Meia Noite escrita por AngelSPN


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Após alguns meses afastada de escrever, volto para o lar onde conheci pessoas maravilhosas!!!



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17 de dezembro, Olathe, Kansas.

A garçonete despejou lentamente o café fumegante na xícara de cor marfim, o homem a mesa não desgrudava os olhos da jovem. Ela olhou-o com certo desdém e perguntou rispidamente:

— Vê algo que você goste? — a garçonete colocou a mão na cintura, esperando a resposta do desconhecido.

— Não — o homem falou soprando o café quente.

—Não é a toa que esse lugar é refúgio dos loucos, sinceramente vou virar um de vocês em breve — a jovem resmungou, virando as costas para o estranho.

—Não terás tempo para isso, garota — o homem de trajes estranhos, vestindo um manto sobre a calça empoeirada, disse pigarreando.

Luisa, a garçonete loira de olhos negros voltou a encará-lo.

— O que quer dizer? — algo nele a deixava inquieta, não saberia dizer o que era, o que sentia. Apenas o medo e a curiosidade lhe eram transmitida.

— O fim do mundo está próximo, meu senhor irá exterminar pessoas como você, como a todos vocês! — o homem quieto e reservado de antes, agora gritava, sorrindo cobrindo o rosto com o capuz negro. Seus olhos continuavam tão cintilantes, era impossível não perceber a mudança repentina da cor de sua retina, ora tão nítida, ora escondida pelo capuz.

— Como eu disse, LOUCO! — a mulher sorriu e mordeu o lábio inferior ao sentir a sensação de medo voltar ainda mais intensa, saiu deixando o andarilho para trás.

Os murmúrios dos clientes agora eram nítidos. Homens e mulheres balançavam a cabeça em desaprovação do que o homem falara e, outros condenando a forma com que a garçonete tratava o estranho desequilibrado.

— Podem rir seus idiotas, meu senhor Baal quer a destruição desse lugar infectado de ratos humanos. Sou um dos soldados de sua legião, visamos à desordem e a destruição do universo. Preciso apenas de alguns ingredientes para trazê-lo, um portal será aberto e o exército dominará o mundo. Por ordem do grande senhor Mephisto, seus irmãos renascerão mais uma vez nessa terra — o andarilho levantou-se derrubando a xícara ao chão.

Um vento forte tomou conta do lugar, enquanto as palavras daquele desconhecido eram ouvidas atentamente pelo punhado de clientes amedrontados com a sensação de terror que os dominava.

Eu sou o ontem, o hoje e o amanhã, e tenho o poder de nascer uma segunda vez. Sou a divina alma oculta que criou os deuses e oferecem refeições sepulcrais aos habitantes das profundezas, o lugar dos mortos, e o céu… Salve, senhor do santuário, que se ergue no centro da terra. Ele é eu, e eu sou ele!” *

O homem levantou-se e começou a sair lentamente pela porta do bar, a garçonete o chamou:

— São quinze dólares, senhor! — o andarilho parou.

O bar inteiro seguia a cena que se desenrolava a frente de todos, até mesmo os jogadores largaram suas cartas sobre a mesa redonda. A jovem sentia suas mãos tremerem, fazendo com que suas palavras ficassem imprecisas para ela mesma. Já estava à beira do pânico, porém as palavras saíram sem aviso, sem controle.

Com um sorriso diabólico por debaixo do capuz negro, o homem atirou ao chão uns punhados de notas, certamente havendo muito mais do que quinze dólares.

— Fique com o troco garota. Essa será a sua última gorjeta — um homem robusto segurou o braço do andarilho.

— Você está ameaçando a garota? Que tal pedir desculpas ou se acertar comigo? — o robusto homem apertou ainda mais o braço do homem de capuz.

— Pedir desculpas? Eu deveria arrancar seu coração aqui mesmo por tal afronta. Agora largue-me idiota, ou terá o gosto de seu próprio sangue em sua boca. Bom, de um jeito ou de outro o terá!

As palavras foram tão intensas que nem mesmo o som da noite era ouvido, a tensão pairou no ar, até que o homem corpulento soltou o braço do seu oponente.

— Boa escolha, jovem. Boa escolha, afinal não é apenas músculos que você tem aí — disse ironicamente o encapuzado levando a mão a cabeça, e logo em seguida desapareceu na penumbra da noite.

— Você é um tremendo covarde, Bart. Deixou o velhote maltrapilho te intimidar? — a garota provocou o homem que voltara a sentar.

— Cala a boca Luisa. Aquele farrapo humano estava se desmanchando, seria tolice manter uma briga em que o resultado seria EU, como vencedor — disse o jovem corpulento levando o copo de cerveja do colega ao lado, em sua boca.

Os amigos do jovem o acompanhavam em sorrisos e deboches. Bart bebeu todo o conteúdo do copo e atirou-o contra a parede.

— Mas que merda é essa? — Bart levou a mão à garganta apertando-a e contorcendo-se de dor.

Os gritos assustaram a todos que estavam ali, o amigo de Bart aproximou-se tentando ajudá-lo.

— Cara, o que foi? — Homero logo afastou a mão do ombro de Bart ao ver algo movendo-se por debaixo da pele da garganta do amigo, estava crescendo e sufocando o grandão.

— Meu Deus, o que é aquilo? — gritara a garçonete levando a mão à boca.

— Errghh...me.... ajud...ajudem... — sussurrava o homem dilacerando a própria garganta.

Todos estavam olhando, uns mais próximos, outros mantendo distância e, segundos depois Bart arrancou a pele de sua garganta, deixando o sangue sair em abundância e, com ele besouros saiam de sua boca. Seus olhos ficaram injetados e vermelhos. O pânico tomou conta do local, minutos depois outras pessoas começaram a gritar, seguidas pelo mesmo mal que fez de Bart, o corpulento homem, chorar feito uma criança e cair em sua própria poça de sangue. Da porta ele pôde visualizar com extrema dificuldade o traje do homem que desafiara e então sua cabeça explodiu, pedaços de sua cabeça estavam por toda parte.

Luisa esfregou seu magro pulso direito apoiado no braço da cadeira de madeira escura, com o encosto baixo que estava preso ao chão. Ficara ali sentada, estava chocada, distante. Todos ao seu redor estavam caindo em desespero e sofrimento. Os murmúrios cessaram, e com a Luisa apenas a morte ao seu redor.

Sentada...

Sorrindo...

Finalmente a completa solidão a observava, ela aguardava sua vez. O pior logo viria, com a boca delicada e tremula, viu-se cercada pelos inúmeros besouros que saiam do corpo dos amigos e clientes do local. Sua hora havia chegado, o homem estranho havia lhe alertado, ela era a escolhida. Os olhos aterrorizados voltaram-se para a porta.

— Por favor, me perdoe. Eu não queria, não era a minha intenção aborrecê-lo — a jovem soluçava, deixando o longo pescoço banhado com suas lágrimas — Um comentário infeliz, peço perdão. Por favor, não quero morrer!

— Vocês humanos são seres hediondos, covardes.

Diante de tais palavras o homem apenas virou as costas, deixando uma jovem apavorada em meio a corpos estraçalhados e centenas de besouros ao seu redor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham apreciado a leitura. E que continuem lendo e postando reviews. Essa história segue a cronologia das anteriores que postei, no entanto se não a leram as anteriores, farei flash's back em referencia a ela, para não se sentirem perdidos e não tentar forçá-los a lerem algo anterior. Um beijo a todos.