A semana passou rápido, mas em nenhum dos dias recebi noticias de Clint, na segunda feira eu estava tão empolgada para trabalhar que levantei mais cedo que o normal. Tomei banho e lavei o cabelo, depois fui me arrumar, coloquei uma calça jeans e fui atrás de uma blusa na montanha de roupas, achei uma camisa de tecido transparente preta, foi a primeira que eu achei.

Estava colando as botas quando a campainha tocou, sai correndo achando que era ele, até antes de atender arrumei o cabelo e a gola da camisa. Mas não era ele. Steve estava com uma cara de mau humor e com o Brad, na porta da minha casa.

–Seu namorado-Ele entrega a alça da coleira para mim. –Seu cachorro.

–Pensei que gostasse de cuidar dele.

–Audrey, esse cachorro é pior que o dono. –Faço um gesto para que ele entre em seguida fecho à porta. –Está bonita, aonde vai?

–Clint, mandou monitorar isso também? –Sento na cadeira do balcão e ele na que está em minha frente.

–Não, só foi uma pergunta.

–Estou indo para meu primeiro dia de trabalho. –Digo empolgada. –Industrias Stark.

–Parabéns, eu espero que lá não arranje problemas.

–Não irei.

Dou um sorriso e noto que está tudo muito vago, eu queria contar para ele o que achei, até por que falava sobre ele, mas eu não sabia se podia confiar nele.

–Que tal um café? –Sugiro.

–Te dou uma carona.

Depois de tomar café, ele me deixa na torre Stark, Tony me recebeu na porta e disse que tinha grandes projetos para nossa parceria, foi um dia longo, mas muito bom, começamos a desenvolver um novo reator de energia sustentável, por um momento esqueci que estava com um problema enorme na minha bota, literalmente. Quando sai fui direto a Columbia, a prova duraram duas horas e tirei a nota máxima, o coordenador pediu que eu fizesse a matricula na Quarta-Feira.

Brad era o cachorro mais carinho do mundo, ele dormiu na minha cama comigo com a cabeça na minha barriga, a cena era a coisa mais fofa do mundo. Depois de algumas horas dormindo, ouvi um barulho na porta, Brad havia acordado e correu para a porta, eu me levanto em seguida. Clint estava parado na porta fazendo carinho na cabeça do cachorro, ele sorri quando me vê e fecha a porta.

–Por que invade minha casa de madrugada?

–Pelo menos usei a porta dessa vez. –Ele vem até mim e me beija. –Não posso ficar um dia longe e você é presa?

–Já notou que eu adoro confusões.

Clint estava ofegante, passo a mão pelo seu rosto e observo-o, ele estava com um olho levemente roxo e um corte no lábio superior.

–O que houve?

–Acho que preciso de seus trabalhos de enfermeira. –Ele passa por mim e senta na cama, parecia cansado.

–Vou pegar as coisas.

Vou até o banheiro, pego a caixa de primeiros socorros e volto para o quarto, Clint já tinha tirado a camisa.

–O que está precisando dos meus cuidados?

–As costas. –Sento na cama atrás dele, passo a mão por suas costas a camiseta estava úmida. –Tira com cuidado.

Puxo a camiseta dele tirando-a, as costas dele estavam muito machucadas.

–Odeio os sérvios, são tão sádicos e gostar de ver alguém ser torturado.

–Por que fizeram isso? –começo a limpar as costas dele com um lenço molhado, escuto alguns suspiros de dor, vindo dele.

–Por muitas coisas.

–É difícil quando não me conta.

–Audrey, não quero te envolver em mais confusão.

–Eu já estou em muita.

–Por isso mesmo.

O silencio cresceu, às vezes eram interrompidas por alguns gemidos de dor vindo dele, suas costas estavam muito machucadas e as poucos eu limpava com anticéptico, quando acabei o curativo, ele finalmente quebrou o silencio:

–Como foi com Stark?

–De “Ola” para a nova assistente de Tony Stark.

Ele ri e depois, fazendo carinho no Brad, pergunta:

–O que meu cachorro está fazendo aqui?

–Steve não agüentava mais ele.

–Imaginei.

Ele se levanta e depois se vira para mim, o quarto estava escuro, mas a luz da janela refletia em seu rosto e pude ver seus olhos azuis.

–Se importa se eu ficar?

Ele faz uma cara de cachorro pidão que não me dá vontade de dizer “não”, me levanto e vou até ele, dou-lhe um beijo e em seguida sussurro em seu ouvido:

–Eu não deixaria que fosse embora.

