Iterum Te escrita por VenusHalation


Capítulo 1
Capítulo 1 - Cafeína


Notas iniciais do capítulo

Essa história é uma sequência de "Você estará de volta", porém, não é necessária a leitura da mesma para ter entendimento desta(Mas seria legal se você passasse por lá :v). "Iterum te", quer dizer em latim: Mais uma vez você.



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Depois de uma longa semana na lua, treinando as pequenas novas guardiãs da princesa, Minako havia voltado para a sua vida normal cheia de pessoas, papéis e casos. Diferente do que muitos acreditavam, a loira não havia se tornado nenhuma superestrela ou algo do tipo, havia entrado em uma universidade – o que deixou Ami muito orgulhosa na época – e escolhido o curso de direito. Minako Aino era apenas uma advogada em seu escritório lotado de processos, o desejo de fazer justiça ainda era muito forte dentro dela para simplesmente abandonar depois que o reino da lua alcançou a paz.

A loira jogou-se na cadeira do escritório e começou a folhear um dos montes de processos embrulhados em pastas de papel pardo, leu várias vezes tentando absorver as linhas do caso, mas não estava conseguindo trabalhar direito, afinal, desde que tudo havia se acalmado sua cabeça insista em presenteá-la durante o sono com lembranças de bailes, luzes, vestidos pomposos e romances proibidos. Seria o sonho de qualquer garota, mas para ela nada mais eram do que pesadelos, afinal, Kunzite estava em todos eles. Fosse em uma bela dança ou em seus braços com a espada cravada no estômago. Minako sempre acordava tristemente, lembrando-se das palavras de Ace.

Haviam quase sete anos desde a volta de Jadeite - mais conhecido em sua nova vida como Jun – Minako havia desistido de esperar, uma vez que Nephrite e Zoisite também haviam voltado com pouco tempo de diferença, na verdade, meses de diferença. Em um ano, os três Shitennou já faziam parte da corte lunar e mantinham relacionamentos com suas respectivas destinadas. Assim que viu que todas estavam casadas e Rei dera a luz ao primeiro filho, isso três anos depois de Jun aparecer, a venusiana começou a culpar a maldição das cartas de Kaitou Ace e aceitar que, realmente, seu amor estava perdido no tempo e espaço. Lógico que ela tentou driblar a sua fortuna de amor várias vezes, porém, por mais que tentasse encontrar diversos casos, nenhum deles terminava em sucesso. Até chegou a engatar um namoro com Motoki, o relacionamento durou cerca de dois anos, mas ele acabou mudando para os Estados Unidos para estudar desenvolvimento de jogos – o que era bem irônico para um dono de fliperama - pra onde ela se recusou a ir. Desde então, ela se dedicava apenas a cuidar do trabalho, tanto de advogada como de Sailor Senshi.

Enfim, ela não havia dormido nada na noite anterior, foi novamente assombrada por um sonho daqueles. Esse em particular era o pior, e não se tratava da morte dos dois ou dos fantasmas de brigas, era uma lembrança muito clara dela e do ex-general shitennou dando um beijo nada casto debaixo do céu estrelado no frio do deserto. Minako havia acordado com o coração aos pulos, sentindo o misto de perigo e adrenalina que somente compartilhara com ele antes. Então, a partir daí, decidiu não dormir o resto da noite, o que a fez querer morrer no escritório pela manhã.

Coçou os olhos preguiçosamente e espreguiçou na cadeira giratória, deu um vislumbre para o lado de fora e viu o outdoor da cafeteria – Uma Starbucks gigantesca, com aquele outdoor vintage, decorado com um grande como branco e os dizeres e marca em verde, praticamente implorando por atenção - em frente à janela, aquele lugar gritava para ela descer. Esticou-se e desceu as escadas do pequeno prédio calmamente, tentando manter o foco nos degraus, depois disso o sono era tanto que quando viu já estava com o copo em mãos sentindo o forte aroma de café preto e forte vindo do buraquinho expelindo vapor fumegante. Deu um gole e sentiu-se revigorada o suficiente para voltar, abriu a porta do estabelecimento e deu o primeiro passo, sendo atropelada por uma pessoa mais forte, mais alta e do sexo oposto que passava. Sentiu o líquido quente espalhar-se por toda sua camisa branca e esquentar a pele.

– Oh céus! – O homem voltou e estendeu a mão. – Me desculpe!

– Não tem nada, isso acont... – A voz morreu quando encontrou o rosto preocupado e aquele belo par de olhos cinzentos.

– Moça, você está bem? – Continuou com o braço estendido e o mexeu nervosamente.

Minako estava estática e com a boca aberta observando cada mínimo detalhe do homem sem graça na sua frente. A pele morena, os olhos de aço, o cabelo grisalho, – mesmo que curto, praticamente raspado em um corte quase militar. – ele estava na sua frente em carne e osso, até mesmo a voz, aquele barítono rouco, não havia mudado. Era Kunzite, ela tinha certeza.

