Fani deu um passo para trás e por pouco não caiu no corredor, se não fosse segurada por Zain, que passava por ali e correu imediatamente ao ouvir os gritos desesperados da moça e se chocou ao ver o que havia acontecido. Os corpos de Amber e Tuppence continuavam ali e à medida que o restante dos membros do grupo apareciam devido aos gritos, o choque e o susto se tornavam cada vez maiores.

— Meu Deus do céu! – Bel colocou as mãos sobre a boca e se virou, encostando sua cabeça no ombro de Polly, que a abraçou. As duas mulheres já derramavam lágrimas, em luto.

— Que.… que porra – Kei disse baixo e desacreditada. Não podia acreditar que em um grupo tão reduzido como o deles, ainda pudesse ocorrer tamanha crueldade. Não podia acreditar que havia um assassino entre eles.

Barbara também apareceu junto com Vernon e logo que viu as mulheres mortas no chão teve apenas uma reação: Desgosto.

— Quem fez essa brutalidade está entre nós – Disse com a mão no coldre de seus shorts curto, pronta para pegar sua arma.

— Brutalidade?! – Robert olhou para Barbara com repugnância – Isso foi uma covardia!

— Quem quer que tenha feito isto, merece pagar com a vida – Scorpion falou, pisando na poça de sangue que havia se formado. Se abaixou e pode observar amplamente as mulheres assassinadas. Tocou no corpo de Amber e de Tuppence, sem medo algum – Elas foram pegas de supetão, há uma grande ferida nas costas de Tuppence.

— Aparentemente ela foi pega primeiro, para conseguir matar Amber depois – Ozzy se abaixou e ficou de frente do corpo de Amber – O corte no pescoço dela foi perfeito... quem fez isso tem habilidade com armas de corpo a corpo.

— E inteligência o suficiente para matar duas pessoas ao mesmo tempo – Topher disse horrorizado, vendo as cabeças de Amber e Tuppence uma apoiada na outra – Caralho... que frieza.

— Pode ter sido qualquer um nessa sala – Boone falou descruzando os braços e encarando todos desconfiados – Vinny vai surtar quando... – Ao olhar para a porta, viu o médico parado e em estado de choque.

— Não... – Vinny segurou o choro. Colocou e tirou a mão sobre a cabeça inúmeras vezes, sem saber como reagir. Todos os seus amigos sobreviventes da Clínica Mayo agora estavam mortos, somente ele havia restado – Isso não pode estar acontecendo – Lentamente se aproximou dos corpos, sem se importar de sujar sua roupa com o sangue – Posso tentar ajuda-las. Eu sou residente médico e... – Foi até o que era o corpo de Tuppence e tentou fazer uma massagem cardíaca.

— Vinny, ela não está mais viva... – Marilyn tentou tirar o médico de cima do corpo, mas foi recebida por um grito.

— Meu trabalho é salvar vidas! Sai da minha frente! – Empurrou Marilyn para longe agressivamente. Bel chorava ainda mais com aquela lamentável cena de Vinny tentar salvar uma pessoa morta – Tuppence, acorde! – Saiu de perto da moça e foi até Amber – Por favor, Amber! – Não se tocava ao menos que nenhuma das mulheres tinha a cabeça faltando, apenas queria reanima-las.

— A que ponto fomos chegar... – Robert disse assustado.

Fani por um momento parou de prestar atenção nos cadáveres e passou a analisar todos os presentes naquela sala. Seu senso lhe indicou que havia uma pessoa ausente ali, e a última vez que havia visto ela, era quando Amber e Tuppence tinham se retirado da conversa entre ela, Merle e Natalia. Sua hipótese nunca fez tanto sentido, ao lembrar do estranho clima que havia ocorrido antes de chegarem ao shopping.

— Aonde você vai? – Zain perguntou quando Fani saiu de seus braços. A loira saiu em disparada do cômodo, esbarrando sem perceber em Natalia e Merle, que ainda não sabiam o que havia acontecido.

— Preciso fazer alguma coisa! Isso não vai ficar assim! – Gritou e apenas Zain lhe deu atenção. O árabe achou estranho a reação de Fani, pensando severamente se ela não estava prestes a fazer algo comprometedor.

Fani corria na maior velocidade que podia pelos corredores espaçosos do shopping. Seu sangue fervia por justiça. Não iria deixar aquelas mortes passarem despercebidas e o assassino sair impune, ainda mais quando tinha plena certeza do autor daquele covarde ato. A pessoa iria pagar.

Assim que avistou Lauren em uma loja de esportes, entrou no local e rapidamente fechou a porta de acesso com força, chamando a atenção da moça, que se virou com um semblante sério e assustador. Porém, Fani em nenhum momento se sentiu intimidada.