Eram três da manhã e eu sabia que teria trabalho, mas eu não estava ligando, apenas queria olhar para ele e pensar “isso é mesmo verdade, ele ta do meu lado”. Clint tomou banho e depois se deitou ao meu lado, parecia que nenhum de nós tinha sono, isso eu já havia perdido a algumas noites desde que descobri o soro.

–Por que não queria confiar em mim?

–Passei por muita coisa, Audrey - Ele diz olhando para o teto. –Pensei que não aconteceria de novo e então tudo aquilo cai em minhas mãos como bomba.

–Eu queria me lembrar...

–Por favor, me desculpe?

–Claro que desculpo – digo beijando-o –Só não me faça passar por isso de novo.

Ficamos em silencio.

–Planejou sua vida assim?

–Minha vida? –Pergunto surpresa. –Passei tanto tempo tentando entender o passado que esqueci de planejar minha vida. –Me viro para ele e fico fitando-o. - Às vezes não ter um passado te impede de ter um futuro.

–Queria poder fazer algo por você.

–Já esta fazendo.

–Estou? –Ele vira seu olhar para mim, espantado.

–Minha vida inteira foi como um filme, os momentos felizes em colorido e os tristes em preto e branco - Faço uma breve pausa. –Eu tive mais preto e branco do que coloridos, até você aparecer.

–A paixão faz isso com as pessoas?

–Isso o que?

–Correr riscos, mas ainda assim, querer ter por perto algo que não foi fácil de encontrar?

–Não sei - Digo encostando a cabeça em seu peito. –Mas você me trouxe sorte.

Peguei no sono momentos depois, esqueci de todos os meus problemas, entre eles, os que estavam em minhas botas.

Acordei e sai da cama e silencio, pois não queria acordá-lo, era incrível como ele dormia tão tranquilamente, parecia que não havia grandes problemas em sua vida, como realmente tinha. Tomei banho tão rápido por que o meu talento de chegar atrasada em tudo estava de volta, troquei de roupa e decidi tomar café no caminho, antes de ir, dei um beijo na testa de Clint e acariciei a cabeça do Brad que levava uma vida sedentária no sofá.

Quando cheguei a Torre, Tony não estava, mas eu já sabia que tinha trabalho para terminar, então voltei a projeta o protótipo do braço da armadura, Tony chegou minutos depois com companhia. Pela porta com ele, entrava um homem alto e loiro de cabelos longos com um martelo, esse eu podia chutar que era Thor, o Deus que vinha salvar a terra algumas vezes.

–Thor eu não estou dizendo isso-Tony diz antes de se aproximar de mim. –Só que eles têm mais coisa ai do que nos sabemos.

–Ta bom Tony. –Diz Thor quando já estão chegando a minha mesa. –Temos que ver isso.

E já em minha frente os dois param e Tony com um sorriso de bom humor.

–Bom dia, Audrey. –Diz Tony. –Thor, essa é a espetacular, Audrey, minha assistente. - Thor da um sorriso amigável. –E Audrey, esse é o... Thor.

–Olá, Audrey - Thor pega minha mão e a beija.

–Olá Thor.

Jake Stark, filho do Tony, grita de algum lugar o nome dele fazendo com que ele vá atrás e deixando eu e Thor sozinho que ficou conversando comigo, sobre como anda as coisas ultimamente. Thor era extremamente simpático, sua linguagem Shaskeperiana atrapalhou um pouco meu entendimento e então o que eu não entendia, concordava.

Tony volta com Steve e Clint depois de uma hora, solto um sorriso quando o vejo e ele faz o mesmo, Thor ainda falava comigo e cumprimento eles com a mão, ele incrivelmente gostou de mim.

–E ela era um lobo gigante com três cabeças e chifres que tentou nos matar. –Faço uma cara de espanto quando ele me conta dessa sua aventura e ele me olha como se não fosse normal minha reação. –Não tem isso aqui?

–Eu acho que não temos lobos gigantes, Thor. –Respondo.

–Thor, esta assustando ela, para. –Diz Clint passando e dando uma batidinha em suas costas.

–Que isso, ele não esta me assustando, sempre quis ver um lobo gigante mesmo.

Ele da um sorriso e depois de toda a minha conversa com Thor, os quatro foram fazer uma “reunião”. Fiquei trabalhando apenas com a companhia do Jarvis que era como ter um Brad só que falava.

Horas depois, Tony me dispensou dizendo que teria que encontrar Pepper em Mônaco, fui para casa. Quando cheguei a casa, conferi minhas botas, os colares ainda estavam lá e eu ainda precisava tomar uma solução: Contar para Clint ou não?

Isso era a única coisa que me ligava á algo que aconteceu naquela noite, eu podia contar á ele e perder tudo ou podia não contar e ter problemas.