PLEASE ALLOW ME TO INTRODUCE MYSELF

Meu nome é Schnut, Sarah Schnut. Tenho 16 anos. Não confio em ninguém, ou pelo menos.. quase ninguém. Sou odiada por muitos pelo simples fato de falar tudo que penso, mas estou bem com isso, digo, tenho meus dois melhores amigos: Marie e Eric. Tenho um gato preto e um irmão mais velho chamado Evan, tendo eles ao meu lado, não preciso de mais ninguém.
Tenho uns colegas com quem saio para beber e fumar pelos becos de Londres após a entediada aula no Monroe High School. Você deve estar pensando que sou uma drogada que passa a madrugada fazendo coisas erradas, certo? Não sou assim.. nem se eu quisesse.
Aqui em Londres nem tudo é como nos filmes, é uma cidade muito misteriosa, há quem diga que aqui habita criaturas noturnas, por isso não é recomendável sair após a meia noite.
Eu não sei se devo acreditar nisso, mas já soube de casos de pessoas que sairam e nunca mais voltaram. Uma delas foi meu pai, atualmente moro só com minha mãe e Evan. Minha mãe acha que meu pai um dia irá voltar, mas eu não boto muita fé nisso.. para mim ele esta morto e não é difícil encarar essa situação.
E assim vou vivendo.

~~

Olho pela décima vez ao relógio, 15h53. O sinal bate as 16h, não sei porque tanta ansiedade para sair da aula assim, tudo bem que a aula de Sociologia com o professor Jersey não era das melhores, mas eu definitivamente não queria mais ficar ali. Já havia escutado a maioria das músicas do meu celular e nesse exato momento estava escutando Cinema Bizarre, novamente. Uma de minhas bandas preferidas simplesmente por serem diferentes.

- Tudo bem, pessoal. Podem sair. - Sr. Jersey nos liberou alguns minutos mais cedo, o que parecia estranho.

Coloquei minha mochila nas costas e saí, minha sala é no primeiro andar.. não demorou muito para já estar fora do velho prédio.

- Hey, Sah - David me chamou, era um velho colega de sala. - Vai fumar com a gente?

- Hoje não, David.. - Respondi, sentando em um dos degraus da escada a espera de Marie e Eric.

Como sempre, já estava com meu celular na mão.. ouvindo desta vez, Panik, outra de minhas bandas preferidas.

- HAAAA! - Marie pulou em mim.

- Marie, finalmente, você demorou. - Já estava me levantando. - Cadê o Eric?

- Ele não veio hoje, pensei que soubesse, Sah.. - Ela deu um tapa em minha testa - Hellooo, em que mundo você tá hoje?

- Ai, não sei.. vamos logo - Eu bem que queria saber em que mundo eu estava hoje, tava tudo tão estranho.

Olhei para o céu.. ele estava diferente, em algo, não sei exatamente no quê. Mas estava.

- Marie, tá sentindo algo diferente hoje? - Perguntei para ela, ainda olhando o céu.

- Nada.. fora minha calcinha que acho que encolheu na lavagem e está entrando na bunda. - Nós duas rimos, por esse e mais mil motivos Marie era minha melhor amiga, ela me fazia rir, coisa que ninguém exceto ela e Eric faziam.

Neste exato momento começou a chover, olhava ao redor e todos correndo, rindo.. com seus livros na cabeça. Felizes. Eu não estava feliz, o tempo estava totalmente o contrário, muito estranho chover assim sem mais nem menos. Coloquei o meu capuz, por sorte, sempre ando com meus moletons e percebi que Marie colocou o dela também.

- Vai ir lá pra casa hoje? - Marie me questionou.

Quase sempre após as aulas, quando não saiamos com os outros, eu ficava na casa dela. Lá tem uma certa paz que em minha casa não tinha.. minha mãe sempre estava stressada e enfim, lá eu era pelo menos um pouco feliz. Um pouco eu mesma.

