Meia Noite escrita por AngelSPN


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que continuam lendo e comentando. Ultimamente os comentários estão sendo minha melhor forma de entusiasmo para escrever. Agradeço o apoio pessoal :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505331/chapter/8

As insistências de Sam e o tempo contra Dean o fizeram largar o pedaço de pizza que não tinha sabor algum no seu paladar, tudo perdera o gosto a um bom tempo. Com os dois pares de olhos aguardando respostas, não teve como adiar o inevitável. Não seria surpresa para Bobby, mas para Sam... as coisas poderiam se complicar.

— Desembucha Dean! Seja lá o que você esteja carregando, deixe-nos ajudá-lo com esse fardo — o moreno deixou o tom de voz suavizar.

— Bem... pouco antes de papai morrer... — Sam mudou a postura ao ouvir as palavras de Dean ecoarem pelo casebre — ele me disse uma coisa.

— O que ele disse Dean? — Sam tentava manter a calma.

— Ele me disse para cuidar de você — Dean colocou as mãos entrelaçadas sobre suas pernas.

— Tá, isso ele falou a nossa vida inteira. O que tem demais? — Sam franziu o cenho, sabia que algo não se encaixava. A fisionomia pálida de Dean revelava algo sério.

— Ele disse que seu eu não te salvasse... se eu não te salvasse... eu... — as palavras estavam travadas em sua garganta.

— Você o quê Dean? — Sam agora aproximou-se nervoso, Bobby apenas assistia temeroso da revelação.

— Se eu não te salvasse, eu teria que matar você, Sammy. Matar você!

—Huh, o quê? Me matar? Porquê? Vou virar um monstro? Vou... — as palavras morreram em sua garganta ao lembrar de seu sonho.

— Garotos — Bobby interrompeu os ânimos alterados dos irmãos — talvez John tenha se expressado mal, ou Dean possa ter interpretado de forma errada...

— Não Bobby — Sam interrompeu o velho caçador — você sabe de mais coisas não é Dean?

— Não sei... — Dean não conseguiu nem terminar a negação, seu corpo batia contra a parede, com as mãos de Sam em sem colarinho.

— Não minta para mim! Eu te contei sobre meu sonho, sobre eu liderar algum tipo de exército e você quase passou mal, primeiramente achei que fosse realmente por causa de seu pacto, mas percebo que não. Quero a verdade, Dean. Por mais dolorosa que seja, apenas a verdade — Sam afrouxou o aperto de suas mãos sobre o irmão, sua respiração estava ofegante.

— Quando papai me disse isso, eu apenas senti meu mundo desabar. Nada fazia sentido nessa merda toda. Nada! Até que fui parar naquela maldita cidade fantasma — Dean colocou suas mãos sobre as de Sam, livrando-o de um novo ataque.

— Cidade? Silent Hill? Nada daquilo era real Dean, tudo era ilusão. O que poderia ser real naquele lugar? — Sam virou as costas, precisava beber algo forte.

Dean continuava olhando para um ponto qualquer da casa de Bobby, como se aquilo o levasse para outra dimensão e tivesse falando e repassando em sua mente as informações ruins que descobrira. As vezes se perguntava se já não era o suficiente ter passado umas “férias no inferno” e saber que parou lá por causa de John e sua mania de querer manipular Sam. Sim, Dean lembrava muito bem das palavras de Azazel dizendo que John havia planejado a própria captura do primogênito para atrair o caçula de volta aos “negócios da família”. Mas quem se dera mal? É, tudo havia corrido errado e John acabara enviando o loiro para as garras do maldito Alastair. Dean jamais se esqueceria, jamais!

Eram tantas lembranças, tantas informações malignas que estavam presas em sua mente, que falar como se estivesse contando uma história de outra pessoa, estava deixando-o um pouco mais aliviado. No entanto, o anjo chamado Zacharias, o alertava sobre o lado obscuro de Sam.

“Sam pode ser bom agora, mas ele tem sangue de demônio em suas veias. Ele é o receptáculo de Lúcifer!”

— Dean!? — Bobby aproximou-se do jovem que parecia estar prestes a desabar — Dean... — o velho caçador pousou sua mão sobre os ombros do jovem, que voltou a realidade com o toque do amigo.

— Eu estou bem. Muitas coisas sem confundem em minha mente ao relembrar daquele lugar. Entretanto, conheci um anjo em Silent Hill. Na verdade não sei se posso dizer que aquilo era um anjo, já que foi ele que me arrastou para aquele lugar de sofrimentos, dor, ilusões e sonhos. Seu nome era Zacharias, e tudo que me fez passar naquele lugar esquecido por Deus, era para me alertar quanto a você Sammy.

— Lembro de parte da conversa, Dean. Mas não liguei para elas, pois tudo parecia uma recriação do mal — Sam estava explodindo de raiva, mas controlava o rancor. Sabia que o irmão só queria protege-lo, mesmo se auto sacrificando e isso irritava e muito o moreno.

— Zacharias afirmou que você é o receptáculo de Lúcifer...Sammy — o loiro desembuchou antes que arquitetasse uma maneira de não falar a verdade. Só que seu tempo estava acabando, e não poderia deixar o irmão ás cegas com a situação. Era sua função protegê-lo e alertá-lo de todo o mal.

