Iterum Te escrita por VenusHalation


Capítulo 6
Capítulo 6 - Fotografia




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– Já chegamos! – Kyle parou o veículo de frente para um portão velho e enferrujado e buzinou.

Ele e Mina já estavam bem de novo, nos últimos 3 dias tudo parecia ter voltado ao normal. As mensagens, as ligações intermináveis, tudo estava em paz, embora ainda evitassem olhar nos olhos um do outro. Enfim, a senshi havia concordado em fazer as fotos naquela tarde, dando a sua secretária uma folga. Fora buscada pelo fotógrafo pontualmente às 13h e lá estavam eles parados na frente daquele lugar medonho.

Um rapaz, de cabelos escuros, um pouco mais jovem apareceu sorrindo e empurrou o portão. Kyle colocou o carro para dentro. O local era um velho canteiro de obras abandonado. Um prédio, largado e com boa parte da estrutura à mostra, era o principal do local. O chão era terra fofa e vermelha, o que fez Minako caminhar bem mal com o salto alto.

– Obrigado, Misaki! – Cumprimentou Kyle. – Essa é a garota!

– Muito bonita! – Analisou-a com grandes olhos púrpura. – É um prazer, senhorita Aino! Kyle estava empolgadíssimo com tudo!

– O prazer é meu mas... Que diabos está acontecendo aqui?

– Você disse que eu podia fotografá-la hoje, não foi? – Tocou seu ombro levemente.

– Hein? – Piscou repetidas vezes. – Sim, mas...

– Achei o lugar perfeito!

– Aqui?

– Exatamente! – Olhou para o prédio como se fosse um pedaço de bolo. – Eu vou arrumar o restante do equipamento. Mina, vá com Misaki, tem alguém lhe esperando.

– Deus, pra onde vão me levar?

– Para o abate, é claro! – Kyle sorriu brincalhão.

– Exatamente, senhorita Aino! – O jovem Misaki agarrou seu braço e puxou para o lado de fora. – Voltaremos em instantes.

O rapaz continuou puxando seu braço, como se fossem melhores amigos de séculos, saíram da construção abandonada e atravessaram a rua, dando de cara com o hotel de andares imensos daquele lado. Mina pensou que contrastava bastante com o cenário anterior.

– O que vamos fazer aqui? – A loira estava claramente confusa a cada passo.

– Se ficar quietinha, vai saber logo!

Misaki apenas acenou para o rapaz da recepção e ganharam acesso livre para passar, pegaram o elevador, ele clicou o 15º andar. Enquanto a música horrível do elevador tocava, a senshi sentia-se desconfortável e, acima de tudo, curiosa. Quer dizer, ela iria ser fotografada pelo amor da sua vida e nem sabia o que ele estava planejando, sentiu o coração palpitar alguns instantes.

Quando chegaram ao andar desejado, a loira fui puxada novamente, caminharam pelo corredor a passos largos até o garoto resolver bater em uma das portas, esta que foi aberta. Uma era uma negra alta, olhos verdes reluzentes, traços fortes recebera o Misaki com um gritinho histérico. Minako olhou aquela mulher super incomum e bonita a mirá-la de cima à baixo. Ela também fez sua análise, pensando que ela devia ser uma das poucas mulheres no mundo que ficavam tão bem com cabelo quase nenhum.

– Então, você é Minako Aino! – Segurou uma das mãos dela entre as suas. – Bem-vinda! Eu sou Naomi.

– Desculpe, eu estou um pouco... perdida. – Acompanhou a entrada até o apartamento.

– Oh sim! – A mulher virou-se elegantemente. – Meu nome é Naomi, serei sua maquiadora. – Sorriu genuinamente. – Misa vai arrumar o seu cabelo.

– Do que estão falando? – Arregalou os olhos.

– Nós estávamos na cidade, querida. – Misaki mexeu os dedos tranquilamente, agora que Minako reparou, ele parecia bem feminino. – Kyle nos achou e é uma chance única de trabalhar com ele e sua equipe novamente!

– Equipe?

– É claro, você acha que fotógrafos trabalham sozinhos? - A negra sorriu abertamente. – Ainda tem um monte de gente esperando você lá embaixo, montando um cenário lindo em meio aquele caos lamacento... Não vai querer perder a chance de trabalhar com profissionais, não é?

– De forma nenhuma! – Mina, pela primeira vez naqueles dias, sentia-se feliz. Era um velho sonho adolescente sendo realizado.

Foi empurrada aos risos pelos dois profissionais. Ambos eram risonhos e descontraídos, o que abriu espaço para Mina sentir-se muito à vontade. Foi empurrada para um verdadeiro camarim onde teve os cabelos cuidadosamente escovados pelo rapaz e presos em bobes gigantescos, depois disso, Naomi recostou-a em uma cadeira e começou a trabalhar minuciosamente em maquiar seu rosto.

