Divergente's Refúgio - Interativa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 20
Você é a única exceção


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gostei bastante de fazer esse capítulo, o meu primeiro tendo uma música como base, então espero que gostem. Caso não tenha ficado muito legal, podem falar que não faço outros para outros casais, ok?! Espero que sejam sinceros e façam suas críticas CONSTRUTIVAS. Boa leitura!



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Narrador

Scott e Lena se puseram de pé, respiraram fundo e refizeram o trajeto o qual tinham percorrido até ali a fim de encontrar Alice. Em meio ao caminho, encontraram com Alek que logo perguntou.

– E ai? Cadê Isabela? Estou louca para arrancar cada unha daquela vadia. Hein?!

– Ela está morta! – informou Scott pronunciando a última palavra mais baixa e engolindo a seco.

– Mas como é que é? E ninguém me chamou para a festa? – questionou Alek irritada.

– Já foi! Esquece! – falou Lena que seguiu em frente, junto a Scott, deixando Alek entediada para trás aos berros.

Alek por sua vez deu as costas e caminhou até a depressão onde vira no chão o sinal de onde ocorrera a briga: algumas marchas de sangue fresco. Ela se aproximou da queda e teve a grande surpresa de ter Isabela agarrado seu pé.

– Então você ainda não morreu! Pois bem, ainda há como eu me divertir. – afirmou Alek.

Isa fez força com o único braço intacto, no entanto teve o desprazer de ter os dedos amassados, literalmente, pelo pequeno, mas fino, salto da bota de Alek que cuidadosamente quebrava cada ossinho restante. Por desespero talvez, Isabela com a faca na outra mão tentou ferir Alek, a qual chutou a arma, contudo caiu sentada. Tirando o mais profundo divertimento do que acontecia, Alek pôs-se sentada com pernas em borboleta falando qualquer coisa para provocar Isabela, que aproveitou a falta de atenção para pegar a faca de Alek em sua cintura e arrastar por sua pele até metade da cintura.

– Você não deveria ter feito isso com quem queria te ajudar! – alertou Alek.

– Acha que eu tenho medo de morrer? Não! Mas farei de tudo para viver, como qualquer um. – replicou Isa.

– Tá bom! O papo tava legal, mas estou atrasada. Bom calor! – desejou Alek, pegando o isqueiro e incendiando os cabelos de Isa num perfeito rabo de cavalo, a qual finalmente a fez cair em cima de rochedos pontiagudos. Alek olhou para ter certeza que dessa vez tinha terminado o trabalho por fim disse enquanto deitava o local – Descanse em paz com as pulgas e carrapatos de onde você veio!

P.O.V Scott

Lena me seguiu até onde possivelmente estaria Alice sem pronunciar uma única palavra. Assim que retornei ao local, notei não muito distante Alice com os cabelos presos num coque fazendo um curativo no pé com a manga da camisa.

Assim que me viu tentou correr até mim, todavia estava ferida, então eu próprio fui até ela e a abracei.

– Você está bem? – perguntei de imediato e obtive como resposta.

– Melhor agora com você aqui! – ela me apertou forte. – Mas ainda temos que descobrir onde esconderam minha irmã.

– Nós vamos! Calma! - proferi e então a ajudei a voltar ao acampamento. Tínhamos que encontrar Clary também, mas ela simplesmente tinha desaparecido. Tentei explicar a situação para Lena, mas a essa altura ela já não mais estava lá.

Demorou bastante até chegar ao acampamento devido o estado de Alice, porém ainda sim chegamos a salvos e sem preocupações ou ciladas no caminho.

Cassie e Lucy acolheram Alice e a mim, auxiliando na limpeza dos ferimentos, então cuidadosamente explicamos toda a história que ocorrera daquela metade de manhã e meio da tarde.

P.O.V Luke

Mia e eu apostamos certa corrida. Mantivemos quase a mesma velocidade, porém certas vezes minhas pernas cansavam um pouco, então tinha respirava fundo e pedia pouco mais energia ao meu corpo para ao menos conseguir alcança-la.

Resisti o máximo que podia, porém Mia parecia simplesmente ter ligado a bateria de tal forma que nem ao menos olhava para trás para notar minha presença e subitamente a vi desaparecer. Indignado, corri o mais rápido possível até onde estava e pude perceber sua mão direita na terra. De onde eu simplesmente não sei, contudo ela caíra num poço fundo e escuro de cheiro nada agradável.

