× F u t a t s u N o U t e k i × escrita por x s a n a e x


Capítulo 6
Tempestades - Parte ll.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de pedir desculpas à todos os leitores por ter demorado tanto pra publicar este capítulo. Meu notebook estivera enfrentando alguns problemas técnicos durante essas três semanas, então pode ser que eu demore com as postagens.
Enfim, espero que todos possam compreender e apreciar este sexto capítulo de Futatsu No Uteki que, claro, é dedicado à Azallyn, uma de minhas leitoras prediletas. {♥}~



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— Precisamos conversar a respeito da noite anterior. – Falei, hesitante. As palavras escaparam de modo súbito, automático –não tive controle algum sob o desejo de ouvir a voz dócil do moreno–. Este que, no entanto, não parecia tão satisfeito ao me ver.

Tentava evitar o contato visual a qualquer custo, mas teve de fazê-lo quando impulsivamente segurei-o pelo queixo firmemente, fazendo os olhos castanhos cintilarem.

— O nosso jantar de ontem? Oh, sim. Tudo fora muito agradável, mas como você pode ver, infelizmente não terei mais a oportunidade de acompanhar vossa majestade em mais uma dessas “escapadinhas”... – Senti o pesar sarcástico de suas últimas palavras me atingirem de modo certeiro. Desvencilhou-se abruptamente, deixando o ódio estampar seu rostinho pueril. — Sabe, Erwin, existem pessoas que precisam trabalhar para conseguir as coisas. Nem todos foram abençoados com a capacidade de receber tudo de mão-beijada, como você.

— O que você quer dizer com isso?

Cai fora! – O moreno repousara o índex sobre meu peito, fazendo-me recuar um pouco. — Entendeu?

***

Sinto o calor das gotas d’água alvejarem meus cabelos loiros. Minha mente jamais estivera tão carregada de culpa como naquela noite tempestuosa.

O nevoeiro apodera-se do pequeno box, tornando-me somente a figura de um homem solitário. Aquele era o meu adjetivo... Era o que minha vida havia tornado-se após Levi ter me abandonado.

No espelho, meu reflexo apático me desprendera dos pensamentos pesarosos voltados ao moreno –somente por uma fração de segundos, no entanto–. Mas para um homem consternado, aquele tempo era mais do que suficiente para se encontrar uma solução.

A gilete rasgara todos os fios acastanhados do meu rosto –um tanto áspero e espinhoso– tão rapidamente quanto as fantasias lascivas que possuíam minha mente naquele instante.

Meus passos desengonçados, porém rápidos, me encaminhavam aos aposentos de Roger –um dos rapazes do qual eu resgatara de um antigo orfanato–.

Ainda é memorável o sorriso contagiante que tomara conta do rostinho acriançado do moreno quando segurei suas pequeninas mãos pela primeira vez, dentro do gigantesco edifício que abrigava centenas de órfãos.

De todas as faces melancólicas que jaziam ali presentes, o pré-adolescente fora o único que chamara minha atenção. E o motivo pelo qual o escolhi, ainda me é desconhecido.

A satisfação em seu rosto após receber um beijo meu, certamente era o antídoto para quaisquer problemas.

— S-Senpai? O que está fazendo aqui? – O menor indagou, recolhendo os diversos livros de francês* que jaziam espalhados sobre o pequeno cômodo que este utilizava para os estudos.

O olhar verdejante fora direcionado ao meu corpo que, além de estar repleto de gotículas d’água que indicavam que eu havia acabado de sair do banho, estava desnudo e completamente exposto.

Uma tonalidade carmim possuíra ambas as bochechas enrubescidas do moreno, que tentava esconder o rosto entre os trajes listrados.

“Aposto que o Levi era parecido com ele, quando jovem.”

Aproximei nossos corpos ao caminhar displicente em direção ao menor e acariciei ambos os ombros estreitos deste. Os lábios volumosos e róseos permitiram que um plangor escapasse.

