Nico Angst Files escrita por Ysmiyr


Capítulo 1
Clock Strikes


Notas iniciais do capítulo

HEY CUPCAKES
De novo, eu não paro D: isso ainda vai ser um problema, mas prometo colocar em ordem as outras fanfics assim que puder! o/
Bem, essa fic é um conjunto de ones sobre situações de angst envolvendo o Nico. (Depressivo? magina!) Pode conter yaoi ao longo das fics, então estão avisados.
A música é do One OK Rock, pra quem quiser ouvir:
http://letras.mus.br/one-ok-rock/clock-strikes/
Se voces conhecem alguma musica legal pra fic, podem mandar! Ajudaria muito :3
Ah, quem narra esse é a Hazel, mas podem sugerir POVs diferentes também.
Bem é isso, espero que gostem!



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Faziam anos que tudo que Nico fazia era fugir. Fugir dos amigos, fugir da verdade, fugir de seus medos. E não é possível dizer que isso o fez algum bem. Não.

Agora faziam mais ou menos três anos desde a batalha, e ele tinha mantido a promessa de sumir. Faziam três anos que ninguém ouvia dele, ou que alguém sequer mencionava seu nome. Era como se Nicolas Di Angelo nunca tivesse existido. Como se ele fosse um dos fantasmas que ele sempre convocava em batalhas, sem identidade. Sem importância.

Quando Jason me disse que ele pretendia sumir, não acreditei. Achei que pelo menos para mim ele manteria contato. Que pelo menos para mim ele ainda sorriria no final do dia.

Mas mesmo assim, durante esses três anos, nunca perdi a esperança. Que algum dia ele voltasse. Que ele me contasse porque de toda aquela tristeza que os olhos tão negros quanto à noite escondiam tão mal. Que ele se abrisse, que parasse de achar que ele não tinha ninguém, que era um pária. Que voltasse para casa e me levasse ao altar. Que voltasse para casa e desse um nome as sobrinhas. Que voltasse para casa e se apaixonasse. Que simplesmente tentasse ser feliz.

Mas parecia que felicidade era algo que ele não experimentava em longos anos. Quando foi a última vez que o vi sorrir? Sorrir de verdade, não aqueles sorrisos forçados que ele me oferecia muito raramente. Quando ele sentou ao redor da fogueira e riu e cantou com todos? Quando ele parou de fugir e se aquietou em algum lugar? Quando ele não era o Rei Fantasma, quando ele não era o temido filho de Hades? Havia algo além disso? E porque ele não... ficou?

Respirei fundo e engoli o bolo da minha garganta. Reyna terminava de fechar meu vestido e Piper colocava o colar que ele me dera quando nos conhecemos. Uma pedra roxa, pequena e brilhante, em forma de coração com inscrições em latim que diziam ‘’Sempre em frente. Nada te derruba’’. Quão mais irônico poderia isso ser?

Sentia falta de sua presença silenciosa, se sua pele fria próxima a mim o tempo todo. Sentia falta do meu irmão. Mas parecia que eu era a única.

(...)

Não era assim que eu queria o casamento.

Não que estivesse algo feio, ou fora do lugar. Era simples e bonita, e Piper não poderia ter feito melhor. Talvez Annabeth quisesse ter mudado algumas coisas, deixado mais inesquecível. Mas ela já não estava aqui tampouco.

Mas eu não queria que fosse Percy a entrar comigo; não quando a aura triste dele me fazia lembrar da minha própria. Eu não queria olhar para o altar e ver um espaço vazio. Eu não queria saber que meus filhos nunca teriam alguém para chamar de tio; pelo menos não legítimo. Mas acima de tudo, não queria que ele tivesse ido.

O que foi o dia mais feliz da minha vida, foi também o mais triste. O mais iluminado, mas ao mesmo tempo o mais sombrio.

Cada vez que uma sombra se movia, eu me movia também, esperando o encontrar em meio a rostos conhecidos. Esperando olhar para seu rosto e ver o olhar desconfortável de quem odeia ser notado. Olhar suas mãos torcendo nervosas o punho de sua jaqueta e seu cabelo tampando seus olhos. Cabelos esses que eu já tinha tentado de tudo para tirá-los dali, mas nunca funcionou. Nico sempre fazia voltar ao normal.

-Já volto. - sussurrei para Frank antes de me erguer e seguir a passadas largas para longe da festa. Eu precisava de água e de um calmante.

