O Herói do Mundo Ninja escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 117
Musashi Yamamoto


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meus queridos! Como vão? Eu espero que todos estejam bem!


Segue, em conformidade com o nosso cronograma, o capítulo de hoje! Boa leitura a todos!

Nos vemos nas notas finais o/



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O País do Ferro, situado dentro da Cordilheira dos Três Lobos, era o lar dos virtuosos samurais. Localizado no extremo norte, do outro lado do Mar Dourado, era um local de difícil acesso e mobilidade. O frio rigoroso perdurava durante o ano inteiro, e a neve caía diariamente do céu cinzento. Dentro de Três Lobos, no entanto, a manipulação do chakra combinada com os avanços tecnológicos garantia as quatro estações bem definidas de um clima temperado.

Dessa forma, restrito à área externa das montanhas, o inverno implacável servia, por si só, como um sistema de defesa dos mais eficientes. E por ser todo o lugar isolado contra técnicas de espaço-tempo, era simplesmente impossível para qualquer invasor cruzar as fronteiras do País do Ferro sem que, primeiro, tivesse que lidar com o frio insuportável, com as tempestades de neve que dificultavam a visibilidade, escondiam rotas estratégicas e atrapalhavam a movimentação de qualquer um que não estivesse habituado a lutar na altitude, sob temperaturas abaixo de zero.

E se não fosse o suficiente, os samurais — peritos na arte da espada e guerreiros conhecidos por sua bravura — tinham um poderio militar que fazia frente a qualquer uma das Cinco Grandes Nações. Sob o comando de Mifune, o General do Ferro e o mais habilidoso espadachim, os samurais haviam ganhado enorme destaque junto às Nações Ninja durante a última guerra.

Erguendo-se a cerca de sete mil metros acima do nível do mar, a Cordilheira dos Três Lobos era uma fortaleza inexpugnável e seu inverno, o pior pesadelo para qualquer força hostil. Em toda a sua história, o País do Ferro nunca havia sido conquistado. Todas as tentativas de sobrepujar os samurais foram, orgulhosamente, rechaçadas.

Agora, no entanto, Três Lobos inteira ardia em chamas.

— Impressionante, de fato — o homem de quimono esfarrapado e imundo olhou para trás, contemplando a assustadora coluna de fumaça que engolia as três montanhas e subia até o céu. — Então, este é o poder dos famosos Yuurei?

Suki deu um sorrisinho.

— Isso é só uma demonstração. Você ainda não viu nada.

— Você matou Mifune, que estava no mesmo nível de qualquer um dos Cinco Kages, e devastou um país inteiro de guerreiros em menos de uma hora — observou o homem, frio — e chama isso de demonstração.

— Oh! Sente algum ressentimento pelo que fiz ao seu povo e ao seu velho mentor, Musashi Yamamoto? — perguntou Suki, cínica.

— Não é isso — respondeu Musashi secamente. — Mas ao falar desta forma, você menospreza a força dos samurais.

Suki deu uma risadinha.

— Embora eu seja uma Kunoichi, eu reconheço a força de um verdadeiro guerreiro, seja ele ninja ou samurai; e a prova disso é que vim de muito longe só para ver você: o segundo maior espadachim do País do Ferro, Musashi Yamamoto, conhecido como o Fantasma da Neve. Esse seu título é bem apropriado para um Yuurei — disse a Assassina de Kages, com voz pomposa.

Musashi Yamamoto não respondeu; era um homem reservado e sangue-frio. Mas se admirou pela mulher ao seu lado o conhecer tão bem. E apesar de serem totalmente opostos, ele também reconhecia a força da Assassina de Kages. Suki havia rompido todas as defesas, entrado no País do Ferro à vista de todos, obliterado as guarnições palacianas, vencido o duelo contra Mifune, e destruído seu corpo até não sobrar nada do velho samurai.

Por último, a Quarta Oficial dos Yuurei aniquilou o País do Ferro. Homens, mulheres, crianças, ninguém escapou. Ao combinar o uso do leque de guerra com a arma do Rikudou Sennin, Bashousen, Suki mudou o clima de Três Lobos, transformando uma cordilheira gelada em um inferno de chamas vermelhas — e tudo isso sozinha.

Porém não foi o poder de Suki que atraiu Musashi Yamamoto. Meses antes, o Fantasma da Neve havia sido lançado na prisão por comandar uma dissidência à liderança de Mifune. Na opinião de Musashi, o País do Ferro não deveria se envolver no conflito entre os Shinobi e os Yuurei, uma vez que isso arrastaria os samurais à outra guerra cedo ou tarde — e mal haviam se recuperado economicamente dos impactos da Quarta Grande Guerra Ninja. Segundo ele, ao contrário do que propusera Mifune, os samurais deveriam tornar ao seu histórico de neutralidade.

A visão defendida pelo Fantasma da Neve agradou aos samurais de alta patente mais fundamentalistas; e pelo fato de Musashi Yamamoto ser um general de grande influência e prestígio — apesar de relativamente jovem —, ele representava o retorno às Tradições dos Antigos, com as quais, para alguns, Mifune havia rompido ao se aliar aos Shinobi e levar o País do Ferro para a guerra. Dois anos atrás, muitos samurais foram mortos na luta contra Madara Uchiha, seu subordinado Obito Uchiha, e contra o jutsu Edo Tensei de Kabuto Yakushi. Em razão disso, muitos optaram por apoiar Musashi, cuja habilidade no Kenjutsu (Técnica da Espada) rivalizava com a do próprio Mifune. Para alguns, inclusive, o Fantasma da Neve era um espadachim superior ao General do Ferro.

A tensão entre os dois partidos cresceu descontroladamente até que, por fim, tornou-se insuportável e uma guerra civil se instaurou. Por ser um país de política relativamente fechada, as Cinco Grandes Nações Ninja não souberam da divisão ocorrida entre os samurais do País do Ferro. Ao final de quase um mês, as forças de Mifune — ampla maioria — venceram as de Musashi. Os suboficiais rebeldes foram declarados Ronin e decapitados sem direito à morte honrosa pelo ritual do seppuku. Quanto a Musashi Yamamoto, após ter sido sentenciado como um Ronin, foi lançado na prisão por Mifune, onde aguardaria até o dia de sua execução pública como líder da rebelião.

Para um samurai, não há desgraça maior do que ser privado de seu mestre, princípio básico do Código Bushido, e ser tomado como um Ronin — um guerreiro sem mestre, sem honra, sem um propósito para sua existência. Para um Ronin, a morte era um caminho mais excelente que uma vida desonrada. Por isso, Musashi aceitou o destino que lhe fora imposto de bom grado, e via sua execução iminente como um ato de misericórdia de Mifune, seu velho mestre.

No entanto, alguém havia surgido e apresentado um novo caminho para o Ronin Musashi Yamamoto: Suki, a Quarta Oficial dos Yuurei. A partir daquele dia, Musashi não era mais um guerreiro errante que só recuperaria seu valor através da morte. Ele ganhara um novo propósito ao jurar lealdade aos Yuurei de Iori Kuroshini e, particularmente, a Suki, sua nova mestra.

— Por falar em samurais... — Suki olhou rapidamente ao redor, já percebendo a movimentação de soldados inimigos os cercando de longe. — Acho que deixei alguns ratinhos fugirem.

— Eu duvido. Você os deixou escapar de propósito, Suki-dono.

Suki se virou para o samurai e sorriu, satisfeita.

— Gostei de você — ronronou com sua típica voz atraente. — Agora, é a sua vez de me dar uma demonstração.

