O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 76
Aquele que deveria estar morto


Notas iniciais do capítulo

Duas coisas: a) desculpem-me pelo tamanho do capítulo. Eu realmente não esperava que ele saísse tããããããão grande assim. Mais de oito mil palavras? Vish! É recorde! b) desculpem-me por uns pormenorezinhos que hão de ocorrer no mesmo.

Ah, boa noite, gente!

Tá, vocês devem estar (ou não) curiosos quanto ao que eu disse. Bem, diga-se de passagem que eu usei um personagem querido para fazer maldade com outro personagem querido. Vocês vão entender...

E estão lembrados de que eu lhes disse que em breve, muito em breve, vocês me odiariam? Pois bem, podem começar com este capítulo. Acho que alguns leitores terão uma relação de amor e ódio comigo a partir de hoje (ou não, será tudo irrelevante para alguns ¬¬).

Ah, forneci mais informações a respeito da história (avá, é mesmo?). Prestem bastante atenção! Teóricos das conspirações, seus lindos! Cadê vocês?

E galera, vocês poderiam me ajudar com uma coisa? Lembram-se de que eu, certo dia, vim com uma enquete a respeito de One-shots que eu queria escrever? Pois bem, o shipp vencedor da primeira foi IchiHime. Agora restam os outros três. Devo escrever sobre qual?

a) SasuSaku (Sasuke e Sakura; Naruto);
b) ShikaTema (Shikamaru e Temari; Naruto);
c) Jerza (Jellal e Erza; Fairy Tail).

Hein, me ajudem a decidir, moços e moças do Victor :D Comentem aí, okay?

"Ah, mas Victor, por que você não escreve uma One-shot NaruHina?"

Vejam bem, caros gafanhotos-ninja da leitura, NaruHina, apesar de ser meu OTP, é o casal principal de O Herói do Mundo Ninja, o que mais recebe atenção (isso é inegável, correto?). No que diz respeito a romance, eu já abordo BASTANTE esse shipp. Tendo em vista tal raciocínio, preferi abster-me de escrever sobre eles, pelo menos por agora. Posso, e virei com certeza, escrever futuramente uma (ou até várias) one-shot sobre Naruto e Hinata, mas quero, neste momento, dar prioridade a outros shipps. Por isso não escreverei sobre NaruHina por agora.

Falando em NaruHina... Deixa pra lá. Aproveitem esse capítulo colossal. Espero que gostem dele. Nos vemos nas Notas Finais o/



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Era muito bom estar de volta.

O dia anterior fora desgastante para ele, que, junto com o resto de seu time, ficou quase duas horas discutindo sobre um homem que provavelmente era o assassino de Sema e dos outros ex-conselheiros dos Hyuuga.

Kioto. Kioto Hyuuga, um nome forte, havia pensado Naruto. Forte e digno do ninja que o possuía.

Naquele mesmo dia ele não queria fazer nada além de comer uma bela tigela de Ramen de porco e ir dormir; estava exausto. E nada melhor que sua cama quentinha para restabelecê-lo.

Assim se resumiu a volta nem tão gloriosa de Naruto Uzumaki à Vila Oculta da Folha.

Agora, na tarde do outro dia, estava ele ali, vestido casualmente, no pequeno cais da lagoa. Contemplava o sol poente — o brilho alaranjado do céu crepuscular era bonito. Junto com ele, uma bela jovem de cabelos escuros e olhos perolados. Hinata olhava com apreensão para o namorado. Este, por sua vez, punha-a a par da missão que ele havia realizado recentemente, bem como de todo o resto.

— Faz sentido. Faz todo o sentido, Hinata! — Gesticulou Naruto, tentando desnecessariamente fazer com que Hinata acreditasse nele. — A forma como aquele tal de Kioto parou o Sai e o Sasuke... Eu reconheci na hora, foi o Hakke Kuushou (Oito Trigramas: Palma de Ar) do seu clã. A forma como o jutsu foi feito, até o jeito que aquele cara posicionou os dedos! Era o Hakke Kuushou!

— Tudo bem, Naruto-kun, tudo bem. Eu acredito em tudo o que você diz, mas... — Hinata hesitou — é estranho. Isso não dá para negar.

Naruto confirmou com a cabeça.

— A Tsunade-obachan e a Shizune-san, juntas, viraram a noite tentando encontrar registros desse tal Kioto Hyuuga, mas... é como se o cara nunca tivesse existido. Como se fosse, realmente, um... fantasma.

Hinata piscou com certo nervosismo. Naruto prosseguiu:

— Hinata, você conhece alg...

— Não — ela interrompeu o namorado. — Eu conheço todos os integrantes do meu clã, Naruto-kun. Todos, sem exceção. Mas, eu posso jurar, nunca ouvi falar de alguém com esse nome. Mais um motivo para me sentir incomodada com isso tudo... — A voz de Hinata morria aos poucos. Porém, ela se iluminou com uma ideia: — O meu pai! Eu tenho certeza de que ele pode nos ajudar e...

— Espera aí, Hinata! — Naruto pediu tempo. — Como assim “nós”?

— Por quê? Eu disse algo errado, Naruto-kun? — Hinata franziu a testa, confusa.

Naruto suspirou.

— Eu não quero que você se envolva com isso tudo, Hinata. É perigoso e...

— Naruto-kun — O sorriso da garota exibia gratidão e ternura —, eu fico muito lisonjeada por você se preocupar comigo, mas... bem, eu já estou envolvida com isso tudo. Este homem, seja lá quem for, é do meu clã. Ele é um Hyuuga! Além disso, você me contou tudo a respeito desses Yuurei, meu amor. Já estou mais envolvida do que quero estar.

Naruto se amaldiçoou por ter sido tão ingênuo. Queria contar tudo à namorada assim desde quando voltara da missão, mas nunca lhe passaria pela cabeça que a situação tomaria aquele rumo.

— M-mas, sabe Hinata, esses caras são perigosos, bem perigosos pra falar a verdade. Eu não quero que você se machuque nem...

— Você está sendo superprotetor, Naruto-kun — Hinata deu um sorriso —, não acha?

— É que... É que... É que... — Por mais que tentasse, Naruto não conseguia encontrar um argumento bom o bastante. Para piorar a situação, Hinata deitou a própria cabeça sobre o ombro dele, segurando-lhe a mão. Naruto desistiu de tentar discutir; estava vendido.

— Estamos juntos, não é? — perguntou Hinata, agora, também olhando para o horizonte. — Você e eu, para tudo.

Por um instante, veio à mente de Naruto o segredo sobre o clã que Hinata não quisera lhe contar. Sabia Naruto que era algo importante, tão importante que, não só em uma ocasião, deixara Hinata triste e deprimida. Passaram-se dias e ela não havia lhe revelado nada. Uzumaki pensou em pôr tal assunto em pauta naquele instante, mas, pensando melhor, desconsiderou a própria ideia; não seria o certo a se fazer. Também, prometera a Hinata que esperaria que ela lhe contasse tudo no devido tempo. Fosse o que fosse o segredo dela, Hinata teria boas razões para guardá-lo consigo, apesar de Naruto achando que o ideal seria os dois compartilharem tudo entre si. Tudo.

— Sim — respondeu ele depois de certo tempo calado. — Juntos para tudo.

Hinata sorriu satisfeita, ergueu a cabeça e beijou de leve o rosto do namorado. Um suave arrepio percorreu o corpo de Naruto quando os lábios dela lhe tocaram a pele.

— Eu trouxe um presente para você. — Hinata tateou o lado, encontrando um embrulho bem arrumado, mas simples. — Fui eu mesma que fiz. Espero que goste dele.

Naruto estendeu a mão e pegou o embrulho oferecido por Hinata. Abriu-o. Era um belíssimo cachecol vermelho. O tecido fofo e quente, de imediato, pareceu confortável ao tato.

— Hinata, ele é...

— Sim?

— Ele é... — Naruto experimentou a peça nova. — É perfeito! Eu adorei!

