Addicted to love escrita por Caramelkitty


Capítulo 1
Tacando gelado no cabelo de tomate




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Um novo dia nascia sobre a cidade.

A luminosidade fez-me pestanejar. Resmunguei e coloquei a almofada em cima da cabeça. Tinha-me deitado bem tarde ontem à noite. Estava quase a cair no sono outra vez quando alguém jogou um despertador em cima de mim.

O barulho foi ensurdecedor. Peguei no aparelho e tentei desesperadamente desligá-lo. Sem paciência, joguei-o com toda a força no chão. Tudo o que sobrou do despertador foram um monte de destroços. Olhei mal humorada para a porta, onde um rapazinho de cabelos castanhos curtos e ar de peste ria. Era o meu irmão, Óscar. Ele adorava irritar-me e sabia que eu ficava susceptível de manhã.

- Merda! Óscar, seu idiota, faz isso mais uma vez e eu juro que te atiro de uma janela. – Gritei, enquanto perseguia a peste.

Claro que os meus pais acorreram em defesa dele e ainda me obrigaram a pagar um novo despertador, com a minha já escassa mesada.

O dia não estava a começar nada bem! Comi apressadamente umas quantas panquecas, praticamente enfiando-as inteiras pela goela abaixo e voltei a subir para o meu quarto. Vesti umas calças jeans rasgadas e uma T-shirt justa, preta com as palavras Rocks Life inscritas a vermelho. Olhei depois em redor. O meu quarto não estava nada apreciativo. Tínhamos acabado de nos mudar para esta casa, por isso era normal que eu não conseguisse aceitar este quarto como meu. O meu primeiro pensamento foi forrar as paredes de posters, mas a cor delas: cor-de-rosa, eu odiava cor-de-rosa. Aquilo parecia um quarto de uma princesinha mimada, eu tinha que dar um jeito nesta porra e era agora. Pedinchei ao meu pai para que ele pintasse as minha paredes de um tom menos micoso, algo como um azul forte traçado com rastros de prateado.

Depois disso, decidi ir dar uma volta pela nova cidade. Era Domingo e consequentemente as aulas só começariam no dia seguinte. Fui ao quintal das traseiras e fui imediatamente recebida com uma lambida na cara. Era Peter, o meu cachorro. Ele era um beagle, tinha um focinho amistoso, orelhas caídas de um tom castanho e as manchas castanhas e pretas marcavam o seu corpo branco. Era um cachorrinho super dócil, ativo e muito brincalhão.

Decidi levá-lo a passear ao parque mais próximo que, por sorte, não era longe da nossa nova casa.

Até que o parque era um local agradável. Tinha muito espaço, poderia andar de Skate livremente ali. Na cidade onde morávamos antigamente, não havia um parque senão a muitos quilômetros de distância. Parei numa barraquinha de gelados e pedi um com duas bolas, baunilha e morango. Enquanto comia lentamente o meu gelado, Peter corria à minha volta, fazendo círculos na relva e latindo contente. Só que, de repente, um outro cachorro surgiu no caminho. Ele era enorme, tinha um pêlo muito escuro e um ar nada amistoso. Peter saltitou em frente dele cumprimentou o parceiro com alguns latidos, mas o outro cão começou a rosnar. O pequeno Peter correu para os meus braços.

- Ei, Dragon, volta, não corras tanto! – Ouvi a voz de um rapaz.

Quando ele apareceu à minha frente, a minha primeira reação foi admirá-lo porque até que ele não era feio.

Tinha cabelos vermelho fogo à altura dos ombros, olhos cinzentos e vestia uma jaqueta preta, com gola alta, sobre uma camisa vermelha com o símbolo de uma banda de Rock, além de uma calça preta. Ele usava uma corrente prateada no pescoço e outra presa no cinto da calça e calçava um par de tênis vermelhos com detalhes e cadarços brancos.

Quando me viu, perguntou rudemente:

- O que fizeste ao Dragon? Ele está a rosnar muito, não gostou de ti!

Dragon devia ser o cachorro gigante que continuava a mirar o Peter com os seus pequenos olhinhos pretos e com os dentes a sobressaírem na escuridão do pelo.

- O que eu fiz? Esse teu pulguento assustou o meu cachorro!

- Se calhar foi porque o teu cachorro o provocou, não? – Era uma pergunta mas saiu mais como uma acusação.

