Coração Indomável escrita por Drylaine


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Saindo outro capitulo dessa vez muito mais rápido. Ah e obrigada a
Lee Wolf e SQueen pelas suas maravilhosas reviews gente isso me anima tanto. Brigada a vcs leitores q sempre tão aí me acompanhando. Vamos ao capitulo!!!



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"Eu olho o meu reflexo no espelho

Por que estou fazendo isso comigo?

Enlouquecendo por um erro tão pequeno

Eu quase deixei o meu verdadeiro eu escondido

Não, não, não, não

Não perca quem você é, no borrão das estrelas

Ver é iludir, sonhar é acreditar

É normal não estar bem

Às vezes é difícil

Seguir seu coração

As lágrimas não são uma derrota

Todos estão sofrendo

Seja verdadeiro com quem você é"

(Who You Are – Jessie J)

 

 

 

 

Leah

"Vamos ter que fazer alguns ajustes." Ouvi Sue arrumando o vestido de noivo no corpo de Emily.

"Sim, teremos que aumentar um pouco o vestido. Nossa futuro mamãe deu uma engordada." Titia Mariah (a mãe de Emily) parecia muito entusiasmada com o casamento da filha caçula e com a vinda do seu segundo neto.

"Emily, por que você tinha que ser tão danada? É muito fogo aí por baixo da saia." Eu ri por dentro ouvindo vovó Ayana dizer segurando fio e agulha de costura nas mãos, pronta para reajustar o vestido para as curvas de uma grávida.

"Vovó, para! Meu Deus, isso é constrangedor." E, lá estava Emily tomando conta da minha sala, experimentando, pela primeira vez, seu vestido de noiva.

Na minha sala estava tendo uma pequena reunião entre as mulheres da família, que hoje se resumia apenas a mim, vovó, Sue, Mariah, Dakota (irmã mais velha de Emily) e, claro a Noiva, mas é óbvio que até o dia do tal casamento essa sala estará mais tumultuada ainda com as outras Clearwaters que se juntarão para dar os últimos detalhes ao casório. Enquanto o casamento não chega, elas estavam aqui hoje para fazer os últimos ajustes no vestido de noiva que Emily irá usar e eu estava aqui apenas... Para assistir como minha prima estava radiante, com uma felicidade que nunca poderei experimentar.

Sam deve estar se divertindo comigo presa aqui no meio delas se sentindo fora de órbita.

"Minha querida, estamos entre mulheres. Eu sou a mais velha aqui e posso dizer que hoje os jovens são muito rápidos e tem muito fogo aí." Vovó Ayana parecia gostar de provocar Emily. Ela sempre foi uma senhora franca, sem papas na língua.

Emily seria a primeira grávida a usar o vestido de noiva das Clearwater. Tinha que admitir que ela estava mais bonita naquele vestido branco. Era uma tradição entre as várias gerações de mulheres da nossa família a usar o mesmo vestido de noiva e a única coisa que se podia mexer nele era fazendo um ou outro ajuste, que no caso de minha prima seria feito por causa de ter engordado devido à gravidez.

O vestido era o tradicional branco e longo, com manguinhas nos braços e um decote discreto na frente acima dos seios. O tecido era feito de seda e todo rendado, muito bem costurado com muita delicadeza, embora parecesse simples o detalhe em renda dava um ar tão sofisticado e romântico e sempre se encaixaria as curvas do corpo de qualquer Clearwater. Obviamente, vovó, Mariah e Sue fariam até milagre pra fazer o vestido ficar impecável no corpo de uma grávida.

"Bom, pelo menos vai haver casamento, mãe. E Emily não é uma adolescente. É uma mulher pronta pra ser uma mãe afetuosa e uma esposa forte."

Ah, sim concordo com a titia. Emily parecia ser criada para ser a esposa perfeita, feita sob medida para Sam. Revirei os olhos frustrada com todo aquele papo.

"Espero que Sam seja um bom homem pra te honrar como se deve." Senti um tom mais áspero de minha mãe que me olhou de canto.

