O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 75
Rinnegan vs. Yami no Fuuin


Notas iniciais do capítulo

Olhem, eu não fazia isso há um tempão...

Bom dia, gente! Como vão?

Ah, exato. Eu não fazia isso há tempos, não é? Pois é. Acontece que eu consegui escrever o capítulo mais cedo e, bem, resolvi dá-lo a vocês mais cedo (também) do que o esperado. Eis o capítulo dessa semana, adiantado. E esse é longo (o segundo maior que escrevi de todos os capítulos dessa fic). Tem muita coisa nele, muita mesmo. Aproveitem os detalhes; explorem!

Como sabem, eu tenho o costume de agradecer aqui, nas Notas Iniciais, os(as) leitores(as) que me mandam recomendação. Porém, no capítulo passado, acabei deixando isso fugir. Enfim, peço desculpas diante de todos vocês e agradeço especialmente a Kayle Ammany pela VIGÉSIMA "OCTAVA" recomendação! Desculpa, Kayle, *se ajoelha diante de você* por não ter lembrado de imediato. Eu lembrei-me assim que postei capítulo passado, mas, pensei eu, seria muita sem-vergonhice da minha parte editar o capítulo só para adicionar essa informação, uma vez que outras pessoas, inclusive, já tinham terminado de lê-lo. Em virtude disso, deixei este meu agradecimento para o próximo capítulo (este, no caso). Desculpe-me, não foi por maldade. E obrigado. A recomendação, como eu disse em seu comentário do capítulo passado, foi incrível. Eu a adorei! ^^

Antes que a Kayle me mate por ser um autor desleixado, quero avisar que eu havia prometido revelar um mistério que, desde o começo desta história, ficou no plano das teorias, certo? Porém, eu disse, também, que não revelaria por meio de discurso direto, antes, porém, faria-os pensar (olha eu querendo vê-los teorizar de novo). Bem, digo que essa informação tava queimando dentro de minh'alma. Eu queria muito, mas muito, revelar isso logo a vocês, portanto, é isso. Eu, no final deste capítulo, revelei algo que ficou em aberto no início desta história.

Estou me esquecendo de alguma coisa?

Ah, nas Notas Finais eu falo melhor sobre isso...

Tenham uma boa leitura. Aproveitem esse capítulo que saiu mais cedo que o esperado! o/ Nos vemos nas Notas Finais o/



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Naruto parou quando percebeu que já estava a uma distância completamente segura, longe o bastante para sofrer influência do confronto com Juha.

O garoto olhou compassivo para a jovem de cabelos rosados que trazia nos braços — Sakura Haruno. Ela estava muito fria, pálida, os lábios ressequidos, os olhos vermelhos de tanto chorar.

E ela não parava de gritar de dor.

Cuidadosamente, Naruto a deitou na relva verde. Em seguida, levantou um pouco a blusa dela; queria ver a ferida que causava nela tanta agonia.

Ele preferiu não ter visto.

Como um parasita, a ferida parecia apodrecida no lado direito dela. Estava escura e cheirava mal. As veias por volta da perfuração estavam negras, infectadas.

— N-Naruto... — gemeu Sakura, em meio às dores.

O rapaz, sem tirar os olhos da companheira, exclamou:

— Sakura-chan! Não se preocupe! Eu vou te salvar! Eu vou fazer você ficar boa e...

— N-Naruto... M-Me deixe... aqui.

Os olhos de Naruto se arregalaram. Ele queria gritar com ela, dizer que ela estava louca, que ele jamais a deixaria, mas, dadas as circunstâncias, ele nada falou.

— O S-Sasuke-kun... precisa de você... P-Por favor... ajude-o... P-Por favor... Por mim...

— Nem ferrando que eu vou te deixar aqui sozinha, Sakura-chan! — ele não se conteve daquela vez — Pode apostar que não!

— N-Naruto...

O Jounin, porém, desconsiderou todos os chamamentos da companheira. Claro, estava preocupado com Sasuke, o melhor amigo, que, naquele momento, estava a enfrentar um inimigo excepcional sozinho. Porém, para Naruto, cuidar de Sakura era prioridade. Tamanho era o desejo de curar a amiga, que Naruto nem mesmo usou o Kage Bunshin no Jutsu para estar nos dois lugares ao mesmo tempo; desejava usar, se necessário, todo o chakra que nele havia para ajudar Sakura.

E, de algum modo, Naruto sabia que era o certo a se fazer. Quanto a luta de Sasuke, Naruto sabia que Uchiha estaria lutando para matar. E uma vez que Sasuke Uchiha lutasse para matar, com ódio, nada o seguraria. Nada.

Naruto concentrou-se ao máximo, fechando os olhos. Pôs as mãos sobre a ferida de Sakura, pensando ao máximo em desfazê-la.

Nada aconteceu.

A respiração de Naruto falhou. Desesperado, ele tentou uma, duas, três vezes, mas, da mesma forma, a ferida insistia em estar na barriga de Sakura.

E os gritos agônicos de Sakura nada ajudavam Naruto, antes, deixavam-no mais nervoso.

— Droga! Mais que droga! Anda logo! Funciona! — Sem sucesso, Naruto tentava mais vezes.

Mas era impossível desfazer a ferida de Meiton.

— Funciona, por favor! Funciona... — Os olhos de Naruto se arregalaram. Por estar no Modo Rikudou Sennin, ele era capaz de sentir o chakra de todos ao redor.

E, naquele exato momento, não sentia mais o chakra de Omoi. E para Naruto, isso só significava uma coisa: morte.

Mergulhado no desespero, via os amigos caírem nas duas frentes contra os Yuurei. Primeiro Bee, depois Omoi, e, agora, poderia ser Sakura.

Sakura, sua melhor amiga, sua companheira.

O pulso dela fraquejou, e Naruto sentiu o coração doer.

— Não, Sakura-chan! Resista! Eu vou... Eu vou salvar você! Juro que vou!

* * *

— Naruto, não adianta. Você sabe, não é? — Kurama disse ao Jinchuuriki.

