JULIE

Depois de deixar Megan e Steve na enfermaria, fui até meu quarto e tomei um banho demorado. Todos os pensamentos me abandonaram naquele momento.
Saí a procura de Brad. Caminhei por todos os corredores a sua procura e o encontrei no convés.
Me aproximei. Ele estava sentado, olhando para o céu azul.
— Pensando em mim, espero - falei, sentando ao seu lado.
— Você nem imagina - ele disse, sorrindo.
Ele havia tomado banho e vestia uma roupa tática de agente.
— Lembra quando você me ajudou a ir até Nova York atrás do meu pai? - perguntei, sem saber o real motivo.
— Claro que lembro. Ainda mais quando já tínhamos passado de onde você tinha que saltar - ele respondeu.
— Tudo parecia tão mais fácil naquela época, não é?
— Aonde quer chegar Julie? - Brad perguntou, seus olhos azuis se estreitando.
Eu não sabia por que havia lembrado daquilo. Apenas sabia o que me incomodava.
— É Loki - eu disse e pude ver Brad suspirar longamente - Ele me disse a algum tempo que nós éramos iguais, que sempre buscamos a aprovação e a atenção de nossos pais.
— E o que você acha?
— Acho que ele pode ter razão. De baixo de toda a psicopatia, ele só é um garoto perdido. Como eu era, antes de ter o amor do meu pai.
— Isso não prova nada - Brad disse, pegando minha mão - Tudo o que ele fez foi escolha dele. De mais ninguém.
Sei que Brad tinha razão. Mesmo assim, eu não conseguia me livrar da sensação de ligação que tínhamos.
— Além do mais, espero que ele nunca mais olhe para você - Brad disse, com a expressão fechada - ele e o irmão dele.
— Você tem ciúmes dele? Do Thor também? - perguntei, rindo. Ter ciúmes de Loki até era justificável, mas de Thor?
— O que você acha? - perguntou, como se fosse óbvio - Um é totalmente obcecado por você e o outro, a primeira coisa que fez quando te conheceu foi dar em cima de você.
— Ele só me elogiou - argumentei.
— Sua beleza é da mais bela deusa - Brad falou, imitando as palavras e a entonação de voz de Thor.
— Isso mostra que ele é um cavalheiro - falei.
— Pode até ser, mas não precisa ficar babando - ele falou, ainda incomodando, fazendo eu rir mais.
— Não precisa se preocupar - falei, colocando meus braços envolta dele - pelo menos não com eles.
Ele riu e aproximou seu rosto do meu.
— Vai ter a coragem de me beijar com meu pai podendo nos ver? - perguntei.
— Duvido que ele apareça nesse exato momento - ele disse, seus olhos azuis estavam claros como vidro.
Ele me beijou e senti todas as preocupações sumirem de minha mente.
— Srta. Stark? - ouvi uma voz me chamando e por um segundo de terror achei que fosse meu pai.
Me afastei de Brad rapidamente e senti meus pulmões se encherem de ar ao constatar que era apenas um agente.
— Sim? - perguntei.
— Vocês estão sendo chamados. Está na hora do prisioneiro ser levado a Asgard.
Assenti. Brad e eu fomos o mais rápido possível até a sala de reuniões. Lá encontrei todos os Vingadores, Megan e Loki ao lado de Thor.
— O que foi? - perguntei, pois todos me encaravam.
— Loki gostaria de falar com a senhorita antes de partir - Thor disse - se a senhorita permitir, é claro.
— Isso está fora de cogitação - Brad disse.
— Concordo plenamente - meu pai disse, postando-se ao meu lado.
Eu sabia que não deveria. Olhei para Loki, havia um pedido silencioso em seus olhos.
— Eu quero falar com ele - falei, fazendo com que Brad e meu pai começassem a protestar.
— Eu tenho que fazer isso - falei.
— Ok, mas se ele tentar qualquer coisa, grite - meu pai disse, saindo logo em seguida.
Brad não disse nada, apenas se aproximou de mim e me beijou no rosto. Ainda bem que meu pai já havia saído.
Voltei-me para Loki. Thor havia tirado a mordaça que o impedia de falar, mas ele ainda estava algemado.
— O que você quer? - perguntei, ríspida.
— Apenas quero dizer que eu a amo de verdade e sinto muito se só lhe mostrei o pior de mim - ele disse.
Eu estava um tanto quanto chocada. Loki sendo sincero?
— E eu sinto muito por já amar alguém - falei, com sinceridade.
— Talvez nos vejamos no futuro - ele disse.
— Apenas se você mudar.
— Você também - ele falou, o que me deixou alarmada.
— Até algum dia, Juliet - ele deu as costas para mim, esperando que eu me retirasse.
Mas eu não podia, não antes de saber.
— Última pergunta - ele virou-se para mim novamente - por que estou sentindo esse desconforto, esse vazio?
Loki sorriu, mas não foi um de seus sorrisos frios, foi um sorriso triste.
— Quando você foi transformada pelo meu cetro, eu construí uma ligação entre nós.
— Mas o Barton está normal até onde eu sei - argumentei.
— A nossa ligação é mais forte por que meus sentimentos por você são fortes. Você apenas está sentindo uma pequena parcela do que eu sinto - ele explicou.
Eu não sabia mais o que dizer ou o que pensar. Eu amava Brad, mas não conseguia deixar de sentir pena de Loki. Saí de lá o mais rápido possível.
— Você está bem Julie? - meu pai perguntou.
— Estou - menti, enquanto observava Thor indo até o irmão - Estou bem.