— O que você quer? – Lauren perguntou friamente – Já ouvi sua gritaria, agora está dando uma leoa caçando os outros por aí?

— Você para de ser cínica! – Fani esbofeteou Lauren agressivamente, fazendo o rosto da moça ir para o lado – Eu sei que foi você que fez aquilo! Sua cretina! – Cuspiu na mulher, que começou a rir.

— Achei que iriam demorar para descobrir – Lauren disse massageando levemente a região em que havia sido agredida. Por pouco não revidou em Fani, que havia dado alguns passos em recuo – Aqueles dois pesos mortos, literalmente – Falou com deboche – Tiveram a audácia de me perturbar quando eu estava quieta, desde que saímos daquela porra daquela comunidade. Esse foi apenas o momento certo para agir.

— Nós tivemos mortes consecutivas a vários dias, Lauren! – Fani gritou perplexa – Como você teve a capacidade de uma coisa dessas?! Você é cruel para caralho! – Continuou falando em um tom elevado – Essa foi o ato mais cruel que pude ver alguém fazer.

— Cruel? Sabe o que eu vivi naquela merda daquela base em Corpus Christi? – Tentou falar, mas Fani imediatamente lhe cortou a palavra.

— Não me venha com esse seu discurso de coitada, não vou cair na sua lábia como fez com seu irmão. Marilyn e eu tivemos essa mesma conversa a meia hora, enquanto você matava Amber e Tuppence – Fani colocou o dedo no rosto de Lauren – Nunca vi um motivo tão fútil para tiver a vida de alguém – Pode olhar acima do ombro da mulher, um facão ensanguentado em cima do balcão de atendimento – Você é um monstro...

— Pelo visto Tuppence e Amber não são as únicas sortudas do dia – Lauren disse calmamente se afastando de Fani, que imediatamente se tocou do que ela estava prestes a fazer.

— Você saia de perto de... MIM! – Fani gritou desviando de um golpe de facão que Lauren que lhe acertou. A moça sabia manusear aquela arma como ninguém e havia a pego num piscar de olhos – Que merda! – Cogitou em correr aquela porta, mas quando estava prestes a tocar a maçaneta, seu pulso foi atingido pela lâmina. Fani soltou um berro estridente de dor enquanto seu pulso era perfurado profundamente pelo facão.

— Fani, você não vai escapar – Olhou profundamente nos olhos apavorados de Fani, que finalmente pode reagir – Sua desgraçada! – Lauren derrubou o facão ao sentir um chute em sua virilha. Fani tentou pegar a arma, mas não conseguiu devido ao seu grave ferimento e apenas abriu a porta e saiu correndo pedindo por ajuda.

Enquanto corria pelo átrio com o pulso vazando sangue por todo o piso, pode ver a silhueta de Zain aparecer no fim do corredor e finalmente parou ao saber que não estava mais sozinha com Lauren.

Até ela aparecer novamente.

— Zain! Pelo amor de Deus, me ajude! – Fani pediu desesperada ao ver o árabe.

— Fani! – Zain disse arregalando os olhos e acelerando o passo ao ver Lauren bem atrás da moça – Cuidado!

Fani não pode reagir, apenas sentiu algo atravessar seu peito e cravar nele. Sua respiração rapidamente se estagnou e a sua visão começou a ficar turva. Ao olhar para baixo, pode ver de relance o facão de Lauren preso em seu corpo. Zain assistiu aquilo e sabia que não podia fazer mais nada para salvar Fani.

— Lauren... – Boone apareceu no átrio e viu claramente o que havia acontecido. Sua irmã rapidamente se afastou de Fani ao ver o que tinha feito – Foi você o tempo todo... – Balançou a cabeça negativamente. Sabia que aquilo não iria acabar bem e por isso correu até a irmã, enquanto Fani agonizava nos braços de Zain.

— O que você vai fazer?! – Lauren perguntou enquanto era arrastada por Boone.

— Cala essa boca e vêm comigo logo! – Boone olhou para trás se certificando que apenas Zain estava ali. Tinha que resolver aquilo antes que o restante do grupo aparecesse ali e linchasse a sua irmã.

Zain mantinha Fani em seus braços cuidadosamente. A moça apenas o olhava enquanto seu corpo não respondia as suas ações. Apenas a troca de olhares entre os dois foi o suficiente para que Fani se sentisse segura nos últimos segundos de sua vida, nenhuma palavra havia sido dita e era melhor assim. Zain pouco agiu, não tinha como salvar a sua vida, apenas esperou a loira fechar seus olhos para sempre. O rosto de Fani continuou impecável aos olhos de Zain, mesmo que não estivera mais viva.

Bufou tristemente, mantendo o corpo de Fani em seus braços, até que alguém aparecesse ali e descobrisse que mais uma mulher havia sido brutalmente morta por Lauren, que também estava com seus minutos contados.