— Eu consigo! Eu tenho que conseguir! — disse Naruto em meio ao desespero.

Ao lado de Kurama, Matatabi falou com a voz terna e compassiva:

— Pare, Naruto. Você só vai gastar suas forças em algo que jamais funcionará.

— E O QUE VOCÊ QUER EU FAÇA, MATATABI? DESISTA?

Ele mordeu o lábio com raiva de si. Matatabi abaixou a cabeça, penosa quanto ao estado de espírito de seu amado Jinchuuriki.

— Desistir, nunca. Mas pense: existem outras formas de tentar salvar a Sakura Haruno.

De repente, Naruto se calou. O cérebro trabalhando.

— Ei, Matatabi! — Shukaku retrucou. — No que está pensando? Digo, nenhum de nós tem poder medicinal.

— Talvez o chakra Bijuu funcione — sugeriu Saiken. — Quando os Jinchuuriki usam o chakra dos Bijuu, qualquer ferida que esteja neles é curada. Talvez o Naruto consiga salvar a Sakura-san assim.

— Temo que não, Saiken. — Son Goku negou com a cabeça. — O chakra Bijuu descende do chakra do Rikudou, logo, se nem mesmo o poder do Modo Rikudou Sennin do Naruto funciona, não será o chakra Bijuu que funcionará.

— Maldito Meiton! — vociferou Shukaku. — Por que essa merda não pode ser anulada? Todo o chakra descende da árvore Shinjuu — o poder do velhote Sennin —, portanto, todo o chakra pode ser anulado por ele, e pelo Naruto, que herdou esse poder.

— Senjutsu não pode ser anulado. Lembre-se, Shukaku — comentou Choumei.

— Mas essa bosta de Meiton não é Senjutsu, Choumei! A gente lutou contra aquele imbecil do Iruzu Ibe dois anos atrás, lembra? Ele também usou Meiton! E nós constatamos que aquela porcaria era tudo, menos Senjutsu!

— Mas então como...? — Kokuo não pôde terminar a pergunta. Kurama bramiu, silenciando a discussão.

— Deixem o Naruto pensar! — reclamou Kurama.

— Como você quer que ele pense, rugindo desse jeito, raposa ridícula? — retrucou Shukaku.

Kurama rosnou para Shukaku, mas o grito de Naruto interrompeu, efetivamente, o atrita entre as feras de uma e nove caudas.

— Eu tive uma ideia — Naruto falou em voz alta. — Talvez eu possa...

* * *

— Kuchiyose no Jutsu — falou Naruto após morder o polegar direito e leva-lo ao chão.

A fumaça se espalhou pelo lugar. Uma sapa de aproximados 1,80m, corpo verde-amarelado, gigantes e grossos lábios vermelhos, um laço enorme e púrpuro preso às costas, a cabeça gorda.

— Gamariki! Eu preciso de você! — falou Naruto às pressas.

— Ah — resmungou a sapa —, é você.

Gamariki era a única habitante do Monte Myoboku que não gostava de Naruto. Era apaixonada por Jiraiya, mas não sentia amores por Naruto; achava-o irritante.

— Olha, vamos deixar nossas brigas de lado, tá legal? Gamariki, você sabe usar Ninjutsu médico. Por favor, ajude a Sakura-chan! Por favor, Gamariki!

A sapa meditou, premindo os lábios um contra o outro. Averiguou a garota que, às patas dele, gemia em dores por não ter mais forças para gritar. O silêncio de Gamariki inquietou ainda mais Naruto.

— Ela vai ficar boa, não vai? — perguntou incerto.

Gamariki juntos as patas dianteiras, calada, e formou selos. Depois, estendeu-as sobre a ferida de Sakura. O chakra de coloração esverdeada brilhou sobre o negror da perfuração.

— Eu nunca vi nada como isso antes — murmurou Gamariki. — Naruto, quem atacou essa menina?

— Você pode salvá-la, Gamariki? — Naruto estava farto de Juha; preocupa-se apenas com Sakura.

A sapa hesitou.

— Eu só consigo retardar o espalhamento da infecção, Naruto. Seja lá quem ou o que tenha feito isso a essa garota, deve ser encontrado. Talvez eu possa criar um antídoto se estiver com o causador em mãos e...

— Foi um ninja, Gamariki. Um ninja fez isso com a Sakura-chan. — A voz de Naruto era seca e vaga.

Gamariki suspirou.

— Era o que eu temia. Nesse caso, eu não sou capaz de fazer muita coisa, Naruto. Como já te disse, posso retardar o processo de infecção, mas revertê-lo... isso está fora do meu alcance. Eu lamento.

Naruto sentiu o coração se comprimir dentro do peito. De repente, tudo perdeu a cor, virou vazio, o mundo não estava mais com graça e beleza. Ela, sua melhor amiga e companheira de longos anos, jazia ali, tendo, no máximo, algumas horas de vida, talvez menos. Ele não conseguia acreditar. Não queria acreditar.

Mas talvez...

— Gamariki — falou Naruto com voz decidida. — Por favor, faça o máximo que puder para manter a Sakura-chan viva.

— O quê? Você tem um plano, Naruto? — perguntou Gamariki, ansiosa.

— Tenho. É confiar. Apenas confiar que antes que a Sakura-chan morra, um fantasma maldito caia. Para sempre.

* * *

A presa estava à frente. Vestia negro e tinha por nome Juha.

Sasuke desferiu um golpe no ar, que por muito pouco não arrancou fora a cabeça do Yuurei. Juha desviou, saltando para trás. Novamente, como em tantas vezes, Sasuke já o esperava lá, pronto para atacar de novo.

Com o Rinnegan ativado, a velocidade de Sasuke atingia um nível inimaginável. O Uchiha podia romper longas distâncias em um piscar de olhos — Sunshin no Jutsu (Técnica de Movimento Rápido). Somente Naruto podia rivalizar com a velocidade de Sasuke, ninguém mais, nem mesmo Juha naquele momento. Seria apenas uma questão de tempo para que a carne do Yuurei fosse transpassada pela lâmina sanguinária do Uchiha.