Calmamente, Suki retirou um pergaminho do manto e conjurou dois objetos de dentro dele. Tratava-se de um par de belíssimas espadas katana, forjadas a partir do mesmo aço. Embora fossem lâminas gêmeas, aquelas duas armas tinham suas peculiaridades. A primeira era ligeiramente mais fina, e tanto o cabo quanto a lâmina eram de um branco puro. Ela possuía um detalhe oco em forma de floco de neve na guarda-mão, e uma longa fita branca era atada no pomo da espada, ao final do punho.

A segunda espada, por sua vez, tinha a lâmina na cor cinza-fosca e a ponta mais chata. Aquela katana possuía a guarda-mão em formato de uma estrela de quatro pontas; a empunhadura era forrada em couro costurado com fios de seda azulada.

— Yukihime! Hisame! — Com ar de saudade, o samurai logo reconheceu suas antigas katana; e após tomá-las em mãos, depois de tanto tempo separado de suas espadas, Musashi curvou a cabeça e agradeceu à Yuurei.

Àquela altura, cerca de trinta samurais devidamente trajados saíam dentre as árvores, fechando o cerco ao redor. Em questão de segundos, Suki e Musashi estavam completamente encurralados. A Assassina de Kages, com ar leve e curioso, sequer esboçou levar as mãos às costas para sacar o leque de guerra e Bashousen.

— Apenas assista, Suki-dono — disse Musashi. — Irei mostrar como um samurai manipula o chakra. Preste atenção, pois será breve.

O Fantasma da Neve fechou os olhos enquanto brandia tranquilamente as espadas, fazendo-as dançar contra o vento. O ar imediatamente respondeu, ficando mais e mais frio. Flocos de neve despencavam como gotas do céu, apesar das montanhas ardendo em fogo a poucos quilômetros atrás deles.

“Uma combinação de neve e gelo”, Suki olhou para o céu. “É uma técnica bem bonita, devo reconhecer.”

Quando as espadas Yukihime e Hisame pararam de se mover, Musashi Yamamoto inspirou o ar gelado pacientemente, enquanto todos os samurais avançavam ao mesmo tempo.

E, em um piscar de olhos, tudo estava terminado. Além de sua mestra Yuurei, restaram apenas as estátuas de gelo fosco, as quais Musashi Yamamoto, um dia, havia chamado de seus irmãos.

 

 

                                                                                       ***

 

 

Aquele sábado seria longo na Vila Oculta da Folha. Mas não somente isso; seria estressante e potencialmente perigoso também.

O Encontro das Nações Ninja, há quase um mês se preparavam exatamente para aquele dia. Mas com a recente descoberta de que Mira Uzumaki havia se infiltrado na cerimônia fúnebre, a preocupação com o sistema de segurança da vila foi quadruplicada. Tudo foi cuidadosamente repensado para não dar ao inimigo nem a mínima chance de outra entrada furtiva. Um trabalho árduo que custou a Shikamaru Nara preciosas horas de sono.

Infelizmente, apesar dos inúmeros esforços empreendidos por Shikamaru e sua equipe, sempre pairava sobre eles a ameaça de outra invasão Yuurei. Mesmo com Sasuke Uchiha já recuperado, não havia impeditivos para que o inimigo viesse com força máxima. O lado bom era que, caso os Yuurei atacassem, haveria uma resistência poderosa os esperando, além dos ninjas da Folha. É verdade que a vila se tornaria um cenário de guerra no processo, mas isso aconteceria de um jeito ou de outro, com ou sem ajuda.

Shikamaru consultou o relógio na parede. “Oito horas... alguns já devem estar chegando”, pensou.

Enquanto isso, trabalhava na outra parte do problema. Com o auxílio de Shizune, Shikamaru Nara teve acesso a todas as informações sobre Kushina Uzumaki. Foi muita sorte que aqueles arquivos estivessem a salvo mesmo após a Vila da Folha ter sofrido diversos ataques nos últimos anos, sendo o de Pain e o dos Yuurei os mais violentos.

Desde a transferência do País do Redemoinho para a Vila da Folha, requerida pelo Terceiro Hokage, ao óbito de Kushina Uzumaki certificado há dezenove anos; Shizune reuniu dois volumes inteiros de informações, separou-as em ordem cronológica e trouxe tudo que se tinha conhecimento a respeito de Kushina para Shikamaru Nara. Considerando o tanto de trabalho que Shizune tinha que lidar, o fato dela ter feito tudo aquilo sozinha, em menos de quatro horas, apenas demonstrava o quão competente era a secretária da Quinta Hokage. “Shizune-san é excepcional e uma pessoa muito mais organizada do que eu”, avaliou Shikamaru, “vamos precisar dela por perto quando o Naruto for Hokage.”

O primeiro documento que Shikamaru tomou em mãos foi a cópia do pedido de transferência de Kushina. De acordo com o requerimento, a Folha necessitava de um membro do clã Uzumaki com a capacidade para conjurar o Kongou Fuusa no Jutsu (Técnica das Correntes de Selamento Adamantinas), para fins de substituir Mito Uzumaki como Jinchuuriki do Nove Caudas. O texto não especificava idade ou sexo do indivíduo, mas ressalvava a importância de, preferencialmente, uma criança ser enviada. Dessa forma, seria possível garantir o aprisionamento da Bijuu por mais tempo dentro de um mesmo hospedeiro.

O segundo documento era uma carta do soberano do País do Redemoinho, o governador Hayato Uzumaki, endereçada ao Terceiro Hokage Hiruzen Sarutobi. Na carta, o governador dizia estar ciente do compromisso entre as duas vilas ninjas, mas que em virtude de sua filha unigênita — e, até então, a única candidata à substituição de Mito —ser a sucessora natural do Redemoinho, não poderia enviá-la à Folha. “No entanto”, acrescentava o governador, “providencialmente, uma segunda candidata foi descoberta há poucos dias entre nossas crianças. Trata-se de uma menina igualmente promissora e, coincidentemente, da mesma idade de minha filha. Seu nome é Kushina Uzumaki. Estou certo de que ela servirá aos propósitos do Hokage-sama e honrará o legado de Mito-sama, em prol do eterno vínculo de amizade entre nossas vilas.”

— Entendo... — Shikamaru bocejou exausto. — Kushina Uzumaki não era a primeira escolha disponível.

Às folhas seguintes, um decreto assinado pelo Terceiro Hokage que homologava o ingresso e a aceitação de Kushina Uzumaki e de sua família como legítimos cidadãos da Vila Oculta da Folha. Depois, um recorte de pergaminho — e Shikamaru logo reconheceu a caligrafia do ex-conselheiro Homura Mitokado — especificando onde a família de Kushina Uzumaki residiria: um pequeno apartamento no centro da vila; receberiam auxílio financeiro do Hokage, e a jovem Kushina herdaria os pertences de Mito Uzumaki.

“Aposto que isso não foi por caridade”, Shikamaru fungou, cético; “no instante em que recebeu o chakra do Kurama, a pequena Kushina se tornou uma bomba humana. Não à toa o Alto Escalão a pôs para morar de propósito no centro da vila; queriam vigiá-la de perto.”

Virando a página, encontrou o registro ninja de Kushina Uzumaki. Mas antes de lê-lo, Shikamaru preferiu se levantar, esticar o corpo e ir buscar outra xícara de café; não queria que o cansaço o impedisse de captar qualquer detalhe minucioso que, porventura, estivesse ali.

Novamente sentado, ele se debruçou sobre o arquivo. Em sua foto de registro ninja, Kushina era uma menina com os mesmos olhos travessos que Naruto; semelhança essa que fez Shikamaru Nara sorrir.

