Blessing or Curse? escrita por misshunter


Capítulo 14
14




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–Eu e a Jen vamos para a esquerda e vocês a direita. -diz Emy.
–Melhor você ir com o Dean e eu ir com ela. -diz Sam preocupado. Emy revira os olhos irritada.
–Tudo bem Sam, eu vou com ela. -digo
–Sinto falta dos tempos que eu dava as ordens... -escuto a voz de Dean se distanciando.
Seguimos pela esquerda e entramos num cômodo enorme, escuro e cheio de estantes com bagulhos só para variar. Tinha mesas e cadeiras cobertas de poeira, quadros de paisagens cheios e teias de aranha.
–Você tem idéia do que pode ser essa coisa? -quebro o silencio.
–Sim, pode ser um... é... um ... fantasma muito forte ou um demônio. -ela responde me encarando com aquela expressão de ódio e agora vejo nos seus olhos se enchendo de lágrimas um pouco de esperança.
–Não se preocupe, você vai conseguir matar esse monstro e vingar seu pai.
Continuamos vasculhando o lugar.
–Meu pai foi morto pela coisa que estava caçando, Dean deve ter comentado que ele era caçador. - Emy dá uma breve pausa. -Eu tinha 10 anos e desde então venho procurando respostas e há pouco tempo achei o diário dele. -ela tira o diário de dentro de sua bolsa e coloca na minha mão.
–Eu posso?
–Claro. -ela diz enquanto vasculha algumas coisas numa estante ao nosso lado.
Abrindo o diário vejo alguns relatos sobre vampiros, demônios e até sereias, achei que não existiam, e outros monstros. Tem ilustrações pedaços de manchetes de jornais, me fazendo lembrar do diário do pai dos Winchester, John.
Vou folhando várias páginas, e uma manchete me chama atenção. É sobre a morte de uma garota.
"MORTE MISTERIOSA CHOCA CIDADE!
Lucy Blake, 15 foi encontrada sem o coração e sem as órbitas no banheiro da High School Greenville. Não há pistas e nem vestígios do assassino, portanto a polícia não tem suspeitos."
High School Greenvile. Eu estudei nessa escola.
Na próxima página tem algo escrito. "Verifiquei o local e sem sinal de enxofre, não é demônio. Chequei a lua, não é lobisomem. Pode ser fantasma vingativo." E assim continua por mais duas páginas, mencionando conversas com outros caçadores e investigações na família da falecida. Na penúltima página o pai de Emy relata que falou com alguns alunos, mas não encontrou nada a partir deles. Uma aluna chamou sua atenção, tem até um desenho dela: ela veste o uniforme típico das garotas da escola (uma camisa branca com um colete e saia preto, meias brancas quase até o joelho e sapatos pretos também), ela tem cabelos escuros e olhos mais azuis do que água.
Na página seguinte, ele admite que tal garota o assusta. Ele menciona mais conversas com caçadores, pesquisas em jornais e livros e ele concluiu que precisa matá-la pois essa garota vai levar a ruína da humanidade e por fim do mundo.
"Essa menina tem 11 anos, tem aparência angelical e ela é a filha de Lúcifer, seu nome é Jennifer." Essa foi a ultima coisa que ele escreveu.
Fui eu quem matou o pai de Emy. Meus olhos lacrimejam sem parar, pela minha mente passa tantas coisas. Eu matei tantos inocentes, estraguei tantas vidas. Eu sou a responsável pelo todo sofrimento da pobre Emy.
Levanto o rosto enxugando as lágrimas e fecho o diário e entrego a ela. Emy estava paralisada ao meu lado me observando, em sua face uma expressão sombria prevalece. Ela pega o diário e guarda na bolsa. Eu não sei nem o que dizer, mesmo me desculpando com todas as palavras do mundo não vai adiantar.
–Emy... -arrisco.- e-eu... agora sei o que fiz e queria dizer que lamento e também q-que...
Ela não esboça nenhuma outra expressão, a não ser a mesma. Emy me golpeia com sua faca e a torce dentro do meu peito. Caio de joelhos e fico olhando ela deixar a faca enfiada em mim e em seu rosto um sorriso de alívio misturado com justiça, ao mesmo tempo lágrimas escorrendo.
–No momento que bati os olhos em você, eu soube quem você era. -diz ela. -Você não tem idéia o que é passar a sua vida inteira esperando pelo momento de poder fazer a desgraçada que acabou com sua vida, pagar por isso.
Ela está certa. Acho que mereço morrer e pagar por toas as coisas ruins que já fiz, das que lembro e as que foram apagadas da minha memória, da minha alma. Pelos meus olhos passa uma cena. "É uma manhã na escola, e eu estou tirando alguns livros do meu armário. Na porta dele tem um espelho e no reflexo vejo uma garota, como no desenho do diário. Fecho o armário e do meu lado tem um homem parado, ele está de terno. 'Olá senhor Fritz'–digo. 'Tem algum lugar mais calmo para eu te fazer algumas perguntas?'–ele pergunta friamente. Assinto e o levo até a porta de uma sala vazia, ele me puxa para dentro e fazendo cair entre as carteiras. Ele tranca a porta. 'Eu sei quem você é, seu monstro'. Eu começo a chorar. 'Não me chame assim'. 'Por que você matou aquela garota?'–ele pergunta pegando um revolver. 'Ela roubou meu lanche e me afogou no vaso, depois ela me chamou de aberração, eu não me lembro mais' choro mais. Ele se prepara para atirar mas eu pulo em cima dele, fazendo ele cair e a arma disparar no telhado. Ele diz algumas palavras em latim, (não é exorcismo, não sei o que é) o que me deixa mais irritada e seu pescoço se desprende do corpo, sangrando muito."