- Claro, besta. - Nós duas rimos.

A casa de Marie não era muito longe dali, umas três quadras mais ou menos.
Chegamos lá e fomos direto para o quarto de Marie, como eu já tinha muita liberdade com ela e na casa dela, fui logo me deitando em sua cama.

- Sah, você tá extremamente estranha hoje - Ela deu uma pausa - Tem certeza que está tudo bem?

- Uhum. - Menti.

- Você não me engana, anda. - Ela jogou uma almofada que estava jogada no chão em mim.

- Eu não sei, Ma.. - Falei, enquanto pegava a almofada - Chega a ser algum tipo de pressentimento.

- Curioso.. - Ela me olhava - Bom ou ruim?

- Não sei, diria que apenas.. ancioso. - Tentava explicar, tentando também ME fazer entender.

- Já senti isso, lembra? Quando conheci o Frank, horas antes eu estava assim. - Os olhos dela brilhavam sempre que ela falava dele.

- MARIE! - Dei um pulo, sentando na cama - Tá dizendo que vou conhecer algum garoto?

Marie riu, provavelmente minha expressão foi de um certo.. nojo. Nenhum garoto no planeta me atraia, aliás, um! Yu, do Cinema Bizarre e só também.

- Ué, pode conhecer.. isso não significa que irá gostar, você não gosta de ninguém. - Ela continuava a rir.

- Claro! - Eu exclamei - Garotos são..

- NOJENTOS - Nós duas falamos juntas.

- Já sei, já sei.. - Ela bufou. - Mas vamos parar de falar disso antes que me mate com a almofada, vamos jogar Wii?

- Só se eu ganhar. - Falei rindo e já sai correndo do quarto, Marie vinha atrás de mim.

Passamos a tarde e a noite toda jogando Wii e conversando, vendo clips, baixando músicas.. perdemos totalmente a noção do tempo. Meu celular estava sem bateria de tanto ouvir música, meu irmão nem se quer pode ligar para me mandar para casa. Estavamos deitadas, fofocando e falando sobre os meninos do Cinema Bizarre quando mudei de assunto.

- Marie, que horas são? - Eu perguntei.

- Deve ser umas 21h.. horário de sempre. - Ela se levantou - Vou olhar, ela saiu da sala, indo para a cozinha onde existia um relógio de parede. Só ouço um grito.

- SAAAAAAH - Eu me levantei e fui correndo até ela.

- O que foi, criatura? - Antes que ela pudesse responder eu olhei para o relógio, batia 23h57.

- Acho que você vai ter que dormir aqui - Ela me falou, sem tirar os olhos do relógio.

- Não, não tem como.. digo, olha minhas roupas - Pela primeira vez eu queria sair dali.

- Eu te empresto, boba - Marie me cortou.

- Meus materiais, olha, tenho que ir mesmo.. - Eu fui me dirigindo até a porta.
Fui interrompida por um abraço de Marie - Seja lá o que estiver fazendo, tome cuidado - Ela me soltou.

- Eu vou ficar bem - Complementei, dando um sorriso. Por um momento, não entendi o que estava fazendo.. digo. Eu estava fazendo algo?

Eu estava um pouco amendrontada, era a primeira vez que eu saia a noite, sozinha e andaria por um bom pedaço até chegar em minha casa. Não sabia se era verdade o que diziam sobre as coisas que aconteciam por aqui, mas sempre dá um medo, é como sua primeira tatuagem: as pessoas dizem que dói, mas você nunca sabe como é até fazer a sua.
Eu já havia andado um bom pedaço até faltar um quarteirão para chegar no colégio, passando o colégio, seria um caminho rápido até minha casa. Eu poderia entrar nos becos e pegar atalhos, mas não sei se deveria.
Estava passando por um beco um pouco mais iluminado que os outros, decidi cortar caminho por eles, era iluminado pois existia um bar ali que só abria após a meia noite, mas não devia ser tão ruim passar por lá.