Sorridente como uma criança, Naruto se lançou contra o corpo de Hinata. Não havia pensado em nada, apenas sentiu o forte desejo de abraçá-la, e assim o fez. Todavia, desequilibraram-se e caíram sobre o piso de madeira do cais. O rapaz por cima via diante dele uma morena belíssima e extremamente corada com aquela situação tão desengonçada e constrangedora. Hinata tentou, sem qualquer sucesso, afastar o corpo de Naruto de sobre o dela. As mãos pequenas da jovem empurrando o peito forte do namorado para cima. Por alguma razão, Hinata imaginou que Naruto estava adorando estar ali, sobre ela.

— A-ah, N-Naruto-kun... Talvez não s-seja uma boa ideia... Alguém pode nos ver e isso seria... Embaraçoso, não? — Os olhos dela fugiam do rosto de Naruto. A Hyuuga sabia que, caso resolvesse encarar o Uzumaki naquele instante, perderia toda a pouca resistência que ainda havia dentro de si.

— Você corada fica tão engraçada, tão bonita. — As maçãs do rosto de Hinata arderam. Aquelas palavras, aquela proximidade tão gritante, aquela voz rouca...

Naruto, ainda deitado sobre Hinata, tocou-lhe o lado direito do rosto, acariciando-a de forma lenta e repetitiva. A moça sentiu um arrepio no corpo. Seria isso desejo?

— Você está me provocando, Naruto-kun... — ela falou em um tom que caracterizava advertência, desaprovação e um pouco de receio.

— Provocando? — Os olhos azul safira parados diante dos perolados. — Hinata Hyuuga é provocável? Eu não sabia disso.

Hinata desejou ter ficado calada.

— Tudo bem... — ele falou ao ouvido dela, causando-lhe ainda mais arrepios no corpo trêmulo. — Eu conheço o meu limite. Prometemos que não faríamos... Você sabe, aquilo, antes da hora, não? Vou respeitar você, Hinata... Mas, pelo menos, posso beijar a minha namorada, não posso?

Sentindo um peso lhe deixar na hora, Hinata assentiu. Sendo assim, Naruto abaixou o rosto, encerrando qualquer distância que o separava dos lábios grossos de Hinata Hyuuga. Beijou-a.

Aqueles lábios, doces, carnudos, viciantes... Como ele sentira falta do beijo de Hinata. Agora, de volta à Folha, matava a ânsia que há muito queimara em seu peito. Enlaçou o corpo dela com os braços, apertando-a contra si. O beijo, mais urgente, mais desesperado, mais intenso; não houve separação entre suas bocas. E Hinata, por sua vez, abraçou o pescoço do namorado.

Por um momento, Naruto desejou possuí-la ali e agora. Possuí-la, pela primeira vez. Algo dentro dele berrou, como uma fera aparentemente insaciável, desejosa apenas por Hinata Hyuuga. Queria devorá-la.

Resolveu experimentar algo. Interrompeu o beijo, direcionando a boca para o pescoço da moça. Beijou-o, mordeu-o vagarosamente. Hinata, por meio de sussurros e gemidos, negava tudo aquilo, pedia para que Naruto parasse. Ela já não estava abraçando-o pelo pescoço, antes, tentava mais uma vez apartá-lo.

Estaria ele indo longe demais? Quebrando o voto que fizera à garota? Ela estava gemendo, sussurrando... Estaria ela gostando daquilo, apesar das palavras que a contradiziam?

— Por favor, Naruto-kun... Não, chega... Eu não quero... Isso não...

“Como não queria?” pensou Naruto. Ela estava gemendo. Era óbvio que, dentro dela, um desejo de lascívia ardia, assim como nele. Ele sentia o corpo dela amolecer e esquentar, os pelos da pela se eriçarem aos toques dele. Retomou-a beijá-la. Nem notou que, desta vez, Hinata não retribuía mais o beijo. O loiro, cego pela luxúria, tinha em Hinata um verdadeiro banquete. Os lábios deliciosos e embriagantes; a pele macia, pálida e tão fácil de marcar por meio de toques mais lascivos; os seios fartos; as pernas grossas...

A mão dele foi de encontro às pernas dela, puxando o vestido para cima.

— Para, Naruto-kun... Por favor... Está me machucando... — implorou Hinata.

Mas a consciência dele estava longe. Não era mais Naruto, era outra coisa. Sem qualquer pudor, ele dirigiu a mão até a intimidade dela, os dedos já no tecido úmido...

— ARGH! — Naruto caiu para o lado, sentindo uma forte dor no lado esquerdo do tórax. Fora atingido de alguma forma. Confuso, ele ergueu selvaticamente a cabeça.

E viu Hinata chorando. Ela tinha dois dedos erguidos na direção de Naruto — defendera-se com o Juuken.

Foi aí que Naruto caiu em si. Sentiu-se com nojo dele próprio, magoara a pessoa mais importante para ele.

— Hinata... — ele disse estupefato. — Hinata, eu... Eu não queria... Me desculpa! Me desculpa, Hinata!

Mas a jovem se levantou às pressas e, correndo, fugiu dali. Naruto, parado sobre o chão, levou dois dedos ao ponto onde Hinata fora forçada a usar o Juuken para se livrar dele. Doía, mas não tanto quanto sua consciência. Ele estava confuso. Em determinado momento estava beijando a namorada, depois sentiu um calor doentio penetrar-lhe a cabeça — já não raciocinava; agia por impulso, como um animal. — Quando se deu por si, estava sobre a fria madeira do cais, reclamando de dor no lado do corpo e, posteriormente, observando com extremo remorso a pessoa que ele menos queria decepcionar.

— Droga! Mais que droga! — Ele socou a própria perna, com raiva de si mesmo.

* * *

— Finalmente voltou a si, Naruto! — A voz repreensiva de Kurama ecoou por todo o plano psíquico.

O rapaz, envergonhado do que fizera, não foi rápido para erguer os olhos, mas quando o fez, viu nove bestas feras o fitarem. Por não serem humanas, Naruto não conseguiu discernir ao certo as expressões nas faces delas, mas, se estivesse certo, diria que os Bijuu estavam apreensivos com algo.

— Vocês viram... — ele começou — o que eu fiz... Com a Hinata...? Eu fui um idiota. Um completo idiota! Eu...

— Nós vimos, Naruto. Nós vimos. — A frieza que Matatabi usava para falar ao garoto deixou-o ainda mais angustiado.

— Porém — a metade Yang de Gyuuki, a Fera de Oito Caudas, falava —, não conseguíamos falar com você, Naruto. Foi como se nossa conexão estivesse interrompida.

Naruto arqueou a sobrancelha. Pelo que se lembrara, nunca tivera problema algum para falar com os amigos Bijuu nem ouvi-los falar-lhe à mente.

— O quê? Interrompida? Do que está falando, Gyuuki?

— Exatamente o que você ouviu, Naruto — completou Son Goku. — Na hora que você estava perdendo o controle de si próprio, tentamos todos nós falar com você, mas você simplesmente não nos ouviu.

— E-eu não fiz nada! — defendeu-se Naruto. — Eu juro que não...

— Nós sabemos, Naruto — brandamente, Isobu interrompeu-o. — Não foi você. Alguma coisa nos impediu de falar com você. Impediu completamente.

— E o que seria? — questionou Naruto.

— Acha que sabemos, seu idiota? — berrou Shukaku, fingindo estar mais zangado que preocupado. — Se soubéssemos não estaríamos assim, não é mesmo?

— A questão é — Kurama tomou a palavra, silenciando todos os demais Bijuu —, isso foi algo que o Naruto fez involuntariamente... Ou foi um agente externo? Alguém ou alguma coisa que bloqueou nossa conexão com o Naruto.

Houve múrmuros de todos os cantos. Naruto, incomodado, olhou para cada um dos nove Bijuu.

— Alguém conseguir penetrar nosso plano psíquico? — estranhou Naruto. — Como isso é possível, Kurama?

A enorme raposa avermelhada cerrou os olhos, pensando.