– Moça? – Inclinou-se para ela e estalou os dedos na frente do seu nariz. – Está tudo bem?

– Ah! – Acordou do transe e agarrou a mão do outro para erguer-se, seu toque ainda era firme como ela se lembrava. - Minha camisa está arruinada...

– Sinto muito... Posso pagar-lhe outra, eu deveria ter sido mais cuidadoso. - Passou a mão na cabeça e observou a pele da loira em uma coloração cor de rosa na abertura em seu busto. – Você se queimou?

– Não, está tudo bem! – Ela sorriu, tentando não parecer confusa. – Não era bem uma camisa nova mesmo.

– Nem outro café? – Estava realmente se sentindo culpado.

– Está tudo bem, é sério! – Puxou um lenço da bolsa e começou a passar na roupa. - “Responda que sim, Minako!” – Brigou consigo mesma em pensamento.

– Olhe, eu estou atrasado, mas tome, esse é meu cartão. – Entregou o pequeno pedaço de papel duro e retangular nas mãos dela e sorriu sem graça. – Deixe-me recompensá-la qualquer dia.

E do mesmo modo que veio, ele foi embora, sumindo em uma multidão de gente e deixando uma Minako confusa e desnorteada que correu de volta para o escritório, a secretária olhou o estado da chefe e estava prestes a abrir a boca.

– Eu sei, estou suja e foi um acidente. – A loira correu para trás do escritório e fechou a porta. – Desmarque absolutamente tudo que eu tiver pra hoje! – Gritou do lado de dentro.

Mina sentou nervosamente na cadeira, que não conseguindo conter a excitação de ter aquele cartão em suas mãos. Desajeitadamente, abriu o notebook e segurou o pedaço de papel entre os dedos, observando a pequena arte de uma câmera fotográfica simplória acompanhada da logomarca “K.Fotografia”, do lado avesso, em letras de forma encontrava-se um e-mail, número de telefone celular e, obviamente, o nome do fotográfo em questão: “Kyle Matsui”.

– Certo, Minako... – Puxou o ar profundamente e começou a digitar o nome no google. – Vamos ver o que o google diz sobre...

A lista de resultado da busca era bem grande. Primeiramente estava o próprio site do homem com portfólio fotográfico, fotos para revistas e editorais de moda famosos estavam bem grandes expostos em galerias distintas. Mina foi atraída pelo portfólio de fotos artísticas, onde o autor brincava com cenas simples, tecidos, pessoas, luzes, sombras tudo em preto e branco. Um sorriso esboçou em seu rosto quando pegou-se vendo essas fotos, era bem a cara dele manter um conteúdo mais clean.

Fechou o site depois de pelo menos uma hora e voltou a busca vendo que Kyle, além de habilidoso e competente como fotógrafo, ainda tinha notícias em peso de sua família jogadas na rede – ricos investidores – e vários casos em sites de fofoca sobre seus relacionamentos amorosos com modelos, na maioria, namoros surgidos depois de trabalhos. Certo, Mina estava lidando com uma espécie de subcelebridade cobiçada, poderia tê-lo encontrado antes e estava “googando-o”. Respirou fundo e clicou na opção do google que organizava notícias recentes, em um link de site de fofoca apareceu no topo:“Aiya Winters e Kyle Matsui assumem namoro”.

Aquele era mais um nome para jogar no google. Em poucos minutos, a loira já havia visto que Aiya Winters era uma modelo, mãe japonesa, pai americano, nascida e criada no Japão. Apenas uma loira aguada – pelo menos ao ver de Minako – que arrancava sorrisos do namorado - ler a palavra "namorado" fazia a advogada torcer o rosto em várias caretas - em fotos casuais.

Sorriso. Passou os dedos sobre a tela do computador totalmente pensativa sobre o riso sincero estampado no rosto do ex-general shitennou.

Ficou olhando aquele sorriso nas fotos do casal por horas, ele nunca sorria assim no Milênio de Prata. Mas é claro que não, ele era um soldado, órfão, treinado e quebrando regras, ela entendia perfeitamente que ele não poderia sorrir daquele jeito, nunca. Ele não devia se lembrar de nada de seu passado trágico. Minako olhou o cartão o com o número dele estampado mais uma vez e suspirou, jogou o pedaço de papel dentro da gaveta, talvez fosse melhor deixar as coisas como estavam, Kunzite parecia muito feliz.

