Penny odiava quando Octavian decidia apresentá-la a alguém. Significava que eles ficavam mais fortes, seus amigos mais fracos e ela mais vulnerável. A garota fez o possível para manter a expressão neutra. O homem a frente dela tinha uma áurea de maldade que a fazia querer sair correndo. Suas roupas lembravam as de um empresário moderno, parecia que a qualquer momento sairia para uma reunião importante com fornecedores ou algo assim. Mas a maldade nos olhos... bem essa era tão antiga que ela sabia que ele não era um semideus moderno ou qualquer coisa do gênero.

–Acho que conheço você- avaliou o homem, olhando Penny intensamente.

–Você já tentou me matar?

–Não que eu lembre- respondeu ele pensativo.

–Já tentei matar você?-Questionou a garota com o mesmo olhar de interrogação do homem.

–Não, também acho que não.

–Então com certeza não nos conhecemos- afirmou Penny encarando o homem.

Octavian olhava os dois com uma expressão entediada.

–Ela é filha de Percy e Annabeth Jackson.

Tântalo arregalou os olhos numa expressão que teria sido cômica se Penny não percebesse que ele estava prestes a mandar um dos monstros atacá-la.

–E vocês estão esperando o quê para entregar a cabeça da garota para medusa?

Penny revirou os olhos.

–Viu? não durou nem 5 segundos para você querer me ver no mundo inferior-

–Ela está do nosso lado- assegurou Octavian- Ela sabe que é mais sábio. Ela será nossa arma secreta.

Tântalo deu de ombros. Ele parecia estar ainda avaliando as ofertas. Penny sabia que a maioria agia assim. Depois se tornavam aliados poderosos dos Menelaus.Como ela gostaria de poder voltar para casa. Os pensamentos deprimentes de Penny, que estavam ficando cada vez mais recorrentes, foram interrompidos por Octavian.

–Penélope, venha até minha sala- disse Octavian deixando Tântalo a cargo de um dos centuriões leais a ele.- Preciso falar com você.

O centurião começou a conversar com Tântalo. O romano tinha sido recrutado e apadrinhado por Octavian, como a maioria dos que estavam ali. Penny ainda tinha dificuldade de entender toda essa coisa da lealdade romana e do apadrinhamento. Ela não podia negar que achava tudo aquilo muito bonito. Ela sempre admirara lealdade e organização, e os romanos eram mestres nisso. Ela só não gostava quando essa lealdade e organização era usadas em favor de Octavian e de Tifão.

Octavian a conduziu até a sala principal que era sua propriedade. Obviamente era o maior cômodo do casarão em que eles estavam instalados. Penny adorava história da guerra da secessão, mas desde que ela começara com os sonhos e se envolvera diretamente nas disputas entre gregos e romanos.... história não parecia mais tão divertida assim.

–Então- começou ele- Tenho planos. E Penélope eles envolvem você. Vamos saber se você realmente é leal a nós e se o treinamento que recebeu foi de alguma valia.

Penny sentiu seu coração apertando. Isso não podia ser bom, não podia ser bom mesmo.

–Qual é seu plano- A pergunta saiu da boca de Penny como se ela estivesse tranquila, em seu mais calmo dos dias.

–Você saberá. Antes quero saber se por um acaso, você lembrou de alguma profecia do livro sibilino.

Isso de novo. Homero a alertara que ele a abordaria sobre os livros siblinos. Obcecado não chegava nem perto da palavra certa para descrever Octavian. Penny achava toda essa determinação patética, então apenas revirou os olhos. Eles já tinham tido esse diálogo milhares de vezes. o "César" a ameaçara, suplicara, tentara fazer com que ela limpasse os estábulos de raiva. Nada disso funcionara. A garota se perguntou qual seria a próxima tática dele.

–Não Octavian, já disse que a única profecia que vi foi a dos sete. Mundo acabando em tempestade e fogo e blá, blá...nada novo.l

A menina percebeu que Octavian estava se controlando para não estrangulá-la bem ali. Sabia o que isso significava para ele e agir como se isso não tivesse importância deixava o romano para além de irritado. Um bônus.