E Juha sabia disso.

Não era capaz de executar selos manuais, uma vez que Sasuke sequer lhe dava tempo para isso. A cada segundo era um ataque novo. Investida depois de investida, Sasuke Uchiha parecia incansável, sedento por sangue.

Juha saltou para trás. Na retaguarda do Yuurei, Sasuke já havia surgido. Os feixes elétricos na mão esquerda do Jounin rugiam e estalavam.

— Chidori! — Ele desferiu o golpe.

Juha girou, desaparecendo por meio da escuridão antes de ser atingido. O Chidori de Sasuke cavou uma cratera no solo já destroçado devido ao combate.

— Então esse é o seu ódio, Sasuke Uchiha. — A voz de Juha parecia ecoar no ambiente, vinda de todas as direções. Por mais que Sasuke olhasse ao redor, era impossível determinar a origem do som. — Estou impressionado. Minha irmã fez o certo ao dizer que você era um ninja excepcional. Ah, sim... Minha irmãzinha, Mei Terumi. Faz tempos que não a vejo. Desde que Yagura a escolhera como sucessora ao invés de mim, não me importo com ela. Eu sempre fui melhor que Mei. Sempre. Em tudo. Mas, mesmo assim, Yagura a escolheu como Quinta Mizukage.

Sasuke se aquietou. Não estava nem um pouco interessado na história de Juha. Apenas queria descobrir a localização dele. Da manga da camisa de Sasuke surgiu uma cobra branca. O réptil era robusto, tão largo quanto uma coxa humana. Ela sibilava; a língua para fora da boca — estava farejando, procurando o odor de Juha.

— Yagura me disse que eu só me importava com o poder, não com a Vila da Névoa e seus habitantes. Já Mei era amorosa e gentil, por isso foi escolhida como Mizukage. Diga-me Sasuke Uchiha, você que assim como eu buscou o poder, estou errado ao valorizar o poder? Veja o que me tornei: um Yuurei, um ninja muito mais poderoso que Yagura, o Quarto Mizukage, foi um dia. Aliás, tornei-me mais poderoso que qualquer Mizukage na história.

A mão de Sasuke premia com força a empunhadura da espada. A serpente branca ainda buscava o cheiro de Juha.

— Na noite em que Yagura foi derrotado e assassinado, eu encontrei a assassina dele em pouco tempo. Ela me disse pertencer a uma organização criminosa. Tinha sido enviada para matar o Mizukage por ordem deles. Ela também estava lá para procurar algum talento, algum ninja digno de vestir o manto da organização a qual ela fazia parte. Então, me convidou a me juntar a eles. E eu aceitei de bom grado. Estava disposto a obter poder para voltar e destruir minha irmã, que tirou de mim o título de Mizukage. E, assim, fui encontrado e acolhido por aqueles que se denominavam fantasmas, os Yuurei... Agora, meu sonho pessoal está muito mais palpável. Uma vez que, teoricamente, estou morto para a minha Vila, sou, de fato, um fantasma. Um fantasma renascido das trevas apenas para matar a irmã caçula, Mei Terumi. Diga-me Sasuke Uchiha, como é matar o próprio irmão? É prazeroso?

A serpente de Sasuke silvou ferozmente e o Uchiha, na hora, atacou para a esquerda. Aço e gelo negro colidiram — as lâminas de Sasuke e Juha, respectivamente. Os olhares dos dois encontraram-se.

Os dois trocaram golpes ferozes um com o outro. Sasuke brandia a Katana com extrema habilidade. Os movimentos eram, ao mesmo tempo, graciosos e vorazes; ele mostrava sua genialidade e fúria nos mesmos ataques.

Acuado, Juha teve de recuar. Saltou para trás na tentativa de conseguir uma recuperação na luta.

Mas algo estranho ocorreu.

De repente, Juha Terumi foi sugado para frente, indo de encontro à espada afiada de Sasuke. O Uchiha fixava os olhos na vítima, transbordando nada além de ódio.

— Banshou Ten’in (Atração Universal) — sussurrou Sasuke usando um de seus poderes de Rinnegan.

Atraído até Sasuke, Juha se viu sem qualquer movimento. A única saída era mergulhar na escuridão e desaparecer antes de ser golpeado. Assim ele fez, desmaterializando-se quando estava poucos centímetros de ser transpassado.

E Juha surgiu às costas de Sasuke. Nas mãos, uma estaca de gelo negro — Yami Noroi no Jutsu (Técnica da Maldição da Escuridão), o mesmo truque que havia usado contra Sakura.

Sasuke não se moveu. Juha já estava prestes a atingi-lo quando, sussurrando mais uma vez, o Uchiha falou:

— Shinra Tensei.

O corpo de Juha foi arremessado com violência para trás. Lançado para trás por uma onda de choque da qual o corpo de Sasuke era o epicentro. O Yuurei desabou sobre o chão, o rosto em terra.

— Os poderes do Rinnegan... É claro... — Ofegava Juha Terumi. — Eu deveria...

Sasuke não queria conversar, queria matar. Sem qualquer hesitação, ele atacou as costas desprotegidas do oponente. A Katana cortando horizontalmente foi evitada por Juha, que saltou de costas e, estando de cabeça para baixo, conseguiu ganhar tempo para usar selos. Os olhos de Sasuke fixos nele, as mãos do Uchiha sequenciando exatamente ao mesmo tempo.

— Suiton: Suiryuudan no Jutsu! (Elemento Água: Técnica do Dragão de Água) — bradaram os dois ao mesmo tempo, soprando, simultaneamente jatos de água em forma de dragões serpentinos. Os monstros marinhos se chocaram, atacando um ao outro.

“O Sharingan dele... Ele copiou meu jutsu! Maldito seja Sasuke Uchiha!”

O Uchiha aproveitou a batalha das bestas de água para passar por baixo delas e ir ao encontro de Juha.

— Peguei você, Juha Terumi! — falou Sasuke quando estava a menos de um metro do Yuurei.

Juha pareceu desdenhar. A mão direita formando selos rápidos.