— Kushina Uzumaki, filha única de Takumi Uzumaki e Keiko Uzumaki; nascida em 10 de julho de... — Shikamaru estreitou os olhos, contrariado. “De acordo com isso aqui, minha primeira hipótese era furada. Ainda assim, é perturbador que elas sejam tão parecidas...”, pensou consigo. Depois, continuou a leitura em voz alta: — Ela ingressou na Academia Ninja aos oito anos, tão logo se mudou para cá, e se formou Genin aos doze, sob registro de nº. 007310. Completou trinta e três missões oficiais, sendo dez de Rank D, catorze de Rank C, oito de Rank B, uma de Rank A e nenhuma de Rank S. Tipo sanguíneo...

Ali estava o detalhe minucioso.

Rapidamente, Shikamaru procurou entre os muitos papéis o registro civil que haviam feito de Mira Uzumaki. Ao encontrá-lo, comparou-o com o documento de Kushina.

“Que ótimo”, murmurou ele, “outra coisa que elas têm em comum.”

Shikamaru estava certo de que a possibilidade de aquela ser outra informação falsa era quase nula, mesmo que a vice-líder dos Yuurei tivesse conseguido registrar-se sob a identidade fictícia de Guren. Ao que tudo indicava, Mira possuía exatamente o mesmo tipo sanguíneo que Kushina Uzumaki: B+.

E para piorar, este também era o tipo sanguíneo de Naruto.

“O mesmo rosto, o mesmo jutsu, e o mesmo tipo sanguíneo...”, Shikamaru refletia em silêncio. “Mas o resto ainda não bate! O que diabos está acontecendo aqui, afinal?” Assim como antes, a sensação que Shikamaru tinha era de estar olhando exatamente para a mesma pessoa; e tal pensamento o perturbava ao ponto de quase enlouquecê-lo.

“(...) uma menina igualmente promissora e, coincidentemente, da mesma idade de minha filha. Seu nome é Kushina Uzumaki”, ele reprisou a carta do governador Hayato Uzumaki e conferiu outra vez o registro civil de Mira, enquanto os trechos “igualmente” e “da mesma idade de minha filha” eram ruminados em seu cérebro.

— A mesma idade... — meditava Shikamaru. — Se o falecido governador do País do Redemoinho agiu de boa-fé, eu já sei que a filha dele é a nossa Yuurei. Mira é a única Uzumaki conhecida que é capaz de usar o Kongou Fuusa no Jutsu e que aparenta ter a mesma faixa etária de Kushina.

“Ela deveria ter sido trazida à Folha para se tornar Jinchuuriki, mas era a herdeira do trono; e Kushina, uma garota de família pobre, veio no lugar dela”, Shikamaru continuou a examinar os documentos de Kushina, porém não encontrou mais nada que ligasse a mãe de Naruto à vice-líder dos Yuurei. “Não pode ser só isso! São coincidências demais.”

As informações subsequentes não vinculavam as duas Uzumaki, e nem poderiam. Seguindo-se a ordem cronológica dos fatos, Kushina Uzumaki já era uma Chuunin de catorze anos em seu histórico ninja, o que significava dizer que, àquela mesma época, o País do Redemoinho já havia sido devastado, o clã Uzumaki destruído e Mira já estava na Vila da Chuva, sob a tutela de Nagato e Konan. A partir dali, as histórias das duas corriam em separado e talvez fosse impossível reconectá-las.

“Espera um momento!”, Shikamaru arregalou os olhos percebendo outro detalhe sutil. “Ao se apresentar como Guren, Mira disse ser uma mulher de vinte e quatro anos; e foi com essa mesma idade que a mãe do Naruto faleceu, quando Obito usou o Kurama para atacar a vila...”

Shikamaru fechou os olhos e reordenou as informações. “Vinte e quatro anos... considerando que as duas têm a mesma idade, e que Mira Uzumaki tem a mesma aparência da Kushina que morreu naquele dia, então será que ela é...?”

— Ei, Shikamaru! — A voz imperativa de Ino Yamanaka o arrancou de seu raciocínio. Ele levantou o olhar indisposto para a companheira de equipe e a viu parada na porta, de braços cruzados e batendo o pé; aparentemente, já estava ali há um tempo.

Felizmente, Chouji também viera com ela. Shikamaru detestaria estar a sós com uma Ino mal-humorada.

— Você é surdo? Estou te chamando há séculos! — repreendeu ela. — Você vem ou não?

— Ir para onde, afinal? — Shikamaru perguntou entre bocejos.

— Tsunade-sama nos designou para receber as lideranças ninjas que estiverem chegando — esclareceu Chouji. — Eu vou acompanhar a comitiva da Nuvem; Ino, a do País da Primavera; e você, Shikamaru, a comitiva da Areia.

Shikamaru procurou o relógio na parede e encolheu os ombros. “São quase 10h da manhã, eu fiquei aqui mais tempo do que o esperado... e se já não bastasse a minha participação na reunião, também fui escolhido para outro trabalho. Que droga.”

Das trinta e seis lideranças convidadas, apenas onze aderiram à ideia e se reuniriam com Tsunade. Além dos Cinco Kages, outros sete governantes participariam do Encontro das Nações Ninja. O líder do País da Grama — e o mais importante aliado da Vila da Folha dentre os Países Menores —, foi o primeiro a confirmar presença; e foi seguido pelos soberanos do País da Cachoeira, País da Geada, País da Lua, País da Primavera, País dos Vales e o País da Chuva.

Embora desanimador à primeira vista, a Hokage já esperava um alto índice de objeções. A destruição do País das Fontes Termais era recente, o País dos Demônios ainda estava sob controle total dos Yuurei e mesmo os Cinco Kages não ofereciam a devida segurança aos seus próprios cidadãos; era natural que alguns Chefes de Estado interpretassem o convite aberto de Tsunade como pura insensatez. Ademais, devido ao histórico de guerras e abusos, ainda havia rancor e desconfiança por parte de alguns líderes dos Países Menores contra as Cinco Grandes Nações.

Mesmo assim, por ter sido um importante aliado na última guerra, era esperado que o País do Ferro também participasse. Mas Mifune não confirmou a presença dos samurais no Encontro. Aliás, Mifune não dissera absolutamente nada.

— Shikamaru, você vem ou não? — perguntou Ino, mais uma vez. — Se vier, faça o favor de lavar o rosto e ajeitar o cabelo. Você parece um zumbi agora.

 “Um zumbi? Aí está uma boa definição de como me sinto”, Shikamaru coçou os olhos enquanto forçava o corpo a se levantar da cadeira. Não era a cama, mas sim mais trabalho que o estava esperando lá fora. O lado bom daquilo tudo era que, depois de tantos meses afastado, Shikamaru Nara iria vê-la outra vez: sua querida Problemática.

O lado mau era que estava exausto... e iria vê-la outra vez.

— Bom, é melhor irmos andando. Seria problemático deixar nossos amigos da Areia esperando — disse.

A caminho dos portões da vila, os três conversavam entre si como verdadeiros companheiros de equipe, e como aqueles minutos lhes foram preciosos! Embora Shikamaru e Ino se vissem com certa frequência por ambos integrarem o Conselho da Folha, não viam Chouji há alguns dias e, muito menos, dispunham de um momento exclusivo entre eles como membros do Time Dez. Ao lado dos amigos, Shikamaru não sentia o cansaço das noites mal dormidas e do trabalho acumulado.

— A propósito, você soube da nova, Shikamaru? — Chouji falou entre sorrisos. — A Hinata recuperou a visão ontem à noite.

