Era uma daquelas tardes de fim de Dezembro, quente, úmida, com ventos fortes a noite. Entretanto, naquele dia a chuva costumeira não veio, e haviam muitas pessoas no parque conosco.

Me lembro de ser um dia especial, mas a comemoração não me vinha a mente. Mas me recordo de brincar com um colar grosso de contas marrons que minha mãe usava. Meu pai, escorado ao carvalho antigo, nos fotografava. Só saberíamos se ficara bom dali três dias, quando ele mandasse as fotos para revelarem. Mas sei que ela era saiu ridícula, porque não tinha notado isso ainda.

Mas apesar disso, podia dizer que me sentia tranquilo. Feliz. Talvez até num Nirvana. Tão perfeito que tive que me forçar de volta a realidade. O parque morto sob meus pés, as folhas secas estalando com um barulho irritante . O vento movimentando os galhos nus, fazendo as árvores quase caírem, saírem de seu chão.

Encarei o lugar que já fora tão feliz e suspirei. Agora, as memórias eram tão negras quanto o parque abandonado. A cor que se fugia pelos meus dedos como a rosa branca que eu deixava cair no chão. As pétalas brancas que se iam com o vento eram como tudo que eu sabia.

Memórias fantasmas jogadas ao vento.

Fantasmas como eu.

Névoa como tudo que eu tocava.