 Bom, parece que eu não estava tão invisível assim.

"Não se preocupe tia Sue. Ele irá." Emily dizia convicta. É óbvio que um amor de imprinting era algo certo, uma união inquebrável. Então, era fácil falar que Sam iria honra-la assim, sabendo que ele estava ligado a ela até a sua morte, algo que nós meros mortais não poderíamos ter. Afinal, o amor é algo tão incerto e nunca dura pra sempre. E eu aprendi isso da pior forma possível.

 

Só de pensar em imprinting, eu sentia meu estômago se revirar. Eu odiava e, ao mesmo tempo, temia essa palavra. O curioso era que o imprinting se tornou para os lobos algo mais estável e uma união eterna, algo que o casamento nunca conseguiria atingir.

Sejamos francos, se não fosse pelo imprinting, Emily não poderia afirmar tão certa que Sam era o homem da sua vida. Afinal, casamentos podem ser quebrados a qualquer hora, por qualquer motivo e não são eternos. Por outro lado, eu entendia Emily, eu também já me iludi como ela acreditando que Sam era o homem certo pra mim e que iríamos casar e esperei um final feliz ao lado dele. A diferença entre nós é que não houve imprinting pra me unir a Sam, essa era uma vantagem que ela tinha sobre mim, ou talvez não...

"Será mesmo, maninha? Não vamos esquecer que Samuel Uley, tava pra casar com a Leah e no último momento o casamento não rolou." Uau, minha priminha Dakota deveria ganhar algum crédito pelo seu sarcasmo. Dakota era irmã mais velha de Emily e mãe da pequena Claire que dormia em meu quarto. "Desculpa, Leah!" Ela se deu conta tardiamente que eu estava ali. Respirei fundo tentando controlar meu temperamento.

"Bem a história entre Lee e Sam é passado. Então, vamos deixar o passado pra trás e pensar no agora. No casamento!" Emily resmungou cerrando os dentes e me olhando com uma expressão nervosa.

Era difícil estar ali observando elas, vendo Emily no centro das atenções sendo paparicada. Eu me sentia fora de lugar, ou excluída, com raiva e, talvez, com inveja, porque há quase um ano era pra ser (Eu) que iria vestir aquele mesmo vestido. Era eu que iria fazer aqueles mesmos planos de um futuro ao lado de Sam, (não que eu estivesse ainda ansiando por um futuro com ELE). Como Emily disse, minha história com Sam era passado, nós não estávamos destinados e isso ia além dessa droga de imprinting.

Confesso que vê-los casar ainda era algo que me perturbava, porque me fazia pensar no meu futuro. Um futuro onde não poderei ter filhos e nem formar uma família.

"Olá, Leah!" Fui tirada de meus devaneios pela voz de Seth que me deu um abraço de urso. "Mana, você não quer fugir daqui?" Ele cochichou em meu ouvido.

 "Ah, claro que eu gostaria de fugir daqui e ir pra bem longe e nunca mais voltar." Eu disse olhando novamente para a minha sala tumultuada.

"Lee para com isso. É só um casamento que logo vai passar. E você não tá sozinha nisso." Seth bufou chateado me soltando e indo pra cozinha. Eu gostaria de olhar pra esse casamento e ignorar tudo, mas não era tão simples assim. Não era só por ser o casamento do meu ex-noivo com minha prima, ou por essa sensação de frustração e traição que ainda ardiam aqui dentro. Havia algo ainda pior, o ódio por Sam ter o poder de me manter presa aqui nessa situação.

Sam pra mim era um péssimo Alfa, que usufruía do seu poder de líder pra me controlar e até me humilhar. Ele está prestes a se casar com Emily, mas não quer me deixar livre e ainda pensa que é meu dono. No fundo ele não pode ficar comigo por causa do imprinting, seu lobo escolheu Emily, mas seu lado humano ainda se sente preso a mim. O mais assustador é que o Alfa sabe que eu não sinto o mesmo por ele, que meus sentimentos mudaram e nossa ligação também. Isso o deixou louco, ainda mais porque Jacob entrou nessa equação pra complicar mais as coisas.