O local de partida foi o Central Park. Megan não saia do lado do Steve e Brad e meu pai não saíam de perto de mim.
Thor pegou o Tesseract - que estava em tubo de contenção - e entregou a outra extremidade a Loki que a pegou e girou. Os dois desapareceram em luz.
Eu estava aliviada, mas ao mesmo tempo sentia o que Loki estava sentindo: Dor.
Tentei me livrar daquele sentimento, rezando internamente para que essa ligação fosse rompida com a partida dele.
— Então, pra onde você vai agora? - perguntei a Megan.
— Provavelmente pra casa. Meu pai está me esperando há duas quadras daqui - Megan respondeu.
— Vai abandonar o Capitão? - perguntei para incomodar Megan.
— Nós somos só amigos Julie - ela disse.
— Eu e Brad também somos só amigos - falei.
— Você é uma depravada, Stark - Megan disse, me abraçando.
— Quero ser a madrinha do casamento - falei, encarando-a.
— Você não tem jeito - Megan rolou os olhos - Até mais.
A observei se afastar e ir em direção a Steve. Eles subiram na moto dele e foram embora. Sabia que a Megan não ia simplesmente deixar um homem como o Capitão América sozinho.
Vi Brad vindo em minha direção.
— Tenho que ir - ele disse, apontando para Clint e Natasha esperando por ele.
— Vai pensar em mim? - perguntei.
— Toda hora - ele disse.
Tive que me controlar para não beijá-lo pois meu pai nos observava.
O abracei e i observei entrar no carro e ir embora.
Virei-me para meu pai e Bruce.
— E então Dr, pronto pra se juntar aos Stark? - perguntei a Bruce.
— Contanto que o Tony não tente me fazer ficar com raiva - Bruce comentou.
— Claro que não - meu pai disse, fingindo estar ofendido - Como pode pensar isso de mim, doutor?
Entramos no carro e seguimos em frente.
Finalmente eu ía para casa.

MEGAN

Peguei uma carona com o Steve. Ele ia me levar até o meu pai que estava me esperando. Agradeci internamente por esse momento.
Meu pai me esperava em um café local. Seu carro estava estacionado ao lado. Steve e eu descemos da moto e para a minha surpresa, minha mãe também estava lá.
Claro que ela devia estar totalmente surtada por minha causa, mas ainda assim, ela poderia nos encontrar em casa.
— Megan, minha menina - minha mãe disse, me abraçando e me sufocando.
— Está tudo bem, mãe - mesmo sem admitir, eu estava com saudades.
— Megan, não faça mais isso - meu pai disse, seus olhos tinham olheiras profundas. Meu pai sempre foi mais sensível do que minha mãe, acho que é por isso que nos damos tão bem.
— Eu estou bem, pai - o abracei - Não precisa desse drama todo.
— E quem é esse cavalheiro ao seu lado, seu novo namorado? - minha mãe perguntou, me matando de vergonha.
— Mãe! - falei - esse é um amigo, Steve Rogers.
— Tenho que dizer que você tem lindos olhos, Steve - minha mãe disse, não sem antes olhar Steve dos pés a cabeça.
— Obrigado, senhora - ele disse, envergonhado - Prazer em conhecê-la.
— Sou Diana.
— Este é o meu pai, Peter - apresentei.
Depois das cordialidades, eu me afastei junto com Steve.
— Bom, eu vou pra minha casa agora em Malibu, mas eu vou te dar o meu telefone e você me liga pra gente poder sair, ok? - falei, enquanto anotava meu número em um guardanapo.
— Ok. Obrigado Megan - ele disse.
O observei indo embora, pensando em quando o veria novamente.