–Lembre-se Penélope, posso fazer sua vida bem difícil, não se esqueça.

Penny sabia. Ela não precisava esquecer isso, Octavian lembrava desse fato cada maldito segundo.

–Então qual é seu grande plano para mim?- Disse rápido a garota.

Se pudesse ela não ia esticar as ameaças. Se esse plano ajudasse Penny a ficar mais perto do inimigo...melhor. Claro, ela se arrependeu de sua coragem no minuto em que viu o sorrisinho malvado de Octavian.

–Um emissário foi enviado ao Acampamento Meio Sangue e ao Acampamento Júpiter. Algumas exigências foram feitas. Eles sabem que estamos em guerra e que vão perder.

A Carolina do Sul era quente, muito quente. Só que estranhamente Penny sentiu que estava no meio de Nova York nos mais rigorosos do inverno só de biquíni. Seu sangue parecia feito de gelo.

–O que você quer dizer com isso?- Questionou a garota, demonstrando mais interesse do que seria sensato. Como ela odiava o sorrisinho vitorioso de Octavian.

–O que quero dizer é que a guerra foi finalmente declarada. Agora eles vão ter que escolher um lado. Os acampamentos já foram avisados que devem expulsar sua... família de lá. Quem apoiar Os antigos pretores, dar abrigo ou ajudar mestiços... bem será banido dos dois acampamentos.

–Nós temos autoridade para fazer isso?- Não, claro que eles não teriam. Teriam? Só o que Penny conseguia pensar era... Você está brincando comigo. Isso é apenas mais um dos meus pesadelos.

–Não seja tola. Quando não se tem autoridade... se demanda. É uma oferta de paz. Os novos pretores do acampamento Júpiter já estão do nosso lado. Quiron, se quiser manter a paz não terá outra escolha.

Sim, isso não era um pesadelo. A cicatriz de Penny latejou com mais força. Seu tempo estava acabando e ela tinha que mudar o jogo. Octavian estava avaliando sua reação. Ela podia perceber cada músculo de seu corpo sendo analisado. Hora de jogar como a neta de Atena.

–Muito bem, vejo que seu plano é bom- Fingiu avaliar Penny- Mas você não acha que o acampamento meio sangue vai lutar com unhas e dentes para proteger meus pais? E os filhos de Jason Grace e Frank Zhang me pareceram ser bem queridos pelos campistas.

–Se eles resolverem lutar, o acampamento romano já estará dominado. Haverá uma guerra entre os acampamentos- Explicou Octavian que falava como se tivesse contando que o natal fora adiantado- E, quando essa guerra estiver sendo travada, será muito mais fácil para Tifão penetrar no Olimpo enquanto todos os semideuses estão se divertindo matando uns aos outros. Como você vê, eles não tem a menor chance. Não quando eu estou no comando.

Seu crápula. Você é um velho decrépito, com mau hálito, que vai morrer sozinho, de preferência pela minha espada. Foi o que a garota pensou. Mas o que disse foi:

–Pefeito!- Disse ela sorrindo- E o que eu tenho de fazer? Matar alguns monstros, espalhar cartazes dizendo "Octavian é o Boss" e "Hera é uma tremenda Vaca"

O romano olhou para ela confuso. Ele claramente não esperaria essa reação de Penny. O Augúrio deveria suspeitar que, se Penny considerasse o plano bom, não era um bom sinal. Sua hesitação no entanto durou segundos e o sorriso gelado retornou em seus lábios.

–Ótimo. Fico feliz que goste do plano. Você será uma parte essencial dele.

–Serei?

Antes que Octavian pudesse explicar qual era a parte do plano alguém bate na porta e Octavian permite a entrada. Petúnia entra com Tântalo e com... oh deuses! Certo. Isso só podia ser um pesadelo muito, muito ruim.

O pesadelo tinha a forma de um garoto de 16 anos com olhos dourados e cabelos negros surgido diretamente do passado. Ele vestia uma calça jeans de marca e camiseta polo debaixo da túnica roxa. Típico.

