Iterum Te escrita por VenusHalation


Capítulo 2
Capítulo 2 - Algodão Doce


Notas iniciais do capítulo

Kyle = Kunzite
Zachary = Zoisite
Jun = Jadeite
Masato = Nephrite

Só pra ficar claro. Sim eu usei as letras do primeiro nome de todos pra não confundir, exceto com o Neph pq eu gosto de Masato e é o nome fake dele no mangá/anime mesmo husauhashuashuas... Então, acho que não vai dar pra confundir, né? :3



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Havia cerca de dois meses desde que Kyle havia aparecido nas noites de boliche e que, de fato, estava gostando dos amigos que fizera. Jun, Zachary, Masato e Mamoru eram ótimas pessoas e os cinco se davam excepcionalmente bem. Tóquio já não era mais tão tediosa e o deixava até feliz estar ali. Não que não tivesse bons amigos em Osaka, mas com esses homens tinham algo especial, ele sentia que podia conversar abertamente com todos, além disso, assistiam a bons jogos de futebol aos domingos.

No início foi estranho para ele, afinal todos o receberam de braços abertos como se fosse um amigo que há muito não viam. Inclusive, os quatro homens sabiam exatamente seu modo de agir e até suas preferências quanto a bebidas e seu modo um pouco mais reservado, não insistiam tanto em perguntas e apenas conversavam casualmente. Podia jurar que o olhavam com certo respeito e que sempre procuravam algo nele. Mamoru, desde de o dia em que se conheceram, buscava seus conselhos frequentemente, mais até do que dos outros. Era um comportamento muito engraçado para Kyle, mas que não o incomodava, era bom sentir-se acolhido.

Era mais um fim de noite de boliche, os cinco saíram rindo do estabelecimento e desciam as escadas conversando trivialidades. Chegaram a porta e acenaram alegremente, combinando algo sobre o jogo de domingo. Kyle fez menção para sair e puxou a chave do carro do bolso, porém, foi parado antes.

– Kyle, espere, há algo que quero lhe entregar! – Mamoru estendeu um pequeno envelope cor-de-rosa para o homem.

– Uma declaração de amor? – Riu ao ver a cor do objeto.

– Até gostaria, mas Usagi é mulher da minha vida, não há espaço para outra! – Levantou uma das sobrancelhas brincando.

– Assim você parte o coração do Kyle! – Jun deu leves tapinhas no ombro do moreno.

– Deixo ele para você, Jun! - Kyle olhou divertido para o amigo e abriu o envelope que continha um pequeno convite. - Bem, vejamos...

– É aniversário de dez anos de minha Chibiusa neste sábado, gostaria que a conhecesse. – Aquele convite era para o velho Kunzite, não para Kyle. Mamoru sabia que se o tivesse encontrado antes, que se ele tivesse suas memórias, com toda certeza ele teria sido padrinho da pequena.

– Seria bom também que conhecesse nossas famílias, acho esse evento perfeito para tal. – Masato jogou um dos braços sobre os ombros do amigo.

– Então, o que nos diz? – Zachary abriu um sorriso de orelha a orelha.

– Já ouvi tanto falar da vida de vocês que acho que me sentirei em casa, eu vou. – Afirmou tranquilamente recebendo alguns tapinhas nas costas. – Posso levar a Aiya?

– Claro! – Afirmação falsa, algo em Mamoru dizia que todos o reconheceriam, inclusive certa Sailor Venus que não ficaria nada satisfeita.

Despediram-se amigavelmente e ao chegar em casa, Mamoru deixou avisado a Usagi sobre a presença do ex-shitennou.

– E você só me avisa que ia convidá-lo agora? - Usagi bateu o pé impaciente.

– Usako... Entenda, eu gostaria dele aqui. - Acariciou a bochecha da esposa.

– Mas ele não tem as memórias de volta...

– Estamos adiando isso há dois meses.

– Se pudéssemos contar pra ele, seria tão mais fácil! - Fez beicinho.

– Você arriscaria mesmo isso? - Riu e puxou uma das mãos da loira. - Setsuna arrancaria seus olhos fora antes de qualquer coisa.

– Elas já vão querer matar a mim e a você por ter omitido as informações, não é? - Choramingou afinando a voz em uma birra bem "Usagi".

