Vancouver's Heroes escrita por reduza


Capítulo 6
R.P.G. parte 2




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P.O.V David


Em segundos o nosso acampamento ficou deserto. Claro, haviam pessoas (como eu) tomando conta dele. Paty e Alex estavam comigo também, e mais umas garotas da cavalaria que partiriam já. Alex ensinava a Paty como usar arco e flechas, eu estava com um binóculo vendo tudo em cima da pedra. Pude ver Lucy bem de longe. Queria gritar "Lucy!" mas chamaria atenção demais. Eu achei ela um barato, amigavel e extrovertida. É bom ter pessoas assim te fazendo companhia em uma missão. Olhei para outro lado e vi a Vicoria montada em seu cavalo. As lembranças do sonho vieram à minha mente. Ela mal falou comigo desde que isso aconteceu. Como eu fui burro! Devia ter percebido que era coisa do Alex. Logo Thomas e Wesley também apareceram, e não estavam com nenhuma águia nas mãos. Tudo estava bem tranquilo, até que...
— Intrusos! — gritaram as garotas, pegando seus arcos e montando nos cavalos. Provavelmente já teriam corrido. Ouvi o barulho que uma armadilha sendo ativada. Quando cheguei perto vi o braço direito do Gerald pendurado pelos pés e com os braços cruzados — Hum, seu traidor. Vou deixa-lo aí — disse uma garota, dando meia volta e indo em bora. fizemos a mesma coisa. Ele começou a gritar e a espernear.
— Cale a boca! — gritei. Peguei um pouco de fita adesiva e com dificuldade (pois seus braços estavam soltos e ele tentava me espancar) consegui por em sua boca, enquanto Alex, invisível, amarrava suas mãos. — Assim está melhor.
— O que houve? — Victoria chegou com os garotos — ouvi gritos.
— Esse carinha aqui tentou entrar na nossa base novamente.
Ele tentou gritar algo, provavelmente um xingamento, mas não conseguia.
— O escândalo todo que ele fez deve ter atraído alguns de equipes inimigas — disse Victoria — Todos atentos.


