O dia foi cansativo, a única coisa que eu planejava era se entupir de sorvete e dormir. Finalmente, depois de horas de lamentos, e lágrimas, peguei no sono, e pelos poucos minutos que eu dormi, o telefone toca. Era Beth, e mais uma vez, pedindo um de meus conselhos:
- Alô – Minha voz ainda estava lenta e rouca
- Oi Jo – Sua voz estava apreensiva e em pânico
- Tudo bem Beth? Você me parece assustada.
- É. Eu queria saber se você está disponível para me ouvir
- Eu sempre estou – Sorri para mim mesma, ao me olhar no espelho
- Ah Jo, eu acho que o Thomas não gosta de mim. Eu tenho sentido ele por perto, não demonstra mais o quanto me ama, e isso está me deixando louca. Acho que ele está me traindo...
- Beth, ele a ama. Você não precisa se preocupar com isso.
Senti o alivio de Beth, ao lhe dizer essas palavras, mas sua voz não demonstrava estar tremula ou sequer apreensiva
- Jo, me desculpe o meu egoísmo! Eu esqueci completamente de você
- Você nunca se esquece de mim Beth. Mas se você quer saber, eu estou bem – tentei mostrar felicidade a mim mesma, mas não consegui. Ainda estava fraca emocionalmente. E pretendia me afogar em um balde de sorvete, e ver filmes de romance pelo resto da noite
- Ah Jo, larga dessa, vem aqui pra casa, vamos dar uma festa! Que tal? – Beth definitivamente queria me animar. E não media esforços para isso.
- Ok, eu concordo – Suspirei
- Então, até mais...
Desliguei o telefone, me senti completamente feliz, como se os meus problemas estivessem acabado. Levantei da cama e tomei um longo e demorado banho, sem se importar com a hora. Beth, enquanto isso, provavelmente estava arrumando um jeito de seus pais saírem de casa.
Me arrumei tranquilamente, como sempre, com o meu estilo básico, sem ser muito feminina, era assim que eu sou feliz, sem ser o centro das atenções. Desci as escadas bem devagar, para não despertar minha mãe, que provavelmente iria me encher com mais um questionário antes de dizer enfim que eu poderia sair.
Não tive muita sorte, fui surpreendida com a voz de minha mãe, que antes, estava adormecida no sofá
- Joanna? – Ela abriu os olhos e arqueou a sobrancelha grossa
- Si-im mãã-e – eu estava trêmula
- Aonde você vai? – ela me questionou
- Vou à casa de Beth – agora já estava mais calma, afinal, eu não ia fazer nada de errado.
- Claro, pode ir – Ela balançou a cabeça positivamente
Abri a porta, andei a passos largos até a garagem. Entrei em meu carro, e disparei até a casa de Beth, que ficava a algumas quadras da minha. Cheguei finalmente, e a casa estava lotada, estacionei o meu carro próximo a casa dos Millers, ali seria o lugar mais seguro para que o meu carro estivesse intacto quando eu voltasse.
Caminhei até a porta de entrada, que estava aberta... Beth logo me avistou no meio de tanta confusão.
- Jo, você vai adorar saber quem está aqui – Ela disse, ansiosa
“Suspirei de ansiedade, minhas mãos tremiam e meu coração estava disparado... E lá estava ele, dançando perfeitamente, eu era tão comum aos olhos dele, eu estava desesperada, minha mente estava em duvida se ele iria ou não me enxergar, ou por quanto tempo eu iria ter que esperar até ele perceber que ele pertence a mim”
Mark se aproximou, me abraçando por trás. Meu sorriso se desfez, e tentei disfarçar, me virei, o abracei e beijei-o no rosto. Tentei esquecer meu súbito ato desesperado, entre os conflitos dos meus sentimentos.
- Oi Mark – Sorri, tentando ser simpática
- Oi Jo – Ele me olhou fixamente nos olhos
Trocamos olhares por longos minutos, até que Beth me surpreendeu
- Vem Jo, chegou a sua hora! – Exclamou
Ela me levou até sua sala de estar, que agora se tornara uma pista de dança, e intencionalmente me empurrou para Fred. Fui desmoronando até cair aos braços de Fred, que me segurou.
- Você por aqui? – Fred pareceu surpreso e contente
- É. A Beth me chamou – Sorri
- Eu sinto muito pelo que aconteceu com você hoje
- Tudo bem, isso pode acontecer com qualquer um, principalmente comigo – ri, para deixá-lo mais a vontade
Ele riu, enquanto dançávamos. O ritmo da música foi mudando enquanto conversávamos, e agora, estava ao som de uma música lenta e tranquila, pra embalar os corações apaixonados
- E então, me dá a honra desta dança? – Ele me convidou com tom de brincadeira
Corei de vergonha, estava trêmula e nervosa... Tentei relaxar
- É claro que sim cavalheiro – sorri
Ele me deu a mão, macia e suave, enquanto dançávamos com os rostos colados um ao outro, me senti como se estivéssemos apenas eu e ele naquele salão, com os corações unidos como se fosse um só.
Mark conversava com Thomas e Beth, mas me observava atentamente. Ele observava os gestos de Fred com ódio, embora estivesse sorrindo, os seus olhos não sorriam... Apenas expressavam sentimentos ruins.
A música havia acabado, mas o meu conto de fadas ainda não tinha o seu final feliz...
- Obrigado pela dança – meus olhos brilhavam de felicidade
- Não há de que – ele sorriu mais uma vez
- Até mais Fred – Sorri
Desapareci no meio da multidão, já estava tarde, precisava ir para casa. Foi uma noite de muitas emoções, não queria que ela terminasse em um desentendimento entre eu e minha mãe. Seria uma grande decepção para mim. Me despedi dos meus amigos, peguei meu carro, e fui para casa. Sentia o vento beijando o meu rosto, o que me fazia sonhar enquanto o céu coberto de estrelas fazia com que eu voasse para longe daquele lugar, me sentindo segura, nos braços calorosos de Fred.



DEPOIS EU CONTINUO