— Seu amigo Sasuke Uchiha fez isso uma vez, usando o Sharingan. Lembra-se, Naruto? Na época em que você queria salvá-lo do Orochimaru e acabou reencontrando-o?

— Espera! Você tá me dizendo que o Sasuke fez...

— Não, Naruto! Estou dizendo que o Sharingan exerce poder sobre um Bijuu. Foi assim que os Uchiha me controlavam. Mas, como Sasuke é o único Uchiha vivo, duvido muito que tenha sido ele.

— Então... Quem?

— Existem outras formas. Alguém que possua o chakra Bijuu pode facilmente... — Kurama perdeu a fala.

— Kurama? O que foi, Kurama? No que está pensando?

A raposa rosnou nervosa. Virou-se para Gyuuki e tornou a falar:

— Gyuuki, o que você acha que aconteceu com a metade Yin do seu chakra que estava selada no Killer Bee? Pode ter sido isso, não acha?

— Kurama — Choumei disse cautelosamente —, você não está achando que os Yuurei têm participação nisso, está?

— E por que não, Choumei? — vociferou a raposa. — Acha mesmo que eles, capturando um Jinchuuriki, descartariam o chakra Bijuu que haveria nele? Acha que os Yuurei são idiotas para fazerem isso?

— Mas Kurama, mesmo que eles tenham usado o chakra Yin do Gyuuki para tentar algo, como conseguiriam? — perguntou Kokuo, a besta de Cinco Caudas. — Digo, é impossível para um Jinchuuriki sequer contatar, quem dirá interferir na ligação Bijuu– Jinchuuriki de outra pessoa, à distância. É preciso contato direto, e pelo que me lembro, Naruto não enfrentou direito aqueles Yuurei. Foi o Sasuke quem ofereceu o maior combate.

— Nem sabemos se algum Yuurei virou Jinchuuriki da metade do Gyuuki, não é? — perguntou Saiken.

Era verdade. Estavam todos cegos diante do desconhecido e assombroso problema que, de forma inesperada, se mostrou a eles. Todos se viram apreensivos, até Naruto, que, apesar de ainda ter em mente o mal que fizera a namorada, agora dava atenção para este outro dilema.

— Não gosto disso — comentou Matatabi. — Se não encontrarmos a raiz do problema o mais rápido possível, poderá ser tarde demais. Pior, se forem, de fato, os Yuurei por trás disso tudo, em uma batalha contra eles, é capaz de o poder Bijuu que há no Naruto ser neutralizado, completamente neutralizado, já que não seríamos capazes de nos contatarmos com o Naruto.

— Seria como um selo — disse Son Goku. — Um selo feito à distância. Forte o bastante para segurar todos nós.

Naruto engoliu o temor dentro de si. Se as suspeitas se confirmassem, estava mais vulnerável que nunca aos Yuurei. E o que mais o perturbava, ele não seria capaz de proteger a Vila da Folha, nem ninguém.

Não seria capaz de proteger Hinata.

Com as mãos fechadas, Naruto meditou. Ignorou os nove Bijuu à frente:

— Yuurei... O que vocês querem, afinal?

* * *

Hanabi tinha acabado de desligar o celular. Os olhos doíam de tanto ficar de frente para a tela minúscula e luminosa. Espreguiçou-se na cama quente e confortável. E, num gesto de término, afundou a cabeça sobre o travesseiro.

— Nunca mais converso com o Sarutobi por celular. Droga, ele não para de falar nem ferrando... Meus olhos estão...

A Hyuuga parou de murmurar. Ouvira algo estranho atravessar veloz o corredor; pareciam passos. Quem seria?

Indisposta, ela se levantou da cama e foi até a porta. Abriu-a e, de longe, quase no fim do corredor, viu uma porta se fechar rapidamente — rápida e timidamente ao mesmo tempo, como se não buscasse fazer barulho.

Era o quarto de Hinata.

“Pra quem foi namorar no cais da lagoa, a Nee-sama se superou! Olha a hora. Ela não costuma se atrasar...” meditou Hanabi, já tomando o rumo do quarto da irmã mais velha. Como sempre, ela adorava saber a respeito das noites de namoro de Hinata com Naruto. A desculpa que usava: queria se manter informada.

Bateu na porta.

— Nee-sama! Você tá aí? Demorou, hein? Estava fazendo outra coisa, sua pervertida? — brincou Hanabi, imaginando o rosto corado de Hinata.

Porém não houve resposta, exceto, talvez, por um quase inaudível ruído vindo de trás da porta. Assimilava-se a choro.

“A Nee-sama está chorando?” Bateu Hanabi outras vezes na porta, agora, mais inquieta.

A maçaneta girou e Hinata abriu a porta, deixando Hanabi entrar. A primeira impressão da caçula ao ver o rosto da irmã foi de assombro. As escleróticas dos olhos de Hinata estavam vermelhas de tanto chorar. Ela recuou e se sentou sobre a própria cama, dando as costas para a irmã mais nova.

— Boa noite, Hanabi — falou sem se virar. — Eu nem cumprimentei você antes. Desculpe-me.

Mas Hanabi pouco se importou. Era na irmã que ela pensava.

— Hinata-neesama, o que aconteceu com você? Por que estava chorando? O que houve?

Hinata não respondeu.

— Nee-sama, não vou sair do seu quarto até você me falar! — Os braços cruzados e o pé batendo no chão diziam claramente que Hanabi estava decidida a ficar.

— Não foi nada. Eu só... não tive um dia muito bom, no final.

— Como assim? — Hanabi se aproximou, sentando ao lado da irmã. — Alguém fez alguma coisa com você?

— Não... — mentiu.

— Eu não sou idiota, Nee-sama! Quem foi? Eu juro que vou quebrar a cara do imbecil que fez você chorar. Eu só preciso de um nome.

Hinata tremeu. Voltou à memória dela o momento que estava nos braços de Naruto. Tinha sido tão bom até se tornar tão ruim. O dia dela sofrera uma drástica mudança em tão pouco tempo — de um sonho a um pesadelo. O rosto vazio, o olhar distante de Hinata Hyuuga... Hanabi não gostava de ver a irmã daquele jeito. Suspeitou de algo e, hesitante, perguntou:

— Hinata-neesama... Foi o Naruto... Quem fez isso com você? Foi ele? — O tom de voz baixo e cauteloso. Temia deprimir ainda mais a irmã.

Hinata sentiu o rosto arder. O pescoço, outrora tão explorado pelos lábios de Naruto, ainda com manchas avermelhadas. O corpo frio, trêmulo tentava se manter sentado sobre o leito. A garota pressentiu os dedos das mãos estremecerem, um calor em seu íntimo...

— Não... — falou Hinata com o olhar distante, voltado para janela aberta. — Não foi o Naruto-kun. Não foi...

Hanabi semicerrou os olhos, desconfiada. Espiou a janela e, mais uma vez, o rosto da irmã mais velha. A garota adorava o cunhado, Naruto Uzumaki, mas, acima dele, adorava e venerava a irmã, Hinata. Vê-la daquele jeito incomodou a mais nova.

Resolveu não pressioná-la mais. Hanabi tornou a se sentar na cama e abraçou Hinata. As duas ficaram em silêncio absoluto por longos minutos. Era tão acalentadora a presença da irmã mais nova, Hanabi, que Hinata desejou ficar ali, com ela, por toda a noite. Acordada e recebendo o abraço da irmã caçula.

— Vou pegar o meu colchão e dormir aqui esta noite, tudo bem, Nee-sama? Ainda bem que seu quarto é arrumado. Já que vou dormir no chão, não quero poeira vindo parar no meu nariz — disse Hanabi para descontrair a outra. Hinata sorriu singelamente.

— Ainda bem que você dorme cedo, Nee-sama — continuou Hanabi. — Hoje eu fiquei tanto tempo conversando com o Sarutobi que meus olhos quase saltaram para fora. E eu nem coloquei meu celular para carregar...

Hinata ficou quieta. Pensava. Hanabi, por sua vez, para não perturbar a irmã, resolveu se afastar e levantar.