O Alfa viu na mente de Embry a noite apaixonada que passei nos braços de Jake, o que o deixou perplexo e o fez também se sentir traído. Uma parte minha se sentiu vingada vendo Samuel enlouquecido por ver que a lobinha cinza, também poderia seguir em frente com quem quisesse e ainda se apaixonar de volta. Sam viu que eu não era mais sua, ou melhor, que eu nunca fui sua e que o meu mundo não gira em torno dele. Por um momento eu senti o gosto doce da vingança e até uma leve sensação de liberdade. Entretanto, pra manter seu poder sobre mim, Sam resolveu me manter fora das patrulhas e bem longe de Jacob. E, além disso, pra se vingar e me humilhar ele me obrigou a ter que ajudar Emily nos preparativos do seu casamento e, assim, ele pode esfregar a sua felicidade na minha cara.

Saí dos meus devaneios ouvindo as mulheres continuarem a tagarelar sobre vestido, casamento, homens e bebês. Cansada de todo esse papo, decidi seguir Seth e ir pra cozinha, me sentei na mesa em sua frente vendo ele se empanturrar de pizza.

"Como foi a patrulha?"

"Foi tranquila e divertida." Ele disse de boca cheia me fazendo franzir o nariz. "Claro, que teve algumas picuinhas entre Jacob e Embry que pareciam que se odiavam. Então, irritamos um pouco eles pra ver se arrumavam aquelas caras amarradas."

"Por que eles estavam de briga?" Perguntei dando de ombros, me servindo de Coca- Cola.

"Por que você acha?!" Seth revirou os olhos e soltou um suspiro de tédio. "Por causa dos sonhos eróticos que Jacob tem... com você." Me afoguei com a bebida que havia acabado de beber. Meu irmão babaca se levantou e começou a dar um tapinha nas minhas costas rindo de mim. Parecia até que ele fez isso de propósito. "Você tá bem, mana?"

"Idiota!" Eu disse com raiva sentindo minha garganta arder.

Seth se sentou novamente em minha frente e ficou lá com aqueles olhos castanhos me olhando desconfortável, vendo ele morder selvagemente mais uma fatia de pizza, como se quisesse descontar sua raiva no pedaço de massa.

  "Lee, você e Jake... são só amigos, né?" Arqueei as sobrancelhas me sentindo chocada.

"Não... Somos só inimigos!" Eu disse secamente deixando Seth boquiaberto. Nesse instante, Claire rompeu pela cozinha com sua voz estridente.

"Eu quelo bolinho, tia Lee!" Ela dizia com a sua voz infantil. A menininha sapeca pulou no meu colo reclamando que queria bolo de chocolate e Coca-Cola. Beijei a sua testa e baguncei o seu longo cabelo fazendo ela sorrir entusiasmada.

"Tá bom, aqui tá o teu bolinho!" Seth repetiu a voz infantil dela fazendo ela dar uma gargalhada gostosa antes de se lambuzar de cobertura de chocolate. Era tão bom ser criança e viver num mundinho colorido de fantasia e alegria, sem noção dos perigos que existem lá fora.

 "Olha só pra vocês aqui se divertindo sem mim." Fomos interrompido por Quil vindo direto para sua imprinting, mas ele não estava sozinho, Jacob apareceu junto e, logo, seus olhos se prenderam nos meus e eu senti o ar ficar denso.

"Uau, também quero bolo!" Quil cara de pau já foi se servindo e roubando Claire do meu colo. A menina claro, já ficava ainda mais radiante quando estava com ele. Era impressionante a paciência e o carinho que ele tinha por ela, embora eu ainda achava essa relação muito bizarra demais. Porém, Quil se mostrava sempre muito atencioso e protetor como um irmão mais velho ou um pai.

"Ei Jake, vem comer. Tem pizza e bolo de chocolate." Seth foi puxando Jacob pra se juntar a nós. Tentei controlar meu coração que já ficava muito agitado quando estava perto dele, como se eu fosse uma garotinha apaixonada. Como se isto não bastasse, ele se sentou do meu lado e senti uma de suas pernas tocarem a minha causando um arrepiou incontrolável.  

