Hello, Dean escrita por Oceanus


Capítulo 1
Goodbye, Dean




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Dean conseguiu sentir o surto de adrenalina em suas veias, uma energia passando por todo o seu corpo. A marca queimava em seu braço, deixando seu corpo relaxado e seu cérebro alerta. Ele tinha todos os motivos para sorrir, afinal, não havia uma sensação melhor do que sentir a lâmina que uma vez pertencera a Cain penetrar em pele e músculos.

Mas antes que seu rosto pudesse formar um sorriso, seus olhos encontraram os azuis que o encaravam em dor. Por um momento, ele perdeu o fôlego, sentindo a marca falhar e perder o efeito, se sentindo como antes. Na verdade, ele se sentia pior do que jamais se sentira, ao tirar a lâmina do peito do seu amigo.

Ah não.” ele murmurou, seus olhos se arregalando em realização. Jogando a lâmina para longe de si, ele viu pelo canto do olho Sam se mover. “O quê eu fiz?”

Dean.” responde Castiel, Dean não conseguindo deixar de se lembrar de uma peça que Sam participou na escola, onde uma das personagens enlouquece e lava as mãos obcessivamente por acreditar que elas estão sujas de sangue. Ele se afasta um pouco de Castiel, pronto para pedir que Sam chame uma ambulância ou qualquer coisa assim, mas ele sente a mão do anjo em sua jaqueta. “Eu não quero ficar sozinho.”

Cas -” ele começa, sem saber o quê fazer além de encarar Cas, enquanto ele o encara de volta. Ele quer fazer algo, mas não o quê. Ele se sente inútil e quer pedir a ajuda de Sam, apesar de saber que seu irmão não é capaz de ajudar – se eles soubessem como salvar as pessoas da morte, as coisas não estariam como estão agora.

Com um bolo em sua garganta, ele se vê encarando Castiel em puro terror. Ele está com tanto medo que acredita que qualquer coisa seria melhor do quê isso. Ele quer chorar e falar algo, mas em vez disso ele segura o seu amigo, sem acreditar que o sangue que o rodeia é real. O primeiro trench coat foi estragado por sangue, e o segundo também. “Eu não posso te perder.”

Está tudo bem, Dean.” responde ele, tentando esconder a dor. Checando rapidamente, Dean percebe que a Primeira Lâmina antigiu a barriga de Cas e que ele estava perdendo muito sangue. O peito de Castiel sobe e desce, e uma ponta de terror chega até Dean, ao perceber que logo ele irá presenciar sua respiração parar. Castiel já morrera outras vezes, mas na primeira ele estava ocupado parando Lúcifer e na segunda ele estava lamentando a morte de Sam. Na terceira, ele teve um trench coat sujo como souvenir, e meses de emoções conflituosas. Na quarta, Gadreel o salvou antes que ele pudesse entrar em luto. Em nenhuma delas, no entanto, Dean conseguiu ver a vida se esvair lentamente do anjo.

Você não deveria dizer isso. Eu te matei.” murmurou, um ódio tomando conta de seu corpo. Ele odeia Azazel por matar Sammy e fazer com que ele vendesse a sua alma. Ele odeia os anjos, por colocarem Cas como sua babá. Ele odeia Raphael, os Leviatãs, os profetas e as tábuas. Ele odeia Metatron, por tirar a graça de Cas e ele ser obrigado a pegar uma provisória. Ele odeia Abaddon e Crowley, por fazerem com que ele tivesse que pegar a maldita lâmina e a maldita marca. Ele odeia a tudo e a todos, mas acima de tudo, ele odeia a si mesmo, por ter feito com Cas exatamente o que Caim fez com Colette.

Não foi sua culpa, Dean. Está tudo bem. Tudo vai ficar bem, Dean.” ele murmura, suas palavras se misturando enquanto seus olhos vão fechando. “Eu... eu não sou mais um anjo...”

Cas!” ele grita para a câmara quase vazia, segurando firmemente no rosto do seu amigo, o obrigando a abrir os olhos. “Você sempre vai ser um anjo para mim. Na verdade, você é mais que isso, Cas. Eles são uns babacas.”