— Então é isso — disse. — Vou trazer o meu colchão.

Já estava perto da porta quando Hinata resolveu abrir a boca:

— Obrigada, Hanabi. Fico muito feliz por ter uma irmã como você.

Hanabi se virou na hora.

— Eu ia dizer a mesma coisa, Nee-sama. Sabia que roubar palavras da boca dos outros é feio? — Hinata sorriu e até de deixou levar pela graça do comentário de Hanabi. — Quer que eu traga algo para nós duas? Eu tenho três barras de chocolate.

— Onde conseguiu tanto chocolate, Hanabi?

Hanabi deu um sorriso travesso e sacudiu os ombros.

— Ah, eu roubei do Sarutobi. Se bem que eu acho que ele ia dar pra mim mesmo.

E saiu, fechando a porta atrás de si.

* * *

Naruto estava sem sono. Sequer conseguia bocejar. Havia deitado, mas, por mais que tentasse dormir, a cena daquela tarde sempre tornava à sua memória, culpando-o, envergonhando-o. Sem sono, pegou o celular. Pensou em ligar para Hinata e explicar tudo, dizer que estava fora de si, que algo estava influenciando, de certa forma, em seu raciocínio.

“Argh, seu estúpido! É claro que ela não vai acreditar em você! Ela está magoada... E a culpa foi sua. Toda sua!” ele pensou.

Dele. A culpa foi toda dele.

Não teve coragem para fazer a ligação e, abandonando o celular sobre a cabeceira, deitou a cabeça derrotadamente sobre o travesseiro. Olhava para cima, sem um pouco de sono em si. Os pensamentos todos voltados para o rosto de Hinata Hyuuga, para a hora deplorável na qual ele a tentara forçar a algo que ela não queria fazer. Em um instante, também, pensou na violência sexual que sua prima, Karin Uzumaki, sofrera há dois anos e odiou-se ainda mais por isso. Ele não queria ter ido tão longe. Ele não queria ter ferido os sentimentos de Hinata, desrespeitá-la era tudo o que ele menos desejava. Como pudera ser tão fraco e se deixar levar por meros instantes de prazer lascivo?

À direita da cama, sobre a cabeceira, havia vários porta-retratos. O primeiro, o Time Sete original, formado por Sakura, Sasuke, Kakashi e ele, todos, exceto Kakashi, pequenos; o segundo, o Time Sete completo, Naruto no centro, Sakura à direita, Sasuke à imediata esquerda, Sai ao lado de Sasuke, até mesmo Kakashi, que já havia deixado o comando do Time Sete, e Yamato apareciam na foto; o terceiro, Sakura, Sasuke e ele, a foto tirada no dia do décimo nono aniversário do Uchiha — talvez a mais recente das fotografias —; o quarto e o que prendera a atenção de Naruto, ele e Hinata, juntos em uma pracinha da vila. Ela sobre um balanço, ele ao lado dela; ambos sorriam.

Naruto pegou aquele porta-retrato e fico contemplando-o como se a foto nele guardada fosse nova, não tirada há dois anos. Hinata estava linda, pensava Naruto, em um vestido balonê branco e sem mangas, sandálias brancas de salto, uma bolsa branco-prateada — era uma verdadeira princesa.

— Me desculpe, Hinata... Me desculpe... Meu amor.

“Fale com ela amanhã, Naruto.” Naruto não se surpreendeu com a voz calma de Matatabi lhe vir à mente.

* * *

— Eu não sei se devia. Quero dizer, ela pode ainda estar magoada e não querer me ver e...

— Besteira, Naruto. — Apenas Matatabi era o Bijuu visto por Naruto no plano psíquico. — É melhor falar logo, o mais depressa possível.

— Você acha? Mas e se ela não quiser me ver?

— Ela verá, sim. Olha, Naruto, eu sou a única fêmea entre os Nove Bijuu. Todos os meus irmãos são machos. Além disso, não sou humana, e por não ser uma, não entendo ao certo o comportamento humano...

— Isso era para me estimular a confiar em você, Matatabi?

— Porém — a gata de Duas Caudas ignorou Naruto —, você se esquece de que, antes de você, eu tinha uma mulher, a Yugito, como Jinchuuriki. Sei um pouco sobre as mulheres humanas. A Hinata, pelo que vi nestes dois anos, é uma garota forte, inteligente, sábia e gentil. É difícil encontrar tantas qualidades em uma única pessoa.

— Mesmo assim, Matatabi, eu não acho que deveria...

— Confie em mim, vá até Hinata amanhã e ela o ouvirá... Ou você não confia no meu julgamento, Naruto? — Veio até Naruto a ligeira impressão de que Matatabi estava um pouco incomodada por não receber tanto crédito quanto gostaria.

— Confio! É claro que confio, Matatabi! — disse o Jinchuuriki rapidamente.

— Então apenas faça o que eu lhe disse, Naruto. Pensar no que aconteceu também não será bom para você. Tente dormir agora e, amanhã, sem falta, fale com Hinata Hyuuga. Diga tudo, tudo mesmo o que estiver sentindo na hora. Explique direito. Qualquer coisa, estarei aqui, junto com meus irmãos, para te apoiar. Agora vá dormir! O amanhã será complicado — encerrou o discurso Matatabi.

* * *

Na manhã seguinte, Hinata havia acordado mais tarde do que desejaria. O colchão e os lençóis jogados de qualquer maneira sobre o piso diziam claramente que Hanabi já estava acordada há muito tempo antes dela. Pôs-se de pé, espreguiçou-se e foi ao banheiro para fazer a típica higiene pessoal.

Minutos mais tarde, estava sentada na mesa de jantar sozinha. Hanabi, provavelmente, tinha saído; Hiashi, ao certo, estava no próprio escritório. Hinata não tinha ninguém para lhe fazer companhia naquela manhã tão silenciosa.

Até os gritos de Hanabi lhe chegarem aos ouvidos.

— Hinata-neesama! Hinata-neesama! Hinata-neesama! — Com um baque na porta Hanabi entrou em casa às pressas. Hinata se sobressaltou e, apressada, foi ao encontro da irmã, imaginando que algo ruim tivesse acontecido.

— Hanabi, estou aqui!

Finalmente Hanabi havia chegado à sala de jantar. Ainda em ritmo acelerado, a menor foi até Hinata, tomou-lhe pela mão e a puxou para fora.

— Ei, Hanabi! O que está acontecendo? Para onde você está me levando?

— Nee-sama, você precisa ver isso! Você precisa muito ver isso!

Arrastada pela irmã caçula, Hinata deixou-se guiar até fora da casa.

À vista da Hyuuga havia um aglomerado de pessoas. Todos haviam parado suas respectivas atividades para contemplar o que lhes havia chamado a atenção. Hinata olhou na direção em que os demais se concentravam e sentiu o coração palpitar no peito, a boca entreabriu-se devido à surpresa.

— M-mas o que é aquilo...?

— Eu acho que é pra você, Nee-sama — comentou Hanabi.

No céu matutino algo se sobressaia à luz do sol, contrastando e se erguendo majestosamente. Chamas de cor azul-escura ardiam imponentes, podendo ser vistas em todo o céu da Vila Oculta da Folha. O que mais chamava atenção nelas era o fato de formarem as seguintes palavras:

“ME DESCULPE”

As pessoas cochichavam a respeito do sinal luminoso no céu. Dois ou três olhares se dirigiram à Hinata, mas esta não se importou. A atenção dela estava toda voltada para aquele pedido tão simples, mas, ao mesmo tempo, tão exclusivo, de desculpas.

— Isso foi obra do Naruto — murmurou Hanabi. — É a cara dele fazer coisas assim. Mas, Nee-sama, por que você me disse ontem que o Naruto não fez nada com você?

Hinata demorou a responder pelo fato de ainda estar atraída pelo fogo azul no céu.

— Hã? Disse alguma coisa, Hanabi? — Hinata parecia perdida.

— Eu perguntei por que...

— Oi, Hinata.

