Cap. 41 —

Eles estavam presos em uma cela pequena, White abiu a cela e nos entramos, os dois estavam sentados encostados na parede, o chapeleiro abraçava a duquesa, que estava com a cabeça deitada no ombro dele, notei ele que estava sem seu chapéu, por conta disso os seus cachos loiros estavam bagunçados e jogados em seu rosto, oque deu a ele um ar de jovem rebelde, percebi também que os pés deles estavam acorrentados, os dois estavam de olhos fechados, como se estivessem desmaiados, Sinara já estava perto deles quando chegamos, ela ainda parecia abalada, mas estava focada e era isso que importava.

—Eles estão vivos, só que precisam de tratamento urgente, acho que posso tentar cuidar disso, meu pai me ensinou alguns truques, não é algo como magia medicinal de verdade, mas é oque eu sei então será isso. – Ela disse enquanto olhava ao redor. —Sei que nosso tempo é curto, mas eu juro que serei rápida.

Todos nos entreolhamos e no fim concordamos, afinal a vida deles dependia disso, Sinara sorriu um pouco triste e eu não pude deixar de admira-la, mesmo estando obviamente abalada por estar neste lugar horrendo ela ainda se mantinha confiante.

—Tudo bem então... Precisarei que apenas um fique Alice pode ser, você tem uma aura tranquilizadora, eu me concentrarei melhor assim. – Ela propôs gentilmente, e eu concordei um pouco surpresa com o fato de ela citar minha ‘Aura’, poxa eu acho que o chapeleiro disse algo sobre isso em uma de nossas aulas, e eu esqueci, que ótimo.

Os meninos saíram da cela e ficaram lá fora de vigias, notei que White dizia algo para Ches, algo que o deixava preocupado, pois ele olhava para o chão e balançava a cabeça por muitas vezes, claramente atordoado. Eu voltei minha atenção à cena a minha frente, Sinara tinha se ajoelhado em frente aos dois, alguns de seus cabelos voavam mesmo não havendo qualquer vento no momento, e também fechado os olhos, para se concentrar eu acho se bem me lembro do chapeleiro já disse algo sobre isso, oque era mesmo? Ah! Sim... Ele disse que esse era um dos possíveis métodos de concentração, onde você pode focalizar sua magia em uma única função, mas oque mais me intrigou, esse era um método usado por pessoas com muita experiência em magia e em alguns poucos casos, era usado por pessoas que tentavam constantemente conjurar algum feitiço proibido, pois o mago que tentasse precisaria de muita magia. Mas de qualquer modo era estranho, de uma as duas, ou Sinara era muito experiente ou ela esteve tentando algo proibido. Tentei não pensar mais nisso por hora.

Sinara tinha começado a dizer muitas palavras em um tom tão baixo que eu simplesmente desisti de ouvir, acima da cabeça deles dois pequenos círculos surgiram, um em cima da cabeça de cada um, depois a luz se tornou mais forte do nada e também do nada se dissipou. Eu estava atônita, dessa vez nossos amigos não pareciam mais desmaiados e sim dormindo, oque me aliviou, mas ainda não era o suficiente já que a respiração deles estava um pouco acelerada demais, Sinara ergueu a mão esquerda e a mão direita, pondo cada uma na cabeça deles, uma na da duquesa e outra na do Chapeleiro, dessa vez não houve nenhum circulo e nenhuma luz maluca, mas a respiração deles começou a se regular, eles pareciam mais tranquilos e realmente dormindo, mas duvidei que eles estivessem realmente descansando, Sinara por fim escreveu algo que eu não entendi e nem pude ver direito no chão e uma pequena luz rosa saiu do escrito e percorreu o braço direito até o rosto da duquesa, logo uma luz preta saiu e fez o mesmo com chapeleiro, que tossiu e quase desmaiou de novo, Sinara o segurou e fez sinal para que eu me aproximasse e fui com cuidado e toquei o rosto do chapeleiro que abriu os olhos devagar, ele me encarou confuso, como sempre, não, pior do que sempre, muito pior, pois ele me viam, mas não pareciam mais me enxergar.

Eu olhei para Sinara e sorri. — Obrigada! – Agradeci e ela apenas sorriu.

—Não foi nada. – Ela disse, mas era óbvio que era alguma coisa porque ela arfava, quase não conseguia deixar os olhos abertos e estava pronta para desmaiar assim que pudesse.

—Alice?! – A voz dele era doce e baixa, um tanto falha devo admitir.

—Oi. - Eu respondi sorrindo, ao lado dele a duquesa abriu os olhos e os manteve aberto com um pouco de dificuldade, ela parecia muito confusa e cansada. Eu me levantei e chamei os meninos, assim que chegaram, White agiu rapidamente e soltou as correntes, Ches e eu ajudamos o chapeleiro e White ajudou a duquesa a se levantar, ela o fitou, emocionada e o abraçou com força, depois ela puxou Ches e também o abraçou, depois olhou para mim e me abraçou, aquilo me reconfortou, a duquesa tinha um abraço aconchegante, como um abraço de mãe, enquanto isso o chapeleiro olhou com curiosidade para Sinara.

—Você é bem poderosa querida, obrigado. – Ele elogiou e Sinara apenas sorriu.

—Eu sabia que vocês viriam. – A duquesa conseguiu dizer, mas sua voz estava fraca e ela fazia um grande esforço para se manter em pé, oque preocupou a todos.

—Vamos temos que sair daqui o mais rápido possível. – Propôs White e nós concordamos, aquele lugar me dava arrepios, precisava sair de lá o mais rápido possível.

Eu me levantei e Sinara tentou fazer o mesmo, mas logo perdeu a força e quase desmaiou, por sorte Ches estava perto e a segurou, ela sorriu sem jeito para ele, que parecia ainda surpreso.

—Ei calma... – Ele começou. —Calma lá, você usou muita magia.

—Acho que sim. – Ela concordou sorrindo

Nós começamos nossa operação fuga na casa dos horrores, o chapeleiro se encontrava bem melhor que a duquesa por isso ele nos ajudou a leva-la, já que ela andava com certa dificuldade e ainda parecia não ter se focado ainda. Ches também havia se ocupado ajudando Sinara, mesmo que ela tenha insistido que era perca de tempo.

Nós teríamos seguido felizes até o fim, na verdade não, porque quando chegamos à metade do caminho White mandou todos pararem na hora.

—Céus, oque foi? – Perguntei um pouco ansiosa, ansiosa para ir embora.

—Tem mais alguém aqui!