Não se preocupe, Dean. Tudo vai ficar bem.” ele responde, com uma risada fraca que faz com que outra careta de dor passe pelo seu rosto. “Na hora certa vamos nos encontrar de novo.” ele responde, tirando as palavras da boca dele. Ele não vai conseguir ir para o Céu depois de tudo que ele fez. E ele também não sabe se quer ir lá e encontrar Pamela, Ash, Jo, Ellen, Kevin, Cas – todos mortos por causa dele, o último pelas suas próprias mãos. “Eu suponho que é minha última chance de dizer... Dean, eu -”

Não, Cas.” interrompeu, balançando a cabeça em negação. “Não é a sua última chance. Está me ouvindo? Nós vamos conseguir te trazer de volta. Nós sempre conseguimos.

Isso não é necessário, Dean.” ele revirou os olhos. “Você vai fazer o quê? Um pacto?”

Se for necessário, sim.” respondeu prontamente, sabendo que vai receber um olhar desaprovador. Castiel não o desaponta.

Eu não me importo em morrer, Dean. Eu já morri algumas vezes.” ele aponta, Dean tendo que controlar a vontade de o socar. "Eu não me importo, exceto... por você. Eu lamento qualquer dor que isso trará a você. Eu passei algum tempo imaginando como eu me sentiria se os nossos lugares estivessem invertidos."

Eu pensei que eu ia acabar passando o resto da minha vida com você.” confidenciou, seus olhos se iluminando. “É isso, Cas. De alguma maneira, você sempre volta. Você vai voltar dessa vez, como sempre.”

Eu não sou mais necessário.”

Você está brincando, não é mesmo? Eu preciso de você.”

O Céu e a Terra estão em paz, Dean. Além do mais, eu tive sorte. Você pode não passar o resto da sua vida comigo, mas eu passei o resto da minha vida com você.” murmura, fazendo a respiração de Dean ficar presa em sua garganta. Com seus braços envolvendo completamente Castiel, ele coloca a cabeça do outro em seu ombro, seu rosto enterrado nos cabelos escuros.

Eu deveria ter cuidado de você. Eu não posso parar isso. É tudo minha culpa. Me desculpe, me desculpe.”

Não é sua culpa, Dean. Se livre da arma, só isso.” suspira, e Dean consegue ver o quão fraco ele está. “Eu não quero deixar você.”

E eu não quero que você vá.” ele respondeu.

Dean, eu quase esqueci o que eu ia dizer. Você me interrompeu.”

E é isso. Dean sabe o quê Castiel quer dizer, e ele não quer ouvir. Ele está perdendo seu melhor amigo, uma das pessoas mais importantes da sua vida, e uma das poucas que continuou nela. Isso já é ruim o suficiente, e ele sabe que não conseguiria sobrevier em um futuro em que ele sabia que as coisas podiam ter sido diferentes. Olhando para o passado, ele poderia ver claramente o que ele nunca percebeu, ou talvez tenha percebido e tenha decidido ignorar, achando que era coisa da sua cabeça.

Eu te amo”, ele murmura, fazendo com que Dean congele onde ele está, sem conseguir respirar. Castiel continua a sangrar, a roupa dos dois homens pintadas de carmesim, murmurando a mesma frase sem parar, e Dean se sente como se fosse ele que tivesse levado a facada. A voz de Castiel falha e ele se afasta um pouco do seu amigo. “Eu quero te ver.”

Dean sabe que ele está condenado, mas mesmo assim ele segura o olhar de Castiel. Eles continuam assim por algum tempo, como eles ficavam há muitos e muitos anos atrás, até Castiel cair novamente, Dean o segurando firmemente contra si. Ele não consegue respirar ou responder, somente segurando o corpo mole contra o seu. Ele quer gritar que o ama até a sua voz ficar rouca, até a sua voz desaparecer. Mas ele simplesmente não consegue.

Eu te amo, Dean. Tudo vai ficar bem.” ele murmura pela última vez.

A câmara está em completo silêncio.

Dean coloca o rosto de Castiel entre suas mãos, tentando memorizar cada detalhe do seu rosto. Sam finalmente se aproxima, abraçando o irmão, o quê o alarma um pouco. Fechando os olhos de Castiel gentilmente, os Winchester levam o corpo ensanguentado até o Impala. Sam não tenta começar uma conversa e Den não coloca música. O Impala está quieto, assim como a rodovia a sua frente. Vez ou outra, um carro passa, e Dean não entende como tudo continua o mesmo quando uma das melhores coisas que aconteceu ao mundo se foi.


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Notas finais do capítulo

Lame



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