Ela congelou no exato momento em que a voz de Naruto lhe falou tão próxima. Hanabi também foi tomada pelo susto e não pôde terminar de falar. As duas, simultaneamente, se viraram para trás — Naruto, com uma expressão relativamente tímida no rosto, acenou com a mão para elas.

— N-Naruto-kun!

— Naruto? — estranhou Hanabi. — O que está fazendo aqui? Como passou pelos... Ah, deixa pra lá. Não seriam um ou dois porteiros que segurariam você, não é?

— Desculpa, Hanabi-chan, mas eu... — e, tomando coragem, ergueu os olhos para Hinata — Eu posso falar com você... Hinata? Sabe, a sós?

Ela não queria mentir para si mesma. Uma parte dela — ínfima e, por extremo, introspectiva — não queria ver Naruto naquele momento, nem tão cedo; outra, porém — maior, muito maior, que a primeira, e apaixonada — irradiou-se ao vê-lo ali diante dela. Sem pensar duas vezes, ela aceitou o convite, balançando a cabeça com timidez.

— O quê? É sério? Você quer mesmo falar comigo?! Quer dizer — Naruto pigarreou, recuperando a compostura —, tudo bem. Vamos, então, Hinata?

Os dois caminharam juntos até o fundo dos domínios dos Hyuuga, na direção da lagoa. “O cais” pensou Naruto.

Conversariam no mesmo lugar em que, no dia anterior, ele tentara possui-la.

 

* * *

— Isso é errado, Hanabi-chan! — exclamou Konohamaru.

— Quieto, Sarutobi. — A Hyuuga tapou a boca do garoto com a mão. — Quer que eles nos ouçam?

Assim que Hinata e Naruto se retiraram para conversar, Hanabi, sem perder um segundo, pegou o celular e convidou Konohamaru para ir visitá-la. O garoto, iludido, não demorou mais do que dez minutos para comparecer ao Distrito Hyuuga. Porém, assim que chegou lá, perdeu todas as esperanças de uma manhã agradável com aquela que, um dia, seria sua namorada — Hanabi estava mais preocupada em espionar a conversa da irmã com Naruto. Naquele instante, detrás de uma moita, deitados sobre a relva, Konohamaru e Hanabi espiavam o casal mais famoso da vila em um encontro.

— Por que você gosta tanto de espioná-los, Hanabi-chan? — cochichou Konohamaru, abrindo um pouco mais da moita para melhorar a própria visão.

— Porque sempre gosto de me manter informada. Você não? — Hanabi falou como se aquela resposta fosse algo óbvio.

— Informada? Como assim?

— Ah, quando eu encontrar meu namorado, quero saber como agir. Quero saber o que namorados fazem quando vão aos encontros. Não acho que seja só beijo pra cá e pra lá, entende?

— Sei... Também vejo os dois como exemplo, o Naruto-niichan e a Hinata-neechan — falou Konohamaru com sinceridade. — Eu queria... Ter a sorte deles. De terem um ao outro, alguém que combinasse comigo...

E virou o rosto para Hanabi. Por sorte ou azar, ela o observava também, e até mesmo deu um sorriso brando para ele.

— Mas alguma coisa estranha aconteceu entre os dois, Konohamaru. — O garoto percebeu que, acidentalmente, talvez, Hanabi não o havia chamado pelo sobrenome. — A Nee-sama estava chorando muito ontem... E você viu o recado no céu hoje de manhã.

— E você quer saber o que aconteceu, Hanabi-chan? — perguntou retoricamente Konohamaru. — Por que não os deixa resolverem o problema por eles mesmos? Eles são adultos, não são?

Hanabi balançou a cabeça negativamente.

— Podem até ser, mas você não estava com a Nee-sama ontem. Eu dormi no quarto dela, pra fazer companhia e tudo o mais. De madrugada eu acordei com gemidos dela... Ela estava tendo um pesadelo. Me aproximei da cama e toquei nela, a Nee-sama estava quente e suada. Porém o que mais me incomodou foi o que ela gemia de forma... Desesperada, como se implorasse: “Não... Para, para... Por favor, pare, Naruto-kun...”. Quero saber o que aconteceu.

— Ela poderia estar sonhando com qualquer coisa, Hanabi-chan.

— Ora, para de ser cético, Sarutobi — ralhou Hanabi. — Uma coisa está ligada à outra.

— Tudo bem, mas isso não...

— Quieto! — A garota, novamente, impediu-o de falar. — Vamos ouvir o que eles estão falando.

* * *

Estavam sentados, assim como no dia anterior, no cais, observando o horizonte matutino. A água cristalina parecia chamar a atenção dos olhos de Naruto. Hinata, porém, fitava o distante, até o limite de onde seus belos olhos perolados podiam enxergar.

— Hinata... — Ele criava coragem aos poucos. — Sobre o que aconteceu ontem... Entre a gente... Eu quero dizer que... Eu não fiz aquilo, quer dizer, fui eu, mas não fui eu, me entende?

— Não — respondeu Hinata.

— É que... Quando a gente tava se beijando... Alguma coisa meio que confundiu a minha cabeça, Ei, eu falo sério — disse ele em virtude de Hinata ter relaxado os ombros ao ouvi-lo falar. — Eu prometi a você na minha casa, assim que a gente começou a namorar, que não faria nada que você não quisesse fazer. Eu ainda mantenho o que digo! É a minha palavra e não voltarei atrás com ela!

Hinata permaneceu em silêncio. Um silêncio que vinha à mente de Naruto com os seguintes dizeres: “Não vai, é?”.

— O que eu quero dizer, Hinata... É que alguma coisa estava na minha cabeça ontem. Alguma coisa ruim. Para você ter uma noção, quando eu estava... Quando eu estava perdendo o controle, Kurama e os outros tentaram falar comigo, mas não conseguiram. Essa coisa de que eu estou falando bloqueou minha ligação com os Bijuu.

Aquele discurso pareceu surpreender Hinata. Ela nunca ouvira falar em algo assim, pensara que nada pudesse atrapalhar a relação Bijuu–Jinchuuriki. E Hinata conhecia Naruto muito bem para saber quando ele estava mentindo e quando dizia a verdade. Naquele momento, a voz de Naruto era o mais verídica possível.

— Você está me dizendo, Naruto-kun, que alguma coisa... controlou você? — Pela primeira vez, Hinata se virou para o rosto de Naruto.

— Sim e não. Quer dizer, eu não sei direito o que aconteceu. Nem mesmo os Bijuu sabem. Tudo o que sabemos é que... Aconteceu. — Ele a encarou. Hinata percebeu que os olhos dele ainda transmitiam vergonha.

— Mas isso é um assunto grave! Você foi imprudente, Naruto-kun! Muito imprudente! É melhor você falar com a Tsunade-sama e com o Sasuke-kun e os outros. Eles podem te ajudar! Você não deveria ter...

— Eu sei, eu sei, Hinata. Eu sei. — Ele ergueu as mãos estendidas para a garota, pedindo para que ela se calasse por um instante. — Mas, antes de qualquer coisa, eu deveria ter vindo aqui. Eu sabia que deveria ter vindo aqui primeiro. Era com você que eu queria falar, Hinata. Eu... Eu não quis, eu juro, eu juro, eu não quis fazer aquilo... Eu sei que te magoei, feri os seus sentimentos, extrapolei os limites que pusemos juntos. — Ele pôs as mãos à cabeça, transtornado, e virou o rosto para baixo, fugindo do de Hinata. — Eu me arrependo, me arrependo pelo que fiz e quis fazer, Hinata. Você é a pessoa mais importante da minha vida, eu não deveria ter... Eu sinto muito, Hinata.

Ele se calou. Quieta, Hinata observava detalhadamente o rosto do namorado. Amargura. Seria isso o que ele estava sentindo? Era notório que sim. E, para Hinata Hyuuga, aquela visão de um Naruto Uzumaki abatido era mais que incômoda, era deprimente.

Um formigamento foi sentido na pele de Naruto. Era Hinata, que lhe segurava a mão com leveza. Ele se virou mais uma vez para ela e a viu observá-lo com aqueles olhos tão perfeitos, tão bonitos, tão penetrantes...