P.O.V Lucy


Estávamos eu e John caminhando pelo campo normalmente quando ouvimos gritos vindos — de acordo com John — de nossa base. Trocamos olhares deserperados e saímos voando até lá. Quando chegamos, estavam David, Victoria, Alex, Paty, Thomas, Wesley e umas garotas.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei.
— Um intruso — falou Paty, apontando para um cara amarrado de ponta cabeça e com uma fita tapando boca — Já demos conta dele.
— É o garoto que Nicole descreveu — percebeu John. E era mesmo.
— O espião, braço direito do Miller — falou uma garota.
Ficamos lá por um tempo até ouvirmos sons de trotes de cavalo. Muitos trotes!
— Diga que é a nossa cavalaria, por favor — disse Victoria.
— Não. Não é a nossa cavalaria. — disse David. Dezenas de cavalheiros estavam vindo em nossa direção, ainda mais excitados em descobrir que era uma base inimiga. — Vou dar um palpite: equipe 3.
Os dois líderes iam na frente, com os demais atrás. Eles gritavam, gritavam até demais. Fiquei me perguntando se eles já sabiam do fracasso da equipe 1 pra estar chamando tanta atenção assim.
— Rendam-se! — gritou Josh, diminuindo a velocidade do seu cavalo e brandindo a espada. Algo estúpido, porque ele não iria usar.
Victoria riu alto e depois quando dei conta ela nem estava mais alí. Ela estava puxando os cabelos da Ellie, não, ela estava chutando as partes de baixo do Josh que já caíra do cavalo, não, ela estava... Que garota rápida! Os cavalos ficaram nervosos e saíram correndo, derrubando algumas pessoas e as levando junto contra a própria vontade. Voctoria voltou a rir, voltando a sua velocidade normal.
— Que isso sirva de lição! Eu nunca me rendo. Agora saiam daqui.
Um gato branco que eu nem notei a presença sibilou para os dois ao lado da Victoria. Nicole. Enquanto o Adams e a Miller corriam o mais longe possível dela eu e todos tentavamos bolar algum plano.
— As vezes duram dias — disse Thomas — O diretor esconde muito bem. Como no meu primeiro RPG, que durou 3 dias. Ele escondeu na copa de uma das centenas de árvores desse campo.
— Não vamos perder tempo. — disse John — Lucy, vamos continuar a busca?
— Claro. — respondi, montando em um cavalo. Ele também pegou um cavalo negro que estranhamente eu não soube dizer a raça. — Que raça é essa?
— Trakehner. Lindo não é?
Fiz que sim. Nunca vi um Trakehner, nem sabia da existência dessa espécie mesmo conhecendo bem as raças. Fomos cavalgando lado a lado calmamente pelos cantos do campo, pois ir no meio é querer chamar muita atenção. Como sempre, o John ia me divertindo com piadas e histórias engraçadas nas missões que ele já fez. Íamos mudando de assunto repentinamente, um ligado ao outro de alguma forma. Quando meio que sem querer, toquei no assunto:
— Quem é James? — ele mudou de alegre para triste, angustiado. Devo ter perguntado algo delicado — Ah, me desculpe, eu.. É que o Thomas falou dele na briga e...
— Não, tá tudo bem. — ele me interrompeu — James foi um tio meu. Ele brincava comigo e me contava suas missões fascinantes quando eu tinha 4, 5 anos de idade. Ele faleceu, foi morto.
— Morto? Por quem?
— Ele... Foi morto pelo pai do Thomas... Por conta de ciúmes.
Deixei escapar um "Meu Deus!".
— Desde então a família Miller e a minha estão em uma antiga, nem tão antiga assim, guerra. Thomas na época era meu melhor amigo, ele também sempre morou no colégio, mas fomos obrigados por nossos pais a não nos falarmos mais. Bem, ele ainda é meu amigo, mas não como antes. Vivemos brigando qualquer coisa e não somos bons parceiros em missões.
— Eu sinto muito pelo seu tio.
— Não sinta, isso já virou uma história antiga mal terminada... Aquilo é um...? — olhei na mesma direção que ele. Um dragão vermelho não tão grande quanto os outros estava procurando algo. — É um dragão de fogo! É sim, é um dragão de fogo!... Mas no Canadá?
— Por que? Ele deveria estar em outro lugar?
— Esses dragões só vivem na américa do sul. Apesar da aparência de "eu mato todo mundo que aparecer na minha frente", eles não uns doces! Vamos lá.
Aos poucos fomos chegando mais perto do dragão. Ele nos estudou e fixou seu olhar em mim, inquieto, como se tivesse medo de mim.
— Ele tem medo de você por conta da água — explicou John — ele é um dragão de fogo, evita tudo que tenha a ver com água. — ele se aproximou mais do dragão, que ficou mais tranquilo. John aproximou-se ainda mais e acariciou a criatura — ela é amiga, confia em mim.... Será que você pode... Nos dar uma carona?


P.O.V. John


Com um poco de esforço ele aceitou levar Lucy. Eu, que já estava montado no dragão, ajudei Lucy a subir.
— Você já voou em um dragão?
— Ahn... Não.
— Pois vai voar agora. É melhor se segurar. — logo quando terminei de dizer a frase, o dragão começou a voar, e ela abraçou minha cintura com força — Ai.
— Ops, foi mal.
Como não haviam rédeas, eu estava segurando nos chifres do animal. Era igual a controlar um cavalo, só que mais fácil. Eles eram mais inteligentes, entendem o que falamos e dependendo da pessoa eles obedecem. Mas, sendo sincero, ser abraçado por Lucy me fez ficar tão feliz e bobo... Isso é amor? Fiquei impressionado comigo mesmo. Um "robô" sem sentimentos que se apaixona em 2 dias por uma pessoa que acabou de conhecer. Mas o problema era: O que eu faço para me aproximar? Como eu tomo uma iniciativa? E esse tal de Sam? Tá, esquece esses problemas por um tempo. O que importava era ela e eu naquele momento. Eu estava nas núvens. E quando eu disse isso eu quis dizer literalmente nas núvens.
— Você não acha melhor descermos para ter uma visão melor do campo? — Lucy me fez voltar a realidade.
— Ah, claro. Amigão, você pode descer mais um pouquinho?! — Descemos rápido, o dragão mergulhou nas núvens e chegou bem perto do chão, subindo mais um pouco novamente. À minha frente, pude ver que já estávamos nos limites da arena. Cercas brancas cercavam o enorme campo, e do outro lado uma área mais rural. Lembrei da pergunta que Lucy me fez ontem: "Não vejo muros no final. São cercas?" — Olha aí o fim do campo. São cercas. — Ainda com os braços em volta de mim, ela apoiou seu queixo no meu ombro para visualizar melhor.
— Aquilo é uma caverna? — Lucy apontou para um local quase fora dos limites da arena. Olhei para ela, que estava me encarando esperando uma resposta.
— É sim, bela observação. Pode estar lá.
Nossos rostos estavam bem próximos um do outro e ela me abraçava dando um lindo sorrizo de lado. Meu coração estava a mil, e Lucy pareceu perceber isso. Ela riu e mordeu os lábios. Estava abusando de mim. Consegui voltar a realidade e fiz uma cara sarcástica. Ela não desistiu, aproximou-se mais e me deu um beijo calmo na bochecha. Ela riu da minha cara, achava engraçado. Eu devia estar com a cara mais boba que alguém já viu.
— Vai mandar seu dragão descer ou não?!
— Er... — Me virei para frente, voltando a sanidade — Hum, bem... Tá vendo aquela caverna lá? Pode descer até ela?!