– Aquela bruxa da Aiya vai ficar se mordendo! – Misaki ria enquanto ajudava passando um pincel para a maquiadora.

– Ela não queria fazer ensaio, você sabe. – Naomi não conseguiu esconder a satisfação.

– Ela está perdendo uma oportunidade de fazer algo realmente grandioso! – Gesticulou. – E de ficar com o namorado maravilhoso que tem!

– Aquela ali? – Pigarreou. – Todo mundo sabe que não dá valor ao que tem. – Passou a última pincelada nos olhos de Mina, ainda fechados. – Abra e olhe para cima, meu amor.

– A Aiya de quem vocês estavam falando... – A loira piscava algumas vezes enquanto a outra mulher esfumaçava algo abaixo do olho.

– A insossa da namorada do Kyle! – Misaki torceu os lábios como se tivesse nojo. – Com você está sendo uma delícia de trabalhar!

– Mas eu não falei nada...

– Por isso mesmo, meu amor, você é linda e não quer ensinar nenhum padre a rezar missa! – O homem tocou o braço dela com um leve tapinha na ponta dos dedos. – Terminou? Posso terminar esse cabelo maravilhoso, agora?

– Claro, os últimos retoques, farei lá no nosso “estúdio”. – Naomi desenhou aspas no ar.

– Posso ver como ficou? – A modelo improvisada não conseguia esconder o grande sorriso.

– Nem pensar, só quando nossa obra estiver pronta! – Girou a cadeira para o lado oposto ao espelho antes que Mina pudesse se levantar.

Misaki começou a desenrolar os cabelos da garota como se fossem feitos de algo muito frágil e delicado. A cada grande cacho solto, uma boa quantidade do laquê em spray era jogada contras mexas douradas e o cabeleireiro fazia questão de passar os dedos entre eles. Quando terminou, os olhos miúdos dele a fitavam com brilho e satisfação imensos.

– Está maravilhosa! – Balançou os punhos em excitação.

– Agora eu posso ver? – Mina sentiu-se corar.

– Vire-a, Misa! – Naomi repreendeu o maquiador ao mesmo tempo que sorria.

– Não tem graça brincar com você, chocolatinho! – Mandou um beijinho pelo ar e girou a cadeira para o espelho.

Minako Aino acabara de perder a fala. Seu cabelo estava em ondas em uma bagunça que parecia extremamente organizada ao mesmo tempo, os lábios e as bochechas tinham um leve brilho rosado e, obviamente, seus olhos eram a parte mais marcante. A sombra era uma marcante mistura que ia do amarelo ao laranja, até acabar em um marrom escuro, marcados perigosamente com o preto esfumaçado que realçava os orbes azuis brilhantes. Aquela composição lhe dera um ar bem selvagem, se pudesse definir.

– Feche a boquinha, amor, deixe as expressões lá pra sessão, certo? – Misaki deu leves batidinha no queixo da loira, que estava boquiaberta. – Vamos descer?

– Pare de constranger a meninas, Misa! – Naomi brincou novamente. – Vamos?

– Claro! – Mina não conteve a excitação.

Desceram e atravessaram a pista com instruções bem claras de Misaki para que Mina deixasse o vento bater, pois, ele queria um cabelo bagunçado “ao natural”. A senshi ria e deixava-se levar pela atmosfera tranquilizadora que os dois a deixaram, Kyle havia escolhido as pessoas certas para estarem com ela. Chegaram ao local do prédio abandonado, onde, Minako foi pega de surpresa com mais 3 carros estacionados ali. Entraram no prédio de construção inacabada, onde ela se deixou ser guiada até um cômodo sem porta de onde algumas pessoas saíam levando caixas e cumprimentavam tranquilas. O cenário encontrado ali contrastava bastante com todo o resto: Uma grande cama, cheia de lençóis, travesseiros, almofadas, todos brancos, estava no meio do caos de tijolos, areia, pichações antigas em paredes sem reboco.

–Misaki, Naomi, chegaram na hora, acabaram de montar o cenário! – Uma mulher de sorriso largo, cabelos cor de fogo e com um sotaque engraçado a cumprimentara. - Então, você é a senhorita Aino? Sou Rachel Collins, prazer! – Estendeu a mão tendo a mesma agarrada pela loira.

– Ela prefere Mina, Rachel! – Kyle interrompeu, logo atrás sem se virar, soltando a câmera gigantesca no pescoço depois de clicar um teste.

– Nem pense em virar-se queridinho! – Misaki advertiu. – Só a verá quando estiver pronta!

– Nem me atrevo, você me mataria! – O prateado tinha um tom divertido, ainda de costas.

– Agora vem, linda, nós vamos com a Rachel, ela vai vestir você. – Naomi a puxou pela mão.