— Você está usando o cachecol que eu fiz para você. — A mão dela se dirigiu ao pescoço dele, onde o tecido avermelhado envolvia-o. — Isso me deixa feliz.

— Hinata... Você não deveria agir assim. Eu te humilhei ontem. Por quê?

— Está se perguntando por que não pareço triste ou zangada? — Ela adivinhou sem problema; conhecia-o melhor que qualquer pessoa. — Você já me disse, Naruto-kun: não foi você quem fez aquilo comigo ontem, não é? Por que, então, eu me zangaria com você? Ou já desistiu de aceitar o meu perdão?

— Não é isso! O que quer que tenha sido aquilo, ele reagiu de acordo com meus sentimentos. No fundo, eu queria, Hinata. Eu queria ir além, eu queria também.

E para mais vergonha de Naruto, Hinata apenas sorriu com ternura.

— Quem somos nós para controlar o que sentimos? Para mim, você nunca fez nada. Foi outra coisa, nada mais que isso. Pare de se martirizar, Naruto-kun, isso não é bom nem para você nem para mim.

— Você tem um coração muito bom, Hinata. É a melhor pessoa que eu conheço.

— “A melhor pessoa que eu conheço”? Eu ia dizer a mesma coisa sobre você. Sabia que roubar as palavras dos outros é feio? Hanabi que me disse isso. — Ela deu uma risadinha.

— Você me desculpa, Hinata, pelo que aconteceu?

— Já fiz isso, Naruto-kun. E se você já se perdoou também, então não temos mais com o que nos preocupar, pelo menos não a respeito de nós dois, não é?

Ela se encurvou para o lado e beijou com carinho o rosto do namorado. Depois se permitiu repousar a cabeça sobre o colo dele.

— Não tenho medo de estar com você — Hinata falou observando a outra margem da lagoa. — Eu me sinto protegida. Sempre me senti.

Mais distante dali, detrás da moita mais próxima do casal, Hanabi mordeu o lábio inferior na esperança de se manter quieta. Os olhos comovidos davam-lhe a impressão de uma menina apaixonada.

— Ah, eles são tão lindos juntos, né? — E virou-se para Konohamaru, que estranhou o comportamento sensível da assustadora Hanabi Hyuuga. — Quer dizer — ela pigarreou —, fico feliz que eles tenham se acertado. Não preciso me intrometer, apesar de ainda querer saber mais alguns detalhes.

— Você não muda, não é, Hanabi-chan? — Konohamaru fez força para não rir da careta da garota.

Houve alguns segundos de silêncio. Hanabi espiou por uma brecha entre as folhagens — o ponto de observação que dividia com Konohamaru — e viu o motivo do silêncio entre Naruto e Hinata.

— Ah, estão se beijando — disse Hanabi, sacudindo os ombros.

— Hanabi-chan...

— O que foi?

Hanabi se virou para o garoto e se assustou. O rosto dele tão corado quando o dela, tão próximo do dela — havia se esquecido de que estavam dividindo a fresta da vegetação para a espionagem. — Os lábios dos dois quase se tocaram. À mente de Hanabi veio a recente lembrança de Naruto e Hinata se beijando, o que não colaborou muito para a inflexibilidade comportamental da pequena Hyuuga.

— Então, Konohamaru, quer dizer, Sarutobi... Você não ia me dizer alguma coisa? — ela perguntou na esperança de fugir daquela situação constrangedora.

“Mais que droga! Eu tô parecendo a Nee-sama quando o assunto é o Naruto” pensou Hanabi rapidamente.

— Hanabi-chan, então, você... Nós, quer dizer, a gente... Eu...

— Não estou entendendo nada, Sarutobi — disse sincera.

— Você-quer-sair-comigo-um-dia-desses? — ele falou tão rápido que nem tinha certeza se disse tudo o que queria dizer à garota.

— Sair? Igual ao Naruto e a Hinata-neesama?

Konohamaru balançou afirmativa e freneticamente a cabeça. Um sorriso bobo ousou se formar na boca do menino.

— Isso!

— Eu não vou te beijar. — Para Hanabi, aquilo estava fora de cogitação. Ultrapassava os limites do absurdo.

— Não, não foi isso exatamente o que eu quis dizer! A gente não vai se beijar hoje, não, digo, a gente não vai se beijar, entendeu? Eu só queria...

— Esse é o meu pupilo! — Tanto Konohamaru quanto Hanabi congelaram na hora. Forma descobertos.

O Sarutobi não havia prestado atenção. Automaticamente, elevara o tom de voz, e Hanabi, por estar tão desconcertada com aquela conversa, também não percebeu que já estavam falando alto o suficiente para não passarem despercebidos. Agora, tinham sido flagrados por Naruto e Hinata, que abraçada à cintura do namorado, via os rostos dos dois completamente vermelhos de vergonha.

— Que fofinho! Hanabi, você não me disse que estava com o Konohamaru-kun.

— Atrás de uma moita ainda por cima! — lembrou Naruto. — Konohamaru, eu te disse que aquelas dicas eram infalíveis!

Os recém-flagrados aparentemente tinham perdido a fala. Tomados de vergonha, pareciam verdadeiras estátuas. Os risinhos de Naruto e Hinata só pioravam a situação.

— Isso não está acontecendo... — Foi tudo o que Hanabi conseguiu dizer antes de voltar ao estado de pseudopetrificação.

Após uma manhã significativamente agitada e uma tarde agradável, a noite havia chegado. As duas irmãs já tinham terminado a derradeira refeição do dia e estavam prontas para dormir. Hanabi preferiu ao longo do dia não questionar a irmã sobre o encontro com Naruto, pois temia que esta a provocasse sobre o flagrante atrás da moita com Konohamaru Sarutobi. Claro, Hinata não era de fazer estes tipos de brincadeiras, mas, ainda assim, Hanabi preferiu não arriscar.

— Hoje foi um longo dia, não acha, Hanabi? — perguntou Hinata.

— Se foi, Hinata-neesama. Se foi...

As duas estavam no corredor que levava aos quartos. Durante o trajeto, Hinata percebeu um feixe de luminosidade escapar por debaixo de uma porta à esquerda.

O escritório do Líder do clã Hyuuga.

— Acabei de me lembrar. Hanabi, você pode ir à frente? Eu preciso conversar algo com o papai.

— Tudo bem, desde que não seja sobre mim. — A menor deu de ombros e se adiantou para o quarto de Hinata, onde, novamente, dormiria.

Hinata esperou Hanabi deixar o corredor. Suspirou um pouco e bateu na porta.

— Entre, Hinata. — Do lado de dentro, Hiashi já vira quem estava querendo lhe falar.

A leve porta de madeira correu para o lado, liberando passagem para a jovem herdeira do clã. Hinata encontrou o pai sentado na mesa, lendo relatórios. Uma dezena de pergaminhos mais à direita, documentos que não findavam à esquerda. Uma xícara de chá vazia ocupava um pequenino canto do móvel.

— Boa noite, pai.

— Boa noite, Hinata.

— Desculpe-me pelo incômodo, mas eu...

— Não, eu já estava terminando por hoje. — Ele depositou a folha de papel que tinha em mãos sobre a mesa. — Um dia você estará aqui, sentada nesta mesma cadeira, fazendo exatamente o que faço neste momento.

Hinata sorriu singelamente.

— Então, por que está aqui, Hinata? Deseja falar algo comigo, correto?

— Sim, pai. Desejo, sim.

O rosto de Hiashi era quase inexpressivo. Mas Hinata sabia, pelas conversas que tivera com Naruto assim que ele voltou de missão, que precisava perguntar ao pai. Só ele saberia responder.

— Pai, o senhor conhece ou conheceu alguém chamado Kioto Hyuuga?