— Espera, o quê?! — Para Shikamaru, aquela foi uma agradável surpresa. — E como isso aconteceu? Como ela está, Chouji?

Ino Yamanaka sorriu radiante.

— Pelo que a Sakura nos contou, Hinata está ótima! Não há qualquer sequela no nervo óptico ou em qualquer outra parte dos olhos dela. É como se a cegueira dela tivesse sido algo...

—... Sobrenatural? — sugeriu Chouji, não gostando muito daquilo.

— O termo técnico é psicossomático, mas sim — corrigiu Ino. — O quadro clínico da Hinata foi um enigma para todo mundo porque, após todos os exames, o resultado era sempre o mesmo: não havia nada de errado com ela. Por mais sinistro que isso seja, tão misteriosamente quanto perdeu a visão, Hinata voltou a enxergar.

“A Princesa do Byakugan...”, refletiu Shikamaru. “Seja lá o que tenha acontecido, não parece obra dos Yuurei. Menos mal.”

— Ainda não tive oportunidade para visitá-la — acrescentou Ino —, mas pretendo fazê-lo assim que acabar essa correria do Encontro. Chouji também irá comigo, não é mesmo?

O rapaz assentiu de pronto.

— E você, Shikamaru? Também irá conosco? — perguntou Chouji.

 — Me desculpem, pessoal. Hoje eu não posso — disse Shikamaru, e então tratou o assunto com mais seriedade. — Mas definitivamente preciso ver Hinata Hyuuga, descobrir o que houve, e tudo sobre essa história de Princesa do Byakugan. Preciso conhecer quais peças temos à disposição.

Chegaram aos portões bem a tempo de recepcionarem os primeiros visitantes do dia. Shikamaru suspirou desconfortável e estufou o peito, procurando mostrar-se o melhor apresentável possível. Embora Shikamaru Nara geralmente fosse um homem despreocupado com esse tipo de detalhe, seus dois amigos sabiam exatamente a razão daquela mudança repentina de hábito.

— Relacionamentos a distância são complicados, não é mesmo, Shikamaru? — Ino perguntou entre risos.

— Agora não, Ino.

— Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. — Cordial, mas com um leve tom provocativo, Chouji Akimichi deu tapinhas no ombro do melhor amigo. — E aí vem ela, Shikamaru.

Temari servia de escolta para o irmão caçula e Quinto Kazekage, Gaara, ao lado de Kankuro. Ela vestia uma blusa preta sem mangas sobre uma armadura leve de malha que a cobria nos braços, no busto e parte das coxas; e uma saia preta acima dos joelhos. Temari também usava aquecedores de mãos pretos, botas altas e um top cinza contornado por uma grossa faixa cor-de-ameixa à cintura. Carregava o monstruoso leque de guerra nas costas enquanto usava outro pequeno para se abanar.

Ela estava ainda mais bonita do que da última vez em que estiveram juntos; e ao ver a namorada vestida daquele jeito, Shikamaru inspirou fundo e desviou o olhar embaraçado.

— Bem-vindos, Gaara, Kankuro e Temari-san! — Ino saudou o trio gentilmente. — Como foram de viagem? Espero que tenha sido ótima!

— Foi sim. Agradeço a recepção. É bom estar de volta à Folha depois de tanto tempo — respondeu Gaara. — Vejo que a reconstrução foi um sucesso.

— Só temos a agradecer à irmandade com a Vila da Areia. — Chouji sorriu. — Embora ainda lembre um pouco à vila antiga, este lugar mudou bastante, na verdade. É fácil para um visitante se perder aqui.

— Entendo. E vocês serão nossos guias? — perguntou o Kazekage. — Temos tempo até o Encontro.

— Na verdade... — Ino olhou de esguelha para Shikamaru, que, com um passo à frente, se apresentou como o acompanhante da comitiva da Areia. Agora definitivamente era o centro das atenções, o que, para Shikamaru Nara, era uma droga. Não que fosse uma pessoa tímida; só era um homem pacato, que não gostava de trazer o foco para si.

— Parece que a Hokage acertou em cheio, não acham? — Kankuro deu um sorriso zombeteiro; e logo tratou de puxar o irmão caçula pelo ombro. — Ino, Chouji, acho que vocês dois também devem estar responsáveis por outras comitivas. Bom, não se preocupem conosco; Gaara e eu vamos procurar um lugar para beber e descansar os pés. Vamos, Gaara.

— Eu não bebo, Kankuro — disse Gaara simplesmente.

— Ah, Gaara... você ainda tem muito que aprender sobre essas coisas. Por isso ainda está solteiro. — Kankuro meneou a cabeça.

— E você também — retrucou Gaara.

Temari abafou uma risada.

— Ora, vamos logo! — Kankuro exasperou-se. — Nos vemos mais tarde, pessoal. Shikamaru, é bom te ver de novo.

Quando todos os outros se despediram e os deixaram a sós, Shikamaru se sentiu mais à vontade para conversar. Embora já estivesse com Temari há dois anos, era um tanto embaraçoso beijá-la na frente dos irmãos dela, principalmente Gaara, o Kazekage.

— Achei que seu trabalho fosse recepcionar a comitiva da Areia. — Temari se aproximou do namorado, parando com o rosto a centímetros do dele. — Não sei se percebeu, mas sua responsabilidade acabou de sair andando pela vila, Shikamaru.

— Estou tentando não correr atrás do trabalho ultimamente. — Ele sorriu antes de finalmente poder abraçá-la. Sentir o corpo de Temari depois de tanto tempo já lhe valeu o dia. “Tinha razão, Chouji; o melhor da festa é esperar por ela”, pensou.

— Sabe que eu detesto homem preguiçoso — brincou Temari, retribuindo o abraço e erguendo os olhos para encará-lo. — A propósito, você está horrível.

— Eu nunca disse que fico à toa. — Shikamaru reclinou a cabeça na direção dela.

Depois de longos meses separados, aquele beijo foi como o primeiro entre eles, e igual a todos os outros beijos que compartilhavam ao se reencontrarem. Ainda assim, sempre parecia algo inédito e especial, carregado de amor e saudade.

 

 

                                                                            ***

 

 

País dos Demônios.

Os passeios matinais, em geral, eram bastante monótonos para Hana Sakegari, que jamais se habituara à vida da nobreza. Exceto pela parte em que já não precisava fazer qualquer tarefa doméstica, uma vez que os criados cuidavam de tudo.

Por outro lado, ela não poderia negar a beleza deslumbrante que era os jardins do Palácio Real. Sua parte favorita, de longe, era o Labirinto Verde, no qual múltiplos tipos de flores cresciam junto aos muros de cipreste. Sempre que ia visitá-lo, Hana se sentia uma criança dentro de um fantástico parque multicolorido.

Mas o melhor de tudo era ter a companhia do belo Kioto Hyuuga ali consigo.

O relacionamento deles era dos mais excêntricos. Kioto Hyuuga, um homem de quarenta e oito anos; e Hana Sakegari, que há pouco havia chegado à maioridade. Além do abismo de trinta anos, pelo fato de ambos possuírem o Yami no Fuuin, Kioto e Hana mantinham as mesmas aparências de quando foram marcados pelo Selo da Escuridão.

Por ironia, ao não lhes permitir envelhecer, esse efeito colateral mais evidenciava a distância que existia entre eles do que os aproximava esteticamente. Pois embora Kioto Hyuuga mantivesse a fisionomia de seus vinte e seis anos, Hana Sakegari era uma mulher presa em um corpo adolescente.