Puxei suas mãos com força, não muita, pois na verdade Mia é bem magrinha para ser sincero, e então escutei algo que me fizera lembrar poucos minutos antes, o qual simplesmente tinha levado na brincadeira.

– Ah! Obrigado! Ganhou um ponto na classificação.

– De que? – perguntei esquecido.

– Para me conquistar baixinho! – ela falou num riso como se por ventura aquilo fosse verdade. Ela era alta, mas eu mais um pouquinho. Não é?! É! É sim, eu acho.

– Ah tá! – nesse momento meu olhar percorreu o ambiente e notei que de alguma forma já havia passado por ali.

– O que aconteceu? – indagou Mia – Por que está com essa cara de idiota? – não resisti e soltei um riso frouxo. Por que será que eu gosto disso?! Estranho, mas sou assim.

– Nada. Só acho que já passei por aqui antes.

– Hum!

– Pera ai. Acho que foi por aqui que escondi minha arma.

– Arma? Tipo pistola?

– Não. To falando do arco e saco de flechas.

– Ah tá!

Caminhei então até a árvore e finalmente achei. Parecia que alguém tinha passado por lá e de certa forma, as três pedras que eu tinha deixado ali estavam espalhadas. Com as duas mãos, imediatamente comecei a cavar e logo pude ver o arco reluzente e metal com fio de ouro. Besteira também esse detalhe de ouro, mas é de família, passado de geração a geração. Mia então se agachou para pegar o arco quando agarrei sua mão. Quando olhei para seu rosto, percebi sua sobrancelha esquerda arqueada como se perguntasse “O que pensa que está fazendo?”.

– Não toque nisso! – avisei.

– Mas...

– Sem mais nem menos!

Então ela novamente tentou e eu a girei, fazendo-a cai em minhas pernas com as mãos presas nas costas, aproximei e dei um leve beijo no canto de seus lábios.

– Vamos! – adverti levantando fingindo não ver o sorriso disfarçado de Mia. No fundo sei que ela gostou.

P.O.V Helena

– Me solta protótipo de gente. – ordenei a Rose.

– Já falei que você não manda em mim.

Chutei então a panturrilha de Rose que se afastou. Logo a vi tirando da cintura um estilete e apontando para mim.

– Viu só?!

– O que?

– Uma menininha como você está com medo e puxa a lâmina mais próxima para se salvar.

Nesse momento, Rose lançou o estilete no chão e então lhe a famosa voadora, atingindo seu abdome a fazendo cair. Rose levantou em menos de um segundo e correu até mim. Desviei uma, duas, três vezes seguidas, até por descuido a mão de Rose atingir minha orelha e produzir um zumbido alto. Ela pisou em meu pé, revidei dando uma joelhada no seu fêmur e a empurrando.

Quando a briga estava ficando divertida, Tanner chegou e interrompeu a briga.

– Parem! O que está acontecendo aqui? – perguntou.

– A menininha quis dar uma de mestre em judô e partiu para cima de mim. – justifiquei a minha maneira.

– Isso é ridículo! – ele afirmou e obteve uma resposta de Rose que nem mesmo eu esperava.

– Ah! Ridículo é você e fala uma coisa e faz outra por trás.

Não contive a gargalhada. Tanner me fuzilou com o olhar, mas não estava nem ai para isso. Por fim tenho que admitir que por um momento concordasse com Rose. Ela se virou e saiu firme, seguida por Tanner que parecia nada contente com a reviravolta da coleguinha. Tirei os sapatos e caminhei até o lago. Sentia que precisava de um mergulho. Assim que cheguei notei mais uma cena bem reveladora.

– Me solta garota! – mandava Alek.

– Mas eu gosto tanto de você – admitiu Reyna pendurando-se no pescoço da outra.

– Sério?!

– Sim!

– Também gosto de você – falou Alek e Reyna deu um sorriso – Principalmente longe de mim. Tive até um sonho noite passada, onde eu arrancava cada unha dos dedos da sua mão e costurava com um fio de cabelo seu. Para finalizar te pendurava de cabeça para baixo numa depressão que tem não muito longe daqui. Se quiser posso fazer isso agora.