– Acho que antes de nos preocuparmos com nossas vidas, devemos lembrar que suas guardiãs vão querer matar os maridos primeiro. - Riu, se aproximou e estalou um pequeno beijo sobre os lábios da mulher. - Mas é sério: Preciso que você converse com as meninas, tudo bem?

– Tá bem, mas você vai ter que recompensar muito! - Soltou um risinho e agarrou o marido pelo pescoço.

– Eu trouxe chocolates... - Sussurrou ao ouvido dela.

– Oh, Mamo-chan! Que golpe baixo! - Puxou-o para um beijo apaixonado e longo. - Eu amo tanto você!

A rainha da lua sabia o quão importante era para Mamoru ter seu melhor amigo de volta, assim como era para ela ter suas senshis por perto. Finalmente podia dizer que o Shitennou estava completo e se fazia seu marido feliz, a fazia feliz também.

oOoOo

A perspectiva de conhecer pessoas sempre deixava Kyle nervoso, ainda mais sozinho. Aiya havia avisado que tinha um trabalho importante em cima da hora, na verdade, ela era o maior motivo pelo qual ele estava chegando atrasado ao aniversário da filha do amigo. Suspirou e conferiu o endereço estampado no convite mais uma vez, parando em frente a uma casa de portão baixo e branco, segurou o embrulho nos braços desajeitadamente e apertou a campainha um pouco desconfiado. Esperou pouco até ver Mamoru se aproximar com uma menina de cabelos róseos no colo e vir em sua direção.

– Kyle! – Puxou a trava do portão. – Que bom que veio!

– Olá! – Acenou e encontrou os grandes olhos vermelhos de Chibiusa.

– Essa é minha Chibiusa, diga “olá” para o tio Kyle, filha. – Colocou-a no chão.

– Olá, tio Kyle! – A voz doce saiu acompanhada de um sorriso meigo.

– Olá, pequena, isso é pra você. – Abaixou até a altura da maninea e entregou a ela uma caixa com embrulho branco e uma fita rosa que ela rasgou sem dó.

– Um pégaso! – Exclamou puxando o bicho de pelúcia de dentro da embalagem. – É lindo, obrigada! – Saiu correndo com o brinquedo na mão.

– Ela adora pégasos. – Afirmou Mamoru.

– Então acho acertei. – Acenou para a garota entrando na casa, ela parecia muito menor para uma menininha de dez anos, daria uns quatro ou cinco para ela facilmente.

– Mas venha! – Fez sinal para que ele entrasse. – Onde está Aiya? Ela não viria?

– Bem... – Abaixou os olhos sem emoção. – Ela não pode vir.

– Sinto muito. – Sentiu um imenso alívio, na verdade, quase visível em sua voz.

– Tudo bem. – Sorriu genuinamente, sem notar. – Os rapazes estão aí?

– Estão!

O quintal da casa emprestada dos pais de Usagi estava completamente enfeitado com tons de rosa e branco, haviam brinquedos de festa e carrinhos de algodão doce e pipoca, as crianças corriam de um lado para o outro e a música alegrava ainda mais o ambiente festivo. Kyle não via uma festa assim desde que irmã mais nova havia feito 12 anos. Olhou para os lados e encontrou seus companheiros sentados juntos.

– Chegou o solteiro da festa! – Brincou Jun dando leves tapinhas na mesa.

– Não brinque com isso, Jun, ele tem uma namorada! – Zachary repreendeu sabendo das reais intenções do loiro.

– Sim, ela apenas não pode vir. – Kyle respondeu divertido.

– É apenas uma piada, Zach. – Masato retornou a brincadeira. – Também fomos abandonados por nossas mulheres, estão todas lá em cima olhando o novo ultrassom de Ami, por isso Zach está tão nervoso.

– Falou o cara que, quando Makoto estava grávida, faltava carregá-la no colo. – Desdenhou Zach.

– E você não carrega Ami? – Masato riu mais abertamente.

Conversaram e riram alguns minutos, na verdade, zombaram um do outro mutualmente arrancando risadas conjuntas. Masato levantou para ajudar a filha, de apenas quatro anos, a se levantar de uma queda acidental o que deu a deixa para conversa parar e Kyle levantar e procurar um banheiro, apontado por Mamoru como estando do lado de dentro. Parou na sala vazia procurando pelo corredor que levaria até o cômodo, girou os calcanhares para o seu destino encontrando grandes olhos azuis fitando-o incrédulos.

– O que você está fazendo aqui? – Minako, com certeza, estava surpresa.

