No simples e pequeno quarto, encontravam-se dois corpos deitados e abraçados sendo iluminados pela fraca luz que provinha do televisor a sua frente.

- Você sabe que eu não gosto desse tipo de filme. – a voz feminina sussurrou enquanto encaixava-se melhor no corpo de seu companheiro.

- Qualé? Ontem assistimos o seu tipo de filme. – resmungou o homem sentindo a mulher estremecer a cada cena – Não precisa ficar com medo.

- Você fala isso porque gosta de filmes de terror.

- É ficção, não precisa se preocupar.

- Dani-se o que é e, o que não é. – falou emburrada a mulher – Eu tenho medo. E depois quem vai ficar sozinha sou eu.

- Luce, eu estou aqui, OK? – respondeu ele sorrindo e depositando um singelo beijo na testa de “Luce” .

- Pare de me chamar assim Natsu. Você sabe que meu nome é Lucy.

- Mas eu gosto de te chamar assim, do mesmo jeito que gosto de beijar.

A garota coroara com a fala de Natsu que, envergonhada, virou o rosto para o lado contrario torcendo para que o negrume do quarto escondesse a vermelhidão de sua face.

- I-idiota.

Gargalhando da birra da loira, Natsu voltou sua atenção para o filme, como se nada tivesse acontecido.

Estupefata com a ação do amigo, Lucy estapeou o braço do rosado que, confuso, a libertou de seu corpo.

- Ei, onde vai? – perguntou ele olhando para a loira que arrumava suas coisas para sair do quarto.

- Embora.

- Por quê?

- Seu filminho te entre-te mais. – irritada, Lucy bateu a porta e saiu a passos largos até a sala.

- Lucy. – Natsu gritou, obtivendo como resposta o barulho da porta da sala e abrindo e depois se fechando – Sério isso? Só porque eu queria assistir a droga filme.

Suspirando, ele se alevantou. Calçou seus sapatos e correu atrás da Maria Fumaça, vulgo Lucy.

- Lucy. – gritou novamente quando avistou a cabeleira dourada da amiga na rua.

- Oh, então você largou o filme pra vir atrás de mim. Mas que grande honra. – respondeu ela sarcasticamente.

- Que tal parar de ciúminho. É só um filme.

- Quem disse que estou com ciúmes? Eu somente pensei que iriamos passar a tarde juntos não que você me trocaria por um filme.

- Mas eu não te troquei.

- Trocou sim.

- Não troquei.

- Sim.

- Não.

- Sim.

- Não.

- Sim.

- Não.

- Não.

- Viu, eu não te troquei.

Grunhindo, Lucy voltou a andar deixando um rosado vitorioso para trás, que logo voltou a seguir a amiga.

Os dois caminharam silenciosos até a casa da loira.

-Luce. – chamou o rosado incerto.

- O que? – perguntou ela irritada.

- Ainda ta brava com o lance do filme? – perguntou Natsu sorrindo sem graça e coçando suas madeixas rosadas.

O olhar raivoso que a loira o mandara, vez com que ele ficasse mais nervoso ainda.

- Olha, desculpa. Eu só queria assistir um filme de terror com você. Se eu te ignorei, não foi por intenção. Só queria ficar abraçado com você. – desculpou-se Natsu cabisbaixo.

Não aguentando, Lucy começara a rir deixando o rosado com uma expressão confusa, mas que logo mudara para uma irritada quando percebera o que a loira fizera.

- Não acredito que você fez isso.

- Oras, você fica uma gracinha corado. E eu também não aguentava mais aquele filme. – dando de ombros a loira o encarou nos olhos – E que história é essa querer ficar abraçado comigo?

- Oras, você fica uma gracinha grudada em mim. – respondeu ele a imitando.

Lucy sentiu suas bochechas se avermelharem pela segunda vez naquele dia.

Natsu riu, quando viu a amiga cruzar os braços e virar o rosto emburrada.