O barulho de vidro se despedaçando no chão — a xícara de chá vazia caíra da mão de Hiashi — foi estranhamente embaraçoso. Hinata, sem mudar as feições do rosto, não se moveu, mesmo em seu íntimo estar se sentindo incomodamente intrometida. Hiashi, outrora inexpressivo, piscou algumas vezes e arqueou a sobrancelha.

— Por que esta pergunta, Hinata? — Ela percebeu certa rispidez na voz do pai.

— Bom, é que o Naruto-kun me contou que, durante a missão dele de resgate ao Bee-sama, ele encontrou três membros de uma organização criminosa, os Yuurei. Dentre estes estava um homem que se chamava Kioto. Ele conseguiu não só parar um ataque combinado do Sai-kun e do Sasuke-kun, como também arremessá-los longe usando apenas as mãos. Quando o Naruto-kun voltou para a vila, ele e o restante do Time Sete confirmaram que este Kioto estava usando o nosso Juuken, portanto, era um Hyuuga. O Sasuke-kun pontuou, também, que esse homem poderia ser o assassino desaparecido do Sema-dono e dos demais conselheiros. Por ser um Hyuuga, explica por que ele não levou os Byakugan deixados nos corpos dos mortos; ele já tinha o Byakugan.

Após Hinata resumir o que Naruto havia conversado com ela outrora, observou o rosto do pai embranquecer de forma absurda — parecia assombrado com algo.

— Pai, não foram encontrados quaisquer dados a respeito de alguém chamado Kioto Hyuuga. O senhor, por ser o líder do clã, seria a pessoa mais indicada par ajudar nas investigações da Hokage-sama e...

— Deixe-me a sós, Hinata — sussurrou Hiashi.

— Senhor? — Hinata não compreendeu.

— Eu disse: deixe-me a sós! — ele falou de forma repulsiva e ameaçadora. Assustada com a mudança drástica no comportamento do pai, a jovem herdeira deixou o escritório às pressas.

— D-desculpe-me, pai... Desculpe-me! — Saiu, fechando a porta atrás de si.

Estava sozinho na sala. Sem ninguém para vê-lo estremecer, Hiashi sentiu um incômodo no coração, as entranhas se revirarem. Quando se deu por si, estava com a respiração falhando, muito ofegante. Tentava respirar, mas o ar lhe escapava.

— Impossível... — ele murmurou estupefato, os olhos confusos. — Não é possível... Você morreu na Terceira Guerra... Você está morto, Kioto.

* * *

Reuniram-se. Após o encontro pós-missão de resgate, estavam juntos de novo. Quatro à direita, três à esquerda; assim era a formação dos Yuurei quando em reunião. A sensação de mortalidade pairava no ar, afinal, um deles havia sido definitivamente abatido. Morto, um membro Sênior havia sido morto. Destruir o corpo de um dos dez fantasmas significou claramente para os reunidos que Sasuke Uchiha fizera mais que derrotar Juha Terumi. Ele desafiara todos os Yuurei, mostrara a eles que eles não eram invulneráveis, mas sim comuns, e como tais, passíveis de morte. Nove, não mais dez Yuurei no total. Apenas nove.

— Kan, eu consegui fazer um vilarejo inteiro se suicidar sob meu comando. Legal, não? Por favor, bata palmas para mim. Não, espere! Você não pode, né? — Hana Sakegari, sempre que podia, provocava Kan. — Como se bate palma com um braço só? É bizarro de se imaginar...

— Ora, sua pirralha magricela e anã, eu juro que ainda vou cortar sua garganta fora e...

— “Jashin-sama...” — Hana debochou, imitando a voz de Kan. — “Veja, Jashin-sama, virei cotoco, Jashin-sama! Ó, Jashin-sama... Eu sempre rezo nos fins de semana...” — Em seguida, a garota irrompeu em uma gargalhada.

— Moleca maldita... — Kan trincou os dentes.

Um dos Yuurei que estavam de pé ao lado de Kan, um espadachim, se virou para o servo do deus da morte e riu também.

— Aceite, Kan, você foi ridículo! Quem perde o braço para ninjas tão medíocres quanto aqueles? Você tem sorte que o meu parceiro é um cara legal e vai te dar um braço novo e até melhor que o primeiro, não é mesmo, Dairama? — falou Ryuumaru com a típica voz aguda.

Ao lado de Ryuumaru, o homem baixo e gordo expirou pela boca de forma que demonstrava clara irritação. Era Dairama, o parceiro de Ryuumaru e membro Sênior dos Yuurei.

— A sua voz me irrita, Ryuumaru. Cale-se antes que eu te mate — ameaçou. Ryuumaru, engolindo em seco, se calou.

— Sorte que o Kioto-sama apareceu para dar um basta naquela palhaçada. Tudo bem, o Kan é patético, mas eu não esperava alguém como o Juha-sama ser morto. Ele era um monstro em combates — falou Hana.

— Besteira. — Dairama cuspiu no chão. — Vocês, ninjas desta era nada sabem sobre a verdadeira força. Juha era um bom ninja, mas era o Sexto Oficial dos Yuurei. Na hierarquia, ele era o membro Sênior mais fraco.

— De fato — concordou Suki. — Apesar de ser sido um prodígio entre nós, era o Sênior menos capacitado.

— Seu subordinado, Suki. Ele entrou para os Yuurei por escolha sua — lembrou Dairama.

— E de isso importa agora... velharia do passado? — O homem trincou os dentes com a fala de Suki. De repente, toda a estrutura do ambiente tremeu, ameaçando ruir. Suki, porém, pareceu despreocupada. Sorria arrogantemente, inclusive.

— Menos, Dairama — disse Kioto. — Discussões deste âmbito são enfadonhas. E Suki, pare você também. Sua posição é ridícula.

A mulher desviou os olhos para Kioto, que também a observava. Os olhos castanhos e perolados se fuzilando silenciosamente. Kioto Hyuuga e Suki, Terceiro e Quarto oficiais, respectivamente.

Taka Kazekiri, o parceiro de Suki, também desprezou Kioto com o olhar e, após parar de encarar o superior, voltou-se para frente. Contudo, enquanto o fazia, os olhos de Taka se depararam com Hana Sakegari, parceira de Kioto. A menina balançou negativamente a cabeça na direção do homem e sorriu de modo sádico e frio. Taka sabia que Hana venerava Kioto mais que a qualquer outro membro daquela organização. A devoção dela para com o superior era absurda.

— Que patético. — A voz de Mira cortou o ambiente, atraindo a atenção de todos para ela. Os olhos azulados da ruiva, que acabara de aparecer no local, iam de encontro a cada um dos demais. — Discutindo entre si feito um bando de idiotas. Isso é decepcionante para todos vocês.

Ao lado direito de Mira um rasgo de escuridão abriu-se no meio do ar. Dele veio o líder dos Yuurei.

— Deplorável. Admira-me que membros como Dairama e Suki estejam discutindo de forma tão estúpida, digna dos ninjas moribundos das Cinco Nações — tonitruou Iori para todos os comandados.

— Pedimos a sua benevolência, Líder-sama — comentou Suki imediatamente.

— Pare de bajulações e cale-se, Suki — repreendeu Mira, para o desprazer da outra. — Nosso líder nos trás notícias.

Iori gesticulou com a cabeça para Mira, agradecendo-a. Depois retomou a palavra.

— Como já estão cientes, o plano foi iniciado. Mira e eu executamos os selos. O parasita foi enviado com êxito e, ontem mesmo, já deu sinal de sucesso.

— Em três meses — Mira deu continuidade às palavras do líder — ele se instalará por completo no corpo do alvo. Só então iniciaremos a transferência.

E Mira olhou de relance para o parceiro.

— Com todo respeito, Mira-sama e Líder-sama, mas eles podem descobrir o parasita nesse tempo e darem um jeito nele? Se isso acontecer, todo o plano cai por terra, não é mesmo? — comentou Ryuumaru.

Iori negou com a cabeça.