Assim, a cozinha que já era pequena foi se tornando menor com a mulherada da sala vindo se juntar a nós. Vovó como sempre alfinetava todo mundo. Foi difícil não rir e sentir aquele momento nostálgico de quando nossa vida era normal com a casa cheia e a família reunida. Uma família muito tagarela que me deixava até tonta.

"Agora vocês crianças estão cada vez mais grandes. Seth você parece que engoliu um urso. É assustador." Todos rimos das reclamações de vovó. Ela era uma figura muito divertida.

Uma hora depois, que a casa já estava mais quieta e o povo já tinha ido embora, aproveitei pra organizar a cozinha. Já estava terminando a louça quando senti seu corpo grande e quente se aproximar de mim e me encurralar. Jacob encostou seu peito em minhas costas e suas mãos seguravam as minhas mãos que ainda estavam molhadas e suja de espuma sobre a pia. Senti seu corpo se apertar avidamente mais ao meu, ao passo que seus lábios beijavam meu pescoço sem pudor e, assim, meu corpo todo reagia instantaneamente aos seus toques ousados.

Jacob era um novo problema na minha vida, embora minha alma grite o contrário. No fundo, mesmo que não possa admitir nem pra mim mesmo, sinto-me cada vez mais conectado a ele. Uma ligação tão forte que eu nunca senti por Sam. E esse sentimento por Jacob está criando raízes e por mais que eu queira fugir, mais parece que o destino irônico me levava sempre para os braços daquele garoto impulsivo e lindo. Eu também sabia que por mais que quisesse me jogar sem pensar nos braços dele, o destino iria cedo ou tarde fazer algo cruel pra tirar ele de mim e eu temia isso muito mais do que qualquer coisa que já tenha temido em toda a minha vida.

"Jacob, para!" Recobrando a razão consegui com dificuldade me afastar de seus braços sem me atrever a olhar em seus olhos, com medo de ser tragado por aqueles negros sedutores.

"Por quê?! Caramba Leah, só estamos nós aqui. Vamos aproveitar!" Então, ele me dava aquele sorrisinho petulante que fazia meu coração palpitar de insensatez.

"Não Jacob, eu deixei isso bem claro na nossa última conversa." Eu disse tocando em seu peito tentando impedi-lo de se aproximar de meu corpo. Não foi uma boa ideia porque minhas mãos formigaram sentindo seus músculos firmes e sua pele quente sobre o tecido de algodão da camisa que ele usava.

"Leah, eu sinto a sua falta. E eu odeio essa barreira que você tenta sempre impor entre nós." Suas mãos, logo, seguravam as minhas ainda sobre seu peito e ele fez uma carinha de cachorro abandonado.  E eu o odiava por isso, por conseguir me deixar tão desnorteada com a sua presença e suas palavras sinceras. "Você sabe que eu sou um cara teimoso demais. E não vou facilitar a sua vida." Eu também odiava a sua petulância.

"Hahaha... Vamos ver então se você é forte o suficiente pra jogar esse jogo." Eu ri zombando dele. Jacob foi se aproximando cada vez mais e de novo eu fui me deixando levar por sua presença. Eu podia sentir sua respiração soprar meu rosto, seus olhos logo pousaram em minha boca me fazendo morder meus lábios nervosamente.

"Fique longe dela!" Ouvi a voz de Sam grunhindo aparecendo de supetão em minha casa. "Acho que interrompo algo?" O Alfa disse com puro desdém encarando friamente Jacob que se afastou de mim tomando uma postura tensa.

"Droga, o que você quer aqui! Emily já foi pra casa e deve estar esperando por você." Jacob rosnou se colocando em minha frente.

"Quero que você vá embora. E não coloque seus pés aqui." Ao ouvir o tom de comando do alfa senti meu corpo tremer, Jacob também tremia.

"Você não tem o direito de decidir nossa vida, Sam." Jacob me olhou esperando que eu também me manifestasse só que eu não conseguia falar.