–Você é uma aberração! Vai queimar no inferno! Merece mais facadas. -ela diz se aproximando de mim para retirar a faca.
Meu peito dói muito, me lembro da vez que aquele fantasma quase arrancou meu coração. Consigo empurra-la, fazendo ela se bater na estante.
–Maldita! -Emy grita.
Tiro vagarosamente a faca do meu peito. Vejo Sam e Dean chegando na porta. Olho para meu peito novamente, o ferimento estava se fechando.
Emy se levanta massageando a cabeça, talvez eu tenha usado força demais. Sinto meus olhos ardendo e meu coração disparando. E como já aconteceu antes palavras saem da minha boca sem eu as controlar, sem que eu queira dizê-las.
–O sangue de seu pai tinha gosto de groselha. - provoco e gargalho em seguida.
Os rapazes correm até mim mas eu os pressiono na parede.
–De novo não! -reclama Dean.
Emy parece recuperada e pega no chão sua faca, agora não tão brilhosa, suja com meu sangue e com poeira desse lugar. Ela inutilmente tenta me socar e me golpear.
–Sua tola! -digo estapeando sua face. -Você acha que só eu derramei sangue inocente?
–O que você quer dizer?
–Seu namoradinho, Peter. -empurro ela novamente. Acho que se "eu" quisesse tinha acabado com ela, mas por alguma razão estava papeando com ela.
–Ele foi possuído! -ela se levanta limpando o sangue de seu nariz quebrado.
–Não Emy, ele não foi. Ele estava farto e irritado dessa sua obceção de vingança e você o matou. -gargalho novamente. Agora entendi o que "estou" fazendo. Estou me divertindo com ela, a fazendo sofrer.
–Isso não é verdade! -muitas lagrimas saem de seus olhos. -E como você sabe disso?
–Tem muitas coisas que vocês humanos não sabem! Vocês se acham melhor do que eu, mas na verdade eu sou superior a vocês.
Dean começa falar em latim, acho que é um exorcismo. Será que ele não entende que não é uma possessão, que essas coisas que estou fazendo sem que eu queira, é o que eu estou me tornando.
Me aproximo de Dean, ele continua com o exorcismo.
–Caro Dean, só não acabo com você agora porque a antiga Jennifer, que está aqui dentro ainda, gosta muito de você. -seguro suas bochechas.
Sinto uma dor nos ossos das costas. E desgraçada da Emy enfiou a faca de novo. Gargalho e a faca sai sozinha das costas. Até para mim está ficando assustador. Eu me esforço para que eu pare com isso, mas parece que está mais forte do que aquela vez que matei Evan.
Emy recua e tropeça em uma cadeira. Eu me aproximo, ela cospe em mim. Enfio minha mão em seu peito e seguro seu coração ainda do peito, bate muito acelerado. Acho que se eu não a matasse agora ela infartaria. E finalmente arranco seu coração.
Com as pernas bambas caio ao lado do corpo ensanguentado. Dean e Sam caem da parede.
–Eu sinto muito, Emy! -choramingo. -Eu sei que desculpas não adiantam, mas eu tentei me controlar.
Os rapazes se recompõe e vem em minha direção. Dean me puxa pelo braço, me fazendo levantar.
–Tem que parar com isso!
–Vocês acham que eu sou uma aberração? -digo segurando o choro. Os olhos de Sam se enchem de lágrimas, e eles se entreolham. -Estou tentando melhorar. Mas está cada vez mais forte. Eu achei que depois que aquele maldito do Evan se fosse isso iria parar.
–Hoje foi a Emy amanhã só os céus sabe...- Dean dá de ombros.
–Vem Jen! Vamos achar um lugar para você se limpar. -diz Sam.
Fomos para o lado de fora do galpão. Dean pega duas pás no porta malas do Impala, enquanto eu e Sam arrodeamos o galpão á procura de uma torneira, mesmo duvidando que vai ter água nesse lugar abandonado. Andando pela parte de trás escutamos um ruído de água corrente e seguimos o som. Dean vem logo atrás de nós. Encontramos uma pequena nascente. Me ajoelho na beirada da água e no meu reflexo percebo que minha roupa estava com alguns rasgos e cheia de manchas de sangue, e minhas mãos e meus rosto sujos de sangue também. Me lavo e continuo me encarando pelo reflexo, sem pensar em nada, absolutamente em nada. Sam coloca seu casaco em minhas costas e se ajoelha ao meu lado.
–Você disse umas coisas sinistras lá dentro.
–Pois é... -digo ainda olhando para a água.- eu não consigo entender o porque. Se tivesse uma maneira de...
–Eu quero te ajudar, -Sam segura minha mão. -mas eu não sei o que fazer...
–Sammy dá pra ajudar aqui ou tá difícil? -Dean estava começando a cavar um buraco. Sam pega a outra pá e começa a ajudar Dean.
Mentalmente chamo Castiel.
Queria muito que ele me ajudasse a fazer tudo isso que estou fazendo acabar. Eu não quero continuar mais me comportando como um monstro, na verdade eu nunca quis. Cas ainda não aparece, continuo chamando mas nem sinal. Talvez ele também não sabe o que fazer e talvez não sabe o que me dizer. Eu também não sei o que dizer a ele e aos Winchester.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, e brigada também por aqueles que comentam.
Se não fosse por vocês eu mão teria incentivo para continuar.
Muito obrigada!
Se pudessem comentar, eu agradeço!



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