Veio a tarde, a noite e a madrugada e logo amanheceu em Lemmon Valley. O estado do Palácio Oeste era o pior que se podia imaginar, havia corpos espalhados por todos os lugares imagináveis, uma enorme poluição no ar devido o estado de decomposição avançado fazia com que tudo se tornasse cada vez mais pior e impossível de se respirar, mas com toda a mão de obra era possível fazer alguma coisa.

— Se aparecer mais alguma horda de zumbis, eu vou me jogar no meio deles – Bel disse retirando o seu boné vermelho e o jogando no carrinho de mão, que estava com três corpos.

— Já estamos acabando...e os garotos estão terminando de barrar o térreo, não vamos conseguir sair por um bom tempo – Renata falou enquanto fumava, jogando uma mão totalmente podre no carrinho – Espero que os zumbis estejam bem longe daqui, perdi as contas de quantas cabeças eu tive que estourar.

Renata e Bel descartaram os últimos corpos em uma enorme fogueira feita por Akio, que demonstrava estar 100% recuperado, Robert também parecia estar melhor do que antes. Kimberly ainda não estava bem, vomitava algumas vezes devido sua repentina gravidez, seu maior medo era que o bebê morresse dentro de seu ventre.

O hotel estava externamente destruído, seria inútil reconstruir todos os muros, barrar todas as portas era o mínimo a ser feito com êxito. Dentro do hotel, Lupita ainda estava desacordada, depois da difícil amputação que acabou sendo realizada, K-Rencita e Alejandro fizeram o melhor para salvar a vida de Lupita, que agora precisava apenas a acordar e demonstrar que tudo estava bem.

Robert estava em seu quarto, que ficava no fundo do corredor do segundo andar. O quarto tinha apenas uma cama de casal de madeira antiga, as paredes eram revestidas de um forro. Havia apenas as poucas coisas de Robert no quarto, sem contar suas armas. Robert arrumava suas coisas em uma estante, até Polly abrir a porta do quarto.

— Precisamos conversar... – Polly disse, Robert ficou estranho e logo se sentaram na cama.

— Flashback –

Dia do Contágio. Robert voltava para o seu apartamento depois de um longo dia de trabalho, estava preocupadíssimo com as suas dívidas e a sua faculdade, sua amiga Sasha estava estudando e mais tarde chegaria em casa. Sasha estudava direito e passava muito tempo fora e só via Robert em pequenos intervalos de tempo.

Do outro lado da cidade, na área Industrial, Polly terminava de anexar seus documentos e as matérias dos jornalistas que lá trabalhavam, inclusive Kei, que há algum tempo morava em Denver e trabalhava para Polly. Kei havia deixado todos os seus amigos em sua mãe no Japão.

O Estados Unidos, secretamente pelo governo, tentava localizar qualquer ameaça vinda do Irã, mas os seus satélites não localizavam nenhum artefato vindo do Oriente Médio e isso seguiu a madrugada inteira até a manhã, quando um elemento cruzando o continente americano. Rapidamente as forças armadas tentaram identificar o elemento, tendo hipóteses como um míssil ou até mesmo uma bomba nuclear.

O míssil caiu justo na capital do Colorado e vitimou dezenas de milhares de pessoas na hora, as que não foram totalmente incineradas e destruídas, voltaram a caminhar, assustando os que sobreviveram e começaram a ataca-los, deixando-os iguais e mais agressivos. Em menos de três horas, todos os ônibus disponíveis tiraram os habitantes da cidade e a fecharam em Quarentena, mas ainda várias pessoas ficaram presas e a infecção só piorou.

Enquanto Robert e o seu grupo tentavam escapar da cidade, Lupita e Dolov continuavam fugindo de Denver, em um ônibus metropolitano que tentava escapar pela rodovia central, que estava toda parada e com isso, alguns infectados conseguiram passar pela quarentena e atacar as pessoas na rodovia, causando um enorme caos.

— Palácio Oeste –

— Eu... não que eu não goste mais de você, Robert, eu te adoro e você é como um melhor amigo que eu nunca tive, você... a Kei e a Bel, foram a família que eu nunca tive nesse último ano e, perdemos tanta gente, se um dia eu perder você ou você me perder, não quero que nenhum de nós sofra – Polly deixou cair algumas lágrimas, deixando Robert angustiado – Eu quero terminar o nosso namoro.