P.O.V. Thomas


Eu saí a pé e sozinho em busca da estátua, e depois de dez minutos me arrependi disso. Acabei encontrando nove inimigos que podiam muito bem me matar se quisessem.
— A Tiffany ficaria bastante feliz se levássemos um dos mais poderosos de um time inimigo — disse um cara gordo de cabelos cacheados, descendo de seu cavalo.
— Ah, vocês são do grupo 1? Resolveram jogar agora?
— Só nós tomamos a iniciativa. Aqueles urubus ainda estão lá.
Eu não ia ficar parado lá esperando eles me prenderem e me levarem até Tiffany para ser torturado. Saí voando o mais rápido que pude. Um dos caras — um bem branquinho ruivo que usava regata branca e jeans — me seguiu, um que dominava fogo. Merda. Com um pouco de tempo e dificuldade ele coneguiu me alcançar e me puxou pelo pé, dando uma série de socos quentes na minha cara. Consegui me defender e dar uns socos nele também, mas percebi que estava caindo. Quem é tão estúpido pra esquecer de voar enquanto se está no ar? Consegui estabilizar antes de ter um encontro violento com o chão lamacento. Subi com uma velocidade que eu não sabia que tinha e acertei em cheio seu queixo, o fazendo cair. Pensei que eu tinha vencido. Me enganei. Ele criou asas de fogo e veio ao meu encontro, fiquei me perguntando se o John tinha esse poder também. Seus punhos estavam em chamas. Congelei os meus e tentei ver se podia criar asas de gelo também, sem sucesso. Meus poderes eram inúteis nele, que podia derreter todo o gelo que eu fizesse. Enquanto eu penso, cada vez ele está mais perto. Desvio do seu primeiro lance e acerto sua barriga, congelando rapidamente o local. Só a alta temperatura de seu corpo foi nescessária para que derretesse em poucos segundos. Ele investiu em mim com sua maior força, o que me fez cair novamente, só que dessa vez eu não consegui evitar de cair na lama. Ai. Acho que nunca tinha caido de uma altura assim. Fiquei lá no chão sem conseguir me mexer, achando que poderia ter quebrado alguma costela. Pra piorar, o cara veio e começou a me dar socos na cara. O amigo gordo dele chegou gritando para que parasse, e a última coisa que eu vi foi ele e os companheiros o afastando de mim à força. Depois eu acho que desmaiei. Acordei amarrado em uma cadeira no que parecia ser uma caverna. Tiffany e os garotos conversavam em algum lugar próximo, pois podia ouvi-los. Todo o meu corpo doía, da cabeça aos pés. Não conseguia gritar nem falar, então percebi que tinham amarrado um pano velho na minha boca. Cara, que gosto horrível! A caverna era escura e cheia de ratos. Não conseguia usar meus poderes tão fraco daquele geito. De repente ousso vozes familiares do outro lado na caverna. Lucy e John apareceram. Ele estava com uma das mãos fazendo fogo para iluminar o caminho.
— Thomas?! — Lucy exclamou quase gritando. Para a nossa sorte, Tiffany não ouviu, continuou conversando. — Mas...
— O que você faz aqui? — John e Lucy perguntaram em coro. Eles pararam para ouvir as vozes de Tiffany e outros integrantes de seu grupo que conversavam sobre... Pégasos?
John me desamarrou e tirou o pano de minha boca.
— Como eles te pegaram?
— Eu estava sozinho — consegui dizer — e acabei dando de cara com uns garotos aí. O que vocês fazem aqui?
— Ué, estávamos procurando a estátua. Não encontramos nada. Quer dizer, nós encontramos sim. Uma carta do diretor dizendo para procurar em outro lugar...
Eu ri.
— Que diretor troll, hein.
Som de passos começaram a ficar mais próximos. Não falamos uma palavra, trocamos olhares deserperados. Lucy tomou uma iniciativa puxando meu braço para um dos 3 becos da caverna, John nos seguiu.
— Vocês já procuraram nos 3? — sussurei.
— Os 3 dão no mesmo lugar — respondeu Lucy.
Corremos até o fim do corredor. Agora o que restava era descer um buraco fundo e sombrio. Eu consegui voar até o seu fim e enão continuamos correndo.
— E agora?
— Ele tem outra saída. — falou John — Nada legal, mas é a melhor opção.
Logo eles me mostraram essa saída. Um pouco mais a frente, um mini abismo dividia dois chãos, e o do outro lado não era nada bom. O chão e paredes estavam cobertos de larvas e algumas aranhas cobras peçonhentas. A saída era um buraco no teto pequeno onde só daria para passar uma pessoa por vez.
— Mas o que é isso?! — fiz minha melhor cara de nojo.
— A melhor opção — disse Lucy — Bem que o diretor poderia esconder a estátua aqui. É um por vez. Vá você primeiro, Thomas.
Quis protestar, mas não havia tempo. Ouvi vozes e passos não muito longe dalí. Respirei fundo e voei atravessando esse mini-abismo. A distância entre o teto e o chão era pouca. Uma cobra poderia pular em meu pé e me picar enquanto larvas e baratas podiam cair em minha cabeça e me comer vivo. E o pior: estava escuro e mal calculava a saída. Podia errar a entrada e dar de cabeça com uma aranha no teto, e isso não seria nada legal. O buraco provavelmente dava em outra caverna, pois não havia luz saindo dele. Lucy veio atrás de mim e John também, iluminando tudo. Avistei a saída/entrada e subi. Era estreito, subi lento. Uma enorme aranha que estava andando na parede continuou sua caminhada no meu ombro. Pânico! Ela andou nas minhas costas e depois voltando para o ombro ficando lá. Achei que ela fosse me morder, então fechei os olhos e mordi meus lábios me preparando para a dor. Mas ela apenas saiu quando cheguei mais perto da parede. Eu terminei a subida e pude encostar no chão. Claro que ainda haviam insetos, só que comparado a quantidade lá de baixo, não é nada. Lucy veio e em seguida, John. Vi uma luz no final, a saída.
— Como vocês sabiam que aqui era uma saída?
— Eu não tinha certeza — disse John — É que eu vi outra entrada de caverna mais adiante antes de entrarmos e achei que fosse essa.
— E se você estivesse errado? E se aqui fosse pior que lá em baixo?
E se não se encaixa aqui agora. Nós somos três contra uma dúzia que está a sua procura agora. Me agradeça.