Foi como tudo aconteceu. De forma rápida. Devastadora. Não havia como deixar de reparar nas expressões dos outros dois caçadores que assistiam a todo aquela revelação. Dean sentiu-se um lixo. Um lixo por não ter dado conta de tudo sozinho, por não ter conseguido achar uma solução melhor, por saber que a vida de seu irmão caçula estava para se tornar um inferno. Um inferno ao qual teria que lidar sozinho, um destino cruel e sangrento. Dean estava perdendo as esperanças, talvez já havia perdido a muito tempo. Mas era um Winchester, e jamais abandonaria seu irmão, sua missão. Não a missão que os anjos, demônios e seu próprio pai lhe propusera, mas a missão de seu coração de salvar Sam. Ou morrer tentando.

Sam deu as costas para o irmão. Aproximou-se da janela com cortinas beges e surradas pelo tempo. Empurrou as cortinas para o lado esquerdo, e ficou observando a noite. Uma noite diferente. Uma noite em que pela primeira vez, em toda sua vida, sentiu medo. Sentiu-se perdido. Mesmo com toda a frustração em saber do que lhe aguardava no futuro, respirou aliviado por descobrir que seus pesadelos, visões tinham um motivo. Eram reais, não era fruto de uma mente doentia. Sam apertou os dedos formando um punho repleto de veias que bombeavam o seu sangue. Respirou profundamente e sem olhar para trás quebrou o silencio que permanecera por segundos, ou minutos. Não fazia diferença. Não mais.

— Eu já sabia. Não tinha certeza. Mas meus sonhos revelavam coisas assustadoras. Como trabalhamos com esse tipo de assombrações, pensei estar canalizando-as em refletindo essas aberrações em minhas visões. Se é que posso chamar de visões — Sam falava olhando fixamente para uma única estrela brilhante. Como se as demais estrelas se apagavam repentinamente, uma após a outra. E apenas uma saíra triunfante em meio a escuridão.

Bobby e Dean apenas se entreolharam-se. Era a noite das revelações. Uma última noite tranquila. Sam continuou seu monólogo percebendo que não havia sido interrompido. Agora as peças faziam sentido.

— Também escondi assuntos sobre mim, Dean. Não queria te preocupar com meus pesadelos, afinal de contas eram apenas pesadelos. Só que eu, acreditava neles. Sabia que lá no fundo eram reais. Em um deles fui tele transportado para meu antigo quarto, me ví no berço com seis meses. Eu vi um homem de costas colocando sangue em minha boca. No mesmo instante em que mamãe entrou no quarto e... tudo pegou fogo. Ela presa no teto, e o maldito dos olhos amarelos sorrindo para mim. Como se ele quisesse que eu visse tudo. Então acordei — Sam saiu da janela e encarou os olhos verdes brilhantes e assustados do loiro.

— Sammy... não existe esse tal destino. Nós fazemos nosso destino e... — não havia como negar a situação. O destino estava movendo suas teias, mas Dean não ficaria sentado esperando. Iria mudar o que estava escrito em sua jornada.

Sam interrompeu o irmão, como se lembrasse de algo que estava adormecido em sua mente. Um aviso antes esquecido. Colocou os dedos da têmpora pressionando-a. Forçando pela lembrança escondida.

— Quando estávamos em Ohio, solucionando aquele caso em que encontramos Casey e o Padre Gil, ambos amantes demônios, fui digamos “levado” para um lugar estranho. Por uma mulher que agora consigo lembrar dela. Era uma das moiras, uma das filhas do destino. Claro, como pude esquecer disso? — Sam agora caminha de um lado para o outro.

— Moiras? Idiotas, sabem que elas que decidem nossa vida? Morrer ou viver?— Bobby precisava de uma bebida urgente.

— O que você lembra Sam? — Dean sabia que as coisas poderiam ficar ainda piores.

— É como se um véu fosse retirado de minha mente e as palavras dela fossem sussurradas novamente em meu ouvido. Então ela me alertou:

“Winchester, suas decisões influenciarão o destino de muitos seres humanos. É um fardo enorme para um simples humano. E você sabe que não é um deles. Sabe que carrega dentro de você um poder maligno que o consome aos poucos. Esse poder ao qual você luta constantemente para manter adormecido. E talvez consiga superar o que virá pela frente. Chegará o momento que deverá escolher seu caminho trilhando-o com seu irmão ou sem ele. Mentiras, trapaças brigas e intrigas persistirão em suas jornadas” *

Sam parou abruptamente antes de continuar o resto de sua lembrança. Até mesmo para ele era difícil ter que ouvir o resto das palavras da moira. Resolveu omitir.

— Não lembro de mais nada.

— Tudo bem Sammy. Você teve um encontro com uma das filhas do destino. Ela queria nos alertar. Nos ajudar talvez. E conforme as palavras dela, você poderá escolher esse caminho. Isso é claro que você fará — Dean depositava toda sua esperança no final das palavras da mulher. Era estranho para ele, mas sentia até uma certa afeição por alguém que nem conhecia. Mesmo sem saber da verdade que Átropos morrera para protegê-lo da morte naquele dia em Ohio. Pois uma das filhas do destino havia se apaixonado por um humano. Dean jamais saberia disso.

Sam apenas assentiu com a cabeça. Era o momento de agir. Deixar a última frase da mulher repercutindo apenas em sua cabeça e a de mais ninguém.

“Seu irmão vai morrer e você nada pode fazer para impedir. Guarde minhas palavras Sam Winchester”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Trecho da história Moiras (http://fanfiction.com.br/historia/311400/Moiras/)
Então estamos chegando ao penúltimo capítulo. E muita coisa ainda está para acontecer. Abordei trechos de uma história anterior, mas nada que não possa ser compreendido na história atual. Obrigada e big beijo aos amados leitores :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meia Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.