– A garota do café! – Também olhou assustado e quase engasgou nas próprias palavras.

– Não... Espera... O quê? Licença! – Saiu da frente dele e acelerou o passo para o andar de cima, buscando Usagi. – Usa... Usa... Usa... Onde você está?

– Mina? – A voz de Usagi soou atrás da guardiã, que estava com a cabeça pra dentro do quarto de Chibiusa.

– Por que diabos ele está aqui? – Só conseguiu ser direta puxando a amiga pra dentro do cômodo.

– Oh... Droga! – Deu um tapa na própria testa. - Sabia que havia esquecido de avisar alguém.

– Como assim “avisar”?

– Bom, Mamo-chan encontrou-o há uns dois meses e eles viraram melhores amigos outra vez. Eu achei que era importante pra ele tê-lo de volta, mesmo que ele não se lembre de absolutamente nada. - Coçava o topo da cabeça.

– Dois meses? – Levantou a voz. – Dois meses e você me avisa hoje?

– Eu achei que não era tão importante, sabe... – Bateu com o indicador no queixo repetidas vezes. - Mas as outras sabem!

– Cabeça de vento... – Fechou os olhos e respirou profundamente. – Vou agir naturalmente, nada está acontecendo.

– Ele está lindo, não é? – A loira de odangos deu uma cutucadinha com o cotovelo na amiga.

– Não diga mais nada! – Segurou Usagi pelo braço corando fortemente com a afirmação.

Minako respirou fundo e voltou para o ambiente da festa puxando a amiga. Um garotinho de cabelos bem escuros puxou a sua saia e fez um pequeno pedido em seu ouvido, que ela afirmou com a cabeça e sorriu para o menino fazendo um aceno para que ele esperasse. As loiras estavam indo em direção a mesa de doces, quando foram interceptadas por Kyle.

– Você! – Ele parou de frente para Mina. – Ainda não me deixou redimir-me pela camisa.

– Com licença. – Usagi cantarolou e saiu de fininho, sendo completamente ignorada pelo casal.

– Não foi nada. – Ele podia até ser outro cara, mas tinha a mesma mania de redenção do seu passado, isso ele tinha.

– Por favor, eu não vou viver em paz! – Implorou.

– Certo, traga-me um algodão-doce.

– O quê?

– Um algodão-doce! – Apontou para o carrinho rosa, guiado por um rapaz com um macacão de mesmo tom, onde crianças formavam uma fila.

Kyle olhou incrédulo e viu a expressão séria da garota, acabou entrando na fila com as crianças, o que fez Minako começar a rir colocando a mão na boca quando ele voltou com o cone enfeitado com uma espiral cintilante cheio do açúcar fofo e rosa.

– O que é tão engraçado?

– Você realmente foi. – Ela sorriu enfiando um pedaço do doce na boca. – Achei que iria recusar, dívida paga. – Passou a língua pelos lábios tirando o excesso de açúcar colorido.

– Sério? – Corou ao notar: loira, olhos azuis e aquele movimento foi sexy, inocente, mas sexy. – Não acredito ter pagado nada com um algodão doce que me foi de graça.

– Já disse, não tem problema, não era uma camisa nova de qualquer jeito.

– É sério...

– Certo, lhe ligo, tenho seu cartão. – Entregou um pedaço de algodão para ele. – À propósito, Kyle, sou Minako Aino.

– Tia Mina. – Um garoto de cabelos escuros puxou a barra do seu vestido. – Agora você pode?

– Claro, querido. – Ela agarrou a mãozinha do menino e foi puxada. – Até mais! – Acenou para o homem.

– É uma prazer, senhorita Aino! – Acenou de volta vendo-a se afastar.

Ela estava com uma multidão de crianças em volta que a pediram para cantar. Sua voz projetou-se pelo jardim enquanto os pequenos escutavam em silêncio, aquilo soava para Kyle, muito familiar. O prateado observou a canção por alguns minutos e voltou para a mesa onde os amigos se encontravam anteriormente.

– Nossa, vocês conversaram bastante. – Zachary indagou sobre a interação repentina dos dois. - Você já conhecia a Mina?

– Na verdade, eu derrubei café nela há algum tempo, mas não sabia seu nome. – Saiu do transe ao observá-la. – Ela me pediu um algodão doce para me redimir.

– Ela é realmente muito bonita, não é? – Jun torceu os lábios em diversão. – Acho estranho ela ainda estar solteira... – Recebeu uma cotovelada nas costelas bem dada por Zach.