"Você é um garoto imaturo que não percebe o quanto pode machucar ela."

"Assim, como você machucou ela quando ficou com Emily?" Black estava tentando lutar contra o comando Alfa.

"Olha garoto, você não percebe que existe o imprinting. O imprinting que pode acontecer com você também. E quando acontece... não temos o controle." E aquilo ficava me perturbando a mente. "E você Lee, quer se ferir de novo se envolvendo com outro lobo que poderá ter um imprinting?" Sam me olhava me pressionando, ele tentou se aproximar de mim, mas Jacob se pôs entre nós.

"Eu não vou ter um imprinting." Jake falava com uma convicção que me remexia por dentro. "E eu sei o que quero!" Olhei para Jacob que também me olhava com intensidade, sentindo meu coração balançar por suas palavras.

Entretanto, Sam estava ali decidido a destruir qualquer esperança que quisesse ter com jacob.

"Engraçado como você sempre sabe o que quer. Dias atrás, você queria Bella com todo o seu coração. E até o último momento do casamento, tentou fazê-la fugir com você." Sam continuava com sua voz afiada. Queria parar com a conversa, mas ele me paralisou com sua persistência e postura cínica. "E vocês até trocaram um último beijo. Um beijo de adeus."

"Mas, que droga! O que isso importa?" Jacob começava a tremer enfurecido.

"A questão é...  você só veio até Leah, porque necessitava de um corpo quente pra aquecer o frio e vazio que Bella deixou no seu coração." Então, Sam esfregou na minha cara que a noite perfeita no penhasco foi apenas um momento de libertação. "Dois corações rejeitados precisando curar suas feridas através do sexo. Que deve ter sido muito bom, mas foi só..." Nesse instante, Jacob estava tremendo descontrolado e eu tentei para-lo.

"E você quer fazer da Bells um lembrete constante em minha vida, quando eu só quero seguir em frente? Eu quero esquece-la." Os dois se encaravam como dois animais ferozes.

 "Concordo. E Lee-Lee seria um meio pra você se esquecer dela?" Droga! A conversa soava tão estranha e eu me sentia tonta e com raiva deles.  

Havia algo extremamente perturbador sobre nós três, sobretudo, porque Sam tinha uma postura tão dominadora e obscura, muito fora do normal. Quase como se tivesse uma energia maligna pairando sobre nós e essa sensação era assustadoramente familiar.

"Parem! Cala a boca, Sam!" Eu disse trêmula, mas Sam me ignorou insano.

"Por que no fim das contas Jacob, seu coração ainda estará preso a Bella. Assim como o meu sempre estará preso a você... Lee-Lee." Abruptamente, Jacob me afastou e atacou ferozmente Sam com socos furiosos derrubando o Alfa no chão.

Black estava muito fora de si e, continuava implacável a socar a cara de Sam que, mesmo sangrando, ainda mantinha um sorriso arrogante no rosto zombando do garoto. Eu tentei para-los novamente, tentando puxar Jake de cima dele, porém ele era mais forte que eu.

 "Você é um covarde que só quer nos manipular." Jacob murmurou ofegante uma última vez, antes de se afastar de cima daquele cara idiota. "Está tão obcecado que só quer manter Leah presa a você." Toquei ele tentando acalma-lo.

"Então, o que isso significa?" Porém, o Alfa petulante, apenas ficou lá incitando Jake com suas palavras amargas. "Se é tão corajoso assim, porque não reivindicar sua posição de Alfa, hein." Sam se levantou cambaleando, com o nariz arrebentado e todo sujo de sangue. "Liberte-a de mim." Sob minhas mãos eu ainda podia sentir o corpo de Jacob tremer, olhei para ele me sentindo tão confusa quanto ansiosa.

 Sim, eu desejava ser livre de Sam e eu sentia até minha loba se agitar querendo Jacob como o Alfa legítimo. Essa era a melhor solução, Jacob podia nos libertar agora.  E eu comecei a me animar com a ideia. Queria me ver livre definitivamente de Sam.