Reyna então soltou Alek, virou e saiu, mas não aparentava estar satisfeita ainda. Ai, ai! Como a vida é bela!

Narrador

Miguel perambulava pelo local atrás de Lena que ao escutar um barulho disparou em uma direção que o próprio não percebeu por onde fora. Por sorte escutou passos se afastando. Igualmente ágil, sentiu que sem dúvidas era Lena e estava certo.

Apressou o passo e quando se deu conta já corria, ultrapassara Lena. Ela singelamente fez a curva para a direita e caiu sentada a árvore, por coincidência, a mesma na qual tinham se encontrado há pouco tempo.

– O que houve? – perguntou Miguel notando o rosto avermelhado e cabelo desgrenhado.

– Nada! – respondeu impetuosa. Seu olhar nem desviara para ver Miguel ao seu lado. Simplesmente mantinham o foco na copa da árvore à frente.

– Sabe que pode contar comigo não é?! – repetiu a frase que há muito tinha lhe dito, no dia de escolher a facção para ser mais exato. – O que aconteceu?

– Isabela! Uma traíra. – redarguiu Lena.

Por mais que Miguel a conhecesse há anos, ele não sabia muito sobre sua história. Notou sempre que algo a fazia não se envolver muito, mas nunca perguntou o que seria e quando se tratava de algo sobre o passado, Lena mudava de assunto tão piamente que em questão de dois segundos ninguém mais se lembrava do que anteriormente conversavam. A mão de Miguel encostou o ombro esquerdo de Lena e então o próprio disse:

– Se quiser falar, estou aqui.

Ela o olhou, suspirou como e então indagou.

– O que quer saber?

– Pouco mais sobre você. Por que você é uma garota tão maravilhosa, mas se exclui tanto dos outros, não quer confiar, tem medo dessas coisas. Você está com raiva de si mesma e simplesmente me rejeitou naquele... dia. Por que se pune tanto? Por que no máximo é amizade ou a solidão? Por que não se abre?

Novamente Lena suspirou, olhou para Miguel e retornou ao foco inicial, a copa da árvore defronte e logo começou.

– Minha vida se resume ao que a música diz – então pegou um pedaço de galho no chão e na parte arenosa que exposta estava, começou a desenhar enquanto cantarolava.

“When I was younger / Quando eu era jovem

I saw my daddy cry / Eu vi meu pai chorar

And curse at the wind / E amaldiçoar o vento

He broke his own heart / Ele partiu seu próprio coração

And I watched / E eu assisti

As he tried to reassemble it/ Enquanto ele tentava o recompor”

Miguel simplesmente não fazia ideia do que estava por vir. Aproximou-se de Lena pouco mais, arrumando seus cabelos, prestando atenção em cada palavra que a garota continuava.

“And my momma swore that / E a minha mãe jurou que

She would never let herself forget / Ela nunca mais se deixaria esquecer

And that was the day that I promised / E foi nesse dia que eu prometi

I'd never sing of love / Que eu nunca cantaria sobre amor

If it does not exist / Se ele não existisse”

Dessa vez o rapaz olhou para o chão e notou então o que realmente Lena estava por fazer. Com o galho seco de ponta desproporcional, ela fazia o desenho simples de dois bonecos, um homem e uma mulher, sendo separados por um forte risco.

– Sei que não é fácil, mas você tem que esquecer isso. Seus pais tomaram essa decisão. Está na hora de tomar a sua. E Violet?! Não se sente segura com ela?! Com ninguém mesmo?! Nunca deixou que ninguém se aproximasse e te conquistasse pouco mais que colega?! – fez tais perguntas devagar, seguidas com voz compreensiva.

Ele então tocou o queixo de Lena e trouxe seu rosto a direção do próprio, olhou em seus olhos castanhos lacrimejantes, então ela virou o rosto e continuou.

“Maybe I know, somewhere / Talvez eu saiba, em algum lugar

Deep in my soul / No fundo da minha alma

That love never lasts / Que o amor nunca dura

And we've got to find other ways / E temos que arranjar outros meios

To make it alone / De seguir em frente sozinhos

Or keep a straight face / Ou ficar com cara boa”

– Isso não é verdade. – lamentou Miguel – Ainda tem tanta coisa para viver. É muito nova para pensar assim. E sabe que eu sempre estarei aqui.