Robert ficou totalmente sem fala alguma, ele virou o rosto e disfarçou, com o semblante totalmente perplexo. Depois de alguns minutos ele virou e olhou bem nos olhos de Polly, que não cessava as lágrimas.

— Tudo bem... – Robert disse tristemente – Eu entendo o seu lado, vou respeitar sua decisão – Robert se levantou da cama, deu uma última olhada em Polly, que havia deixado de chorar e seguiu para fora do quarto e foi para algum lugar do hotel, para ficar sozinho, como sempre ficou depois da morte de Sasha.

Robert ficou isolado de todo o grupo, enquanto Polly havia se trancado em seu quarto. Robert refletiu todo esse tempo que passou vivendo com Polly amorosamente, todo o sentimento e carinho que havia adquirido por ela se desfizeram, como uma fumaça que sobe ao céu e desaparece em alguns segundos. Foi assim até toda a manhã e à tarde que se seguiu, como se não existisse naquele grupo

Bel, Kimberly, Renata e Topher continuaram no saguão do hotel, enquanto Kei e Akio estavam tendo um momento particular e Alejandro e K-Rencita cuidavam da saúde de Lupita, que seguia reagindo bem.

— Todas as entradas foram fechadas – Bel se sentou na mesa segurando uma garrafa de água – Por enquanto nós vamos ter paz.

— Esse por enquanto me preocupada – Renata falou desprendendo oos seus longos cabelos pretos – Esse lugar ficou muito silencioso desde que matamos todos os aqueles zumbis, vai começar a aparecer que esse lugar ficou abandonado.

— Todo o cuidado é pouco, nós sabemos disso, e não é de muito tempo – Topher disse e por alguns segundos novamente, um encarou o outro até que Topher resolveu falar – Bem, eu estava falando com a Kimberly, falamos sobre a sua gravidez – Kimberly permaneceu de cabeça baixa – Olhamos o mapa de Nevada e da Califórnia e decidimos ir atrás de comunidades que pode estar espalhadas por aí, como a K-Rencita falou, se acharmos, vai ser mais seguro para a Kimberly e o bebe, creio que o restante da horda já está bem longe daqui – Topher olhou para a irmã, que estava perplexa – Vamos ir embora durante o fim da tarde, ficaremos bem, temos a transmissão de rádio no carro – Falou e Kimberly levantou a cabeça.

— Estou fazendo isso pela criança, tenho medo de acontecer alguma coisa com a criança, aconteceu muita coisa com o grupo... não quero que isso atrapalhe a gravidez – Kimberly disse com o semblante triste. Bel havia ficado quieta o tempo todo, Renata estava com a mão na boca, indignada – Já arrumamos tudo o que precisamos, até a gasolina, não tem mais volta. Nos desculpe – Kimberly colocou as mãos na cabeça.

— Se é o que vocês decidiram, não podemos fazer nada... apenas deixar vocês irem. É uma escolha de vocês – Bel falou, enquanto Renata ainda olhava para Topher, totalmente perplexa – Não acredito que seja a melhor alternativa a seguir num momento tão perigoso que estamos vivendo desde que saímos da Califórnia – A moça dos cabelos curtos – Mas, vão em frente, ninguém está prendendo vocês.

— Horas Mais Tarde –

Por fim Topher e Kimberly deram a notícia à todo o grupo, Robert pouco se importou já que estava com seus sentimentos abalados e Polly também reagiu do mesmo modo, mas se despediu dos dois. Haviam preparado o carro com diversos suprimentos e armas, além de telas de proteção nas janelas.

— Até mais... – Renata abraçou Topher fortemente, um abraçado demorado, não iria com o irmão, deixaria ele pela primeira vez, tomar uma atitude sozinho – Se cuida e qualquer coisa... temos o sinal de rádio! – Ela soltou o irmão e foi se despedir de Kimberly, num breve abraço.

— Estamos prontos... – Kimberly falou num sorriso triste, ela deu as costas e entrou no carro, se sentando no banco do passageiro, ela se abaixou e começou a chorar.

— Nós nos veremos novamente, todos nós – Topher falou antes de se sentar no banco do motorista, ele ligou o carro e deu partida, saindo pelo portão do hotel e logo se tornando menos distante da visão de Renata, Bel, Kei e Akio, que ficaram ali por alguns minutos, enquanto a noite começava a cair em Lemmon Valley.