Foram para um cômodo ao lado, onde araras improvisadas foram montadas, bem como um tablado para cobrir o chão de terra. Os três começaram a despir Minako juntos, com cuidado, para não destruir nem maquiagem ao cabelo, Rachel, primeiramente entregou-lhe um lingerie preta e a fez vestir atrás de um box de pano – também improvisado- sorriu satisfeita ao ver a modelo na sua frente apenas de roupas íntimas. Ela tinha algumas cicatrizes finas, mas que nada atrapalhavam na delicadeza dos traços finos, no quadril mais largo e seios avantajados.

– Kyle não é nada bobo, você é linda! Tem certeza que não é profissional? – Puxou uma camisa branca e larga. – Levante os braços, sim?

– Eu queria ter sido, há muito tempo... – Riu-se, pelo menos os treinamentos como senshi não haviam deixado ela perder a forma. – Mas sabe como é, a gente precisa sobreviver de alguma forma.

– Sei sim, claro, mas é um desperdício! – Soltou o sutiã das costas da loira.

– Mas o que... – Levou os braços para cima, ruborizada.

– Parece um quadro! – Naomi abaixou os braços da outra. – Não tem do que se envergonhar.

– Mas Kyle... Ele está lá e ele... ele... – O rosto queimava.

– Querida, ele é um profissional! – Misaki gesticulou. – Com certeza você não é a primeira e nem a última mulher seminua que ele clicou, acredite!

Kyle dava os últimos ajustes de luz no cenário. Era por volta das 4 e meia da tarde e era o horário que ele queria, era o horário que ele tinha se programado para fotografar, afinal, era quando as primeiras luzes do pôr-do-sol começavam a entrar por todas as frestas do local abandonado. Levantou a câmera na altura dos olhos mais uma vez e clicou, quando a abaixou lá estava sua amiga, ou melhor, sua modelo pronta para a sessão.

– Nossa! – Não pode deixar de mostrar surpresa. – Você está ótima!

– Obrigada... – Corou e colocou um pouco do cabelo atrás de orelha, desajeitadamente, recebendo um olhar repreendedor do cabeleireiro que a fez tirar na mesma hora.

– Tire os sapatos e suba na cama. – Kyle pediu gentilmente, ainda hipnotizado pela visão que ela era.

Mina começou a sessão bem tímida, mas aos poucos se soltava. Entre caras, bocas, posições ousadas e sorrisos enigmáticos, era como se despertasse todo o poder e sensualidade que tinha como regente do planeta de onde originalmente vinha.

Kyle clicava cada foto se sentindo atordoado e, em seu íntimo, perguntava se era possível que não se lembrasse de absolutamente quase nada da noite em que ficaram bêbados. Cada expressão no rosto da loira era inesquecível demais para fazer algum sentido. Queria praguejar contra a bebida. Aiya havia sumido quase que completamente de seus pensamentos.

– Acho que me enganei quanto ao profissionalismo. - Misaki deu uma cotovelada em Naomi enquanto os dois de afastavam. – Kyle a olha como um pedaço de carne!

– Não seja tão maldoso! – Rachel riu.

– Ela está caidinha por ele, se me permitem dizer. – Naomi também brincou.

– E quem não está, meu amor? – O homem riu. – Se ele não fosse hétero, não me escapava, não mesmo!

~*~

– Você foi realmente fantástica hoje! – Kyle parou na frente do prédio. – A equipe lhe elogiou bastante.

– Não seja bonzinho assim! – Brincou, se sentindo um pouco envergonhada.

– Não, é sério! É como se você já fizesse isso há anos!

– Não precisa dizer essas coisas para me fazer sentir bem! – Revirou os olhos, ainda em tom de brincadeira.

– Não brincaria com algo sério como meu trabalho... – Olhou para ela e buscou o azul que tanto mexia com seu íntimo. – Você é maravilhosa.

– Obrigada... – Seu coração disparou, os lábios se entreabriram procurando ar, borboletas dançavam em seu estômago. – Você já foi na Osa-p? – Perguntou desesperadamente, querendo acabar com aquela tortura.

– Ah... – Saiu do transe. – Ainda não.

– Ouvi dizer que sábado pela manhã eles recebem coisas novas. – Mentiu.

– Então eu vou lá. – Bateu os polegares no volante. – “Por que estou tão incomodado?”

– Boa noite, Kyle! – Inclinou-se e deixou um beijo na bochecha do prateado.

– Boa noite! – Acenou, vendo-a sumir pelo saguão como todas as outras vezes, por alguma razão, aquilo apertava no peito.


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Notas finais do capítulo

Nada melhor do que uma noite de doença em casa pra me fazer escrever, né? :v
Desculpe gente, mas nem vou revisar... Tô morrendo de dor de cabeça, coriza tá tensa, garganta tá tensa...
Resfenol do amor pra mim :v



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