– Ela é bonita, sim... – Kyle desviou o olhar.

– Minako parece um anjo. – Masato bebericou refrigerante em seu copo de plástico, ignorando a dor de Jun. - Lembro que há alguns anos ela arrumou um namorado que dizia que ela era a própria encarnação da deusa do amor.

– Makoto sabe que você diz essas coisas de uma de suas melhores amigas? – Jun voltou ao tom zombeteiro.

– Quer outra cotovelada? – O moreno olhou desafiador e brincalhão para o amigo.

– De qualquer forma, foi uma surpresa encontrá-la aqui. – Voltou seu olhar para a mulher cercada de crianças.

Kyle fora apresentado as demais mulheres da festa, além de as esposas dos amigos, conhecera as outers e podia jurar que recebera um olhar bem analítico e desafiador de Haruka.

O olhar voou pela festa e o fotógrafo mal conseguia se concentrar, nem mesmo a conversa dos amigos parecia interessante, ele apenas seguia a loira com os olhos. Nele habitava um sentimento de algo quente e acolhedor sempre que seus olhos se encontravam, sempre que ela sorria ou acenava ele desviava e balançava a cabeça, foi necessária uma força absurda para trazer Aiya de volta aos seus pensamentos. Achou melhor ir embora assim que cantaram os parabéns.

Deitou em seu quarto e pegou o celular discando o número de Aiya, que só caía na caixa de mensagens. Fechou os olhos e lembrou de Minako Aino, a garota do café e, agora, do algodão-doce. Ela era atraente, muito atraente, mas ele tinha Aiya, que não aparecia há dias, mas ele queria casar-se com ela, ele estava pronto pra isso. Ou pelo menos, ele pensava que estava.

Não muito longe dali, Minako havia chegado em casa mais feliz que o habitual e tinha se decidido de que tudo era um sinal: o café, o algodão doce, o encontro inesperado, ele ter se tornado amigo de Mamoru tão rapidamente. Kunzite estava vivo e ela não deixaria seu amor fugir por entre os dedos outra vez, ele havia prometido, não era?

Depois de passar por uma semana sonhadora, a loira sacou o celular da bolsa e ligou para ele.

– Kyle Matsui, no que posso ajudar? – Sua voz era bem séria ao telefone.

– Oi Kyle, é Mina. – Recebeu um longo silêncio. – Minako Aino!

– Ah sim! – Atrapalhou-se com uma foto que editava no computador. – Senhorita Aino!

– Está livre amanhã?

– Bem... Eu tenho de me encontrar com Aiya. – Afirmou calmo, haviam exatas três semanas que não via a namorada. – Mas domingo estarei tranquilo, não haverá jogo e Aiya estará ocupada.

– Oh... – Cochichou tristemente. – Bem, domingo está ótimo...

– Então, onde a levo? – Sua voz continuava séria.

– Aonde quiser, você me deve. – Ainda tinha um toque de decepção ao projetar as palavras.

– Salvarei seu número, lhe ligo sábado, até mais!

– Até! – Desligou o celular e voltou a contemplar o outdoor do café onde tudo havia começado.

Era quase dez da noite de sábado quando Mina sentiu o celular vibrar debaixo do travesseiro, olhou nervosa para o visor até as letras desembaçarem e fazerem algum sentido.

– K... Y... Le... – Os olhos arregalaram e ela clicou no botão verde. – Kyle!

– Alô? – A voz masculina do outro lado da linha estava bem confusa com o grito. – Aino?

– Sim, é ela. – Voltou ao tom normal.

– Desculpe ligar tão tarde, estou no banheiro de um restaurante, na verdade. – Riu sem graça. – Posso buscá-la amanhã cedo?

– Quão cedo?

– Pela manhã, às 10:00. – Continuou. – Há um parque que eu quero conhecer, pode ser?

– Tudo bem.

– Mande seu endereço por mensagem! – Terminou.

– Certo, até mais! – Desligou, digitou a mensagem rapidamente e dormiu um sono gostoso, pela primeira vez sem sonhos de um passado distante.


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Notas finais do capítulo

Yay!
Capítulo longo, né?
Gente, minha intenção não é fazer uma fic gigante, que fique claro.
Por isso as coisas vão desenrolar um pouco rápido, certo?
Espero que gostem e aguardo os reviews!



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