-me na cozinha e virar duzentos potes de Nutella.

Mas o meu humor logo melhorou quando recebi uma certa notícia.

A minha mãe piscou-me o olho assim que abriu a porta e entregou-me um papel. Li desinteressadamente ao início, mas à medida que avançava nas linhas arregalei os olhos e um sorriso bobo formou-se-me na face. Era o papel de admissão na escola Sweet Amoris.

Era a melhor prenda de aniversário adiantada que a minha mãe poderia ter-me dado. Quase a esganei num abraço e comecei a saltitar loucamente pela casa, ensaiando uma dancinha trouxa.

– Deu-te a macaca, mana? – Perguntou a minha irmã mais velha que me observava com um sorriso trocista, apoiada no batente da porta de braços cruzados e os auscultadores a penderem-lhe do peito. – Vem, quero falar contigo!

Entrei no quarto dela e esperei que ela dissesse qualquer coisa.

– Esse Ken é mesmo só teu amigo?

Eu corei.

– É claro!

Ela ficou desconfiada. Seguiram-se um monte de perguntas indiscretas. Não aguentando mais, tentei fugir para o meu quarto mas ainda consegui ouví-la gritar.

– Se eu fosse a ti repensava os sentimentos que tens por esse Ken, Rose! Eu acho que está mais para futuro namorado!

Voltei atrás, mostrei-lhe a língua e fechei a porta com toda a força.

Mas as palavras continuavam a remoer-se dentro da minha cabeça.

Será mesmo que eu estou apaixonada pelo Ken? Ah, não, isso seria impossível! Ele é meu melhor amigo, apenas! E ainda por cima é louco por uma outra menina. Decididamente não posso estar apaixonada pelo Ken. Isso serio catastrófico. É melhor continuar a pensar em nós com base na amizade e somente!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem!



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