P.O.V. Lucy


Nós saímos da caverna e lá estavam Emily e Nicole passando a cavalo. Explicamos tudo a elas e decidimos ir. Nicole virou uma arara e saiu voando até nossa base, enquanto seu cavalo ficava comigo e o John. Emily levou o namorado, que estava precisando de sérios cuidados da Victoria. Chegamos rápido e ouvimos gritos de comemoração. Não era de nosso time. Gerald levantava a estátua com as duas mãos enquanto era carregado por multidões. Pelo menos eu tive uma prévia de como é fazer uma missão. Alex e Paty estavam conversando com Victoria, desanimados, sentados na rocha.
— Ah, vocês chegaram — Victoria nos percebeu — por visto já viram nosso fracasso.
— Onde estava a estátua? — perguntou Emily.
— Parece que em um lago. — respondeu Alex. — Uma pequena... Pequena não, minúscula lagoa perto do acampamento deles.
— Essa foi rápida. — disse John — A última que fizemos durou dois dias.
Meu celular começou a tocar. Sam.
— Oie, Sam!
— E aí, Lucy? A coisa importante que você tava fazendo já acabou?
— Já. É um jogo que eles costumam jogar. Muito bom, pena que perdemos.
— Você não vai acreditar...
— Em que?
— Eu ainda não contei pra ninguém. Mas... Eu acho que eu tenho super poderes! Lucy, eu tenho super poderes!
— O que?!!!


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