— Hyouton: Makyou Hyoushou (Elemento Gelo: Espelhamento Demoníaco dos Cristais de Gelo).

Toda a umidade do ambiente se concentrou ao redor de Sasuke e Juha, que desapareceu instantaneamente no ar, como névoa. Entrementes, Sasuke se viu aprisionado em uma cúpula feita de espelhos de gelo. Em todas as direções havia espelhos de gelo, todos refletindo Juha Terumi.

O Uchiha olhou ao redor. Não havia como discernir qual Juha era o real. Contudo, Sasuke pouco se importou.

— Eu já vi essa técnica antes, Yuurei. Fui derrotado por ela uma vez. Não serei derrotado de novo.

O chakra arroxeado irrompeu como um feixe de luz pela cúpula de gelo rumo ao céu, destruindo todos os espelhos na hora. A aura escura liberada por Sasuke assumiu a forma de um colosso de armadura, quatro braços e asas — a forma perfeita do Susano’o de Sasuke Uchiha.

A cada passo do gigantesco Susano’o o chão estremecia. Sasuke estava acoplado à testa do humanoide, em uma espécie de casulo. Do alto, ele observava desconfiado.

— Hyouton: Kouri Kaijuu no Jutsu (Elemento Gelo: Técnica do Monstro de Gelo) — Diante do Susano’o ergueu-se um colosso de gelo negro, armadura, espinhos nas costas e nos ombros, capacete em forma de caveira. Juha estava sobre ele, em pé sobre a cabeça do monstro. As mãos do Yuurei unidas, o sorriso de triunfo. — Ranton: Rankiryuu no Jutsu (Elemento Tempestade: Tempestade do Dragão Demoníaco).

Nuvens negras, nas quais relâmpagos faiscavam, serpentearam no ombro do gigante de gelo. Elas tomaram forma — um dragão feito de nuvens e raios.

— Contemple, Sasuke Uchiha, a minha combinação mais mortal. Minhas duas Kekkei Genkai, Hyouton e Ranton, unidas num único propósito: dar um fim à sua existência.

Observando de dentro do Susano’o, Sasuke vociferou:

— Acaba agora. Venha, Yuurei.

E os dois se atracaram. Um combate entre dois gigantes. Sasuke desferiu golpes poderosos com o Susano’o e o Amaterasu. Juha revidou com o gelo mortífero e os relâmpagos fulminantes. Era impossível determinar quem levava vantagem.

O Susano’o de Sasuke cambaleou para trás após receber um disparo em cheio do dragão de tempestade de Juha. Reagindo, o Uchiha criou nas mãos do Susano’o uma flecha feita apenas de chamas negras.

— Enton: Susano’o Kagutsuchi (Elemento Chama: Susano’o, o Deus das Chamas).

E disparou. Houve uma explosão de fogo negro e inextinguível, muito calor e, depois de tudo, silêncio absoluto.

As labaredas escuras crepitavam sobre os destroços. O chão escavado, a terra seca e morta; o ambiente estava horrível.

Ele arrastou o corpo trêmulo de debaixo dos escombros. Sangrava demais, tinha cortes por todo o corpo, respirava arrastadamente. Não conseguiu se manter de pé e tombou sobre um dos joelhos.

Sasuke estava extremamente fraco. Aquela luta exigira muito dele.

Com a visão embaçada, ele sabia que já não estava mais usando o Rinnegan ou o Fuumetsu Mangekyou Sharingan. Sentia que estava com pouquíssimo chakra também. Esperava que Juha Terumi tivesse morrido, pois sabia que seria incapaz de enfrentá-lo mais uma vez.

Pôs a mão direita sobre a terra áspera, buscando apoio para se colocar de pé. Conseguindo, ele pôde ver um corpo caído mais à frente. Estava estraçalhado.

E as vestes destruídas eram pretas.

— Eu... o matei... afinal... — disse com dificuldade. — Acabou...

Contudo, a estaca de gelo negro que lhe atravessara inesperadamente pelas costas provava que Sasuke estava muito enganado.

— Acabou mesmo, Sasuke Uchiha? — sussurrou Juha ao ouvido do Jounin.

O sangue escorreu pelo furo. Sasuke tremeu e caiu de joelhos na hora. Juha, à retaguarda de Sasuke, girava lentamente a estaca, fazendo o Uchiha urrar de dor e vomitar sangue.

Foi num instante, e Sasuke viu o corpo caído do suposto Juha Terumi desaparecer como sombra. Fora enganado.

— Você falou demais, você foi convencido demais, achou que seu Rinnegan sobrepujaria o poder do meu Yami no Fuuin, mas errou. Agora, paga pela própria arrogância.

Quando Juha puxou a estaca do peito de Sasuke, uma dor cruciante foi sentida pelo Uchiha, que berrou e se debateu sobre o chão imundo.

— Exatamente como Sakura Haruno. De fato ela amoleceu você, Sasuke Uchiha. Mas não se preocupe, deixarei que morra da mesma forma que sua amada. — E Juha pôs o capuz no rosto. — Agora, resta saber como Naruto Uzumaki reagirá ao descobrir que...

Juha não conseguiu terminar. Uma Katana, cuja lâmina estava envolta por raios, estava atravessada em seu peito, entrando pelas costas, e saindo por um dos pulmões.

Juha caiu aturdido. Não sabia o que havia acontecido até ver Sasuke Uchiha, ferido devido ao combate demorado e cansativo, à sua retaguarda, o rosto do Jounin transbordava desprezo.

— V-Você... Como...? — perguntou Juha enquanto expelia sangue pela boca.

— Quando lutamos corpo a corpo, nossos olhos se encontraram. Foi o bastante para mim — falou Sasuke terminantemente.

— G-Genjutsu...? — A voz de Juha vacilou, o corpo do Yuurei tremeu. — D-desde aquele momento...?

Sasuke assentiu com a cabeça.

— Quem foi arrogante, Juha Terumi? Você pode me dizer?

E Sasuke puxou com raiva a espada do peito do tórax de Juha, que urrou e tombou sobre o solo.