Em geral, Hana não se importava com isso. Outra vezes, no entanto, desejava ter um corpo compatível com sua maioridade. Não se parecer com uma mulher adulta já lhe causara momentos embaraçosos, principalmente nos primeiros dias de relacionamento. Na primeira vez com Kioto, dias após os Yuurei terem invadido a Folha, Hana havia notado a hesitação no rosto dele; e na manhã do dia seguinte, descobriu duas camareiras cochichando entre si sobre o que não lhes era pertinente. Tão irritada quanto constrangida, Hana Sakegari puniu as duas devidamente antes de forçá-las ao suicídio.

Mas se não bastassem as fofocas aqui e acolá, e os olhares reprovadores dos servos, alguns de seus próprios colegas Yuurei já lhes lançaram comentários debochados. Taka Kazekiri e Kan, que durante muito tempo foram membros Juniores assim como Hana, foram os primeiros. E depois Suki, a Quarta Oficial e sua superior hierárquica. Tal como fazia Kioto, Hana procurava ignorá-los, embora fosse uma tarefa difícil para alguém como ela.

Felizmente, ali não haveria ninguém além deles dois, e Hana poderia estar a sós com seu amado Hyuuga sem que ninguém os estivesse julgando por isso.

— Agora entendo como a Mira-sama se sente quando visita o lar no País do Redemoinho — disse Hana, com a cabeça sobre o colo de Kioto —, é onde ela se sente em paz.

E virando-se para cima, admirou a serenidade nos olhos perolados do amante; era como apreciar uma obra de arte. Kioto Hyuuga tinha um rosto fino e bem desenhado, e um longo cabelo preto que descia até a cintura. Além da típica beleza dos Hyuuga, a personalidade controlada de Kioto o tornava ainda mais atraente; e havia um charme especial quando ele corava. Hana adorava o contraste que o vermelho fazia na pele clara de Kioto.

De sua parte, Hana Sakegari ainda se via receosa em como deveria tratá-lo, apesar de conhecer Kioto Hyuuga melhor que qualquer outro Yuurei e de ter trabalhado com ele por mais de dois anos. Desde aquele dia, após a invasão à Folha, quando Kioto a chamou e ela o seguiu até os aposentos dele, tudo mudou entre eles; havia deixado de ser uma simples parceria para missões e se tornou algo mais pessoal, mais íntimo.

Hana só não sabia dizer o que eles eram exatamente. Aquele era seu primeiro romance, e Kioto Hyuuga era um homem muito mais velho. Eles moravam juntos, dormiam juntos e governavam o País dos Demônios como rei e rainha. Mas era só. Kioto não tocava no assunto quando estava com Hana, que, na sua inexperiência, tinha dúvidas sobre como deveria agir e como faria para agradá-lo, não como companheira de equipe, mas como mulher.

Hesitante, ela ergueu a mão e tocou o rosto de Kioto. A princípio, ele não se mexeu, o que Hana interpretou ser um sinal permissivo. Assim, Hana continuou a deslizar os dedos sobre a bochecha dele, acariciando-o devagar. Kioto permaneceu parado por mais alguns momentos até que, por fim, encurvou a cabeça e fitou o rosto de Hana — os olhos cor-de-pérola dele conectados aos verde-esmeralda dela.

A extrovertida Hana Sakegari parecia ser outra pessoa naquele instante. Tinha o rosto avermelhado, os lábios finos entreabertos, o coração palpitando ansiosamente dentro do peito.

— Kioto-sama... — ela sussurrou apaixonada.

O Terceiro Oficial dos Yuurei, um homem geralmente frio e de poucas palavras, aos poucos aprendia a retribuir os sentimentos da antiga parceira. Ainda não poderia dizer, necessariamente, que a amava; Kioto Hyuuga havia enterrado as próprias emoções no recôndito do coração. No entanto, estava longe de enxergar Hana Sakegari com indiferença. Na verdade, Kioto gostava de tê-la por perto. Apesar de ela agir como uma verdadeira criança boa parte do tempo, Hana sabia se portar como uma mulher madura quando necessário. Talvez por conta da aparência, a perspicácia da nova Quinta Oficial dos Yuurei passava despercebida por quem não a conhecia tão bem, o que não era o caso de Kioto.

Além disso, Hana Sakegari era uma das pouquíssimas pessoas que Kioto Hyuuga considerava importantes, e a única mulher que conseguia desenterrar, pouco a pouco, o que havia de mais fundo nele — uma parte de si que Kioto Hyuuga julgara ter morrido há muito tempo, antes de ter sido encontrado à beira da morte por Mira Uzumaki e se unido aos Yuurei.

Com a elegância de um príncipe, Kioto Hyuuga pegou a mão de Hana Sakegari e a beijou repetidas vezes. Comparados aos dele, os dedos dela eram finos e pequenos; e a mão de Hana parecia tão frágil ali, enquanto ele a segurava. Por sua vez, os toques gentis dos lábios de Kioto faziam-na suspirar, e um arrepio agradável lhe percorria a pele. Sorrindo, Hana inclinou-se para cima e ficou com o rosto à altura do de Kioto, olhos nos olhos.

Então, Hana o beijou nos lábios, e à medida que Kioto trazia o rosto dela para si, aprofundando o beijo, Hana o abraçava pelo pescoço, entregando-se completamente ao homem amado. Ali, pouco importava sua aparência ou o que os outros diziam deles dois. Quando estava nos braços de Kioto Hyuuga, Hana Sakegari se via uma adulta de verdade — e já não precisava invejar ninguém; sentia-se tão mulher quanto Mira e Suki: madura e fisicamente desejável. Alguém normal.

Embora Kioto e Hana se achassem dentro dos jardins, e os altos muros do labirinto verde lhes proporcionassem certa privacidade para um momento romântico, foram descobertos e interrompidos por um dos serventes do Palácio: Kobe, um homem baixo, calvo e de expressão assustada. Os dois Yuurei, percebendo-o ali, separaram-se imediatamente e se sentaram um ao lado do outro sobre a grama.

— P-perdoem-me — o servo gaguejou —, Kioto-sama, Hana-sama! N-não sabia que...

— O que faz aqui? — perguntou Kioto, seco. — Deveria estar no palácio, Kobe.

— Os senhores, digo, Vossas Majestades são aguardadas no Palácio Real — informou Kobe, e havia urgência em sua voz. Mesmo assim, o servente tinha todo o cuidado para não elevar o próprio tom. — Uma de suas companheiras acaba de chegar e ordenou-me que os chamassem imediatamente.

Hana fuzilou o criado com o olhar.

— Mira-sama está ausente, Kobe — disse Hana com rispidez —, e não deve aparecer tão cedo.

O pobre homem assentiu com veemência, trêmulo de pavor. Notoriamente, Kobe não queria estar ali, muito menos ser aquele a interromper o momento íntimo do casal regente. Pois embora o novo rei do País dos Demônios fosse um homem sangue-frio e o terceiro membro mais poderoso dos Yuurei, a jovem rainha era quem verdadeiramente o assustava. Hana Sakegari tinha um humor instável e terrível; e sabia ser criativamente sádica quando algo a desagradava. Temeroso, o servo manteve o rosto bem abaixado para não correr o risco de olhar nos olhos de sua jovem senhora, nem mesmo por acidente. Kobe sabia o que poderia acontecer. Trabalhava no palácio e, consequentemente, soubera do destino das duas camareiras que haviam irritado Hana Sakegari.

— Não foi a Mira-sama quem chegou, Hana-sama — esclareceu Kobe —, mas sim a dama que esteve aqui como vossa última convidada para um jantar, há alguns dias: a senhorita de cabelo castanho, que carrega uma espécie de leque gigante nas costas.