"Jacob você pode..." Mas, minha alegria durou pouco, quando olhei para as órbitas cheias de medo dele.

"Eu não posso." Jacob ainda não queria aceitar aquilo que era seu de direito. "Eu não quero ser o Alfa. Eu nunca quis isso pra mim." Eu me afastei de Jacob ainda digerindo tudo aquilo. "Lee, eu sinto muito."

"Eu também." Murmurei rancorosa não querendo que ele me tocasse. Jacob Black ainda era apenas um garoto imaturo com um toque de egoísmo, que ainda é incapaz de tomar a decisão mais difícil de sua vida. Não apenas por ele, mas por nós.

"Pobre Leah, se entregou a um menino imaturo, pensando que ele poderia lutar por você." Paralisei chocada com o cara diante mim, Sam me lembrava Utlapa com toda a sua obscuridade e frieza de gelar a alma, desprovido de amor, mas dominado por uma total amargura.  "Acha mesmo que ele se importa?" Suas últimas palavras não apenas perturbavam, mas também machucavam. "Ele também não pode te salvar do seu destino solitário e infeliz."

"Cala a boca, Sam. Já, chega." Ouvimos Sue romper pela cozinha desesperada e muito irritada, trazendo consigo uma Emily com um olhar ferido.  

 "Sam como você pôde..."  De repente toda aquela postura do Alfa se desfez diante de sua noiva. Ele tentou se aproximar de Emily.

"Emy, eu sinto muito. Eu..."

"Isso é nojento. Eu não quero que você me toque." O clima ficou ainda mais pesado e frio com tantos sentimentos ruíns pairados sobre nós. "Eu ouvi tudo. Isso explica porque Lee tem ficado aqui em La Push. Você ordenou ela a ficar pra humilha-la e pra afasta-la de Jacob?  Tudo por que não quer que ela siga em frente?!" Emily falava chocada.

"Não, Emily... Eu só..." Sam se atrapalhava com as palavras.

"Então, olha bem no fundo dos meus olhos e me diga sinceramente..." Ela foi se aproximando dele com uma postura firme. "Me diga que você não deu uma ordem Alfa para manter Leah aqui ajudando nos preparativos do nosso casamento. Me diga Sam que seu coração não está preso a Leah." O olhar dele caiu. "Me diga Sam que você não ama mais ela e que você não se importa que ela siga em frente com Jake, ou com qualquer outro cara." Ela estava chorando e eu simpatizei com a sua dor.

"Ei Emily querida, isso pode não fazer bem ao bebê." Sue disse tentando apaziguar a situação, mas minha prima permaneceu irredutível confrontando seu noivo.

"Emily, eu te amo. Eu só queria proteger eles de cometer o mesmo erro que..."

"Erro?! Erro fui eu acreditar que você estava cem por cento comigo. Que você me amava por inteiro, porque eu estou por inteiro aqui, nessa relação." Ela gritava magoada e batia no peito mostrando sua dor. "E Eu destruí a minha relação verdadeira com Lee por causa de você." Ela me olhava triste e arrependida.

"Emily me perdoe."  Sam tentou novamente se aproximar dela. Senti Jacob se remexer do meu lado querendo interferir, mas o olhar de Emily o parou. Vi Sue cruzar os braços tentando controlar a sua própria raiva.

"Você não vale a pena. O cara por quem me apaixonei não era assim. Quem é você Sam? Porque esse aí não é aquele cara bacana, leal, amoroso que será capaz de honrar a sua família. E você não pode ser um líder assim. Eu não lhe reconheço." Com essas palavras ela lhe deu as costas pronta para ir embora.

"Meu amor, eu sinto muito." Agora ele parecia estar em agonia, provavelmente, porque podia sentir a dor dela. Ele tentou se desviar do olhar mortal de Sue.

"Eu sinto muito Leah. Muito mesmo. Quanto a você Sam... minha vontade é desistir desse casamento."

"Não, não... Eu te amo. Eu sei que te amo e quero me casar com você. Nós vamos ter um bebê lindo, juntos."