— E com isso, Sakura está a salvo.

— E-eu... Eu sou um membro Sênior d-dos Yuu... rei... Eu não serei morto dessa maneira... Não serei...

Sasuke sorriu desdenhoso.

— Tem razão. Não será morto desta maneira. Como vocês, Yuurei, mesmo gostam... “Sem deixar corpos”, não é? — O olho esquerdo de Sasuke se fechou lentamente.

— Não... Você não ousaria...

Uma fina lágrima de sangue escorreu por debaixo da pálpebra de Sasuke. Ele abriu o olho e sussurrou:

— Amaterasu.

Juha Terumi gritou quando as chamas negras tomaram-lhe o corpo, consumindo-o, destruindo-o.

Foi o fim de Juha Terumi. Morto pelas mãos de Sasuke Uchiha.

* * *

— Naruto! Veja isso! — disse Gamariki em alta voz.

Às pressas, o rapaz levantou os olhos para a ferida de Sakura. Ele ficou parado, atônito, antes de perguntar ansiosamente:

— Está retrocedendo? Está fechando sozinha?

Gamariki assentiu, satisfeita.

— Ela vai sobreviver. Parece que a técnica foi cancelada sozinha; eu não fiz nada.

— Foi ele. Foi o Sasuke. Ele venceu.

Deitada sobre o chão, Sakura ganhava cor e beleza. Ela sussurrou:

— Naruto... O Sasuke-kun está bem?

Com um sorriso que há muito ele queria dar à amiga, Naruto respondeu:

— Sim, Sakura-chan! E você também!

Sem qualquer cerimônia ou aviso, Gamariki desapareceu em fumaça, deixando os dois sozinhos. Já não seria necessária ali.

— Ah, droga de fumaça! A Gamariki nunca teve educação! — falou Naruto rindo bobamente. — Ei, o que você tá fazendo?

Sakura tentou levantar, mas, com dificuldade em se manter de pé, sentiu os joelhos cederem. Se não fosse por Naruto, que a segurou, fazendo-a se apoiar em seus ombros, ela cairia.

— Ei, você ainda está fraca, Sakura-chan — repreendeu Naruto com a voz terna. — Não se esforce, tá legal?

— Não... eu preciso...

— Descansar. Você passou por maus bocados, Sakura-chan. É melhor descansar e...

— Sakura.

Ambos, Sakura e Naruto, se viraram para trás. Um moribundo e ferido Sasuke Uchiha se revelou diante deles. Ele foi a passos arrastados até os companheiros e parou à frente de Sakura.

— Você está bem? — ele perguntou.

Sakura não se conteve. Desvinculando-se como podia de Naruto, ela se atirou nos braços de Sasuke e o beijou.

— Você está bem... Você está bem, Sasuke-kun... — E voltaram a se beijar.

Naruto pigarreou.

— Vocês tinham mesmo que fazer isso agora? — Revirou os olhos. Sakura sorriu.

— Desculpe, Naruto.

— Precisamos ver o Sai e os outros — comentou Sasuke. — Ainda falta um inimigo a ser derrotado.

— M-mas, espere aí! Vocês dois estão arrebentados! É melhor eu lutar e...

O Rinnegan de Sasuke se ativou.

— Naruto. Cuide da Sakura para mim. Já volto.

E Sasuke desapareceu instantaneamente, deixando para trás um Naruto boquiaberto.

— M-maldito desgraçado! Sempre quer fazer tudo sozinho!

* * *

Karui estava com o rosto em terra. Samui, que estava ferida na perna, ofegava caída sobre o chão. De pé, apenas Sai e Kan, que se encaravam silenciosamente. O Jounin estava sério, o Yuurei risonho.

— Aquilo que você fez agora pouco foi um golpe de mestre, cara — disse Kan por meio de risadas. — Conseguiu usar tinta explosiva para remover o sangue daquela loirinha peituda da minha foice e, no mesmo lance, me dar uma bela queimadura no peito... Você é um bom ninja...

Uma sensação estranha tomou o Yuurei. Kan, pressentindo uma presença hostil à retaguarda, saltou no instante exato em que Sasuke surgiu atrás dele, prestes a decapitá-lo.

— Ei, maldito! — Naruto apareceu no segundo seguinte. Carregava Sakura nos braços. — Quer parar de ir na frente desse jeito?

Sakura passou os olhos pelo ambiente. Sentiu-se pesarosa ao ver Omoi caído sobre o chão, imóvel. Karui e Samui feridas. Sem demora, mesmo cambaleando, ela deixou Naruto para trás e foi cuidar das duas.

— Naruto. Proteja a Sakura. Sai e eu cuidamos desse cara — ordenou Sasuke.

— Ei, vocês aí! — Kan gritou. — O que diabos vocês três fazem aqui? Onde está o Juha-senpai?

Sasuke sorriu convencidamente.

— Morto. Eu mesmo o matei.

— Isso é impossível! — Kan trincou os dentes. — O Juha-senpai jamais seria derrotado por idiotas como vocês! O Juha-senpai...

Um portal de trevas cortou o ar entre as forças aliadas e Kan. Dele, um homem alto, vestido de preto, encapuzado, ar frio, saiu.

— Está morto, Kan. Ele diz a verdade. — Era Kioto, o Terceiro Oficial dos Yuurei.

Todos os olhares se direcionaram a Kioto. O Yuurei não fazia movimentos bruscos; apenas falava por debaixo do capuz que lhe ocultava o rosto.

— K-Kioto-sama! O que o senhor está fazendo aqui? — perguntou Kan, surpreso.

— Venho por ordens da Mira-sama. Você deve retornar imediatamente.

— Retornar? — Kan questionou, estranhando. — Mas as ordens eram de...

— As prioridades mudaram. A missão de resgate deles falhou, assim como a de Juha e você, Kan. Por ordens da Mira-sama, vim buscá-lo. Não vou repetir isso.

Um frio percorreu a espinha de Kan. Sem ponderar mais uma vez, o membro Junior acatou, atravessando o portal de escuridão e sumindo no meio do ar.