–Damian?- indagou Penny, fazendo o possível para escondera raiva e a surpresa.

Damian era um antigo "amigo" de uma das inúmeras escolas pelas quais Penny passara Ela sabia que ele era um romano, ela tivera o desprazer de encontrá-lo na festa de comemoração da derrota de Gaia. Ela não imaginou que o garoto poderia estar junto com os Menelaus. Obvio que ele estaria com os Menelaus, por que não? A sorte de Penny acabava de ficar cada vez melhor.

–Vejo que você já conhece nosso Pretor- disse Octavian sorrindo.

–Ah Penny, soube que você finalmente tomou uma escolha acertada na vida.

–Sei, logo depois de ter dado um soco em você da penúltima vez que nos vimos- lembrou Penny, sorrindo maldosamente para o garoto- Aquela detenção valeu a pena.

–Enfim...- disse Octavian evitando pela primeira vez uma briga- Damian é um dos pretores do acampamento Júpiter agora e Petúnia... parabéns. Soube que finalmente conseguiu o cargo.

Agora realmente alguém lá em cima deveria estar brincando.

–O quê?

–Tudo conforme o plano meu César. Já fui nomeada pretora do Júpiter.

Octavian deu um sorriso vitorioso.

–´Tudo muito interessante- comentou Penny ignorando a raiva- Mas qual é minha função?

–Sua função...pois bem. Marcharei sobre Nova Roma como o César, escoltado por meus amigos pretores aqui

.-Você vai marchar como o quê?

–Como o César- retrucou Octavian visivelmente alterado que Penny não tivesse entendido ainda.

–Você vai trocar de nome? Por que, se for, também quero trocar o meu. Pennélope é muito sem graça. Que tal Mary a assustadora, Valéria a matadora... não.. acho que que realmente Penelópe fica melhor.

–Não seja idiota, eu falo de César, o titulo.

–Uhum, Você acredita que realmente vai conseguir fazer isso sem um bando de romanos atacar você?

–É ai que você entra.

E lá vamos nós. Penny esperou pelo baque e ele veio mais intenso do que ela esperava.

– Você Penélope, vai fazer um discurso para todos romanos, demonstrando seu apoio a mim.

Penny sentiu seu estômago dando voltas. A guerra tinha começado e agora ela teria que usar tudo o que tinha para evitar a destruição dos acampamentos e de sua família. Inclusive fingir apoiar Octavian. Ela sabia que tinha responder rápido. Eles estavam olhando para ela, esperando sua reação. O inimigo

–E eu que pensei que uma faixa escrito "Octavian é o boss" fosse demais. Certo. Isso pode funcionar.

–Sim, só precisamos esperar a resposta de nossos mensageiros e então...O Acampamento Júpiter será nosso e e será uma questão de tempo até o Grego cair.

E eles ficaram fazendo planos. A tarde pareceu durar 100 anos. Assim que ela saiu da sala de Octavian foi diretamente a seu quarto. Se tudo tivesse ocorrido como o esperado ela teria a ajuda de que precisava. octavian estava buscando aliados, estava na hora dela começar a buscar também. "você não precisa fazer tudo sozinha" dizia Homero o tempo todo. Talvez ele tivesse razão.

Quando ela chegou no quarto, foi surpreendida por dois braços fortes que a seguraram e por uma adaga apontada para sua garganta.

–Você não está ajudando os Menelaus então?- Perguntou a garota de cabelo vermelho que segurava a adaga.

Penny teve que sorrir lembrando do dia que conhecera Mirna na floresta do acampamento meio sangue.

–Não. Sou uma Jackson... o que você acha?- Respondeu ela com um pouco de dificuldade graças ao aperto do garoto.

Os dois se entreolharam. Pareciam estar dialogando com os olhos. Homero se impacientou.

–Pelo amor dos deuses, libertem a garota.

Os dois fizeram isso, embora a garota ainda mantivesse a adaga apontada para ela.

–Então... conte-nos sua história.

–Contarei. E depois... irei precisar de vocês. Temos uma festa para arruinar.