oOoOo

Kyle estava uma pilha, os últimos dias haviam sido estressantes. Tão estressantes que o fizeram errar o envio de arquivos de fotos para uma revista local, o que o fez correr para desfazer a troca. Na pressa o seu carro furou um pneu, ele tentou – sem sucesso – trocar, foi obrigado a procurar uma estação de metrô e, ainda, conseguiu esbarrar com uma mulher e sujá-la inteira de café no caminho. Tudo desesperador, ao menos ele havia conseguido desfazer a confusão com as fotos. Mas não bastasse todos os problemas da semana, agora ele estava dentro de uma joalheria com a pressão imensa em encontrar o anel perfeito e ver locais para preparar a melhor noite do mundo para pedir Aiya em casamento. Aiya que o havia convencido de que Tóquio seria uma ótima cidade para se viver e ele até agora não havia visto nenhuma vantagem além de conseguir trabalhar melhor. Mas valia à pena, pois a namorada era linda, um anjo perfeito com seus cabelos loiros e longos e seus olhos azuis brilhantes... Ele sempre tivera um fraco para esse tipo de mulher. Era até uma piada interna com os amigos, desde a faculdade: Kyle sempre namorava garotas loiras – com cabelos longos, curtos não o atraiam - de olhos azuis, até mesmo fora presenteado com uma boneca Barbie em sua formatura como uma piada interna de um dos amigos de faculdade.

O prateado rodou a prateleira da joalheria a passos lentos por, pelo menos, umas dez vezes, como se esperasse que magicamente um anel iria aparecer e acabou não comprando nada, parecia que nada era suficiente, tentaria pensar em algo melhor e mais imponente para ela. Saiu a passos largos e pensamento confuso, esbarrou em alguém novamente, mais uma vez café, mais uma vez sujou uma camisa branca.

– Droga! – Resmungou, pensando que só podia ser um imã de cafeína. Pelo menos sua vítima não havia caído no chão dessa vez. – Me desculpe!

– Sem problemas. – O homem da mesma altura fez um aceno e olhou para frente.

– Olhe, eu não sei o que há comigo, é a segunda vez que isso acontece... – Estava muito desconsertado.

– Nossa... – Olhou o rosto de Kyle como se fosse um fantasma, de fato era quase.

– Olhe, eu posso pagar uma outra camisa ou outro café...

– Cara, você está uma pilha! – Mamoru não era do tipo de indivíduo que aceitaria um café ou recompensa, mas reconheceu o homem assim que bateu os olhos nele. – Vamos voltar e você pode me pagar um café. Isso lhe faz sentir melhor?

Kyle acenou com a cabeça e a poucos passos dali, entraram na loja em silêncio. Mamoru sentou-se em uma mesa enquanto o outro perguntou sobre sua preferência e enfrentou a fila e voltou com dois copos imensos de café fumegante.

– Perdão, nem me apresentei, sou Kyle Matsui. – Levou o copo a boca.

– Mamoru Chiba. – Respondeu sério tentando encontrar algo perdido no ex-general além da aparência.

– Me perdoe por isso, é a segunda vez essa semana. – Agitou o copo. – O trabalho, a cidade nova, céus...

– Mudou-se pra cá há quanto tempo?

– Três semanas. Aiya me convenceu, estou vivendo no hotel e ela com os pais, mas acho que é hora de, bem... – Soltou um longo suspiro. – Acho que ela espera que tenhamos algo juntos e acho que ela está certa.

– Você “acha”. – Fez aspas no ar.

– Bem, é. – Gaguejou. – Estou com ela há alguns meses, mas... Quer dizer, nós nunca estamos realmente certo ou preparado para o casamento, não sabemos quem é a pessoa certa, entende?

– Soou como a minha mãe. – Gargalhou, era bom ter o melhor amigo de volta, mesmo indiretamente.

– Eu sei. – Riu junto, tendo a impressão de que aquilo era familiar de alguma forma. – Desculpe, deve ser esquisito ouvir essas coisas vindas de um estranho.

– Não, tudo bem. – Deu de ombros e tomou um gole generoso de café. – Você parece meio perdido, de qualquer forma.

– Não imagina o quanto. – Balançou a cabeça.

– Olhe, Matsui, eu tenho que ir agora. – Mamoru deu alguns tapinhas nas costas do homem. – Vejo que está um pouco sozinho na cidade, então, se quiser participar das noites de boliche no Strike’s, estarei lá com alguns amigos amanhã às nove.

– Bom... – Hesitou e olhou desconfiado.

– Há sempre espaço para mais um, você é quem sabe. – Deu de ombros e levantou.

– Acho que... – Também ergueu o corpo, pegando algo no olhar de Mamoru oque fez sentir extremamente confortável. – Eu vou.

– Certo. – Um sorriso genuíno enfeitou o rosto do Rei de Tóquio de Cristal. – Nos vemos amanhã, então. – Estendeu a mão para um cumprimento.

– Até amanhã. – Apertou a mão do novo amigo com firmeza.

– E obrigado pelo café! – O moreno disse por cima dos ombros e saiu da cafeteria.


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Notas finais do capítulo

Yay! Como eu disse em "Você Estará de Volta" eu traria uma sequência para fic, porém, sem que fosse necessário ter lido ela. xD~ Quem não leu a fic anterior, pode caçá-la em meu perfil, quem não quiser ler e acompanhar esta, fique à vontade. No mais, espero que gostem! ♥ NÃO ESQUEÇAM DE DEIXAR OS REVIEWS, POR FAVOR É IMPORTANTE SABER O QUE VOCÊS ESTÃO PENSANDO! ;D



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