- Oh, vem aqui. – disse a puxando para um abraço – Não precisa ficar envergonhada.

- Idiota.

- Enfim, ainda temos que terminara de assistir aquele filme.

- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara.

- Não, não estou. – disse ele se desfazendo do abraço e pegando a mão de Lucy e, a puxando, refez o caminho para sua casa.

Ao chegarem à casa do rosado, o mesmo se jogou na cama e recomeçou o filme, deixando uma loira indignada olhando para ele.

- Só pode ser brincadeira. – resmungou se sentando do lado do rosado, que pareceu nem perceber sua presença.

O filme recomeçara do mesmo jeito que a loira se lembrava, calmo. Com um casal apaixonado, caminhando em um parque em uma noite onde a lua e as estrelas não se atreveram a aparecer.

Até ai tudo bem, o problema começou quando, misteriosamente, o homem desapareceu deixando a mulher assustada. A mesma começou a correr, olhando sempre para trás.

- Idiota. – resmungou o rosado.

Quando a mulher voltou a olhar para frente, foi quando viu o estranho homem mascarado a olhando. Mas o que mais a deixou desesperada, foi o fato de ele estar segurando a cabeça de seu amado e, depois começar a andar apressadamente em sua direção.

Rapidamente Lucy tapou os olhos, mas não tão rápido para evitar a imagem do mascarado esfaqueando a mulher e deixando suas entranhas escorrerem junto de seu sangue para a molhada e fria grama.

- Na-natsu. – tenteou chamar à loira, não obtivendo resposta.

Os minutos se passaram lentamente para a loira. E, foi somente em uma cena mais grotesca que a primeira, que Natsu finalmente percebera o estado da amiga.

- Ei, ei. – disse ele parando o filme e a abraçando – Eu estou aqui. Não precisa ficar com medo, Ok?

- OK. – resmungou ela. O rosado estava a soltando do abraço para continuar com o filme quando a mesma o apertou mais forte – Fica. Por favor. Sinto-me segura aqui.

- Olha, não precisamos assistir a esse filme. Posso trocar por outro que nós dois gostamos. – disse ele acariciando a cabeça de Lucy.

- Não você quer assistir ele, então vamos assistir.

- Sabe que não precisa bancar a corajosa. – ironizou ele recebendo um tapa como resposta – Ai.

Voltaram à pose inicial, deitados e abraçados um no outro.

Natsu parou de prestar atenção no filme para assistir as reações da amiga.

No modo como se encolhia e se agarrava nele quando se assustava. Em como seus olhos brilhavam em expectativa, mesmo com medo, para ver o que se sucederia em seguida.

E fui ai que ele se deu conta.

O que ele sentia por ele era mais do que amizade.

A sensação de ser abraçado por ela o acalmava.

- Luce. – ele a chamou – Sabe do que eu gosto mais do que filmes de terror?

Negando com a cabeça, Lucy encarou aqueles olhos ônix que a hipnotizavam desde a primeira vez em eu se viram.

- Você. – e antes que ele deixa-se a garota se pronunciar, ele agarrou-lhe a nuca e a beijou, temendo que ela não o correspondesse.

Mas seu temor se esvaiu quando ela entreabriu os lábios, dando passagem para sua língua iniciar uma dança sincronizada com a sua.

O beijo seguia calmo.

Tanto a loira quanto o rosado estavam apreciando cada momento. E, foi somente quando o ar lhes pediu uma trégua que, com relutância eles se separam mantendo suas testas colocas.

- Acho que me apaixonei. – sussurrou Natsu de olhos fechados.

- Você acha? – perguntou Lucy irônica fazendo Natsu abrir os olhos e ver aquele sorriso que tanto o encantava. – Eu tenho certeza.

Os papeis tinham se invertido.

Natsu e Lucy viraram o filme, enquanto o filme os assistiu com estrema tensão e expectativa.

The End