"Então, está na hora de você se lembrar que mais do que ser um alfa, você será um pai." Sue decidiu interferir mostrando sua fúria.  "E esse filho crescendo dentro dela, precisa de um homem de verdade pra ensinar o caminho certo."

"Agora, eu preciso de um tempo." Emily murmurou atordoada abraçando seu próprio corpo frágil.

"Jacob, quero que você leve Emily para casa. E cuide bem dela." Sue disse abraçando Emily.

 Obediente, Jacob me deu um olhar chateado e sussurrou mais uma vez um “Sinto Muito!” Antes de partir com Emily. E Sam, relutantemente, teve que ficar e enfrentar mais um pouco a minha mãe.

"Escute bem o que vou lhe falar Samuel Uley."

"Sue eu... Eu sei que sai do controle e..." Mas, ele logo foi cortado pelas palavras duras de Sue.

"E você não vai mais sair do controle porque irei levar o que aconteceu aqui direto ao Conselho. E você também não irá mais tratar Leah ou Jacob ou qualquer do bando como se eles fossem meros peões ou escravos servindo seu mestre." Sue era pequena, mas tinha uma postura imponente, sabia impor ordem. Por dentro eu estava amando ver ele se ferrar. "Leah é parte da alcateia. Deve ser tratada como uma irmã, com respeito e dignidade que você trataria sua mãe e sua mulher. Você está me entendendo?" Sam engoliu em seco antes de respondê-la.

"Sim Sue. Eu passei dos limites e eu sinto muito por isso. A senhora está certa." Sam abaixou a cabeça, envergonhado, e me olhou timidamente. "Sinto muito, Leah." Eu não disse nada apenas fiquei lá em silêncio, absorvendo tudo aquilo. Assim, como Emily havia dito... O Sam que estava falando aquelas coisas horríveis de minutos atrás, parecia perturbadoramente diferente.

"Agora vai embora e dê um tempo pra Emily se acalmar. Ela está grávida e não merece passar por isso." Sam deu mais um olhar arrependido pra nós, antes de seguir seu rumo me deixando sozinha com mamãe.

"Mãe, me desculpe. Eu não sei como as coisas saíram do controle."

"A culpa não é sua. Agora pelo o que entendi..." Ela parou me olhando estreitando os olhos. "Você e Jacob estão se envolvendo romanticamente?" Assenti, não conseguindo esconder isso dela. "Bem, por mais que ame aquele garoto como filho e em outro momento eu diria que vocês nascerem um pro outro... Sei que com essa coisa de lobo e imprinting, seria loucura se envolver com o Jacob." Isso causou uma pontada dilacerante em meu peito. "Vocês são tão lindos juntos. Mas, além de ser um garoto imaturo, Ele ainda é um lobo que pode sofrer imprinting. E sabemos que não terminará bem pra você."

"Eu sei, porque irei sobrar mais uma vez nessa história." Eu disse sorrindo amargurada.

"Vou falar com o Conselho e convence-los que você precisa se afastar da alcateia. Você é a única mulher lá no meio daquele bando de machos. Vou convencê-los que isso pode se tornar perigoso pra você." Fiquei lá ouvindo ela falar calmamente. "Tenho pensado que o melhor seria deixar que minha filha seguisse seus sonhos longe daqui. Que você possa ir pra universidade como deve ser." E, no meio de toda essa bagunça e desesperança em minha vida, mamãe estava me dando uma nova opção para recomeçar. 

Talvez, eu poderia fugir daqui e seguir a minha vida longe do sobrenatural, da obsessão de Sam e longe, principalmente, de Jacob. Mesmo, que estar longe dele fosse o meu maior desafio. No entanto, eu sabia que fugir de La Push ou de Jacob, não era o meu maior problema.

O meu maior problema era vencer o destino que irá me perseguir, aonde quer que eu vá.

 

{Continua...}

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Nos próximos capítulos teremos grandes reviravoltas e um salto de tempo na trama que tem muito ainda pra rolar Blackwater terá grandes desafios pra ficar juntos. Bjus!!!