“And I've always lived like this / E eu sempre vivi assim

Keeping a comfortable, distance / Mantendo uma distância confortável

And up until now / Até agora

I had sworn to myself that I'm content / Eu tinha jurado a mim mesma que eu estava contente

With loneliness / Com a solidão”

O olhar de Miguel caiu. Ele acabara de saber os reais motivos de Lena não querer se envolver a ninguém e por que estava tão triste com a traição de Isabela, aliás, ela tinha adquirido a difícil confiança de Lena e jogou no lixo. Mesmo com tudo, ainda não conseguia acreditar no tão quão Lena se deixara afetar na infância. Ainda sendo uma das garotas mais lindas, fortes e inteligentes que Miguel conhecia, ele percebeu que também tinha o lado frágil e como se deixara levar como boazinha desde que se reencontraram. Possivelmente voltaria ser a Lena sarcástica e fechada com quem ingressou na Audácia e não fazia à mínima ideia de como trazer seu verdadeiro eu de volta.

Então, Lena o olhou, desta vez segurou seu queixo, fazendo o mesmo que Miguel fizera a poucos minutos e encostando sua testa na dele, sussurrou ainda cantarolando:

“Because none of it was ever worth the risk / Porque nada disso algum dia valeu o risco, mas

You are the only exception / Você é a única exceção”

Miguel tornou a encarar Lena que sorria com os olhos, deixando seus lábios abrirem um largo sorriso assim que escutou as palavras. Se por ventura já tivesse ouvido a música, não teria ficado tão surpreso, mas também isso teria tirado a graça do momento tão incrível em que se encontravam. Ele então aproximou devagar seus lábios dos de Lena, deixando uma última distância para que a própria percorresse caso aceitasse o beijo, o qual acatou, doce, singelo, curto e tranquilizador.

Lena voltou a olhar os olhos de Miguel, então continuou com sua voz meiga, mas calma. Seus olhos mantinham ainda a sombra de lágrimas, porém não as mesmas. Elas por si só tinham sofrido uma espécie de mutação sentimental, isso estava óbvio.

“I've got a tight grip on reality / Eu tenho uma forte noção de realidade

But I can't / Mas eu não consigo

Let go of what's in front of me here / Deixar o que está na minha frente

I know you're leaving / Eu sei que você está partindo

In the morning, when you wake up / Quando você acordar de manhã

Leave me with some kind of proof it`s not a dream / Me deixe uma prova de que não é um sonho”

– Não será preciso. – afirmou Miguel – Eu sempre estarei aqui. Você sabe que há muito tempo te amo.

Lena então fechou os olhos e puxou Miguel para um forte abraço, deu um sorriso, fechou fortemente os olhos, cantarolando por fim.

“You are the only exception / Você é a única exceção

And I'm on my way to believing / E eu estou a caminho de acreditar”

Miguel abraçou Lena como se nunca, nunca mais, quisesse soltá-la ou correr o risco de perdê-la novamente. Sempre acho que o comportamento da jovem tivesse relação a ele, mas Lena não podia, não estava sendo, simplesmente não conseguia ser quem realmente era, nem quando estava em Chicago nem quando a encontrara no início do dia. Ela estava escondida por trás de uma camada de história a qual ninguém nunca quis escutar, mesmo assim ela sempre ajudou os outros, mantendo um grau no máximo de coleguismo, entretanto, agora poderia se sentir bem, as velhas barreiras foram quebradas, quem sabe agora ela realmente pensasse mais nela?! Ou quem sabe pudesse sorrir por sentir o amor?! Quem sabe Miguel em sua vida não a fizesse se sentir verdadeiramente ela?!


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Notas finais do capítulo

Resultado do desafio:
Casal: Lena e Miguel - acertos: 0 (Já tinha sido escolhido antes do desafio. Vi todas as músicas que me mandaram, muito obrigada, e elas valem também para o próximo, se houver, pois certas músicas se encaixavam com outro casal, então... é isso!)
Música? The only exception (Paramore) - http://www.youtube.com/watch?v=-J7J_IWUhls
Devo fazer mais desafios e capítulos de embasados em música?
Scott está fora da próxima votação (música escolhida)
Até! Comentem suas opiniões, é bem importante.