Hana franziu a testa, confusa, e olhou para Kioto.

— Entendo — o Terceiro Oficial suspirou, incomodado. — Obrigado pelo aviso, Kobe.

 

 

 

 

Encontraram Suki no salão real, sentada no trono. A Quarta Oficial dos Yuurei tinha o rosto duro e o olhar impaciente, claramente irritada com alguma coisa que Kioto e Hana não faziam ideia, mas, tinham certeza, logo descobririam. O Terceiro Oficial subiu as escadas de ouro e, com um simples aceno de cabeça, ordenou à Assassina de Kages que desocupasse a cadeira real.

— O Líder-sama não está no esconderijo — disse Suki, sem cumprimentar os companheiros.

— Você veio a mim para me dizer o que eu já sabia — retrucou Kioto, sereno, porém firme, enquanto assumia o lugar no trono. — O Líder-sama está ausente. Ele foi ao santuário.

— O problema não é esse, Kioto! — exclamou Suki, zangada. — Na ausência do Líder-sama, a vice-líder assume a direção administrativa. E Mira também não está no esconderijo. Em nenhum deles!

Hana Sakegari tomou o assento de rainha, ao lado de Kioto.

— A Mira-sama está no País do Redemoinho, Suki-sama — falou Hana, respeitosa —, e pediu para que não fosse incomodada.

Suki abafou uma risada em absoluta descrença. “Não ser incomodada?! Aquela ruiva acha que pode se ausentar quando quer?”, pensou.

— Pouco importa o que ela esteja fazendo lá. Não é mais importante que o trabalho dela à frente da organização — queixou-se Suki. — Kioto, você sabe disso.

O Terceiro Oficial dos Yuurei observava com frieza os olhos esbravecidos da Assassina de Kages. Depois, como se só naquele momento tivesse prestado atenção no homem que Suki trouxera consigo, Kioto olhou rapidamente para o candidato a Yuurei Musashi Yamamoto.

— Mira-sama disse confiar no seu julgamento, Suki — com indiferença, ele examinou o samurai maltrapilho. — Nas palavras de nossa vice-líder, você já aprendeu a escolher melhor os candidatos.

Suki respirou devagar, controlando a raiva.

— Apesar desses seus olhos, você é um cego, Kioto! — criticou. — Mira está tão obcecada por Naruto Uzumaki que está deixando o trabalho de lado. Ela está se tornando displicente e isso prejudica todo o grupo.

— Você está sendo dramática, Suki-sama! — interveio Hana Sakegari. — Mira-sama é a oficial mais excelente dentre todos os Yuurei, e o Líder-sama confia nela.

“Dramática?”

O olhar que Suki dirigiu à jovem rainha do País dos Demônios foi de puro desprezo. Estava sendo descredibilizada por ser a única Yuurei a enxergar o óbvio; e justamente por Hana, uma fedelha que paparicava Mira Uzumaki. Para alguém do temperamento de Suki, isso era inaceitável.

— Hana, minha flor — Suki respondeu com acidez —, não se meta em conversa de adultos. Kioto não te ensinou boas maneiras? Ou tudo o que aprendeu com ele foi posições novas?

Kioto Hyuuga não fez mais do que apenas se inclinar para frente, ainda sentado no trono. Mas foi o suficiente para tanto Hana Sakegari quanto Musashi Yamamoto estremecerem. O chakra que o Terceiro Oficial dos Yuurei emitia era denso e lhes dificultava a respiração; e seus olhos eram terríveis.

— Eu já disse, Suki — apesar de tudo, a voz de Kioto era assustadoramente calma, como de costume. — Não provoque a Hana. Principalmente perto de mim.

Mesmo sob o olhar ameaçador de Kioto Hyuuga, Suki não recuou e, ao invés disso, também deixou o chakra fluir para fora do corpo. Era preciso muito mais do que o Byakugan e uma aura poderosa para que a Assassina de Kages se sentisse, realmente, intimidada. A antiga vice-líder dos Yuurei era uma mulher que não se impressionava com facilidade. E ainda que fosse a Quarta Oficial, e ficasse abaixo de Kioto na hierarquia, Suki sabia que, em matéria de poder bruto, não estavam tão distantes um do outro.

Por isso, era com atrevimento que ela encarava o olhar feroz do rei do País dos Demônios, enquanto sorria audaciosa. Lá no fundo, Suki bem sabia que o ataque não iria chegar. Kioto era muito parecido com Mira e dificilmente caía em provocações. Mas mesmo que esse não fosse o caso e o Terceiro Oficial atacasse, Suki estava pronta para qualquer coisa. Era uma guerreira voraz desde antes de se juntar aos Yuurei, e a súbita possibilidade de dançar com Kioto Hyuuga lhe enchia os lábios de prazer.

— Kioto-sama — delicadamente, Hana pôs a mão sobre a de Kioto —, Suki-sama, por favor, parem.

Com o Byakugan ativado, Kioto Hyuuga não precisou se virar para descobrir a feição incomodada de Hana Sakegari. Era difícil respirar com dois Yuurei Seniores emanando chakra simultaneamente dentro de um espaço fechado, especialmente Kioto e Suki, duas aberrações.

E o que Kioto também havia percebido: no canto do salão, Musashi Yamamoto não demonstrava estar sendo afetado em sua respiração. Ao menos, não mais. “Ele se adaptou rápido a essa pressão enorme exercida no ar”, observou Kioto Hyuuga, contendo o próprio chakra e desativando o Byakugan.

— Hana tem razão — disse Kioto. — Já chega, Suki.

“Ah, Kioto! Ela amoleceu você?”, Suki normalizou o fluxo de seu chakra e, pousando os olhos sobre Hana, abafou uma risada de desdém.

— Que seja — Suki deu de ombros, por fim. — Vocês têm fé na Mira; eu, no Líder-sama. O que eu não quero é que esta organização vire bagunça porque a atual vice-líder tem fetiches por certo loirinho de olhos azuis.

— Se está tão insatisfeita, vá em frente — Kioto estendeu a mão, indicando o espaço vazio do enorme salão real —, abra um portal até o País do Redemoinho e diga à Mira-sama que ela não está trabalhando direito. Ela vai gostar da sua visita.

— Não brinque comigo, Kioto! Você sabe muito bem que eu não tenho medo de Mira Uzumaki — retrucou Suki.

Kioto assentiu, e um sorriso quase imperceptível despontou em seus lábios.

— Eu sei. Mas você ouviu: Mira-sama não quer ser incomodada.

Suki ponderou por alguns segundos.

— E o que de tão importante ela está fazendo lá?

— Mira-sama está se preparando para receber Naruto Uzumaki! — respondeu Hana, com o semblante brilhando de empolgação. — Suki-sama, você não vai acreditar: o Naruto revelou para a Mira-sama onde estava e a desafiou abertamente! Os dois devem se encontrar dentro de uma semana!

“Ele fez o quê?!”, Suki exclamou silenciosa. Aquilo era tão inesperado quanto proveitoso. Se Naruto Uzumaki havia mesmo revelado sua posição, então significaria dizer que ele poderia ser interceptado pelos Yuurei sem, necessariamente, chegar ao País do Redemoinho.

Não que Suki estivesse tão desejosa por Naruto Uzumaki quanto Mira estava. Para a Assassina de Kages, Sasuke Uchiha era um oponente muito mais apetitoso. Por outro lado, derrotar e capturar o Herói do Mundo Ninja traria a Suki não só fama mundial, como também o devido reconhecimento aos olhos do Líder e dos demais Yuurei. E o mais importante: afrontaria Mira Uzumaki — a usurpadora que lhe tomara o lugar à frente da organização.