— É impossível localizar o parasita no alvo, Ryuumaru, e, na remota probabilidade de o encontrarem, não poderão removê-lo, não poderão sequer selá-lo. Apenas eu e Mira podemos nos livrar dele, já que fomos nós quem o criamos. Eu usarei o verme parasita para transplantar meu principal poder no corpo do alvo e, uma vez que o ritual de transferência esteja completo, farei do alvo uma marionete sem vida, um fantoche sem vontade própria, sem alma, totalmente dependente de mim. Com isso, eu terei nas mãos o meu próprio poder de volta e o poder do alvo. Tendo em mãos esta arma, usá-lo-ei para destruir o mundo ninja por completo. Varrerei da face da terra as Cinco Grandes Nações, os Países Menores, tudo. Será o fim, e a Terra estará engolida pelas trevas. Como sempre deveria estar.

— Nossas metas consistem em afundar na escuridão a mente e a sanidade do alvo, tornando-o mais fraco. Uma pessoa má por natureza não serve para nós, porém, alguém que foi já bom e, no decorrer do tempo, sucumbiu às trevas, tende a se tornar um vilão perigosíssimo — explicou Mira.

A vice-líder se calou por alguns segundos. Para ela, estava falando não apenas do alvo, mas sim dela mesma. Por um instante veio à mente da jovem ruiva a época em que não estava vestindo as roupas e o capuz negro. Lembrou-se de brincar com a única amiga, que considerava uma irmã, lembrou-se de ver o clã ser massacrado durante as guerras... E lembrou-se de conhecer Iori, o Líder dos Yuurei.

— É isso o que faremos. Traremos ao alvo as trevas — disse Mira, retomando a rigidez na voz.

— Nossa tática não é um ataque direto e rápido, mas sim um processo lento, doloroso e sufocante — acrescentou o líder. — Atacaremos a todos aqueles que são importantes para o alvo. Todos, sem exceção. Não de uma vez, para que o alvo não possa superar o trauma; seremos constantes, como verdadeiros fantasmas à sombra dele. Derrubaremos seus amados... Um de cada vez. Até não sobrar ninguém.

Iori tomou um passo à frente e continuou a discursar:

— Mira, Kioto, Suki, Dairama, Hana, Ryuumaru, Taka e Kan. Cada um de vocês tem um objetivo pessoal, algo que os move, que os motiva a respirar. Porém todos nós temos um sonho em comum: veremos vingança. Fomos esquecidos por aqueles que hoje sorriem com a falsa perspectiva de paz no mundo. Revelamos-nos como Yuurei, agora, assumiremos o controle daqueles que nos repudiaram outrora. Tiraremos deles aquilo que mais prezam: esperança. E, nesta era, a esperança deles se concentra em um nome: Naruto Uzumaki. Eu lhes digo meus companheiros, Naruto Uzumaki irá cair, irá descender às trevas. E quando isso ocorrer será o fim deste mundo.

— Lembrem-se — falava Mira —, em três meses, quando o verme estiver estabilizado no corpo de Naruto Uzumaki, iniciaremos a transferência. Nesta mesma ocasião, escolheremos um membro Junior para saudar o Herói do Mundo Ninja. Ou seja, um de vocês, Taka, Hana, Ryuumaru e Kan, terá a oportunidade de ascender ao patamar de membro Sênior. Até lá, façam o possível para se mostrarem aptos a assumir tal título, pois a decisão será minha e do Líder-sama.

— Kan — finalmente o líder se dirigiu ao parceiro do derrotado Juha Terumi. — Você, ao sofrer uma ferida tão significativa como a perda de um braço, mostrou às Cinco Nações que elas podem ter esperança, que podem acreditar. Seu parceiro foi morto e você foi humilhado, tendo que ser salvo por Kioto. Sua fraqueza me enoja.

— Líder-sama, por favor... Eu n-não vou falhar de novo... Permita-me servi-lo mais uma vez.

— Você não falhará, Kan. Não novamente. — O líder dos Yuurei ergueu dois dedos e, automaticamente, Kan desabou no chão, urrando de dor. A pele do Yuurei tornou-se preta como piche. Sangue escorria pelos olhos dele.

— Sinta-se agradecido, Kan — falou o líder. — Minha parceira, Mira, pediu a mim para que você não fosse executado por falhar conosco. Ela é bondosa, apesar de tudo. Porém, mesmo eu o mantendo vivo, não lhe deixarei passar impune. Você pagará pela sua falha. Sofrerá diante de todos como exemplo. Nesta organização falhar não é opção.

Suki estremecia ao ver Kan ser torturado pela técnica do líder. Lembrou-se de quando ela e seu parceiro, Taka, haviam deixado a única Oukami remanescente, Beni Makagawa, escapar. Haviam falhado e se não fossem por Mira, estariam, ela e o parceiro, sofrendo da mesma sorte de Kan.

E por depender de Mira, Suki a odiava ainda mais.

— Dairama — chamou Iori —, quando eu terminar com o Kan, prepare-se para dar-lhe o braço protético.

— Sim, Líder-sama — respondeu o homem gordo.

Terminados todos os diálogos, o salão escuro encheu-se apenas dos gritos de sofrimento de Kan e nada mais.


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Notas finais do capítulo

"Victor, seu maldito! Vem cá, seu filho da senhora sua mãe! Precisamos conversar! Que história foi essa de usar o Naruto para fazer mal à Hinata? A HINATA! A HINA-CHAN! HEIN? ME EXPLIQUE ISSO, SEU IDIOTA! QUER ACABAR COM NARUHINA POR UM ACASO? SE VOCÊ FIZER ISSO, EU JURO QUE VOU ABRIR A SUA BARRIGA E ARRANCAR AS SUAS TRIPAS FORA, ENTENDEU BEM?" (Leitor(a) histérico(a) falando com o autor sobre o capítulo de hoje).

Tá, eu sei que alguns (nem todos, graças a Papai do Céu) que querem arrancar minha cabeça fora, mas... Ah, eu nem peguei pesado, peguei? Poderia ter sido pior. E olha que, tecnicamente, nem foi o Naruto quem fez aquilo com a Hinata. Tecnicamente não foi, basta olhar por um ponto de vista.

Prevejo ódio extremo contra:

a) Os Yuurei;
b) Victor;
c) Os Yuurei E Victor.

Mas olhem, eu estou melhorando minhas habilidades para cenas mais quentes? Sempre foi meu ponto fraco. Eu, um dia, ainda vou aprender a escrever Hentai. Não aquelas porcarias que só rola palavrão, um personagem xingando o outro durante o ato sexual (às vezes, isso desconstrói completamente o personagem), ou ainda aqueles termos "meteu", "pau", "trepada gostosa", "empinando", "chupando", etc... Eu detesto ler Hentai porque a maioria é dessa natureza. São raros os Hentai bem escritos. Raríssimos eu diria... ¬¬

Gente, eu tava falando sobre Hentai agora há pouco? *Corado* Eu não costumo falar sobre esse gênero... Eu, hein.

Enfim, recapitulando, eu não fui tão cruel. Acreditem, a crueldade virá mais para frente... Sabe aquele personagem que você gosta? Então. Hehehe brincadeira, gente!

E olhem, isso rendeu dois momentos bonitinhos de NaruHina (pra quem tava sentindo falta desses dois ^^). E ainda teve KonoHana moment. #VamosKonohamaru #Avante #Quaselá #Hanabichan

Agora, o que foi aquilo que interferiu a ligação dos Bijuus com o Naruto? Por que o Hiashi travou quando ouviu o nome do Kioto? E o plano dos Yuurei?

Ah, alguém reparou na minuciosa análise introspectiva da Mira? Tô falando! Esse capítulo teve coisa pra caramba. Usem e abusem dele.

Teóricos das conspirações? O que pensam a respeito? O que acham que vai acontecer? Darei chocolates para quem acertar ou, no mínimo, chegar perto. :3

Próximo capítulo: Uma missão para dois

Ah, o próximo capítulo... Hehehe.

E não se esqueçam de opinar a respeito da One-shot. Isso me ajudaria. SasuSaku, ShikaTema ou Jerza?

Qualquer erro, pessoal, não hesitem em me contatar, por favor.

Até o próximo capítulo, pessoal o/