— Malditos! Vocês não vão fugir da gente! Não depois dessa! — berrou Naruto no instante exato que Kioto deu as costas para todos.

O Yuurei parou. Ainda de costas, ele questionou cético:

— Não vamos? Quem vai nos deter?

A resposta veio de imediato. À esquerda Sasuke atacou com a Katana, à direita Sai com o sabre. Haviam cercado Kioto.

No instante seguinte, todos pararam surpresos, inclusive Sasuke e Sai.

Kioto, com apenas dois dedos — indicadores e médios — de cada mão, travou completamente as lâminas de Sai e de Sasuke. O Yuurei sequer ergueu a cabeça encapuzada, antes, trocou a posição das mãos. Flexionando os dedos das duas mãos, ele produziu por meio delas algo similar a ondas de ar. Sasuke e Sai foram lançados com força para longe.

E Naruto arregalou os olhos, desacreditado.

— Isso foi... Esse cara é...

Tendo apartado seus dois atacantes, Kioto simplesmente rumou ao portal de escuridão. Segundos depois já não estava ali. Os Yuurei haviam desaparecido.

* * *

A viagem de volta foi demasiado cansativa. Não só pelos combates desgastantes, ou pela enorme distância, mas, também, pelo baixo moral que a equipe possuía. Foram até Zuko com o intuito de resgatar Bee, mas o que encontraram foi um corpo morto e irrecuperável. Além disso, perderam um membro do time, Omoi. Se não fosse por Sasuke e Sai, Sakura e Samui sofreriam o mesmo destino.

Ninguém se falou à noite. Sai, Sakura e Sasuke foram dormir. Naruto estava sentado sobre um alto galho de árvore, observando o céu lunar — desde que encontrara Kioto, o rapaz parecia pensativo; Sasuke e Sai também, mas Naruto ganhava destaque.

Karui estava sozinha sentada próxima à fogueira.

— Karui, posso falar com você? — A capitã, Samui, estava de pé ao lado da companheira de equipe, serena.

— Ah, é você, Samui-san. Claro, pode. — E deu lugar para a outra, que se sentou. Juntas, contemplavam as leves labaredas amareladas que dançavam sobre a lenha.

Karui, ainda vislumbrando as chamas, começou a falar:

— Deveria ter sido eu.

— Não, não deveria — contrapôs-se Samui.

— É claro que deveria ter sido eu, Samui-san. Por minha causa o Omoi se feriu! Se eu não tivesse caído na provocação daquele Yuurei, o Omoi estaria... Ele estaria...

Mas Samui negou com a cabeça.

— Em uma batalha muitas coisas são imprevisíveis, Karui. Que garantias você tem para me dar de que Omoi retornaria vivo da luta contra os Yuurei?

— Se ele não precisasse me salvar, não seria ferido naquele momento e, consequentemente...

— Exato. — Samui se virou para a outra. — Omoi não seria ferido “naquele momento”. Mas e depois? Você pode ter certeza de que Omoi permaneceria intocado? Você pode me dizer isso, Karui?

A ruiva cerrou os olhos já lacrimosos. Não respondeu à pergunta.

— O que estou dizendo — continuou Samui — é que é impossível dizer o que poderia ter acontecido. Podemos dizer o que aconteceu, mas o que poderia ter acontecido não. Nenhum de nós sabia que aquele Yuurei servia ao deus Jashin, Karui. Não foi culpa sua, pare de se martirizar.

Karui balançou a cabeça.

— Não dá, Samui-san. Simplesmente não dá.

Samui pôs a mão sobre o ombro da companheira, solidária.

— Você e o Omoi se adoravam, apesar das discussões, não é? Como líder de vocês dois, eu sempre tive problemas com as conversas paralelas e tudo o mais. Karui, o Omoi também era meu amigo. Com certeza não sentirei a perda dele da mesma forma que você, mas também sinto falta dele. Podemos chorar por ele, mas, infelizmente, não poderemos trazê-lo de volta. Tudo o que podemos fazer é seguir em frente. Omoi salvou você, valorize isso. Por ele, por Omoi. Viva por ele.

Karui balançou freneticamente a cabeça em afirmação. Chorava.

— S-sim...! P-pelo... O-Omoi... P-por e-ele...

Samui envolveu a colega em um abraço e permaneceu junto dela.

Mais acima, em um galho de árvore, Naruto observava a cena. O cachecol azulado estava sobre a perna; ele não sentia frio naquela noite. Não quis interromper o momento das duas, antes, via-as de longe.

“Eu não vou deixar meus amigos serem mortos!” A frase que herdara de Obito ecoou, involuntariamente, por sua mente. Naruto apertou com um pouco mais de força nas mãos o cachecol.

— Não importa como. Sempre vou me esforçar ao máximo para cumprir essas palavras. Sempre — disse para si.

* * *

O sol da alva a leste pouco a pouco clareava o horizonte. Eram as primeiras horas do dia. Muitas pessoas ainda estavam dormindo em suas camas confortáveis e quentes. Porém outras, como ela, já se puseram de pé; o dia chamava.

De sua grande janela, Tsunade tinha uma visão privilegiada de quase toda a vila. A Hokage, silenciosa, contemplava os portões, ao longe. Ela não piscava, não se mexia; com os braços relaxados ao lado do corpo, a mulher apenas olhava na direção da entrada da vila. Não estivera ali há poucos minutos, mas sim há horas; antes mesmo do sol aparecer.

— Bom dia, Tsunade-sama! — A porta se abriu e Shizune, carregando uma gigante pilha de livros nos braços, entrou. Depositando todo o material que trabalharia naquele dia, a assistente da Hokage se voltou à mestra. — A senhora está bem?

— Ah, oi, Shizune. Bom dia. — O tom de voz de Tsunade era distante.

Shizune se aproximou ficando ao lado da mestra. Olhou para o rosto dela e depois para a janela.

— Preocupada com ele? Com o Naruto-kun?

Os lábios de Tsunade tremeram.

— Aquele idiota deve estar voltando. Assim espero.