— Onde ele está? — perguntou Suki, interessada. — Suponho que vocês saibam.

Kioto Hyuuga fez que não.

— Mira-sama não nos disse onde detectou o Alvo Primário — deu de ombros. — Foi uma forma de garantir que nenhum outro membro tentasse interferir.

— É claro! Porque, para a nossa competente vice-líder, um encontro a sós com Naruto Uzumaki é mais importante que o plano dos Yuurei — falou Suki, mordaz. — Bom, devo presumir que Taka esteja morto a essa altura.

Hana confirmou a hipótese.

— Segundo Mira-sama, o Naruto venceu com muita facilidade. Sequer foi tocado! A velocidade dele... pelo que ela disse, parecia a sua, Suki-sama — informou a garota.

Suki arregalou os olhos, surpresa. Mesmo que Taka Kazekiri não fosse um paradigma de força dentro da organização, ainda era um Yuurei bem rápido, fisicamente forte e com instintos extraordinários; e possuía o Selo da Escuridão. E tudo isso contra um Naruto que não dispunha de nenhuma fração do poder das Bijuu. “Se o Senjutsu de Naruto Uzumaki o tornava tão veloz ao ponto de Taka sequer conseguir tocá-lo, uma única vez, durante uma luta inteira...”, Suki refletia em silêncio, “e considerando, ainda, que Taka era mais forte que Kan, o atual Sexto Oficial, então Naruto Uzumaki está, pelo menos, no mesmo nível de um Yuurei Sênior! E só com o Modo Sennin dos Sapos!”

“Com Dairama morto”, prosseguiu Suki, “Hana é a Quinta Oficial. Mas o Naruto, certamente, a venceria. E depois dela, a próxima pessoa na hierarquia...”

A Quarta Oficial dos Yuurei deu um sorriso involuntário. Era surpreendente como Naruto Uzumaki havia progredido tanto em tão pouco tempo; e lembrando-se do que Mira lhe dissera da última vez, a Assassina de Kages não teve escolha senão dar o braço a torcer. “Talvez eu tenha mesmo te subestimado, Naruto Uzumaki”, riu-se Suki.

— Eu disse ao Passarinho para não ir atrás do Naruto, mas ele foi tão teimoso! — lamentou Hana. — Odeio ter que admitir, mas vou sentir falta daquele pedaço de lixo.

E, abruptamente recuperada, Hana Sakegari dirigiu um olhar curioso para Musashi Yamamoto.

— Ei, novato! Como os samurais lidam com Genjutsu?

Musashi respondeu com casualidade:

— Cortamos a cabeça do usuário da técnica.

— Idiota! Não falo de antecipação; quero saber como vocês bloqueiam Genjutsu — enfatizou a garota.

— Não bloqueamos — o samurai deu de ombros. — Nossas espadas são mais rápidas que um pensamento. Preocupar-se com a defesa é simplesmente desnecessário, quando a arma do oponente é uma mera ilusão.

Hana abriu a boca e assobiou, admirada.

— Kioto-sama... — virou-se para o companheiro. — Eu gostei do novato. Podemos ficar com ele?

Suki dirigiu um olhar indagador para Kioto Hyuuga. Uma vez que ela, a responsável pelo recrutamento dos novos Yuurei, havia trazido o candidato para a apreciação, ao menos um dos líderes — Iori ou Mira — deveria estar presente para deferir o ingresso do candidato, que passaria a ser um membro provisório sob avaliação de qualquer um dos outros três membros Seniores. Após o período de estágio probatório, que poderia variar, caso o avaliador entendesse pela aprovação, o novo integrante seria efetivamente admitido e reconhecido como membro Junior dos Yuurei, receberia o Selo da Escuridão e seria indicado para formar dupla com um membro Sênior. Um processo burocrático, porém, eficaz. Pois garantia que apenas os melhores fossem dignos de ser chamados Yuurei.

— E então, Kioto? — perguntou Suki. — O que vai ser?

Em tese, o Terceiro Oficial dos Yuurei era o tesoureiro da organização, não podendo exercer papel de direção sobre os demais membros Seniores. No entanto, dentre todos ali, Kioto Hyuuga era o mais alto na hierarquia e um homem de confiança de Mira Uzumaki, ao ponto de ter sido designado para gerir o País dos Demônios pela própria vice-líder — a verdadeira soberana, que administrava o país a partir das sombras.

Mas com o desaparecimento de Naruto Uzumaki, a vice-líder dos Yuurei fizera da caça ao ninja da Folha sua prioridade. Como consequência, Kioto Hyuuga assumiu o papel integral como governante. Dessa forma, tinha as credenciais necessárias para substituir Mira Uzumaki em alguma decisão, ainda que não fosse sua competência fazê-lo de ofício.

— Convoque o Sexto Oficial, Suki — ordenou Kioto. — Todos os Seniores precisam estar presentes para o sorteio.

— Onde está o Kan, a propósito? — perguntou ela.

Hana deu de ombros.

— Provavelmente, sacrificando algum bode, bebendo o sangue e dançando nu ao redor do fogo. Sabe como esses adoradores de Jashin são esquisitos, Suki-sama.

 

 

                                                                            ***

 

 

Após tomar banho e se vestir adequadamente, Musashi Yamamoto se juntou aos futuros colegas à mesa. O quimono de seda roxa lhe destacava a altura imponente; e o cabelo escuro-brilhoso, preso em um elegante rabo de cavalo, descia como uma cascata em suas costas. De olhar firme e postura ereta, Musashi caminhava como um verdadeiro Senhor Feudal. As espadas Yukihime e Hisame pendiam embainhadas no lado esquerdo de sua cintura.

Assim que percebeu o quão diferente Musashi estava de antes, Hana Sakegari cochichou para Kan:

— Ainda bem que o Taka morreu, sabe. Depois que perdemos o Juha-sama, nós, mulheres Yuurei, precisávamos de mais homens bonitos no grupo — confidenciou Hana. — A Suki-sama soube escolher direitinho; esse cara é muito gato! E é quase tão lindo quanto o Kioto-sama.

— Sua fedelha pervertida... — Kan cochichou de volta, ao mesmo tempo que seu olhar minimizava a aparência de Musashi. — Ei! Tá dizendo que eu não sou bonito?

Hana ficou em silêncio. Achava que tinha sido bem óbvia.

— Posso não ser como o Kioto-sama — reconheceu Kan —, mas sou muito melhor que esse novato aí.

— Nem ferrando! Olha só aquele rosto, e aqueles músculos! — retrucou Hana, enquanto seguia Musashi com os olhos. — Ao contrário do samurai bonitão ali, você é um magricela esculhambado com um braço de madeira e uma foice bizarra — olhou para a prótese esbranquiçada que Dairama Senju fizera para substituir o braço esquerdo de Kan, perdido durante o primeiro confronto entre a Folha, a Nuvem e os Yuurei. — Quem não sabe da história, deve pensar que você não soube como capinava o quintal.

— A foice sêxtupla é uma arma lendária, sua estúpida! — informou Kan. — Dizem que apenas o primeiro avatar de Jashin-sama a empunhou.

Hana bocejou.

— Se está tentando parecer legal, fale menos do Senhor Jabiroca.

— Não blasfeme de Jashin-sama — Kan trincou os dentes —, seu projeto de mulher!

Enquanto Kan e Hana discutiam entre si, Kioto Hyuuga servia-se de uma taça de vinho para acompanhar o peixe assado. Após beber um pouco, ergueu os olhos para Suki, sentada à outra cabeceira da mesa.