As palavras já não conseguiam mais passar despercebidas da prisão que sua garganta estava sendo naquele instante.

— Não faça isso, pai... – Titubeou, envolvendo os braços magricelas ao redor do próprio corpo.

Sabia que todos tornavam-se vulneráveis aos meus desejos; E que não haviam frases tristonhas o suficiente para impedir que meu sadismo tomasse a forma de um ato sexual monstruoso... Mas ele tinha que tentar. Tinha que me convencer. Pelo menos, uma última vez.

— Por favor... – Suplicou, aos prantos.

A palavra “pai” fizera com que minhas mãos afrouxassem, permitindo que Roger pudesse escapar de minha luxúria anteriormente indomável. Se as palavras dele não tivessem feito minhas têmporas latejarem tanto, eu certamente teria o estuprado... Teria estuprado o meu próprio filho.

“Merda. Essa foi por pouco.”


***

A escuridão adentrara o céu tão rapidamente quanto a Lua minguante, que brilhava majestosamente naquela mesma noite. Um pedido de desculpas desengonçado seguido de um abraço paternal, fora o suficiente para recuperar a confiança de Roger. Mas eu sabia que as coisas não seriam tão simples caso houvesse mais um desses “incidentes”.

— Boa noite, filho. – Verbalizei, cobrindo o corpo esbelto do menor com um lençol infantil. Instalei meus lábios sobre a testa morna do mesmo, fazendo o rapaz bisonho descerrar um sorriso tímido.

Desvencilhei-me do moreno, caminhando em direção ao meu quarto, mas antes que pudesse realmente fazê-lo, senti o pesar de suas mãos apanharem firmemente meu pulso, fazendo-me recuar e atendê-lo.

— Pai...

— Sim?

— Eu te amo. – Disse, sussurradamente. As últimas palavras do menor fizeram minhas bochechas corarem notoriamente. Um sorriso contido estampara meu rosto e, naquele mesmo instante, corri em direção ao telefone e disquei apressadamente o número de Levi.

***

— Eu não sei se você está em casa, ou se pretende voltar a falar comigo, mas... – Tentei conter outro suspiro, mas o pesar do significado das palavras que seriam ditas a seguir, certamente eram demais para que eu pudesse carregar daquela forma.

Hesitei antes de finalmente dizê-las, recordando-me dos últimos dizeres do moreno... Será mesmo que o baixinho estava tão indignado e enojado com tudo o que fiz, ao ponto de desconsiderar todos os outros sentimentos bons e puros que eu havia por ele?

“Não”. Aquela mesma palavra fora a que ele disse à si mesmo antes mesmo que pudesse violentar seu próprio filho; Recusou-se a danificar o amor que sentia pelo pobre órfão. E também sabia que aquela era a resposta para todas as suas indagações com relação ao colega de trabalho.

Todos são merecedores de uma segunda chance. E foi isso que Roger ofereceu ao loiro naquela mesma noite. Então, a possibilidade de receber novamente o perdão de Rivaille, eram bem maiores do que presumia.

E fora aquele fragmento de esperança que o impedira de direcionar o telefone ao gancho e desistir covardemente. Erwin já havia suspirado oito vezes, e certamente o faria novamente, se não dissesse logo o que seu ego não permitia dizer à ninguém.

— Eu não entendo como e nem o porquê isso foi acontecer comigo, mas de todos os outros caras daquele escritório, foi você quem decidiu me enlouquecer e perturbar-me todas as malditas noites com o seu sorriso. – Fechei os olhos, de súbito, antes mesmo que as íris celestes pudessem dar passagem às lágrimas.

Os fios dourados ocultavam –pela primeira vez– a face um homem determinado a alcançar os próprios objetivos. E dentre toda a vastidão do meu mundo fantasioso, selecionei somente um sonho a realizar: conquistar Rivaille e sentir seu frágil e pequeno corpo adentrar meus braços, como num abraço sufocante e aliviador.

— Eu... Eu te amo, Rivaille.


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Notas finais do capítulo

Até os reviews.



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