— Tenho certeza de que conseguiram! — falou Shizune para animar Tsunade. — Estamos falando daquele time, não?

Tsunade concordou com a cabeça.

— Sim, é verdade.

Ainda estava conversando quando uma terceira pessoa surgiu de repente dentro do escritório. Usava o uniforme de ANBU, uma braçadeira vermelha de capitão no braço esquerdo, uma máscara de felino no rosto, os cabelos roxos e longos estavam soltos nas costas da mulher.

— Com licença, Hokage-sama — disse Yugao. — O Naruto e os outros acabam de cruzar os portões da vila. Estão vindo direto para cá.

— Obrigado, Yugao. Chame o Raikage para mim.

— Sim, Hokage-sama.

Antes que Yugao desaparecesse em fumaça, Tsunade ousou perguntar mais uma vez:

— Yugao, eles conseguiram resgatar Killer Bee?

A capitã da ANBU hesitou, desconcertada. Por fim, conseguiu encontrar as seguintes palavras:

— Eu não o vi, Hokage-sama. Nem mesmo senti o chakra do Jinchuuriki do Hachibi.

Tsunade e Shizune se entreolharam apreensivas.

— Tudo bem, Yugao. Avise ao Raikage sobre a chegada do time de resgate, mas não fale nada sobre o irmão dele. Eu mesma cuidarei desse assunto — advertiu Tsunade.

— Sim, Hokage-sama. Farei isso — falou a ANBU antes de desaparecer.

Quando Yugao deixou a sala de Tsunade, a Hokage soltou um longo suspiro.

— Isso não vai ser bom.

A porta se abriu à autorização de entrada de Tsunade. Dentro do escritório estavam Tsunade, sentada, com os cotovelos apoiados na mesa; Shizune, de pé à esquerda da Hokage; Ay, de braços cruzados e feição ansiosa no rosto, à direita. Os seis membros dos sete que saíram em resgate de Bee entraram calados.

— Onde está Bee? Onde está meu irmão? E onde está Omoi? — perguntou Ay sem esperar. — Onde eles estão?

Os garotos se entreolharam. Samui, a capitã, foi à frente da equipe — os braços dela cruzados às costas — e relatou:

— Raikage-sama, Hokage-sama... — ela fez uma breve reverência aos dois Kages — o Bee-sama está morto. Omoi também.

Tsunade não pareceu surpresa quando ouviu a confirmação de suas suspeitas. Porém Ay, após um longo tempo calado, berrou:

— O que disse? Bee está morto? Vocês falharam? Falharam?

Ninguém ousou dizer nada. Ay, entre a dor da perda e a raiva, continuou a berrar:

— Vocês... Vocês são uns inúteis! Como puderam...? Argh! Vocês tinham uma missão! Samui! Eu confiei em você, Samui! Eu confiei em você!

A moça abaixou a cabeça, envergonhada.

— Já chega, Ay! — tonitruou Tsunade. — Tenho certeza de que eles fizeram o melhor que puderam! E você mesmo falhou diante desses Yuurei! Quem é você para chamar alguém de inútil?

— O que disse, Tsunade? — urrou Ay.

— Você ouviu! Agora pare de fazer esse papel ridículo! São seus ninjas, oras! Não são inúteis! E não ouse falar mal dos meus!

— Quem é você para dizer o que devo ou não falar, Tsunade? Você e esse seu pessoal...

— Calem a boca! — gritou Naruto, exacerbado. Ele ofegou, entrementes, todos o olhavam espantados. — Será que não entendem? O tio Bee morreu! E o Omoi também! O que ganhamos discutindo uns com os outros? Derrotamos um inimigo, droga! Deveríamos estar trabalhando juntos para derrotar os outros ao invés de brigarmos entre nós! Isso não tá certo! Isso seria desrespeito às memórias do tio Bee e do Omoi!

Houve silêncio por vários instantes. Até Karui, que não dissera nenhuma outra palavra desde a conversa com Samui na noite anterior, se aproximar e, ao lado de Naruto, dizer:

— Ele está certo. O Omoi não iria querer isso, nem o Bee-sama. Estou com o Naruto!

— Eu também — falou Samui, olhando cautelosamente para o rosto roxo de raiva do Raikage.

— Somos um time — começou Sakura, olhando para Sasuke e Sai e depois, finalmente, para Naruto. — Lutamos juntos, ficamos juntos, vivemos juntos, morremos juntos. Somos o Time Sete, e damos total apoio para o Naruto.

— Faço das palavras da Sakura-san as minhas — jurou Sai.

— Idem. O idiota do Naruto tem razão. — Sasuke sacudiu os ombros. — Discutir agora é perda de tempo. Nada mais.

O Raikage trincou os dentes de raiva. Tinha a aura explosiva, a vontade de berrar queimava em seu peito. Foi preciso um longo período de silêncio absoluto, o que, felizmente aconteceu, para aliviar o estresse. No fim, ele caminhou à janela do escritório de Tsunade e disse:

— Samui, Karui, vamos embora. — E pulou, quebrando a vidraça.

As duas meninas se entreolharam e, concordando uma com a outra por intermédio de acenos de cabeças, disseram uma após a outra:

— Hokage-sama, obrigada pela hospitalidade e por tudo. Peço perdões pelo Raikage-sama. — Samui abaixou a cabeça, reverenciando Tsunade. — No fim, eu sei que ele só está triste. Ele não queria causar esse transtorno.

Tsunade suspirou profundamente. Estava envergonhada pela discussão e agradecida por estar diante de uma mulher tão sábia quanto Samui.

— Eu agradeço, Samui. Façam uma boa viagem — desejou Tsunade.

— Muito obrigada, Hokage-sama — falou Karui.

As duas companheiras pediram permissão para retirarem-se e, dando as costas para todos, voltaram-se para a saída. Karui, porém, antes de deixar o local, parou ao lado de Naruto e, tocando-lhe no braço, sussurrou:

— Obrigada pelo que você fez, Naruto. Eu nunca pedi desculpas por... por quando nos conhecemos. Você sabe, eu não fui delicada com você nem com seu time. O Bee-sama tinha razão em respeitar alguém como você; é um herói, em todos os aspectos. — A garota se pôs na ponta dos pés e beijou a bochecha direita de Naruto. Depois, acompanhou Samui até a porta e se retiraram.