— Tem certeza de que não vai ficar para o jantar? Teremos pato assado à noite.

Suki agradeceu a oferta, mas fez que não.

— Não posso me demorar aqui. Ainda há três candidatos que preciso avaliar — respondeu. — Além disso, tenho assuntos pessoais que demandam a minha atenção. Você sabe o que eu quero dizer.

Kioto fez que sim.

— Tenha cuidado quanto for atrás daquele homem — advertiu Kioto. — Por precaução, é melhor ir acompanhada.

Suki deu uma risadinha.

— Não se preocupe. Eu sei lidar com tipos como ele — disse Suki. — De qualquer forma, eu já tinha a intenção de levar Hana comigo. Você me empresta sua doce rainha por uns dias?

Kioto olhou rapidamente para o lado. Ainda que Hana Sakegari fosse uma Yuurei bem talentosa que fora capaz de lidar com a Quinta Mizukage, a ideia de deixá-la acompanhar Suki em missão não o agradava. E se suas suspeitas estivessem corretas, então havia outro bom motivo para Kioto Hyuuga não deixar Hana a sós com a Assassina de Kages.

— Você disse bem: Hana é minha rainha — afirmou Kioto. — Preciso dela aqui ao meu lado.

Suki deu a Kioto um sorriso enigmático

— Entendo. É o amor.

Ainda estavam na metade da refeição quando um portal de trevas se abriu perto das portas do salão de jantar, às costas de onde Suki estava sentada. Ao reconhecerem de quem era a silhueta emergindo da escuridão, Kioto Hyuuga e os demais Yuurei, imediatamente, puseram-se em pé e curvaram as cabeças em sinal de reverência, inclusive, Musashi Yamamoto. Somente Suki permaneceu como estava.

— Seja bem-vinda de volta, Mira-sama — saudou Kioto Hyuuga.

Os olhos de Mira Uzumaki escrutinaram rapidamente o salão dourado do palácio e cada um dos integrantes reunidos à mesa. Mira ignorou a irreverência de Suki e, com um aceno de cabeça, agradeceu à cortesia do Terceiro Oficial.

— Obrigada, Kioto. É bom estar de volta. Por favor, sentem-se.

Com passos lentos e elegantes, Mira contornou a mesa pelo lado esquerdo em direção à outra cabeceira. Ao passar por Hana Sakegari, porém, Mira parou e se inclinou para beijá-la no alto da cabeça. Sem entender exatamente o porquê daquele gesto carinhoso, Hana corou de vergonha e sorriu. Kioto Hyuuga, por sua vez, engoliu em seco. Os demais, observavam em silêncio.

Tão logo Mira parou diante de Kioto, o rei do País dos Demônios, em sinal de respeito, deu um passo para o lado direito e cedeu o lugar à cabeceira para a vice-líder. Entretanto, Mira recusou a oferta, preferindo se manter em pé.

— Agradeço, meu amigo, mas serei breve — Mira virou o rosto à direção do homem ao lado de Suki e o cumprimentou. — Musashi Yamamoto, seja bem-vindo. Eu sou Mira Uzumaki, vice-líder e Segunda Oficial dos Yuurei.

— É uma honra conhecê-la pessoalmente — disse Musashi. — A herdeira do lendário clã do País do Redemoinho, e a mais notória mestra em Fuuinjutsu da atualidade, responsável por selar Naruto Uzumaki. Mesmo entre as masmorras do País do Ferro, sua fama a precede, Mira-dono.

“Imbecil pomposo”, pensou Suki. Ouvir Musashi reverenciando sua rival com o mesmo sufixo honroso ele havia usado antes, quando ela o recrutara, fez Suki revirar os olhos enojada.

— Também ouvi a seu respeito, Fantasma da Neve, e estou convencida de que a Quarta Oficial fez uma boa escolha ao trazê-lo a nós — disse Mira em tom cordial. — Suas espadas servirão bem ao propósito do Líder-sama. Suponho que ainda não conheça seu supervisor.

Musashi franziu a testa, surpreso.

— Achei que eu seria designado para servir à Suki-dono.

Mira meneou a cabeça, pacientemente.

— É possível, mas não antes de ser considerado apto por um membro Sênior diferente daquele que o recrutou — explicou a vice-líder. — Apenas aqueles recrutados pelo Líder-sama e por mim não precisam do estágio probatório.

“Eu acho que vou vomitar”, suspirou Suki.

— Kioto — Mira ainda estava olhando para Musashi quando chamou o Terceiro Oficial —, deixo o candidato sob seus cuidados. Sei que os seus olhos julgarão com sabedoria e imparcialidade.

Kioto fez uma mesura; e Hana comemorou a decisão discretamente.

— Não irei decepcioná-la, Mira-sama — garantiu Kioto Hyuuga.

Dadas as instruções, Mira se limitou a invocar um portal de trevas e caminhar para o desconhecido. Antes de partir, já de costas para todos, a vice-líder dos Yuurei mudou o tom de voz, deixando-o mais sério e imperativo.

— Suki, precisamos falar a sós. Por favor, acompanhe-me.

E sem esperar a resposta da Assassina de Kages, Mira atravessou o portal e desapareceu.


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Notas finais do capítulo

Isso mesmo! O personagem novo, Musashi, faz referência ao protagonista do mangá Vagabond (que eu AINDA não li, mas lerei assim que terminar Berserk).

A propósito, um novo Yuurei?! Logo agora? NÃÃÃO! E para piorar, o País do Ferro caiu! Maldita Suki! Maldito Musashi! Autor miserável!

Me digam: bateu um desânimo com a introdução do Musashi Yamamoto? Ou já começaram a especular quem pode fazer frente a ele no futuro?

Lembrando que eu aceito sugestões.

Enquanto isso, Shikamaru descobre mais a respeito de Mira através das informações que a Folha tinha a respeito de Kushina. Muitas coicidências (?) rondam as duas Uzumaki.

Como isso vai reverberar no Naruto daqui para frente? A propósito, Naruto e Mira se encontram dentro de uma semana! O local vocês já onde é, e já está sendo preparado para recepcionar o Herói do Mundo Ninja.

E, para quem gosta do casal (acho que todos nós; nunca vi ninguém que fosse contrário aos dois juntos), teve um momento ShikaTema! De nada.

Falando em romance, Kioto Hyuuga e Hana Sakegari... uau! Eu confesso que, a princípio (tipo, lá atrás mesmo, coisa de anos), imaginei a relação deles sendo nada mais que uma paixão platônica da Hana pelo Kioto. Algo bem clichê. Mas acho que, aprofundando a relação deles, consigo mostrar o lado humano dos outros Yuurei, no caso, a Hana: seus transtornos e a autoaceitação do próprio corpo.
Foi bem rápido, mas é de propósito que menciono ela se comparando com as outras duas Yuurei: Mira e Suki -- mulheres "normais".

Por falar em Suki, fiquem de olho nela!

Obs.: vocês perceberam o Kioto mencionar um tal "santuário", certo? E lembram que o Taka, antes de morrer, falou de um lugar onde Iori vai quando quer ficar sozinho, certo? Pois é. Não quero dizer nada.

***

É isso! Quero saber agora de vocês: o que acharam desse capítulo? Quem puder dar aquela força de sempre nos comentários, manter a prosa... ou me cobrar por alguma coisa [que não seja dinheiro], estamos aí!


Próximo capítulo: A reunião dos aliados

17/06/2022


***

Alguns rostos bem conhecidos vão reaparecer, e outros nem tão conhecidos assim também.



Até o próximo capítulo o/