- O meu cachorro é muito sociável, não tenho culpa se esse teu cachorro é mal humorado. Agora leva esse monstrinho daqui e deixa que eu continue o meu passeio com o Peter.

Ele ignorou a minha ordem e continuou como se não se tivesse passado nada.

- És nova na cidade? Nunca te vi por aqui e esta cidade é pequena, sempre a mesma gente, de certo teria reparado em alguém... tão chamativo como tu.

- Chamativo em que aspecto? – Perguntei, certa de que ele estava a troçar de mim.

- Sou Castiel! – Apresentou-se.

- Eu sou Alex! E respondendo à tua pergunta anterior, sim, eu sou nova na cidade, mudei-me para cá ontem.

Nesse momento, o monstro do cachorro dele começou a ladrar ameaçadoramente e Peter encolheu-se nos meus braços.

- Mas eu já não disse para desapareceres com essa besta fera?

- Acontece, rapazote, que eu não costumo seguir ordens. Porque não dás tu meia volta e desapareces com esse medroso?

Senti o meu sangue ferver.

- Eu sou rapariga, seu idiota! – Exclamei, tão alto que um casal de idosos olhou para nós em desaprovação.

Está certo que não posso ser considerada muito «feminina» mas daí até ser confundida com um rapaz vai uma distância razoável. Usava sempre roupas justas, apesar de detestar as saias e os vestidos, tinha o cabelo curto, acima dos ombros, com madeixas roxas que venciam o preto original do meu cabelo e os meus olhos eram castanhos.

Ele deu um sorriso de canto. Claro que ele sabia que eu era rapariga, só estava a gozar comigo. Reparei em como aquele sorriso dele era atraente mas logo expulsei o pensamento, porque ele era, na verdade, um cafajeste e não fazia questão de escondê-lo.

- Então? Vais continuar a encarar-me como um anormal ou vais dar meia volta e desaparecer com o teu cachorro filho da puta?

Ele revirou os olhos.

- Se queres saber, não pareces nada uma rapariga. – Constatou ele.

- Se o meu comportamento te incomoda, então porque ainda estás aqui a discutir comigo?

- Eu não estou a discutir contigo, tu é que estás aí a insultar-me e a gritares coisas sem sentido. – Replicou ele, mantendo uma pose calma.

Sabem que mais, até que ele tem razão. Não vou estar aqui a gastar o meu vocabulário. Estava decidida a ir-me embora quando ele alfinetou:

- Espero ver-te mais vezes por aqui, rapazote!

Eu aproximei-me dele a passos firmes e espetei um dedo contra ele.

- Chamas-me mais uma vez de rapaz e vais arrepender-te de ter nascido, seu cabelo de tomate! Está certo que não sou a mais feminina, delicada e educada das raparigas, mas não te dei a autorização de me tratares assim. Eu tenho nome, é Alex, está bem?

Também não é um nome muito feminino, mas enfim, é melhor do que ser chamada de rapazote.

- Sabes que ainda não tinha reparado em como o teu comportamento é indelicado? – Troçou ele, novamente. – Na verdade, eu pensava que eras um rapaz porque és lisa como uma tábua.

Esmaguei o resto do gelado que ainda tinha na mão sobre o seu cabelo vermelho. Castiel ficou a olhar para mim espantado com a minha ousadia enquanto gotas com sabor morango lhe escorriam para os ombros. Ficaria engraçado fotografado: o cabelo de tomate com um cone no topo da cabeça e com gelado derretido a escorrer pelos cabelos. Com um sorriso vitorioso, virei costas e dirigi-me para casa.

Suspirei. Decididamente este dia não tinha corrido muito bem! Fui acordada pelo estúpido do meu irmão às 7 da manhã, tive que gastar a minha mesada a comprar um despertador para substituir aquele que eu quebrara e acabara de conhecer um rapaz detestável e idiota. Só espero não o encontrar muitas vezes. Quem sabe se eu mudar de parque.

- Que porra de dia! - Resmunguei, lançando-me para cima da cama.

Esperava que o dia seguinte corresse melhor. Depois lembrei-me: amanhã seria o primeiro dia de escola. Iria ser um dia fantástico, sem dúvida! Aturar professores, patricinhas e afins. Aff, eu mereço!


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Notas finais do capítulo

E a, continuo?
Comentrios, por favor!



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