Andei rápido por um momento, e comecei a desacelerar conforme ficava mais longe. Parei em frente a uma árvore grande, grossa e velha. Ergui a mão e toquei nela por um instante. Minhas iniciais ainda estavam ali. Marcadas pela espada de Nico.

Queria gritar. Chorar. Bater Em alguma coisa. Chorar.

-Hey sis. - foi só um sussurro, como tantos que eu achava que tinha escutado antes. Mas dessa vez eu olhei para trás.

Havia sangue em sua blusa preta, rasgada ao meio. Seu cabelo estava uma bagunça, e parecia que tinha sido algo de gosma de monstro. Os círculos embaixo de seus olhos eram muito escuros, agora quase pretos. Os ossos de suas maçãs do rosto estavam tão saltados que eu poderia dizer que ele tinha acabado e sair daquela Jarra. Mesmo assim, em sua mão, de forma firme e decidida pendia sua espada, pingando sangue. Não dourado. Vermelho. Mesmo assim, ele nunca me pareceu tão convidativo.

-Onde você esteve?- perguntei querendo correr até ele, mas não conseguia me mover.

-Podia perder seu casamento, podia?- disse como se isso respondesse alguma de minhas perguntas. -Ah sim. - ele deu um passo a frete, surpreendentemente firme para alguém tão magro e tão pálido. De dentro da sua jaqueta ele tirou um embrulho branco, impecável. Estendeu-me em sua palma, que também não tremia. - Não é muito, mas... – ele deu de ombros e me ofereceu um sorriso amarelo.

Encarei seus olhos ainda sem me mover. Parecia dez mil anos mais velho, dez mil anos mais cansado. E dez mil anos mais poderoso. Mas isso não queria dizer que ele não estava mal. Havia algo na linha deles; rígidas, frias, tensas e... Magoadas. Carente, solitário, miserável, machucado. E isso era apenas o que eu via; pois eu sabia que ele escondia muito mais.

Avancei sem dar chances para ele correr e o abracei com tanta força que senti o braço dele estalar.

-Huh... O vestido...

-Que se dane o vestido!- esbravejei e fiquei daquele jeito até ele, aos poucos, retribuir meu abraço. -Senti sua falta.- murmurei. Ele se mexeu desconfortável e me afastou com um franzido na testa, olhando para o chão. Um olhar que eu tinha visto muitas vezes para saber o que ele queria dizer.

-Voce... Está feliz?- ele ergueu os olhos e parecia ter medo da resposta.

-Estaria mais se você ficasse comigo. - ele balançou a cabeça e me sorriu triste.

-Acredite, estou te fazendo um favor ficando longe. - ele disse com convicção que me deixou triste.

-Mas Nico...

-Voce não tem ideia de como era, Hazel. O que todos diziam sabe... E... Aquilo não vai acontecer com você. Isso eu prometo.

-Como você pode saber? Voce não estaria aqui!-retruquei mesmo sem saber do que ele estava falando. Agarrei seus braços com as unhas, desesperada para não deixá-lo ir.

-Só porque eu não estava fisicamente aqui não quer dizer que parei de olhar por você. - ele murmurou- Eu sei, não é grade coisa, mas é tudo que posso fazer.- ele me olhou quasemiserável, como se ele se odiasse por ser quem é.

-Nico você...

-Eu não tenho muito tempo. Aqui. - ele empurrou o embrulho bordado em minha mão e plantou um beijo em minha testa

-Por favor. - pedi, a esse ponto já em prantos silenciosos- Por favor Nico. Não vá embora. - pedi desesperada, de olhos fechados.- Por favor, não me deixe. Por favor. - os abri de novo ao escutar uma respiração mais forte dele, e vi com espanto ele tentar esconder uma única lágrima que escorria pelo seu rosto ossudo.

-Desculpe Hazel. Mas eu tenho assuntos para terminar.- No momento não entendi. Ele tinha ido e eu ainda não havia entendido o que estava acontecendo.

Só notei tarde demais, quando senti o chão tremer como se chorasse, e os mortos se agitarem embaixo de meus pés. Só então descobri outra característica de Nico que nunca tinha visto;

Altruísmo.

Pois o presente dele era o colar de Annabeth. O colar de coruja de bronze que eu havida dado á ela, enquanto estávamos no navio, tão ocupados que esquecemos dos aniversários. E eu sabia muito bem o que aquilo significava.


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