Ninguém disse nada por um longo tempo. No fim, cansada do silêncio e da vergonha que tinha de si, Tsunade comentou:

— Então... Pelo visto a missão foi um completo fracasso, não é? — comentou se ânimo. — Salvo pelo que disseram: um inimigo foi derrotado.

Sasuke concordou com um aceno de cabeça.

— Sim. Eu mesmo o matei. Juha Terumi, o irmão mais velho da Mizukage.

— O quê? O que você disse, Sasuke? — Tsunade quase caiu da própria cadeira. — Terumi?

— O quê? — berrou Naruto, incrédulo. — A tia Mei tinha um irmão? Aquele bastardo era irmão da tia Mei? Ela é legal... como pode ser que aquele nojento... irmão...?

— Hokage-sama, eu sugiro vasculhar mais sobre esse tal de Juha Terumi. Talvez possamos descobrir mais sobre os Yuurei se soubermos mais sobre esse homem — sugeriu Sai.

Tsunade parecia partilhar da mesma ideia.

— Ótima observação. — A Hokage se virou silenciosamente para a assistente, Shizune, que entendeu na mesma hora. Tomando um pergaminho pequeno, Shizune fez anotações. — Shizune, ah, mande uma mensagem para a Mizukage. Avise-a.

— Entendido, Tsunade-sama. Farei isso imediatamente. — Shizune guardou firme o pergaminho consigo.

Sasuke esperou alguns segundos para continuar.

— Hokage-sama, há mais uma coisa...

— O que foi, Sasuke? — questionou Tsunade, esperando saber mais detalhes.

Uchiha olhou para os demais companheiros, como se procurasse alicerce para continuar a falar — um comportamento estranho vindo da parte de Sasuke, pensava Tsunade.

— Antes de voltarmos — ele começou a falar —, encontramos um terceiro Yuurei...

Tsunade arregalou os olhos castanhos.

— Terceiro? E o que aconteceu?

Novamente, Sasuke olhou para os companheiros, mas, desta vez, resumiu-se a encarar Sai e Naruto.

— Fomos bloqueados e derrotados de uma forma simples e rápida. E... — Pela terceira vez, ele olhou para Sai e Naruto. — Vocês perceberam, não é? Sai... e, principalmente você, Naruto? Já que você está mais... familiarizado com aquele estilo, diga-se de passagem.

Sai assentiu, concordando com Sasuke.

— Sim — disse Naruto sério. — Desde que vi a forma como aquele tal Kioto parou vocês dois, Sai e Sasuke, eu não venho pensando em outra coisa. Aquele estilo de defesa... — Os olhos de Naruto se ergueram convictos. — Era Juuken. Aquele cara é um Hyuuga.

O rosto de Tsunade pareceu perder a cor. Shizune abriu a boca, incrédula.

— M-mas isso significa que...

— Exatamente, Hokage-sama. — Sasuke confirmou com a cabeça. — O homem que estivemos procurando dois anos atrás finalmente apareceu. Tenho certeza de que aquele Yuurei é o assassino de Sema Hyuuga e dos demais ex-conselheiros do Clã Hyuuga. Seu nome: Kioto, Kioto Hyuuga.


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Notas finais do capítulo

Rapaz, Sasuke vs. Juha foi... [preencha aqui o que você achou deste final de luta].

E ainda teve a participação do Kioto, teve momento triste entre a Karui e a Samui, discussão na Folha e, para fechar com chave de... (ouro, prata, bronze, ferro, plástico; tudo depende de vocês), retomei àquele mistério... "Quem matou Sema Hyuuga?"

Pausa: cês nem lembravam disso, né? Confessem!

Pausa²: cês querem agradecer ao Kioto, né? Confessem!

Mas esperem! Kioto é um... Hyuuga?! Gente, o que isso irá proporcionar? Alguém que já foi da Folha é um Yuurei? E detalhe: se prestaram atenção, Kioto é o Terceiro Oficial da organização, ou seja, abaixo do Iori e da Mira, respectivamente, ele é o maior entre os Yuurei.

Próximo capítulo: Aquele que deveria estar morto

No capítulo seguinte abordarei mais a Folha, sobretudo o clã Hyuuga. Espero que gostem! Ah, a princesa de todos nós, Hinata, vai aparecer, sim!

Falando em Hyuuga, gente, o que pensam sobre Konohamaru x Hanabi? Sério, me falem nos comentários sobre o que pensam deles. Acham que o Konohamaru merece e, um dia, irá realizar um de seus maiores sonhos, a saber, conquistar o coração da "Hyuuga assustadora"?

Ainda com os pensamentos no Kioto, sim, eu trouxe à memória algo do início dessa história. É O Herói do Mundo Ninja retornando às origens, moçada! Podem esperar que personagens que apareceram no início dessa história reaparecerão. Tipo, o Shozu Ibuke, o Hadame Tsukiaru, a Nami Shotagiru (amada por uns, odiada por outros), Sui Raiji (aquela que fez uma frente legal contra o Roku/Sasuke no Exame Jounin) e, talvez o preferido de todos da segunda etapa do Exame Jounin, Yasuke (o filho do Yagura).

E falando em personagens sumidos, nem preciso falar da, talvez, a personagens que criei que vocês mais amaram, aquela que até shipp pra ela rolou... Beni Makagawa.

Ai, ai... tanta coisa pela frente.

Gente, se encontrarem quaisquer erros neste capítulo, não hesitem em falar comigo. Até betas precisam de betas. Sério. Autor é autor, independente de tudo.

Espero muito que gostem dessa capítulo. ^^

Senti falta de muitas pessoas no capítulo passado... Vamos, gente, reapareçam! Venham!

É isso, gente. (Kayle, estou me esquecendo de algo? Me ajuda aí!)

Até o próximo capítulo, pessoal o/