Checkmate escrita por Zev


Capítulo 4
Reiniciar - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Eaae! Bem, acabei postando esse capítulo mais rápido do que planejava.
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505293/chapter/4

Existe... Vida após a morte?

Por que motivo tudo estava tão molhado? E porque eu estava com o corpo atirado sobre degraus de pedra?

Havia água para baixo de onde eu descansava, na superfície. Não tinha o menor desejo de descobrir o que tinha para lá. A única coisa que me interessava era uma luzinha amarelada que vinha do alto, no topo da escadaria. O feixe de luz me permitia enxergar alguns degraus. Pareciam ser vários.

“O paraíso”, A luz no fim do túnel, eu pensei.

Algo sólido encostou-se em mim, e, tateando o objeto, deduzi que era um crânio. Perguntei-me se seria do meu corpo morto. Logo em seguida outros crânios vieram, e conclui que não poderiam ser todos meus. Alguns pedaços de ossos se grudaram em minhas roupas, mas não me apavorei. Apenas pensava em subir aquela escadaria e entrar em meu destino final.

Mas... Tinha algo errado ali. Minhas pernas doíam demais. Meu corpo estava cansado, minha visão embaçada, que piorava com a escuridão, e meu sangue se ia.

Não. Aquilo era real, eu estava vivendo ainda. Como era possível? Eu não conseguira... Eu não encontrara a chave, nem passara pela porta... E injetara o conteúdo da seringa... Eu... Eu me vi morrer!

Não entendia nada, mas com um tremendo esforço, decidi que me arrastaria até a luz. Levantar parecia impossível, meus pés pareciam paralisados, mal sentia as canelas, mas meus braços pareciam ainda ter força para tal. O caminho seria bem longo.

Minha cabeça estava funcionando de forma tão lenta...

De alguma forma, eu escapara. Eu conseguira ir contra o jogo, vencendo quem quer que tenha me botado nele. Eu vivera, e eu precisava valorizar isso. Fora-me dada à chance de ganhar, de fugir, e eu não queria perder essa chance. Eu... Precisava... Continuar... Subindo.

E então, empurrei uma tabua de madeira furada e lancei-me sobre a terra seca, cercada por grama verde, molhada pelo orvalho. Melhor do que o cheiro de vida, o calor do sol, que me impediu de enxergar por alguns segundos, mas que me aqueceu de tal forma que recuperou minhas energias. Meu corpo pareceu sugar seus raios, implorando por mais. Deitei com a barriga virada ao sol, e esperei secar um pouco. Quando o frio passou, tirei a malha molhada que vestia. Como se ela, cheia de água fria, tivesse me aquecido antes.

Então... Era essa a verdade sobre a luz no fim do túnel. Não era Deus que me aguardava, era apenas a dor e calor, que me chutavam de volta a vida, para fora daquele túnel e para a sangrenta realidade.

A blusa branca apenas permitia ver as feridas no meu braço. Minha pele estava imunda. Meu tênis fazia barulho quando pisava pela quantidade de água que havia nele. Só que nada daquelas dores importava mais. Eu estava longe daquele lugar horrível. Tudo o que conseguia ver dele, ali onde estava, era as portas do profundo e abandonado porão, que era camuflado pelo capim alto, e pelas arvores altas a sua volta.

Eu não gostei de olhar para aquele lugar novamente. Imaginar que eu estivera ali, tão debaixo da terra me agoniava.

O fato dos portões de madeira estar abertos era mais uma prova de que não esperavam que eu escapasse. Mas alguma coisa, talvez os barris de gasolina, me dizia que aquele local recebia visitas. Era melhor eu sumir de lá, rápido.

O corte aberto na minha pele ardia, e estava me impedindo de andar. Entrara numa floresta não muito densa, mas com variações de relevo, senti uma vibração ali, e então vozes e alguns latidos. Precisava correr.

Sabiam que eu escapara e que eu estava viva. Fugindo. É... No final do túnel estão apenas meus inimigos, esperando para acabar comigo.

A idéia de que talvez eu estivesse sendo vigiada por um chip ou algo semelhante me veio à tona. Então me dei conta do que era obvio. Alguma coisa ainda estava na minha coxa, em algum lugar mais fundo do que estivera à plaquinha com a senha. Afinal, se algo esteve escondido ali uma vez, por que não duas?

Peguei um dos pedaços de vidro que haviam se grudado no meu jeans e enfiei rapidamente no corte reaberto. Passei os dedos por cima, procurando sentir algo estranho, e estava ali. Usando o vidro como colher, puxei um quadradinho preto, quase imperceptível que parecia colado debaixo da pele. Um fiozinho de sangue jorrou em meu rosto, mas aquilo não foi nada comparado à dor..

Aquele pedaço de metal vibrava, e emitia um zunido estranho...

Os latidos se aproximavam, e eu achei melhor jogar aquele chip para longe. Amarrei ao pedaço de vidro com a tira de pano que um dia fora minha bandagem, e atirei por entre as arvores. Senti os latidos se desviarem, e afastarem-se. Logo em seguida, ouvi vozes ao longe dizendo algo, em alguma língua que eu não entendia.

Encontrem-me agora, otários!...

...O sangue! Eu deixara um rastro de sangue!

Pulei de volta a terra, e corri o mais rápido que pude, para alguma direção qualquer. Eu estava quase inconsciente novamente, o esforço estava ficando restrito, e então, consegui ver uma estrada de concreto ao longe. Ouvi disparos atrás de mim, um deles acertou uma árvore, um deles, de alguma forma, tirou um dos meus tênis, e por fim, um deles me acertou. Raspando, apenas machucou meu braço. Tropecei, mas consegui voltar a correr, pegando bastante impulso ao empurrar um tronco caído. Agora, segurando o novo ferimento, a corrida parecia mais difícil, mais desleixada, por fim, pulei da terra para o asfalto.

Alguns carros passavam ali, carros antigos, detonados, cobertos por lama e folhas. O asfalto era quente, um dos meus pés sentia isso.

Numa tentativa desesperada, provavelmente a última que eu teria, lancei-me no para choque de uma caminhonete que vinha andando numa velocidade reduzida. Segurei-me com toda a força e pulei para dentro da caçamba. Deitei ali e então, sem que o motorista percebesse, segui em frente com ele. Vi de relance alguns cães atravessarem a estrada e correrem atrás do carro, mas pararam logo quando viramos na primeira curva. Só queria me afastar o máximo possível daquele lugar... Ir embora, que me deixassem em paz.

A freqüência de carros ficou maior, algumas casas bastante simples surgiram e então, eu dormi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, é, a personagem vive afinal.
Maaaaas...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Checkmate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.